domingo, 28 de abril de 2019

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Lara Stone / Madame Figaro



Lara Stone
Madame Figaro China
2018
Fotos de Matt Easton

Supermodel Lara Stone guest edits the March 2018 issue of Madame Figaro China March 2018. Lara is styled by Constance Feral in images by Matt Easton./ Makeup by Sandra Cooke; hair by Anna Cofone









terça-feira, 23 de abril de 2019

segunda-feira, 22 de abril de 2019

domingo, 21 de abril de 2019

Ngugi wa Thiong’o / “Eu quero competir com Cervantes”



Ngugi wa Thing'o


Ngugi wa Thiong’o: “Eu quero competir com Cervantes”

O escritor queniano diz que, aos 81 anos, tem sede de mais literatura.

Ele acaba de publicar um romance sobre as nove filhas do patriarca e da matriarca da etnia quicuio

Pedro Alonso
Nairobi, 19 de abril de 2019

O escritor queniano Ngugi wa Thiong’o, candidato eterno ao Prêmio Nobel e lenda viva das letras africanas, põe tão alto o nível de sua literatura que diz querer "competir" com gênios como Miguel de Cervantes.


Esses pensamentos — e muitos mais — são revelados por um animado e loquaz Thiong’o durante uma entrevista em Karen, o frondoso bairro de Nairóbi assim batizado em memória da romancista dinamarquesa Karen Blixen, que administrou ali uma fazenda de café e imortalizou suas experiências no Quênia no conhecido livro de memórias A Fazenda Africana (Out of Africa).
Thiong’o, que tem especial ojeriza por Blixen, por considerá-la "racista", chegou de visita a seu país, vindo dos Estados Unidos, onde se exilou na década de oitenta fugindo da ditadura do presidente queniano Daniel Arap Moi e onde trabalha atualmente como professor emérito de inglês e literatura na Universidade da Califórnia.
Durante uma carreira literária de mais de meio século, sua caneta brindou romances tão célebres como Um Grão de Trigo, de 1967, e Mũrogi wa Kagogo(lançado em inglês como Wizard of the Crow, “o mago do corvo”), de 2006, numerosas peças de teatro e contos, um livro de memórias de leitura muito deliciosa e, como não, ensaios tão memoráveis e críticos como Decolonizing the Mind (“descolonizando a mente”), de 1986.
Pergunta: Completou 81 anos em janeiro. Como se sente?
Resposta: Eu me sinto bem. Só que, quando você chega aos 81 anos, a mente te diz "estou muito bem", mas o corpo diz o contrário. Há um conflito entre a mente e o corpo. As mensagens que me mandam são muito diferentes.
P: Como uma criança de família humilde como o senhor, que andava descalço 10 quilômetros por dia para ir à escola, se torna um escritor de categoria mundial e um mito da literatura africana?
R: Cresci em uma família grande, com um pai com quatro esposas e vários irmãos. Foi um ambiente muito rico em interações humanas. E isso foi muito importante na minha vida, especialmente as histórias que se contavam à noite. Minhas raízes como escritor remontam àquelas noites de contos.





Não há nada tão horrível para um ser humano como ser controlado por outras pessoas

P: Sua mãe exerceu grande influência no senhor, verdade?
R: Sim, teve um grande impacto. Minha mãe, que não sabia escrever nem ler, me mandou para a escola. E então descobri que eu mesmo poderia contar histórias. Isso era fantástico porque podia ler o Velho Testamento, o único livro disponível em quicuio [a língua de seu grupo étnico, os quicuios, majoritário no Quênia] como tradução.
P: Esse foi o primeiro livro que o senhor leu?
R: Sim, havia um livro didático em quicuio, mas depois vinha o Velho Testamento.
P: Leu esse livro como uma obra religiosa?
R: Não, eu o li como um livro mágico. Os relatos são tão mágicos, que nunca se esquecem. Quem pode esquecer a história de Jonas no ventre da baleia?
P: Sua vida não foi fácil. Em 1977, no Quênia pós-colonial, foi detido e encarcerado sem acusação. E não foi preso por colonos britânicos, os quais o senhor sempre combateu, mas por seus compatriotas. Quão traumática foi essa experiência?
R: Fui preso por uma obra feita em quicuio, Ngaahika Ndeenda [lançada em inglês como I Will Marry When I Want, “vou me casar quando quiser”]. A obra foi proibida pelo Governo queniano em novembro de 1977. E em 1 de dezembro, policiais armados vieram me procurar à meia-noite e me levaram para a prisão de segurança máxima de Kamiti [Nairóbi]. O presidente então era Jomo Kenyatta, nosso primeiro presidente. Mas a pessoa que assinou os documentos da minha prisão foi Daniel Arap Moi, porque ele era então o ministro do Interior.
P: O senhor esperava essa reação?
R: Não. Foi a coisa mais inesperada da minha vida. Nunca pensei que poderia ir para a cadeia por meus livros ou minha literatura ou qualquer coisa. Porque eu não queria fazer nada de mal. Para nós, a prisão era algo terrível.





Meu melhor livro é aquele que ainda não escrevi

P: A independência do Quênia foi uma decepção para o senhor?
R: Não, não, não! A independência foi muito importante.
P: Esse Quênia independente que o prendeu era seu país sonhado?
R: Não há nada tão horrível para um ser humano como ser controlado por outras pessoas, como os colonos. A independência abriu uma nova era. Mas uma nova era também chega com suas próprias contradições e problemas. Nossa independência no Quênia não nos foi dada por ninguém, nós lutamos por ela. E quem lutou por isso? O queniano comum sob a bandeira do Exército da Terra e da Liberdade do Quênia. A minha crítica após a independência era que desenvolvemos uma nova classe, (foram marginalizados) os camponeses, as pessoas comuns que foram a espinha dorsal da luta armada nas florestas, nas aldeias. As políticas que aplicamos não significaram o empoderamento do campesinato como um todo. Minha preocupação era com a brecha entre a nova classe social [...], que não era independente do Ocidente corporativo, e as pessoas comuns.
P: Na prisão, decidiu abandonar o inglês como o idioma de seu trabalho criativo. Por quê?
R: Fui detido e encarcerado por me juntar ao campesinato para representar uma obra em quicuio sobre o empoderamento das pessoas. Um Governo africano me aprisionou por escrever em uma língua africana. Na prisão, eu me perguntei por que isso aconteceu. E comecei a pensar sobre o tema das línguas na história, o fundamento colonial da desigualdade de poder entre as línguas. E me dei conta de um fenômeno muito interessante: ali onde havia um poder colonial, a primeira coisa que destrói ou controla é o idioma das pessoas. A língua é crucial para o colonialismo e o imperialismo. E eu quis escrever um romance na prisão no idioma quicuio, como um exemplo da minha resistência. E escrevi meu primeiro romance, Caitaani mũtharaba-Inĩ [publicado em inglês como Devil on the Cross, “o diabo na cruz”], em papel higiênico.
P: Como se arranjou para escrever um livro em papel higiênico?
R: Bom, era o único papel disponível. Naquela época, esse papel não era tão suave como o que se anuncia hoje na televisão. Aquele era um pouco áspero. Eu brincava dizendo que era feito para castigar os presos. Era muito bom para escrever. E você podia conseguir uma caneta se fazia uma confissão de seus pecados para o Governo.
P: Estamos em Karen, um lugar de reminiscências literárias por levar o nome de Karen Blixen. Qual sua opinião sobre essa escritora?
R: É uma boa literata. Escrevi muito sobre ela pelo retrato racista que faz dos africanos. Ela amava os africanos da mesma forma como você ama uma mascote. Os seres humanos amam uma mascote desde que esta continue sendo uma mascote. Era assim que ela amava os africanos.
P: Blixen aspirou ao Nobel de Literatura. E o senhor está entre os favoritos desde 2010, mas o prêmio não vem. O que acontece com a Academia Sueca?
R: Não tenho ideia de quem integra o júri, nem de quais são os fatores para selecionar quem eles querem que seja o ganhador. No entanto, há algo que me agrada muito e de que estou muito orgulhoso: recebo muitas mensagens do mundo todo, de pessoas que me perguntam sobre o Nobel. Desejam-me o melhor. Chamo isso de Nobel do coração. E, de verdade, o que aprecio é esse Nobel do coração, porque vem do coração das pessoas.
P: Se lhe concedessem o Prêmio Nobel, aceitaria?
R: Sim, por que não? Principalmente agora que escrevo em quicuio, uma língua africana. Eu aceitaria como um elogio, um gesto para as línguas africanas.
P: O último autor negro da África a ganhar o Nobel foi o nigeriano Wole Soyinka em 1986. É hora de reconhecer um africano?
R: A chave para nós como escritores, ou pelo menos para mim, é continuar escrevendo. Quero criar o melhor livro possível. Essa é minha motivação. Se os prêmios chegarem, como reconhecimento, serão bem-vindos. Mas eu não escrevo para ganhar prêmios. Escrevo para produzir o melhor e poder competir com todos os autores. Eu quero competir com Cervantes, por exemplo. Ou com García Márquez, Shakespeare, Tolstói... Esses são meus padrões.
P: A África, sua grande paixão, continua com dificuldades para decolar como continente. A culpa ainda é do colonialismo?
R: Só o povo africano pode salvar a África. Mas para salvar a África é preciso tomar o controle de seus recursos: seu ouro, seus diamantes. A África deve deixar de ser o doador interno do Ocidente. Temos de controlar nossos próprios recursos, e aí poderemos interagir com a Europa e com o mundo na base de dar e receber em situação de igualdade.
P: A corrupção na África também freia o desenvolvimento, não?
R: Claro, é parte dos nossos problemas. Não estou dizendo que os africanos não tenham culpa nenhuma. Temos culpa porque devemos assumir a responsabilidade pelo continente.
P: Falemos de seu novo romance, Kenda Muiyuru: Rugano Rwa Gikuyu na Mumbi[que está sendo traduzido pelo autor para o inglês com o título de The Perfect Nine: The Story of Gikuyu and Mumbi, “as nove perfeitas: a história de Gikuyu e Mumbi”], recém-publicado.
R: É a primeira epopeia em quicuio. Estou muito orgulhoso disso. As heroínas são as nove filhas de Gikuyu e Mumbi [lendários patriarca e matriarca, respectivamente, da etnia quicuio]. Falo das primeiras feministas, um mundo no qual as mulheres não dizem “Não posso fazer isso porque sou uma mulher”. Ainda acredito que se o patriarcado, o colonialismo, o catolicismo e outras coisas oprimem as mulheres, sua libertação será a libertação de todos.
P: Depois de publicar essa obra, e aos 81 anos, ainda tem sede de mais literatura?
R: Meu melhor livro é aquele que ainda não escrevi. Busquei esse livro durante toda minha vida. Espero continuar escrevendo até encontrá-lo...
Entrevista feita pela EFE, originalmente publicada no blog ‘África no es un país’, do Planeta Futuro.

sábado, 20 de abril de 2019

Ngugi wa Thing’o / “Eu daria um Nobel a Jorge Amado, porque ele deu a mim o seu Brasil”







Ngugi wa Thiong'o.
Ngugi wa Thiong'o. DIVULGAÇÃO


Ngugi wa Thing’o

“Eu daria um Nobel a Jorge Amado, porque ele deu a mim o seu Brasil”

Ngugi wa Thing’o, autor de um clássico da literatura africana, finalmente aterrissa no Brasil

Paraty 4 JUL 2015 - 20:15 COT

Ngugi wa Thing’o, de 77 anos, está pela primeira vez em sua vida na América do Sul por ocasião da 13ª Festa Literária de Paraty. O escritor queniano, uma das maiores referências da África em literatura que está sempre às portas de um prêmio Nobel, tem uma história de luta pela libertação de seu país. Na década de 60, quando a colonização do continente africano estava em cheque, terminando na queda de vários governos, ele lutou pela emancipação do Quênia das mãos dos britânicos ao lado de jovens intelectuais que, como ele, eram recém-saídos da universidade.
Em paralelo ao seu trabalho permanente em teatro, escreveu um primeiro romance, Weep not, child, em 1964. Mas foi com Um grão de trigo – lançado três anos depois, e só publicado no Brasil pela Alfaguara no final de 2014 – que ele alcançou reconhecimento mundial.
O livro tornou-se um clássico da literatura africana do século passado e, lançado pouco depois da independência do Quênia, fala dos conflitos entre colonizadores e nativos nesse contexto específico. Assim como Sonhos em tempos de guerra, de 2010, o primeiro número de sua ainda inacabada trilogia de memórias, e outro título a ser lançado no país por ocasião da Flip – desta vez, pela Biblioteca Azul.
Segundo Ngugi [lê-se gugui], o tema da colonização, que permeia toda sua obra, também é responsável por sua vinda ao Brasil, que “tantas semelhanças” guarda com sua terra natal. É leitor entusiasmado de Jorge Amado, autor brasileiro a quem ele entregaria um prêmio Nobel, e diz que a questão da disputa pela terra, presente na obra do baiano, o leva de volta ao Quênia, assim como o tema da escravidão. "Quando estou em Paraty, banhada pelas águas do oceano Atlântico, estou de frente para a África, especialmente para Angola. Muitos africanos vieram para cá contra a sua vontade, para participar da construção de cidades como essa. Mesmo andando nessas ruas de pedra, estou muito consciente dessa história de sangue”, diz.
Pergunta. Qual é a importância de estar na Flip hoje e visitar o Brasil pela primeira vez?
Resposta. Estou muito feliz de estar aqui. Já tinha escutado falar do evento e vim a convite da minha editora, que está publicando dois dos meus livros em português. O Brasil tem uma grande presença de africanos e é um país importante para nós. Está sempre presente em nossas mentes. Li Jorge Amado – Gabriela, cravo e canela – e tenho uma proximidade com alguns intelectuais do país através do meu trabalho em teatro comunitário no Quênia, em que fui muito impactado pelo trabalho de Paulo Freire, que escreveu Pedagogia do oprimido. Outro brasileiro que me impactou muito, também no teatro, é Augusto Boal. Eu estava preso em 1977 e, na prisão, usava o trabalho dele. Também fomos parte, os dois, do conselho de uma revista teatral chamada Drama Magazine, mas nunca o conheci em pessoa. Estou muito animado. E estou curioso de ver como a questão do negro é vista aqui.
P. O escritor cubano Leonardo Padura, que também está nesta Flip, acredita que um escritor deve antes de tudo escrever bem e depois, se for o caso, falar de política. O que você acha?
R. Faço das palavras dele as minhas. Seja o que for que um escritor faça ou pense, ele precisa primeiro saber escrever bem. Um escritor não é um historiador, nem um cientista político, nem um economista. É um artista. Dito isso, as condições econômicas e políticas e também as práticas sociais impactam no trabalho do artista. Ninguém pode escapar disso. Como escritor, estou interessado na qualidade da vida humana, em como acontece a distribuição da riqueza e também no impacto das relações. Como africano, me interessam também as questões de raça, a condição da raça negra, como ela é afetada, sua visibilidade. Na África e especialmente no Quênia, há uma distância cada vez maior entre ricos e pobres – cresce a concentração de renda à medida que o continente vai se desenvolvendo. Olho para o mundo, como escritor, e vejo um grupo bem pequeno, em geral de países do Ocidente, que são ricos, e uma enorme maioria de países pobres. Mas esses ricos dependem muito dos recursos dos pobres, especialmente da África. Quando visito um país, sempre presto atenção em quantos mendigos e sem-tetos há na rua e também na população carcerária. É aí que você mede o nível de desenvolvimento de um lugar. Nos Estados Unidos, por exemplo, você tem dois milhões de pessoas encarceradas. São quatro Islândias na prisão! A riqueza não se mede pela quantidade de milionários de um país.
P. Você já foi muitas vezes apontado como um forte candidato ao prêmio Nobel. Que importância isso tem para você?
R. Claro que fico muito lisonjeado e feliz que o meu trabalho possa valer um Nobel. Mas meu verdadeiro Nobel é quando alguém me diz como um livro o impactou, como aquela situação que descrevo é de alguma maneira semelhante ao que ele vive ou viveu. Isso me diz que vale a pena todo o esforço de escrever. Se alguém puder sentir mais esperança na possibilidade do mundo mudar, sinto que a minha imaginação vale a pena. Se meu trabalho serve para imaginar um mundo melhor, não aceitar a derrota, pensar que é possível de fato abolir a pobreza do mundo, sinto que já ganhei meu Nobel.
P. No Brasil, há quem acredite que nenhum autor tenha ganhado o Nobel em grande parte porque o português não é um idioma muito falado no mundo.
R. Verdade, mas é preciso lembrar que o Nobel é um prêmio dado uma vez ao ano. O verdadeiro prêmio é aquela conexão que se cria entre o escritor e um leitor em especial. No Brasil, eu daria o Nobel a Jorge Amado, porque ele deu a mim o seu Brasil, ou seja, conseguiu me transmitir ao menos o Brasil dele, que é o que um escritor deve fazer.
P. Você começou escrevendo livros em inglês nos anos 50 e depois assumiu seu idioma natal, o gikuyu, na década de 1970. O que significa, para você, escrever em sua própria língua?
R. Escrevi em inglês meus primeiros quatro romances, inclusive Um grão de trigo. Quando fui preso, em 1977, foi porque escrevi uma peça de teatro em gikuyu. Por isso, tomei a decisão política, de resistência, de escrever sempre no meu idioma original. No livro A mente colonizada, eu falo dessa questão. As línguas pra mim são muito importantes e acho que ninguém deveria perder a sua língua materna. Se vou para o Japão, gosto de escutar japonês; se estou no Brasil, o português. Por que não acontece o mesmo com as línguas africanas, quando estou na África? É por isso que fiz essa mudança. Não há contradição em manter sua própria língua e adquirir novas. É mais poder. Não estamos tirando nada. A perda de qualquer idioma no mundo, ainda que pequeno, é uma grande perda para a cultura da humanidade.
P. Muitos escritores preferem se afastar de sua história pessoal para imaginar histórias distantes de suas vidas. Você mergulha em cheio na sua própria vida para escrever. Isso é difícil?
R. De fato, muito da minha história pessoal e principalmente da história do meu país faz parte do meu trabalho. O Quênia é um país que foi colonizado pela Inglaterra, assim como o Brasil foi por Portugal. Em Jorge Amado, li sobre a questão agrária, dos latifúndios aqui, e ela é muito parecida à realidade que vivi: a terra sendo tirada de pessoas comuns, que têm direito a ela. Eu uso isso no livro Um grão de trigo. Falo de homens e mulheres que foram às armas para lutar por terra, porque sentiram que era possível. Por outro lado, acho que imaginar tudo é mais difícil na hora de escrever, ainda que nem sempre a fantasia seja completamente inventada. Fantasias fazem parte do nosso ser social – e elas são fascinantes. A fantasia e a arte ajudam na expansão da nossa imaginação. São produto dela, mas a alimentam de volta. Assim como o corpo precisa de comida e água, a alma precisa de espiritualidade e a imaginação, desse alimento.
P. Como foi crescer com quatro mães e um pai?
R. Onde nós vivíamos, havia quatro cabanas dispostas em um semicírculo, uma para cada esposa do meu pai, e essa área comum era onde todas as noites contávamos muitas histórias. Do ponto de vista das crianças – não estou falando das mães – era fantástico. Depois minha mãe se separou, e eu passei a viver só com uma mãe e nenhum pai. Ambas as experiências foram felizes. Li um livro recentemente em que o autor tinha nove irmãos, e aplicava a teoria dos conjuntos e semiconjuntos para calcular a quantidade de combinações que havia entre eles. No meu caso, são 25 irmãos. Imagine quantas possibilidades...