terça-feira, 31 de março de 2020

Nova York 2020


                                                           
 Nova York
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quinta-feira, 26 de março de 2020

Últimas notícias sobre o coronavírus no Brasil e no mundo




PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

AO VIVO | Últimas notícias sobre o coronavírus no Brasil e no mundo

Brasil tem 77 mortes por Covid-19 confirmadas. Bolsonaro inclui atividades religiosas na lista de serviços que não podem parar em quarentenas. Itália registra 8.165 mortes, 662 delas nas últimas 24 horas. Siga as notícias sobre a crise do novo coronavírus, ao vivo



São Paulo / Brasília / Madri  
26 MAR 2020 - 15:33 COT

O Ministério da Saúde confirmou mais 20 mortes no Brasil pelo novo coronavírus e, assim, chega a 77 o total de vítimas da Covid-19 no território brasileiro. O Brasil também registrou mais 2915 casos confirmados de infectados pelo vírus Sars-Cov-2, sendo que destes 194 pessoas estão internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs), informou o Governo nesta quarta-feira. Também nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro acrescentou algumas atividades à lista de serviços essenciais que não ficam suspensos durante o regime de isolamento. Entre eles estão as atividades religiosas, lotéricas, produção de petróleo e de energia e pesquisa científica. Assim, o decreto publicado no Diário Oficial da União nesta quinta-feira autoriza o funcionamento desses serviços, ainda que de acordo com “determinações do Ministério da Saúde”. No mundo, o Senado dos EUA aprovou por unanimidade o maior pacote de resgate econômico da história do país: dois trilhões de dólares.

EL PAÍS



quarta-feira, 18 de março de 2020

domingo, 15 de março de 2020

Rei da Espanha renuncia à herança e retira verba do orçamento da casa real destinada ao pai Juan Carlos


Felipe VI e Juan Carlos no palácio da Zarzuela.
Felipe VI e Juan Carlos no palácio da Zarzuela.


Rei da Espanha renuncia à herança e retira verba do orçamento da casa real destinada ao pai Juan Carlos

Decisão acontece depois que o Ministério Público Anticorrupção iniciou uma investigação sobre os supostos 100 milhões de euros que Juan Carlos I recebeu em uma conta suíça


Miguel González
Madrid, 15 Mar 2020

O rei Felipe VI decidiu renunciar à herança de Dom Juan Carlos “que lhe possa corresponder pessoalmente”, conforme anunciado neste domingo pela casa real, em um comunicado no qual também adianta que Dom Juan Carlos deixa de receber a quantidade de dinheiro que lhe era destinada pelo orçamento da casa real.

O comunicado do Palácio de la Zarzuela (sede da monarquia) lembra as palavras sobre a exemplaridade que Felipe VI pronunciou em sua posse. “Em coerência com as palavras proferidas em seu discurso de proclamação e com a finalidade de preservar a exemplaridade da Coroa, Sua Majestade o rei quer que seja sabido publicamente que Sua Majestade o rei Dom Juan Carlos está ciente de sua decisão de renunciar à herança que lhe possa corresponder pessoalmente, bem como a qualquer ativo, investimento ou estrutura financeira cuja origem, características ou finalidade possam não estar em consonância com a legalidade ou com os critérios de retidão e integridade que regem sua atividade institucional e privada e que devem informar a atividade da Coroa”, afirma o texto.

A casa real também informa que o Rei emérito deixará de receber a dotação orçamentária que lhe outorga anualmente em virtude dessa condição e que nos últimos exercícios atingiu os 194.232 euros (cerca de 1,044 milhão de reais) por ano.


Juan Carlos I, king of Spain | Caricaturas de famosos, Caricaturas ...
Juan Carlos I
A decisão da casa real acontece depois que o Ministério Público Anticorrupção iniciou uma investigação sobre os supostos 100 milhões de euros que Juan Carlos I recebeu em uma conta suíça em nome de uma fundação panamenha procedentes da monarquia saudita, como este jornal adiantou. O diário The Telegraph afirmou neste sábado que o atual chefe de Estado era beneficiário das fundações supostamente criadas por Juan Carlos para administrar esse dinheiro. Agora Felipe VI se distancia dessas organizações no comunicado. “Em relação às notícias que apareceram no dia sobre as entidades denominadas ‘Fundação Zagatka’ e ‘Fundação Lucum’, Sua Majestade o rei desconhece por completo e até hoje sua suposta designação como beneficiário.”

No primeiro caso (Zagatka), la Zarzuela afirma que o Rei o desconhecia, mas que, em todo caso, renuncia a ela; no segundo (Lucum), que teve conhecimento por um escritório de advocacia em março de 2019 e que em abril compareceu perante um notário para manifestar que havia endereçado uma carta ao pai para que “se for verdadeira sua designação ou da princesa de Astúrias como beneficiários da mencionada fundação, deixasse sem efeito tal designação, manifestando igualmente que não aceitaria participação ou benefício algum nessa entidade”. O comunicado também afirma que Dom Juan Carlos pediu “que se tornasse público” que “as duas fundações anteriormente citadas em nenhum momento forneceram informações” a seu filho e que “nomeou para sua representação o advogado Javier Sánchez-Junco Mans que, no exercício do direito de defesa, será a partir de agora quem responderá publicamente pelas informações que possam afetá-lo”.


sexta-feira, 13 de março de 2020

Rosa Montero / Uma injustiça enterrada e explosiva


Rosa Montero

Uma injustiça enterrada e explosiva

Trump acaba de dizer que os EUA voltarão a usar minas antipessoa, artefatos cruéis que se fartam com a população civil



20 Fev 2020


Me parece que não prestamos atenção o suficiente a uma notícia verdadeiramente atroz: o intolerável Donald Trump acaba de dizer que os Estados Unidos voltarão a usar minas antipessoa. Vejam, essas minas são um invento de uma perversidade horripilante. Possuem cargas explosivas muito pequenas porque seu objetivo não é matar, mas mutilar, arrebentar os ventres ou arrancar pernas e braços, para enfraquecer o oponente, forçando-o a cuidar de seus feridos e transportá-los. São artefatos cruéis que se fartam com a população civil. Por isso, quando se realizou em 1997 a Convenção de Ottawa para proibir o uso dessas minas, a humanidade deu um passo gigantesco. Sair do acordo, como Trump fez, é uma infâmia.

Mas, já que falo de minas e de indecência política, quero falar sobre os saarauís. Sim, desse povo que nós, espanhóis, traímos e vendemos como ovelhas aos marroquinos há 45 anos. Sim, esses mesmos saarauís que têm a Justiça e os acordos da ONU a seu favor, mas nem assim conseguem recuperar suas terras. De fato, todos os dias nos esquecemos um pouco mais deles.
E as minas são um exemplo perfeito desse esquecimento. Segundo a Landmine Monitor, o Saara Ocidental está entre os países mais tomados por minas no planeta. Talvez seja o mais poluído dos territórios habitados. E o muro que divide em dois o Saara Ocidental (de um lado os saarauís, do outro, a área ocupada por Marrocos) é o campo minado mais longo do mundo. Estima-se que nessa área existam entre sete e 10 milhões de minas, colocadas pelos dois lados do conflito durante a guerra. A ONU e a Frente Polisário, líder da causa saarauí, pediram repetidas vezes ao Marrocos mapas de localização de seus explosivos, sem nenhum resultado. A remoção de minas é cara, perigosa e difícil; as chuvas deslocam as bombas na areia, o que complica ainda mais sua localização. Aliás, há um grupo de aguerridas mulheres saarauís, as SMAWT, em inglês (Sahrawi Mine Action Women Team, grupo saarauí de mulheres em ação contra as minas), que se dedica a essa arriscadíssima tarefa de caçadoras e neutralizadoras de explosivos.

A Frente Polisário, que acata a convenção de Ottawa e a de Oslo (contra as bombas de fragmentação) fez um enorme esforço para reduzir seus artefatos explosivos e destruiu todo o seu arsenal de minas antipessoa (20.493 unidades) e de munições de fragmentação (24.107). Enquanto isso, o Marrocos continua sem aderir a Ottawa ou Oslo. Para piorar, ocorre que após o precário acordo de paz de 1991 entre Marrocos e a Polisário foi criada uma faixa de exclusão de cinco quilômetros de largura a leste do muro, onde não podem entrar nem pessoal nem equipamento militar, mas os civis podem.
Esta zona, que proporciona reservas de água porque se formam poças quando o muro cruza os rios, é atravessada o tempo todo por pastores nômades e seus animais, e é aí que está a maioria das minas. Entre 2014 e 2019, houve 186 vítimas. Uma delas passou 10 horas sangrando diante do olhar desamparado dos soldados, que não podiam entrar na zona de exclusão para resgatá-lo (por fim, civis o resgataram e foi preciso cortar a perna dele). Além disso, mais e mais animais são feridos ou mortos pelas explosões, o que arruína a vida dos pastores.

E sendo tudo isso horrível, o pior é que esta situação catastrófica que acabo de contar não existe oficialmente. Embora já tenhamos dito que o Saara Ocidental talvez seja o território habitado mais poluído por minas antipessoa em todo o planeta, não está no foco das áreas a serem limpas, de acordo com a Convenção de Ottawa, pois não possui status de país independente.
Além do mais, delegados saarauís não têm permissão para intervir de forma oficial nas conferências antiminas. Ottawa estabeleceu como objetivo conseguir em 2025 um mundo sem minas antipessoa (uma meta que Trump tornou muito difícil), e eu me pergunto como sequer se atrevem a esboçar semelhante conquista se não levam em conta os milhões de artefatos letais que irrigam o Saara. Aqui está uma boa metáfora da causa saarauí: é uma injustiça indecentemente silenciada, enterrada, explosiva.