sábado, 31 de março de 2018

Vargas Llosa / Lembrança de Luis Loayza


Mario Vargas Llosa y Luis Loayza
Fernando Vicente

Lembrança de Luis Loayza

Lucho era um escritor esplêndido, mas segredo, de leitores tão lúcidos e sensíveis como ele mesmo. Nunca será “popular”, mas terá sempre seguidores


MARIO VARGAS LLOSA
31 MAR 2018 - 17:00 COT

Estava tentando lembrar quando havia sido a última vez que tinha vindo ao cemitério de Père-Lachaise antes desta manhã, e acho que foi em 1960, para a cremação dos restos mortais da viúva de Trotski, Natalia Sedova, porque queria ouvir André Breton, que era um dos oradores. Agora estou aqui para uma cerimônia parecida, na qual vamos nos despedir de Luis Loayza, que era um de meus melhores amigos.
Há certa confusão no crematório, porque vários atos fúnebres ocorrem ao mesmo tempo, e um deles, numeroso, reúne muitos paquistaneses, que choram alto. Por fim, distingo entre a multidão Rachel e Daniel, a viúva e o filho mais velho de Lucho. Entristeço-me em vê-los destroçados pela dor, fazendo um esforço extenuante para não chorar também. Há 58 anos exatamente, por Rachel, Lucho Loayza provavelmente cometeu o único ato de loucura em sua vida, do qual, tenho certeza, nunca se arrependeu. Seu pai o havia presenteado com um ano em Paris quando se formasse advogado. O ano estava prestes a acabar e, se bem me lembro, Lucho já tinha a passagem de volta. Mas, como despedida, foi ao Festival de Teatro de Avignon e lá conheceu Rachel, que ainda era estudante. Naquele mesmo dia me escreveu uma carta exagerada, dizendo que havia se apaixonado; não iria mais ao Peru e começaria a procurar trabalho imediatamente em Paris. Pouco tempo depois, casaram-se na prefeitura do Quartier Latin, e fui a única testemunha. Depois, fomos os três comemorar num bistrô da esquina com uma taça de vinho.
A cerimônia começou, com música de Bach, em uma salinha ocupada pelos restos mortais do falecido, em um caixão fechado e coberto de flores. Daniel fala em memória do pai, e ele e a neta mais velha de Lucho leem, em francês e espanhol, um fragmento de O Avarento, relacionado com a morte. Quando é minha vez de dizer algumas palavras, sinto angústia e vontade de chorar. Mas aguento, sabendo muito bem que Lucho, sempre tão comedido, acharia tal sentimentalismo intolerável.




Lucho e eu discutíamos, ele defendendo Borges e eu, Sartre, até ficarmos sem nos falar. Ele tinha razão

Eu o conheci em 1955, em Lima, e desde o primeiro dia falamos sem cessar e sem limites de literatura. Ele me apresentou logo depois a Abelardo (o chamávamos de O Delfim, e eu era chamado de O Sartrezinho Valente), com quem formávamos um inquebrável triunvirato. Nós nos víamos a toda hora, para falar de livros, os que líamos e os que iríamos escrever quando nos tornássemos escritores. Para isso era preciso fugir de Lima e ir para Paris, onde até o ar era literatura. Enquanto planejávamos a viagem, líamos muito e, às vezes, Lucho e eu discutíamos, ele defendendo Borges, e eu, Sartre, até ficarmos sem nos falar. O tranquilo Abelardo nos reconciliava uma hora ou um dia depois. (Lucho tinha razão; ainda continuo relendo Borges e sei que, se tentasse reler Sartre, o livro escorreria das minhas mãos).
Por fim, as coisas ficaram complicadas para Abelardo, e Lucho e eu partimos sozinhos para a Europa, em um barco que saía do Rio e chegava a Barcelona. Na viagem, quando não lia, o que raramente acontecia, Lucho inventava um jogo que chamava de “a contemplação do infinito”. Na pensão onde fomos parar, em Madri, ele começou a escrever Una Piel de Serpiente, e eu, A Cidade e os Cachorros. No final do ano, ele foi a Paris, e eu, alguns meses depois. Em um quartinho do Wetter Hotel, onde morávamos, dei a Rachel as primeiras aulas de espanhol. Foi nessa época, quando tentávamos ganhar o que Cortázar chamava de “direito de cidade” para que Paris nos aceitasse, quando nos vimos mais, quase diariamente, e, por carta, Abelardo também participava dessas conversas, discussões e projetos nos quais a literatura continuava sendo a estrela.
Depois, Lucho, Rachel e seus dois filhos foram para Lima, Nova York, Suíça. Desde então, nos vimos menos e, pouco a pouco, paramos de nos corresponder. Mas a amizade e o carinho sempre estiveram presentes e, claro, as lembranças. Nas raras ocasiões em que nos encontrávamos, às vezes com intervalos de anos, a comunicação, os subentendidos, as piadas eram as de sempre. Em uma dessas vezes, ele tinha acabado de ler seu primeiro livro em italiano e estava feliz: abria-se diante dele um universo de novas leituras.




Em uma pensão madrilenha, ele começou a escrever Una Piel de Serpiente, e eu, A Cidade e os Cachorros

Agora, as pessoas que participam da cerimônia se levantam e se aproximam do caixão e o tocam com respeito. Algumas fazem o sinal da cruz três vezes. Um senhor que trabalha com Daniel no Odéon diz que nunca conheceu Lucho pessoalmente mas, pelo que ouviu, entende que era admirável e quer prestar sua homenagem. Tenho a impressão de que todas as pessoas que participam são francesas, e que sou o único peruano. Quando éramos jovens, eu era quem falava em “romper com o Peru”; no final, foi Lucho quem rompeu, pelo menos fisicamente. Porque, em seus ensaios e relatos, a presença do peruano e dos peruanos é obsessiva. Mas fazia 30 anos que não pisava em Lima, e as razões que me dava para isso nunca me convenceram completamente.
Suportou sua doença com extraordinária elegância. Lembro-me, há alguns anos, quando essa longuíssima agonia de tratamentos intermináveis começou, como era difícil que falasse algo a respeito. Respondia com duas ou três frases e mudava de assunto, geralmente o livro que acabara de terminar ou o que estava começando. Aquilo que Borges escreveu – “Li muitas coisas e vivi poucas” – o definia melhor até mesmo que seu autor. Era também dificílimo conseguir que falasse sobre algo que havia escrito, estava escrevendo ou pensava em escrever. Tinha um pudor extremo e se recusava a transformar o íntimo e entranhável em tema de conversa, como se esta banalizasse o importante. Por isso, penso eu, quase nunca falamos sobre seus ensaios e histórias, que li e reli muitas vezes. Estou convencido de que era um esplêndido escritor, mas secreto, de leitores tão lúcidos e sensíveis quanto ele próprio, que conseguiu depurar a língua e torná-la tão limpa, precisa e transparente quanto a dos autores que mais admirava, como o sonolento Henry James (estou te provocando, Lucho, agora que você não pode me responder). Por isso nunca será “popular”, mas sempre terá leitores. Era um excelente tradutor: De Quincey, por exemplo, é preferível lê-lo em sua versão em espanhol do que em inglês, onde muitas vezes a prosa se emaranha e obscurece, uma prosa que Loayza afinou e tornou esbelta e clara.
A música de Bach parou, e o funcionário do Père-Lachaise que atua como mestre de cerimônias explica, com muito tato, que o culto chegou ao fim e que temos de sair da sala, onde, imagino, será agora realizado um novo funeral. O nosso foi organizado e discreto, como gostaria o “borgiano de Petit Thouars”. Abraço Rachel, Daniel, as duas netas de Lucho que acabo de conhecer e que já falam um espanhol que continuam aperfeiçoando, nada menos do que em Salamanca. Saio e, embora ainda faça frio, o sol aparece. No táxi rumo ao aeroporto de Orly, sem fazer barulho, faço o que evitei fazer toda a manhã: começo a chorar.

Daniela Vega, a atriz transexual que fez história no Oscar


Vega, durante a cerimônia 

Daniela Vega, a atriz transexual que fez história no Oscar

Atriz de ‘Uma Mulher Fantástica’, ganhador de melhor filme estrangeiro, tem uma biografia sofrida


U.O.K
Chile 6 MAR 2018 - 12:51 COT

A chilena Daniela Vega se tornou neste domingo a primeira atriz transexual a participar da apresentação da cerimônia do Oscar. A protagonista de Uma Mulher Fantástica, ganhador do Oscar de melhor filme em língua não inglesa, apresentou o cantor Sufjan Stevens, que interpretaria Mistery of Love, parte da trilha de Me Chame Por Seu Nome. “Quero convidar vocês a abrirem seus corações e seus sentimentos e sentirem a realidade. Vocês conseguem?” disse ela, emocionada.
Muito antes da noite deste domingo, e inclusive muito antes de subir a um palco, Vega, de 28 anos, chegou ao fundo do poço. Aos 14, sua vida se dividiu em um antes e um depois. Deixou seu corpo de homem e fez a transição para o de mulher. Mas, ao assumir sua figura feminina, Vega não via a luz nem sabia que caminho seguir – se seria cantora ou atriz –, e tampouco tinha a possibilidade de entrar para o mundo artístico.
“Da dor se aprende e se cresce”, contava ela em fevereiro ao EL PAÍS, em Madri, horas antes da vitória do filme na categoria de melhor filme ibero-americano do prêmio Goya. “Os transexuais são seres marginais. Sofre-se muito na transição. E essa dor nos torna fortes, duros, e inclusive nos leva a ter mau caráter”, afirmava, enquanto Juan de Dios Larraín, produtor do filme junto com seu irmão, o cineasta Pablo Larraín, se aproximava para lhe oferecer uma cervejinha. Daniela rompeu esquemas para assumir sua transexualidade com o apoio da família. “Eu tenho muita esperança nas futuras gerações no Chile, atualmente há muita abertura”, enfatizava a atriz.
Antes de encarnar Marina, uma transexual que perde inesperadamente o seu namorado, a atriz trabalhava como cabeleireira em um salão de beleza. Foi um golpe de sorte, o destino, ou o acaso, que levou a diretor até ela, quando ele começava a estudar as personagens de Uma Mulher Fantástica e sondava o universo transexual de Santiago. Em princípio, ela prestaria uma consultoria à produção, mas acabou sendo a estrela de um filme exaltado pela forma como retrata a dor, a perda e o medo do desconhecido.
As artes no moralista Chile
A atriz tinha apenas um ano quando o ditador Augusto Pinochet deixou o poder no Chile, em 1990. A sociedade vivia com medo. Ainda estava fresca a lembrança dos campos de torturas, da trágica morte do cantor Víctor Jara, dos militares com metralhadoras nas ruas, dos guanacos (caminhões que lançavam água suja nos manifestantes nas ruas).
Os transexuais somos seres marginais. Sofre-se muito na transição. E essa dor nos torna fortes
Os gays e os transexuais eram parte do underground, vidas conhecidas apenas através dos livros de Pedro Lemebel, um autor que retratou magistralmente seres marginais, como ele mesmo. O Chile era uma sociedade bicéfala. Duas caras que se manifestavam ao mesmo tempo. Uma, a que rompia regras, com a antipoesia do recém-falecido Nicanor Parra e a transgressão de Alejandro Jodorowsky; a outra, marcada pelo conservadorismo, o respeito e o medo da lei, da autoridade, do estabelecido.

Quando o filme estreou no Chile, há um ano, foi recebido com muito entusiasmo. Daniela peregrinou pelos principais canais de TV, olhava fixamente para a câmera e se soltava: “Goste de você, ame-se, respeite-se da maneira mais digna. Todos os nossos corpos transitam; eu transicionei pelo gênero, outros fazem isso envelhecendo”. A atriz, que começou sua caminhada artística como cantora lírica, foi a primeira transexual a aparecer nas capas das revistas no Chile, tornando-se um marco cultural.
Nicolas Saavedra e Daniela Vega sobem ao palco
Nicolas Saavedra e Daniela Vega sobem ao palco  ©GTRESONLINE
Vega está escrevendo um livro para a editora Planeta e prepara, além disso, duas personagens, uma para o cinema e outra para o teatro em Santiago, de onde não tem a intenção de se mudar.
Em Hollywood há um grupo de cinéfilos a quem cativou. Algo que nem o diretor do filme, Sebastián Lelio, nem os produtores anteviram.“Houve uma espécie de espiral virtuosa na apreciação do filme, nos temas que aborda, no momento histórico, cultural, social que estamos passando. Abriu-se uma caixa da Pandora no feminino, com uma explosão de temas trans. Tudo isso ocorreu enquanto escrevíamos o filme. E,enquanto o realizávamos, o mundo deu um guinada de 180 graus, com o Brexit e Trump”, argumentava o cineasta em Madri.
A boa relação entre o diretor e a artista é patente. Eles trocam olhares cúmplices. Lelio enxerga Daniela como uma personagem de outra época. “É como uma estrela moderna, e ao mesmo tempo uma diva dos anos quarenta. Acompanhei com muita admiração como ela tem carregado toda essa responsabilidade, e tem feito isso com muita graça”, diz.
Qual foi a chave do seu sucesso? “A poesia foi minha porta de entrada neste mundo”, afirma o cineasta. “Para todo adolescente chileno, é como dar o primeiro beijo, ir para a cama pela primeira vez; escrever poesia é parte do ritual de ser chileno”, ressaltou Lelio, que estreou na lírica lendo Vicente Huidobro. O verso é o embrião do seu cinema, e com esse estímulo ele gesta os seus filmes.

sexta-feira, 30 de março de 2018

quinta-feira, 29 de março de 2018

Por que ‘La Casa de Papel’ foi um inesperado sucesso internacional

Úrsula Corberó, Pedro Alonso e Miguel Herrán, em 'La casa de papel'

Por que ‘La Casa de Papel’ foi um inesperado sucesso internacional

Popularidade da série espanhola foi maior em países como Argentina, Brasil e França graças à Netflix


Natalia Marcos
Madri, 29 mar 2018

Fora da Espanha, os espectadores de La Casa de Papel ainda não sabem se o assalto à Casa da Moeda e Timbre termina bem ou mal para Berlim, Tóquio, Rio, o Professor e companhia. Em 6 de abril, a Netflix postará a segunda e última parte da série, que se despediu do canal de TV espanhol Antena 3 em 23 de novembro. Embora aquele final na Espanha tenha sido acompanhado por 1.798.000 espectadores, cifra discreta para o horário nobre espanhol, fora do país o final é aguardado com ansiedade por telespectadores da França, Itália, Argentina. Brasil e Turquia.
A chegada à Netflix do thriller produzido pela Atresmedia e Vancouver no final de dezembro o tornou um inesperado fenômeno mundial. Manteve-se durante seis semanas consecutivas como a série mais seguida pelos usuários do aplicativo TV Time, é uma das mais populares no IMDb, a maior base de dados fílmicos na Internet, foi recomendada em redes sociais por famosos como o jogador Neymar e o cantor Romeo Santos.... Até mesmo a máscara de Dali usada pelos assaltantes pôde ser vista no Carnaval do Brasil ou em cartazes enormes colocados em estádios da Arábia Saudita. Como se explica esse sucesso internacional?
Sonia Martínez, diretora de Ficção da Antena 3, aponta vários fatores. "É uma série que no seu DNA tem o formato de vídeo sob demanda. É um assalto no qual as horas vão sendo marcadas e você tem a sensação de que precisa consumir mais, é o produto ideal para se ver assim.” Além disso, acrescenta a importância do esboço dos personagens. “Considerando que são pessoas que estão delinquindo, tínhamos de ter claro que o público precisava ter a sensação de que está com eles, que são os bons, e que realizam um desejo que todos temos que é assaltar algo tão impessoal como a Casa da Moeda”, argumenta Martínez, que destaca ainda a iconografia da série: “Entra pelos olhos quando você vê um frame”.
Álex Pina, criador de La Casa de Papel, acredita que ela se conectou com um estado de ânimo presente em muitos países pela crise econômica. “Esses senhores que assaltam a Casa da Moeda e Timbre têm um componente quase antissistema que abarca um pouco da decepção com os Governos, os bancos centrais..., um cansaço em que esses robin hoods se convertem para muitos em estandarte dessa atmosfera de decepção. Há alguns dias foi publicada no Le Monde uma reflexão política sobre a série nesse sentido”, destaca.



Álvaro Morte, O Professor em 'La casa de papel'
Álvaro Morte, O Professor em 'La casa de papel'


Martínez e Pina concordam em que um dos elementos que determinaram a diferente acolhida em sua emissão na Antena 3 – com uma audiência de mais para menos – e na Netflix foi a mudança de hábitos de consumo nos espectadores de séries. “É um produto ao qual você tem de prestar atenção e fazer um trabalho íntimo de análise, que ninguém atrapalhe”, diz Sonia Martínez. “Nunca tínhamos pensado nisso, mas, inconscientemente, estava projetado de forma que seu pico seria em um consumo de vídeo sob demanda. O ritmo que a série tem favorece que você a consuma como quiser, com toda a atenção e em um consumo muito individualista. Agora na Espanha também há um salto porque as pessoas a estão vendo na Netflix, e muitos quase nem sabiam que tinha sido transmitida na Antena 3 porque possivelmente não veem a televisão aberta”, acrescenta.
Para Pina, os cortes para publicidade na série em sua transmissão linear jogavam contra “a experiência visual”. “É uma série frenética, é adrenalina pura, vai quase em tempo real, e então os cortes para publicidade produzem uma espécie de parada brusca que é complicada”, argumenta. Além do mais, destaca o universo de personagens tanto de A Casa de Papel como de sua criação anterior, Vis a Vis, na qual também trabalhou boa parte da equipe da série do assalto. “Estamos fazendo uma ficção com características próprias, com um esboço de personagens muito poderoso, com um universo feminino muito poderoso e forte. Por um lado, temos elementos emocionais, com uma criação de personagens excêntrica, surpreendente, e nas duas séries trabalhamos a ambiguidade moral, mudamos o foco daquilo em que o espectador acredita que é bom e mau. Vemos que personagens muito vilãos, como Zulema em Vis a Vis ou Berlín em La Casa de Papel têm características magnéticas para o espectador", acrescenta.




Alva Flores, em 'La casa de papel'
Alva Flores, em 'La casa de papel'


Em sua versão internacional, La Casa de Papel, composta originalmente por 15 capítulos de cerca de 70 minutos cada um foi adaptada para episódios de 50 minutos. Desta forma, a primeira parte, que na Espanha constou de 9 episódios, no formato internacional tem 13. Este reajuste também afetará a segunda parte. “Sempre consideramos fazer uma montagem internacional das séries”, conta Pina. “Neste caso, tínhamos o problema adicional dos cliffhangers, pois cada capítulo terminava com um e isso muitas vezes foi alterado. O trabalho de montagem em pós-produção foi tremendo. Às vezes trocamos algumas tramas de capítulo. O bom da série é que é um fluxo contínuo: onde um capítulo acaba começa o seguinte. E isso permite uma elasticidade maior que em outras situações. A experiência visual de ver a série na Netflix ou no formato espanhol é muito diferente, mas em essência é a mesma e funciona do mesmo jeito”, afirma o roteirista e produtor.




POSSIBILIDADE DE OUTRO ASSALTO?


Embora desde o começo La Casa de Papel tenha sido apresentada como uma série de apenas uma temporada, em duas partes, poderia o sucesso internacional animar os produtores a fazerem uma sequela? A Antena 3 afirma que para ela já passou o momento disso, mas não descarta a possibilidade de vendê-la para que prossiga fora do país. É o que fez com Velvet, que continuou na Movistar +, e Vis a Vis, que terá uma nova temporada na Fox.
“Agora não depende de nós”, diz seu criador, Álex Pina. “Temos um grande bando de assaltantes, mas existiria essa possibilidade. No momento não está de todo claro se é possível ou não. Poderia ser feito? Sim. Se vai ser feito, isso já não sei.”
EL PAÍS





quarta-feira, 28 de março de 2018

Atriz de 'A festa de Babette', Stéphane Audran morre aos 85 anos



Atriz de 'A festa de Babette', Stéphane Audran morre aos 85 anos

Ela estava doente, foi internada, voltou para casa e morreu no domingo, na França 

Por Com agências internacionais
27/03/2018 16:14 / Atualizado 27/03/2018 18:59



SÃO PAULO - O público brasileiro vai lembrar dela em "A festa de Babette" (1987), de Grabriel Axel, no papel-título de uma francesa que prepara um banquete para os moradores de uma pequena e conservadora vila dinamarquesa do século XIX. Os cinéfilos mais dedicados vão identificá-la como um dos seis comensais de "O discreto charme da burguesia" (1972), de Luis Buñuel, filme no qual um jantar nunca começa devido a interrupções as mais absurdas. No entanto, a atriz francesa Stéphane Audran, morta nesta terça, aos 85 anos, conquistou sua fama sob a direção de um de seus maridos, Claude Chabrol (1930-2010), com quem ela trabalhou em 23 filmes, frequentemente interpretando mulheres burguesas adúlteras ou traídas - sempre chamadas Hélène.

- Minha mãe estava doente há algum tempo. Ela foi hospitalizada há dez dias e voltou para casa. Ela partiu pacificamente esta noite por volta das duas da manhã - disse o filho dela, Thomas Chabrol, à agência francesa AFP.

O chamado "ciclo Hélène" começa com "A mulher infiel" (1969), no qual Stéphane interpreta a mulher de um executivo que passa a ser investigada. O tema da infidelidade e da traição sempre esteve no radar de Chabrol. Sob a direção dele, ela recebeu o Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim por "As Corças" (1968), o BAFTA de melhor atriz por "Just avant la nuit" (1971) e o César de melhor atriz coadjuvante por "Violette" (1978).

- Stéphane era uma atriz muito boa. Era ótima para interpretar mulheres livres e independentes, como era na vida - reagiu o diretor francês Jean-Pierre Mocky, que dirigiu a atriz em "Les Saisons du plaisir" (1988).

Nascida Colette Suzanne Dacheville, em Versalhes (Yvelines), a 8 de novembro de 1932, Stèphane foi casada primeiro com Jean-Louis Trintignant, que conheceu antes de iniciar a carreira, em um curso de interpretação. A relação foi rápida. Depois, Trintignant se casaria com Brigitte Bardot.

A atriz conheceria Chabrol em 1959, durante as filmagens de "O signo do leão" (1962), primeiro longa-metragem de Eric Rohmer. Em seguida, o futuro marido a escalaria para o elenco de "Os primos" (1959), em um papel coadjuvante. Foi o início de uma colaboração prolífica, com até quatro filmes por ano. Ambos se casaram em 1964, depois de terem um filho, Thomas. Eles se separaram em 1980, mas a colaboração artística continuou por algum tempo.