quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Lillian Ross deu lições de jornalismo a Truman Capote
terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Anúncio de indicados ao Oscar é adiado novamente por incêndios
CINEMA
Anúncio de indicados ao Oscar é adiado novamente por incêndios
Por CADERNO B
Publicado em 14/01/2025 às 10:28
Alterado em 14/01/2025 às 10:28
A Academia de Ciência e Artes Cinematográficas de Hollywood anunciou na noite da última segunda-feira (13) que decidiu adiar novamente as indicações do Oscar 2025, devido aos incêndios florestais que atingiram a região de Los Angeles, nos Estados Unidos.
Desta vez, a divulgação da lista de nomeados ao prêmio passará de 17 de janeiro para o próximo dia 23.
Com a nova data, o período de votação dos indicados será encerrado no dia 14 de fevereiro, enquanto que a cerimônia permanece programada para 2 de março.
"Estamos todos devastados pelo impacto dos incêndios e pelas profundas perdas sofridas por tantas pessoas na nossa comunidade. A Academia sempre foi uma força unificadora na indústria cinematográfica e estamos empenhados em permanecer unidos em relação às adversidades", declarou o CEO da Academia, Bill Kramer, e a presidente, Janet Yang, em uma nota.
A expectativa pela revelação dos indicados está grande entre os brasileiros, tendo em vista que o país tem sua maior chance de voltar a disputar na categoria de melhor filme internacional com o longa "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, cuja protagonista Fernanda Torres faturou o Globo de Ouro.Além do anúncio, inúmeros eventos de Hollywood também foram adiados ou canceleados, como o Critics Choice Awards, o jantar do prêmio do American Film Institute, o almoço dos indicados, agendado para 10 de fevereiro, bem como a cerimônia de entrega dos prêmios científicos e técnicos, no dia 18 do próximo mês.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
domingo, 12 de janeiro de 2025
Incêndio em Los Angeles muda de direção e representa nova ameaça apesar de diminuição dos ventos
Los Angeles está submersa em fumaça Foto: Reuters/Shanno
MUNDO
Incêndio em Los Angeles muda de direção e representa nova ameaça apesar de diminuição dos ventos
Publicado em 12/01/2025 às 09:21
Alterado em 12/01/2025 às 09:22
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
quarta-feira, 8 de janeiro de 2025
Ana Martins Marques / Tradução
Ana Martins Marques
Tradução
Este poema
em outra língua
seria outro poema
um relógio atrasado
que marca a hora certa
de algum outro lugar
uma criança que inventa
uma língua só para falar
com outra criança
uma casa de montanha
reconstruída sobre a praia
corroída pouco a pouco pela presença do mar
o importante é que
num determinado ponto
os poemas fiquem emparelhados
como em certos problemas de física
de velhos livros escolares
Ana Martins Marques
O Livro das Semelhanças
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
Salinger / A principal diferença
J.D. Salinger
A principal diferença entre a felicidade e a alegria é que a felicidade é sólida e a alegria é líquida.
***
Alguns dos meus melhores amigos são crianças. De facto, todos os meus melhores amigos são crianças.
***
segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Morre o escritor Dalton Trevisan
Moisés Mendes
Dalton Trevisan
Tanto tentei imitar Dalton Trevisan, aí pelos vinte e poucos anos, que depois seu estilo se misturava a tudo que eu escrevia, já sem a intenção de imitá-lo.
Mas a grande sacada foi de um jornalista do Paraná que escreveu um perfil do vampiro na revista Status, nos anos 70, como se o texto fosse do Trevisan, com a mesma batida. Não lembro o nome do cara.
Eu imaginava encontrar Trevisan num dia de garoa fininha, ao acaso, comprando pão sovado numa padaria de Curitiba.
Ele iria sair e esquecer o guarda-chuva encostado no balcão. Não, eu não iria chamá-lo para ter a chance de vê-lo de perto e ouvir um obrigado.
Eu não iria dizer nada, não iria alertá-lo, e ficaria com o guarda-chuva. Mas nunca comprei pão em padaria de Curitiba.
O vampiro se foi hoje aos 99 anos.
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Dalton Trevisan / O Anjo
Dalton Trevisan
O Anjo
Feliz da vida, agora se diverte atirando batatinha frita na cabeça das damas da noite que às três da matina tomam sopa de cebola no Bar do Luís. Saúda pelo nome quem chega, sabe os segredos íntimos de todo mundo, cafifas, bofes e coronéis.
De repente a confusão: acusa um guarda-noturno de ter-lhe surrupiado o relógio de pulso (anjo, é sabido, odeia relógio). O guarda exige sua carteira de identidade, ele declara a condição de anjo --- epa! leva um murro no olho.
O anjo numa cuspidela muda-o em botelha de rum da Jamaica, que bebemos todos, o anjo a piscar o olhinho roxo.
Senta uma dama alegre no colo e quer por força um ósculo (linguagem de anjo, ósculo!). Ela se nega, a boca é para beijar o filhinho. O anjo a arrasta pelos cabelos para baixo da mesa onde, entre ossos de frango e espuma de cerveja, dorme por sete dias (na versão de-jornais sensacionalistas).
Invocado, o anjo estranha a costeleta do leiteiro que chega manhã cedinho. Xinga-o de quanto nome feio, o leiteiro saca uma navalha, epa! risca em cruz o nariz do anjo. Esse não pode ver sangue e cai durinho de costas.
Pronto levanta, sacode o pó da asa em frangalhos, cadê o leiteiro? Se escafedeu, longe na carrocinha a galope. Tempo de afastar a atenção geral. Pudera, um anjo baderneiro!
Estala os dedos: encarna as moscas sobre a mesa em bombons de licor, que oferece às musas dos inferninhos. E os garçons em aves do paraíso que se penduram nos globos de luz.
Nessa hora, para ver o anjo, há barricadas nas portas e feros combates na cozinha.
O fim do anjo é triste: surge do meio do nada o maestro Remo de Pérsis e, abraçados, rompem em dó de peito a protofonia do Guarani.
Fatal: antes que puxe do braço uma terceira asa de reserva... Ai, não, linchado pela multidão em fúria. Aos berros de Morte ao tarado!
Mortinho, ninguém mais duvida. É anjo de verdade, na roupinha nova de marinheiro.
Ainda não vi outro anjo.
Dalton Trevisan é autor dos livros O vampiro de Curitiba, A polaquinha e O maníaco do olho verde, entre outros títulos. Sua obra foi traduzida para diversos idiomas, como o inglês, o espanhol e o italiano. Em 2012, Trevisan ganhou o prêmio Camões de literatura. O autor vive em Curitiba (PR).
Dalton Trevisan / Namorada
Dalton Trevisan
Namorada
A menina o enfeitiça. Possuído, sim. Febrícula, sonho delirante, falta de ar, sede mas não de água.
Ela surge enrolada no garfo do suculento espaguete à bolonhesa. De sainha xadrez na primeira tarde, ó deliciosa bolacha Maria com geleia de uva. Formigas de fogo mordem sob a camisa quando ela vem na rua, brincando com o arco-íris na ponta dos dedos.
Consegue afinal apertar-lhe a mãozinha na luva de crochê, ri (descuidoso de ser feio) dentro de seus olhos glaucos. Discutem o narizinho, quem sabe arrebitado, segundo ela. E para ele, nada mais bonito que tal narizinho.
Meio do sono acorda, olho arregalado no escuro. A sua imagem o percorre, impetuoso vento por uma casa de portas abertas. Ninguém por perto, fala sozinho. A mãe o acha mais magro. Quem dera ser o terceiro motociclista do Globo da Morte.
Em guarda no portão, as mãos suadas, fumando. Ela aparece: um caramanchão florido de glicínia azul. Olhinho esquivo que fixa e foge. O sorriso (uma virgem fatal?) na pequena boca fresca.
Um dentinho ectópico no lado esquerdo, onde a palavra tiau esbarra quando sai. Ah, se ela deixar, passa o resto da vida adorando esse dentinho.
Espera outras vezes, fumando aflito, um cigarro aceso no outro. Ele mesmo um cigarro em chamas. A mocinha não quer lhe dar a mão. Como pode, uma santinha disfarçada na terra? Depois, deu.
Brava, ainda mais linda. Toda rosa, o lenço no pescoço, gatinha na janela depois do banho. A curva altaneira da testa, os cachos loiros arrepiados ao vento.
Ai, não, uma pérola na orelha. A pérola da orelha. Uma divina orelhinha esquerda, sabe o que é?
A voz meio rouca: Adivinhe o que eu tenho na mão? “Bem, pode ser tanta coisa.” Bala de mel, seu bobo. Pra você que não merece.
Já esquecido de timidez e feiura: “Sabe o que eu mais quero? É embalar você no colo.”
Pronto, ofendida, lhe negaceou o rosto.
De mal, até amanhã. Amanhã nosso herói vai cultivar uma barbicha.
Dalton Trevisan é autor dos livros O vampiro de Curitiba, A polaquinha e O maníaco do olho verde, entre outros títulos. Sua obra foi traduzida para diversos idiomas, como o inglês, o espanhol e o italiano. Em 2012, Trevisan ganhou o prêmio Camões de literatura. O autor vive em Curitiba (PR).
Dalton Trevisan, um vampiro à luz do sol
Dos amigos, Dalton exige fidelidade absoluta, segundo o discreto Eleotério Borrego, livreiro e confidente. Na livraria, o contista tem uma caixa de correspondências. "Quando se aproxima um estranho, pede para apresentá-lo como João", conta o jornalista e editor Fábio Campana.
Como o conde demoníaco da Transilvânia, Dalton tem seus Renfields, seguidores fiéis. "As pessoas ficam fascinadas diante do vampiro e tornam-se doadoras literárias", conta o jornalista Luiz Geraldo Mazza, amigo da juventude. O simpático Estêvão A.S mimetiza os tiques do mestre. Até para marcar entrevista preferia evitar a lotérica onde trabalhava. "Vamos ao café da praça Zacharias, e nada de fotos. Já não gostava de fotografias antes de conhecer o Dalton, imagina agora!" Estevão conta que conheceu o escritor quando precisou gravar um vídeo, Que fim levou o Vampiro de Curitiba? Ele faz favores profissionais e contatos para Dalton no mundo exterior.
sábado, 30 de novembro de 2024
Oliver Reed
Oliver Reed
Em 1999, Oliver Reed estava filmando as cenais finais de Gladiador (Gladiator, 2000) de Riddley Scott, em Malta. Num dos intervalos, dirigiu-se a um pub onde bebeu oito cervejas lager, 12 doses duplas de run, 14 doses de whisky e disputou partidas de braço de ferro com cinco jovens marinheiros ingleses que bebiam no mesmo bar. De repente numa das disputas, um enfarte fulminante acabou com a sua vida, mas transformou-o em uma lenda (esse bar ainda guarda sua última conta emoldurada, sem pagar).
As cenas finais do filme foram feitas sem ele devido à sua morte (em algumas cenas foi preciso recriá-lo através de CGI, o que aumentou o orçamento do filme. O estúdio Universal, responsável pela produção, desembolsou nada menos do que 3,2 milhões de dólares).
Gladiador foi dedicado à memória dele e o bar ficou conhecido como Ollie's Last Pub...Oliver Reed tinha 61 anos.