domingo, 24 de julho de 2022

Octavio Paz / Minha vida com a onda


Octavio Paz
Minha vida com a onda


Octavio Paz / Mi vida con la ola 


Quando deixei aquele mar, uma onda se adiantou entre todas. Era esbelta e ligeira. Apesar dos gritos das outras, que a seguravam pelo vestido flutuante, pendurou-se em meu braço e foi-se embora comigo pulando. Não quis dizer-lhe nada, porque me dava pena envergonhá-la diante das colegas. Além disso, os olhares de cólera das ondas maiores me paralisaram.

Quando chegamos à cidade, expliquei-lhe que não podia ser, que a vida ali não era o que ela pensava na sua ingenuidade de onda que nunca tinha saído do mar. Olhou para mim com seriedade: "Sua decisão estava tomada. Não podia voltar”. Tentei doçura, dureza, ironia. Ela chorou, gritou, acariciou, ameaçou. Tive que pedir-lhe perdão. No dia seguinte começaram meus problemas. Como subir no trem sem que nos vissem o condutor, os passageiros, a polícia? É verdade que os regulamentos não falam nada sobre o transporte de ondas nos trens, mas era justamente essa ressalva um indício da severidade com que se julgaria nossa atitude.

Depois de pensar muito, cheguei à estação uma hora antes da partida, ocupei meu assento e, quando ninguém olhava, esvaziei o depósito de água para os passageiros; em seguida, cuidadosamente, verti nele minha amiga.

O primeiro incidente aconteceu quando as crianças de um casal vizinho declararam sua ruidosa sede. Adiantei-me para prometer-lhes refrescos e limonadas. Justamente no momento em que iam aceitar, aproximou-se outra sedenta. Quis convidá-la também, mas o olhar de seu acompanhante me conteve. A senhora pegou um copinho de papel, aproximou-se do depósito e abriu a torneira. Tinha apenas enchido metade do copo quando, de um salto, me interpus entre ela e minha amiga. A senhora olhou para mim com assombro. Enquanto pedia desculpas, um dos garotos voltou a abrir o depósito. Fechei-o com violência.

A senhora levou o copo aos lábios:

— Ai, a água está salgada! — O menino fez eco. — Vários passageiros se levantaram. O marido chamou o condutor:

— Este indivíduo jogou sal na água? — O condutor chamou o inspetor:

— O senhor jogou substâncias na água? — O inspetor chamou o policial de plantão:

— O senhor jogou veneno na água? — O policial de plantão chamou o capitão:

— O senhor é o envenenador? — O capitão chamou três agentes. Os agentes me levaram para um vagão vazio, entre olhares e cochichos dos passageiros. Na primeira estação empurraram-me para fora do trem e arrastaram-me até a cadeia. Durante dias ninguém falou comigo, exceto durante os longos interrogatórios. Quando contava meu caso, ninguém acreditava, nem sequer o carcereiro, que mexia a cabeça, dizendo: "O assunto é grave, verdadeiramente grave. Não tinha tentado o senhor envenenar umas crianças?" Uma tarde, levaram-me ao procurador.

— O assunto é difícil — repetiu. — Vou remetê-la ao juiz criminal. Assim passou-se um ano. Finalmente me julgaram. Como não houve vítimas, minha punição foi leve. Pouco tempo depois, chegou o dia de minha liberdade. O chefe da prisão me chamou:

— Bom, já está livre. Teve sorte, graças a não terem acontecido desgraças. Mas que não volte a repetir-se, pois da próxima vez lhe custará caro... — E olhou para mim com a mesma expressão séria com que todos me olhavam.

Nessa mesma tarde peguei o trem e depois de algumas horas de incômoda viagem cheguei ao México. Peguei um táxi para minha casa. Ao chegar à porta do meu apartamento, ouvi risos e cantos. Senti uma dor no peito, como o golpe da onda da surpresa quando a surpresa nos golpeia em cheio no peito: minha amiga estava lá, cantando e rindo como sempre.

— Como você voltou?

— Muito fácil: no trem. Alguém, depois de certificar-se de que eu era apenas água salgada, me jogou na locomotiva. Foi uma viagem agitada: de repente era um tufo branco de vapor, de repente caía uma chuva fina sobre a máquina. Emagreci muito. Perdi muitas gotas.

Sua presença mudou minha vida. A casa de corredores escuros e móveis empoeirados se encheu de ar, de sol, de rumores e reflexos verdes e azuis, povoado de numerosos ecos e felizes reverberações.

Quantas ondas é uma onda ou como pode fazer praia ou rocha ou quebra-mar um muro, um peito, uma testa que coroa com espumas! Até os cantos abandonados, os abjetos cantos de poeira e os detritos foram tocados por suas mãos leves. Tudo começou a sorrir e por toda parte brilhavam dentes brancos, O sol entrava com gosto nos velhos quartos e ficava na casa por horas, quando já fazia muito tempo que havia abandonado as outras casas, o bairro, a cidade, o país. E várias noites, já bem tarde, as escandalizadas estrelas o viram sair de minha casa, escondido. O amor era um jogo, uma criação perpétua. Tudo era praia, areia, leito de lençóis sempre frescos. Se eu a abraçava, ela se erguia, incrivelmente esbelta, como talo líquido de um álamo; e de repente essa esbelteza florescia num jorro de penas brancas, num penacho de risos que caíam sobre minha cabeça e minhas costas e me cobriam de brancuras. Ou então estendia-se diante de mim, infinita como o horizonte, até que eu também me fazia horizonte e silêncio. Plena e sinuosa, envolvia-me como uma música ou uns lábios imensos. Sua presença era um ir-e-vir de carícias, de rumores, de beijos. Entrava em suas águas, quase me afogava e num fechar de olhos encontrava-me acima, no alto da vertigem, misteriosamente suspenso, para cair depois como uma pedra, e me sentir suavemente depositado no seco, como uma pena. Nada é comparável ao dormir embalado nas águas, a não ser acordar com os golpes de mil alegres chicotes ligeiros, por arremetidas que se retiram rindo.

Mas jamais cheguei ao centro de seu ser. Nunca toquei o nó do ai e da morte. Quiçá nas ondas não exista esse lugar secreto que faz a mulher vulnerável e mortal, esse pequeno botão elétrico onde tudo se enlaça, se crispa e se ergue, para logo desfalecer. Sua sensibilidade, como a das mulheres, se propagava em ondas, só que não eram ondas concêntricas, senão excêntricas, que se estendiam cada vez mais longe, até tocar outros astros. Amá-la era prolongar-se em contatos remotos, vibrar com estrelas distantes de que nem suspeitamos. Mas seu centro... não, não tinha centro, senão um vazio parecido com o dos torvelinhos, que me sugava e me asfixiava.

Estendidos um ao lado do outro, trocávamos confidências, cochichos, risadas. Feito um novelo, caía sobre meu peito e ali se desenrolava como uma vegetação de rumores. Cantava ao meu ouvido, caracol. Fazia-se humilde e transparente, jogada aos meus pés como um animalzinho, água mansa. Era tão límpida que podia ler todos os seus pensamentos. Certas noites sua pele se cobria de fosforescências e abraçá-la era abraçar um pedaço de noite tatuada de fogo. Mas também se fazia negra e amarga. Nas mais inesperadas horas mugia, suspirava, se contorcia. Seus gemidos acordavam os vizinhos. Quando a ouvia, o vento do mar arranhava a porta da casa ou delirava em voz alta pelos terraços. Os dias nublados a irritavam; quebrava móveis; falava palavrões, cobria-me de insultos e de uma espuma cinza e esverdeada. Cuspia, chorava, blasfemava, profetizava. Sujeita à lua, às estrelas, ao influxo da luz de outros mundos, mudava de humor e de fisionomia de uma maneira que me parecia fantástica, mas que era tal qual a maré.

Começou a queixar-se de solidão. Enchi a casa de caracóis e conchas, pequenos barcos veleiros, que em seus dias de fúria ela fazia naufragar (junto com os outros, carregados de imagens, que todas as noites saíam de minha frente e afundavam nos seus ferozes ou graciosos remoinhos). Quantos pequenos tesouros se perderam naquele tempo! Porém não eram suficientes meus barcos, nem o canto silencioso dos caracóis. Confesso que não sem ciúmes os via nadar na minha amiga, acariciar seus peitos, dormir entre suas pernas, enfeitar seu cabelo com leves relâmpagos de cores. Entre todos aqueles peixes havia uns particularmente repulsivos e ferozes, uns pequenos tigres de aquário, grandes olhos fixos e bocas fendidas e carnívoras. Não sei por que aberração minha amiga tinha prazer de brincar com eles, demonstrando por eles sem rubor uma preferência cujo significado prefiro ignorar. Passava longas horas fechada com aquelas horríveis criaturas.

Um dia não pude mais; derrubei a porta e me joguei sobre eles. Ágeis e fantasmagóricos, escapavam-se entre minhas mãos enquanto ela ria e me batia até me derrubar, Senti que me afogava. E quando estava a ponto de morrer, arroxeado, me depositou na beira e começou a beijar-me, humilhado. E ao mesmo tempo a voluptuosidade me fez fechar os olhos. Porque sua voz era doce e me falava da morte deliciosa dos afogados.

Quando voltei a mim, comecei a temê-la e a odiá-la. Tinha descuidado dos meus assuntos. Voltei a freqüentar os amigos e reatei velhas e queridas relações. Encontrei uma amiga da juventude. Pedindo-lhe que jurasse guardar segredo, contei-lhe minha vida com a onda. Nada comove tanto as mulheres quanto a possibilidade de salvar um homem. Minha redentora usou todas as suas artes, mas o que podia uma mulher, dona de um número limitado de almas e corpos, diante de minha amiga, sempre mutante - e sempre idêntica a si mesma na sua metamorfose incessante? Chegou o inverno. O céu se tornou cinza. O nevoeiro cobriu a cidade. Caía um chuvisco gelado. Minha amiga gritava todas as noites. Durante o dia isolava-se, quieta e sinistra, murmurando uma sílaba só, como uma velha rabugenta que reclama num canto. Ficou fria; dormir com ela era perder a noite e sentir como se gelasse paulatinamente o sangue, os ossos, os pensamentos. Tornou-se impenetrável, revolta. Eu saía com freqüência e minhas ausências eram cada vez mais prolongadas. Ela, no seu canto, uivava longamente. Com os dentes afiados e a língua corrosiva, roia os muros, desmoronava as paredes. Passava as noites acordada, queixando-se de mim. Tinha pesadelos, delirava com o sol, com um grande pedaço de gelo, navegando sob os céus negros nas compridas noites que pareciam meses. Injuriava-me. Amaldiçoava e ria; enchia a casa de gargalhadas e fantasmas. Chamava os monstros das profundidades, cegos, rápidos e obtusos. Carregada de eletricidade, carbonizava tudo o que a roçava. Seus doces braços se tornaram cordas ásperas que me estrangulavam. E seu corpo esverdeado e elástico era um chicote implacável, que batia, batia, batia.

Fugi. Os horríveis peixes riam com risadas ferozes. Lá nas montanhas, entre os altos pinheiros e os despenhadeiros, respirei o ar frio e fino como um pensamento de liberdade. Depois de um mês regressei. Estava decidido. Tinha feito tanto frio que encontrei sobre o mármore da lareira, junto do fogo extinto, uma estátua de gelo. Não me comoveu sua abominável beleza. Joguei-a num grande saco de lona e saí à rua, com a adormecida nas costas. Num restaurante da periferia vendi-a para um garçom amigo, que imediatamente a quebrou em pequenos pedaços, que depositou cuidadosamente nos baldes onde se esfriam as garrafas.


Octavio Paz, ensaísta e poeta mexicano, nasceu na capital de seu país em 1914. Passou sua infância nos Estados Unidos, acompanhando sua família, e sua vida adulta entre a França e a Índia, por fazer parte do quadro de diplomatas mexicanos. Em seu país, é o poeta mais considerado e controvertido da segunda metade do século XX.

Foi agraciado, entre outros, com os prêmios Cervantes, em 1979,  Alexis de Tocquerville, em 1989,  e com o Nobel de Literatura, em 1990.

Algumas obras do autor: "Luna silvestre" (1933), "Entre lapiedra y la flor" (1940), "el laberinto de la soledad" (1959), "La estación violenta" (1958), "El arco y la lira" (1956), "Topoemas" (1971), e "Hijos del aire" (1979).

O escritor faleceu na cidade do México no ano de 1998.

O texto acima foi publicado no livro "Arenas movedizas" (1949), e transcrito da antologia "Contos latino-americanos eternos", Editora Bom Texto - Rio de Janeiro, 2005, pág. 109, organização e tradução de Alicia Ramal.





sexta-feira, 22 de julho de 2022

Octavio Paz / Escrito en tinta verde


Octavio Paz
ESCRITO COM TINTA VERDE
Tradução de Gerson Valle

A tinta verde cria jardins, selvas, prados,
folhagens onde cantam as letras,
palavras que são árvores,
frases que são verdes constelações.

Deixa que minhas palavras, oh branca, desçam e te cubram
como uma chuva de folhas a um campo de neve,
como a hera à estátua,
como a tinta a esta página.

Braços, cintura, colo, seios,
a fronte pura como o mar,
a nuca de bosque no outono,
os dentes que mordem fibra de alguma planta.

Teu corpo se constela de signos verdes
como o corpo de um tronco após a copa.
Não te importe tanta pequena cicatriz luminosa:
olha o céu e sua verde tatuagem de estrelas.



quarta-feira, 20 de julho de 2022

Octavio Paz / Irmandade

 



Octavio Paz
Irmandade


Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Porém olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.


quinta-feira, 14 de julho de 2022

Fernando Pessoa/ Livro do Desassossego



Fernando Pessoa

Livro do Desassossego

Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros 

na cidade de Lisboa


SINOPSE


«O que temos aqui não é um livro mas a sua subversão e negação, o livro em potência, o livro em plena ruína, o livro-sonho, o livro-desespero, o anti-livro, além de qualquer literatura. O que temos nestas páginas é o génio de Pessoa no seu auge». Estas são palavras da INTRODUÇÃO à primeira edição do Livro do Desassossego publicado pela Assírio & Alvim, em 1998. Com o presente volume, vamos na décima edição desta maravilhosa e sui generis obra, agora enriquecida por alguns inéditos e, sobretudo, por dezenas de melhoramentos na leitura dos originais manuscritos, redigidos numa caligrafia notoriamente difícil de decifrar.


Esta nova edição também apresenta uma articulação aperfeiçoada de alguns trechos e inclui profusas notas que vêm esclarecer praticamente todas as referências literárias e históricas. Mantém-se, no entanto, o carácter essencialmente hesitante e fragmentário do Livro, realçando assim o que o autor chamou de «o devaneio e o desconexo lógico» da sua «expressão íntima». Era, com efeito, o livro de um sonhador e para sonhadores. E era — vai sendo — muitas outras coisas para todos os que entram neste vasto e surpreendente universo escrito.

ASSÍRIO & ALVIM






segunda-feira, 11 de julho de 2022

10 provérbios úteis em Português



10 provérbios úteis em Português 

para incluir no seu vocabulário

Essas frases/ditados populares são parte relevante de muitos idiomas e uma janela para entender melhor diferentes culturas. 
Gabriel B.
14/ 02 / 20222

É bem provável que você tenha escutado em algum momento um amigo, parente, ou conhecido citar uma daquelas frases prontas que oferecem conselhos ou explicam uma situação cotidiana. Pois essa é uma das descrições possíveis para provérbios e ditados populares, aquelas pequena pílulas de conhecimento geral e experiências compartilhadas, passadas em conversas despretensiosas.

Esses provérbios estão presentes em diversos idiomas e são uma janela para entender diferentes culturas, ou como utilizamos uma certa língua. Por exemplo, a frase diz-me com quem andas e eu te direi quem és é um caso curioso no português brasileiro. 

A construção dessa sentença é pouco comum no uso cotidiano do idioma no Brasil. Esse provérbio utiliza conjugações verbais formais (segunda pessoa do singular), razão pela qual soa séria – assim como pretendido. Em um “tom normal”, a frase seria algo como me diga com quem você anda e eu te direi quem você é (terceira pessoa do singular).  

A escolha pela segunda pessoa do singular traz um aspecto estranho, quase impessoal à frase. Quando alguém conhecido utiliza esse tipo de linguagem em um diálogo, o ouvinte percebe a mensagem como um aviso, pois eles não se comunicam com essa estrutura verbal frequentemente. 

Outro ponto interessante dos provérbios e ditados populares é que eles entregam um pouco da cultura local e do conhecimento popular. No Brasil, onde mais de 80% da população é cristã e quase 90% tem alguma religião, são comuns ditados que envolvam santos, símbolos religiosos, etc.  

Logo, vale a pena conhecer alguns provérbios em português. A Babbel listou 10 expressões/ditados que você precisa saber. 

Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura

Esse provérbio aparece no topo da nossa lista porque é, sem dúvida, um dos mais utilizados em português. Ele representa a necessidade de persistência para superar obstáculos difíceis, quase impossíveis. 

No sentido literal, a água pode até não ser capaz de furar/partir uma pedra imediatamente, mas ao bater no mesmo ponto ao longo do tempo, a erosão vai romper a pedra. Pode demorar, mas a persistência traz resultados.

A pressa é a inimiga da perfeição/Apressado come cru e quente

Seguindo uma linha similar a do provérbio anterior, essa expressão foca na paciência: as coisas devem ser feitas com calma para que o resultado seja bom. A versão ligada à comida é bem mais clara. Está com pressa para comer? Então, queimará a boca e, ainda pior, a refeição estará crua. 

De grão em grão, a galinha enche o papo

Novamente, falamos aqui de uma expressão relacionada à paciência. Ou seja, se juntarmos pequenos valores, com o tempo poderemos comprar algo caro. A galinha vai enchendo o papo aos poucos até sentir-se saciada. É uma metáfora para não se menosprezar valores pequenos. Afinal, Roma não foi construída em um dia!

Cada macaco no seu galho

Como o ditado mesmo indica, trata-se de uma expressão sobre como cada um deve cuidar da sua vida/assuntos pessoais sem interferir na vida alheia. 

Diz-me com quem andas e eu te direi quem és

Essa é uma frase que muitas mães dizem aos seus/suas filhos/as quando não gostam de algum dos seus amigos. É um recado sobre como podemos ser influenciados por outras pessoas, adotando seus “defeitos” ou até mesmo sendo julgados por andar com elas. Em geral, está associada a “más influências”. 

Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão

Segundo esse provérbio, quando alguém comete um ato condenável contra um ladrão, por exemplo, essa ação é parcialmente tolerável porque o ladrão impôs sofrimento/estresse a outros. Seria como uma vingança ou karma porque aquela pessoa “merecia” um castigo.

Para bom entendedor, meia palavra basta

Essa expressão é tão popular que até Jorge Ben Jor a referencia na canção País Tropical! Em suma, ela quer dizer que não é preciso um grande discurso para se passar uma mensagem clara. Quando se escolhe bem as palavras (ou usa-se uma boa indireta), a mensagem será entendida.

O seguro morreu de velho

Quem cresceu no Brasil ou com parentes brasileiros cansou de ouvir esse provérbio. Ele é usado em toda situação com algum risco envolvido. É um aviso para tomar cuidado e ser precavido para não ser enganado ou acabar com problemas sérios. Melhor ser prudente e não cair em um golpe, por exemplo, do que ir com tudo sem pensar no que pode dar errado.

Saco vazio não para em pé

Outro ditado que quase toda criança que prefere brincar o dia todo na rua sem parar nem para comer vai ouvir. É uma expressão bem literal: sem comida, você vai passar mal e até desmaiar. Um saco sem nada dentro voa. 

Não cutuque a onça com vara curta

Uma expressão comum para dizer que não é lá muito esperto provocar alguém ou mexer com algo perigoso sem estar preparado para o que pode acontecer. Uma onça é um felino grande e agressivo do Brasil. Cutucar esse animal com uma vara curta (logo, de perto) é um ato estúpido que pode ter consequências sérias se você não souber se defender.

Bônus – Religião

Deus ajuda quem cedo madruga

Essa expressão significa que quem acorda cedo para trabalhar/fazer algo necessário será recompensado com uma ajuda divina pelo esforço. Isso implica, por outro lado, que a preguiça (um dos pecados mortais) será punida de alguma forma – com dificuldades financeiras, etc. 

Santo de casa não faz milagre

Esse provérbio tem alguns significados parecidos. Pode se referir a quando não demonstramos confiança em alguém que conhecemos, mas aceitamos conselhos de alguém “de fora”. Ou que alguém de dentro não percebe/soluciona um problema, enquanto alguém de fora o fará facilmente.

É muito mais fácil descobrir outras culturas quando se fala mais de um idioma