Revista inicia uma nova etapa, sem nudez, por causa das novas tecnologias
Para Hugh Hefner, hoje o sexo está ao alcance de um clique
13 OUT 2015 - 16:50 COT
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“Você está a um clique grátis de qualquer ato sexual imaginável. Então a conjuntura mudou”, disse Flanders no The New York Times. O objetivo da Playboy sempre foi popularizar o sexo –desde aquela primeira edição, com Marylin Monroe na capa, trazendo nas páginas internas uma foto que a atriz havia tirado antes de virar um ícone. Mas a revista se viu agora superada pela revolução que ela própria liderou, e as playmates do mês já não são mais capazes de competir com a oferta sexual que a Internet oferece.
A revista Playboy, fundada por Hugh Hefner em 1953, deixará de publicar fotos de mulheres nuas a partir de março, quando passar por uma repaginação. O executivo-chefe Scott Flanders levou essa proposta no mês passado à famosa mansão do fundador e ainda editor-chefe, que aceitou a ideia por considerar que aparentemente essa é a única forma de sobrevivência de uma publicação que, depois de vender 5,6 milhões de exemplares por edição nos seus primórdios, hoje não passa de 800.000. E tudo isso, segundo os responsáveis, é culpa da Internet. Por trás do logotipo com o coelhinho de gravata borboleta Hefner criou um império que ainda vende inúmeros tipos de produtos mundo afora, mas que sofre prejuízos anuais com a revista. Houve um tempo em que era ao contrário, e a Playboy servia como vitrine para atrizes, modelos e cantoras. Jenny McCarthy e Anna Nicole Smith ficaram famosas sendo capas da revista. E mulheres como Sharon Stone, Madonna, Naomi Campbell e Drew Barrymore apareceram nuas em suas páginas, nos anos oitenta e noventa, como forma de promover suas carreiras.
A circulação da ‘Playboy’ passou de 5,6 milhões de exemplares em 1975 para apenas 800.000 cópias hoje
Em suas páginas foram publicadas entrevistas com Martin Luther King Jr., Malcolm X, Jimmy Carter e com Lennon e Yoko Ono, dias antes de o ex-Beatle ser assassinado. Mas sempre havia uma mulher seminua na capa, porque Hefner –sem cuja extravagante e midiática personalidade ainda hoje, aos 89 anos, é impossível entender o sucesso da Playboy–, criou a revista principalmente para “apresentar a garota que mora ao lado”.
A publicação continuará tendo fotos de mulheres em poses atrevidas, e uma coelhinha será escolhida a cada mês, mas as imagens passarão a ser aptas para maiores de 13 anos, além de menos produzidas, ao estilo do Instagram. “Um pouco mais acessíveis, um pouco mais íntimas”, diz Flanders. Assim elas poderão ser incluídas nas redes sociais, chave no desenvolvimento atual dos meios de comunicação. Como prova disso, em agosto as fotos de mulheres nuas já não apareceram no site da revista, que passou de quatro milhões para 16 milhões de usuários únicos, com uma redução da média etária dos leitores, de 47 para 30 anos.
A intenção da publicação é precisamente atingir um público de 18 a 30 anos, homens que vivem na cidade e têm trabalho, segundo Flanders. E a tática para conseguir isso é reforçar as reportagens e entrevistas aprofundadas, outra das razões pelas quais a Playboy é uma revista de referência há 60 anos.
Em sua primeira carta ao leitor, em 1953, Hefner dizia: “Se você é homem e tem entre 18 e 80 anos, a Playboy foi feita para você. Nós nos divertimos misturando coquetéis com um ou dois aperitivos, pondo música ambiente e convidando a uma conhecida para conversar sobre Picasso, Nietzsche, jazz, sexo…”. E sobre esses dois eixos ele dirigiu a revista: temas para papo cabeça em ambientes sexuais.
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