Morre Leonard Cohen aos 82 anos
Poeta e músico canadense lançou há pouco disco no qual se declarava preparado para o final da vida
PABLO XIMÉNEZ DE SANDOVAL
Los Angeles 11 NOV 2016 - 12:51 CST
Leonard Cohen, cantor e poeta canadense que seduziu várias gerações com canções como Suzanne e I'm your man, faleceu nesta quinta-feira aos 82 anos, segundo anunciou sua família em sua página de Facebook. "Com profunda tristeza informamos que o lendário poeta, músico e artista Leonard Cohen faleceu. Perdemos um dos visionários mais prolíficos e reverenciados da música. Será realizado um funeral em Los Angeles em data próxima. A família pede privacidade durante este momento de dor". O entorno de Cohen não informou sobre o momento exato ou as circunstâncias da morte do artista.
Leonard Cohen nasceu no Quebec 1934 e viveu sua velhice em Los Angeles. Aqui, há apenas um mês, em 13 de outubro, apresentou o seu último disco, You want ir darker, na residência do cônsul do Canadá. Foi sua última aparição em público. Lá estavam jornalistas do todo o mundo, aos quais saudou dizendo: “Amigos, muito obrigado. Alguns de vocês vieram de muito longe, e lhes agradeço isso. Outros atravessaram Los Angeles de carro. Demora-se mais ou menos a mesma coisa. Obrigado também”.
Com uma debilidade física evidente, fez os presentes rirem várias vezes com brincadeiras como essa, demonstrando uma energia intelectual intacta. Cohen não se parecia mais com o senhor que, já bastante idoso, emocionou milhares de pessoas numa turnê mundial em 2012, aos 78 anos. Em outubro passado, caminhava muito devagar e falava com pouca energia, embora sua voz de ouro ainda enchesse a sala e se destacasse por sua profundidade.
Leonard Cohen sempre foi reconhecido como poeta tanto quanto por sua música. Em 2011, recebeu o prêmio espanhol Príncipe de Astúrias das Letras, concedido anteriormente a literatos como Günter Grass, Amos Oz e Paul Auster. No discurso de agradecimento, em Oviedo, mencionou sua dupla condição de poeta e músico popular. “Sempre tive sentimentos ambíguos sobre os prêmios de poesia. A poesia vem de um lugar que ninguém controla e ninguém conquista. Então me sinto um pouco como um enganador ao aceitar um prêmio por uma atividade que não domino”. O nome de Cohen foi cotado durante anos para o Nobel de Literatura.
Lançou seu primeiro livro de poemas em 1956, aos 22 anos. Continuou publicando poesia durante os anos 1960, quando começou a gravitar para o universo do pop. Gravou seu primeiro disco em 1968, e costumava comentar que era uma década mais velho que os amigos e contemporâneos com os quais compartilhou o sucesso. Certa vez, disse que optou pela música porque não conseguia ganhar a vida com a poesia. Nos anos 1980, quando sua voz adquiriu a profundidade envolvente que o caracterizou, começou a modelar o personagem da sua velhice. Nessa época publicou Hallelujah, um dos maiores hinos da história da música popular, graças a infinitas versões posteriores.
Várias canções de seu último disco, You Want It Darker, falam do final da vida e da preparação para o encontro com Deus. Apenas alguns dias antes, Leonard Cohen havia avisado ao mundo que pressentia a proximidade deste momento. “Estou preparado para morrer”, disse numa entrevista de grande repercussão ao diretor da revista The New Yorker. Mas, naquela apresentação na casa do diplomata, quis minimizar o assunto. “Fico dramático de vez em quando”, disse. “Espero que possamos fazer isto outra vez. Eu me proponho a viver 120 anos.” Foi o último sorriso de Cohen em público.
Reações pelo mundo
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reagiu à notícia em sua conta do Twitter: “Não há música de nenhum outro artista que soasse e fizesse sentir como a de Leonard Cohen. Seu trabalho alcançou várias gerações. O Canadá e o mundo sentirão sua falta”.
Em poucos minutos, o universo do show business encheu as redes sociais com manifestações de pesar e homenagens a Cohen. Lin Manuel-Miranda, criador de musical Hamilton, com o qual se tornou o artista mais relevante do ano nos Estados Unidos, tuitou um trecho de Bird on the Wire: “Like a bird on the wire / Like a drunk in midnight choir / I have tried, in my way, to be free” (“como um pássaro sobre o fio / como um bêbado no coro da meia-noite / tentei, do meu jeito, ser livre”) . Justin Timberlake o descreveu como “um espírito e uma alma sem comparação”.
A Academia do Grammy, que premiou Leonard Cohen pelo conjunto da sua obra em 2010, disse em nota que “ao longo de uma influente carreira que durou mais de cinco décadas Leonard se tornou um dos poetas mais adorados do pop e uma referência para muitos compositores (…). Sua falta será enormemente sentida.”
EL PAÍS
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