Cecìlia Meireles |
“Quando penso em você…”: conheça a polêmica de plágio que envolve Cecília Meireles e Raimundo Fagner
“Quando penso em vocêêêê, fecho os olhos de saudaaaade…” Se você nunca sentiu uma dorzinha de cotovelo ao ouvir Fagner interpretando Canteiros, sorte a sua. Se sentiu, pense duas vezes antes de colocar a culpa no cantor e compositor cearense. É que esse verso (e os seguintes), na verdade, não foi exatamente uma criação dele. A estrofe em questão é inspirada no poema Marcha, escrito por Cecília Meireles. A autora carioca, aliás, estaria completando 113 anos nesta sexta-feira, 07 de novembro.
Explicando: Fagner lançou Canteiros em 1973, como faixa do seu disco de estreia. Este não fez muito sucesso e acabou sendo retirado do comércio. No entanto, com o sucesso posterior da canção Revelação, o LP foi redescoberto e aquela música tornou-se um hit. Pouco antes disso, em 1977, o cantor havia registrado Cecília Meireles como coautora da letra, o que, no entanto, não impediu uma ação judicial movida pelas filhas da poetisa.
Em 06 de novembro de 1979, um dia antes da data de aniversário de Cecília, Fagner admitiu, em juízo, que havia tentado fazer uma adaptação do poema Marcha. Em 1983, as filhas da poetisa venceram a ação judicial, cabendo ao cantor, às Edições Saturno e às gravadoras Polygram, Polystar, Polifar o pagamento de uma indenização de 101 mil cruzeiros, por violação de direitos autorais. A Polygram, entretanto, continuou resistindo e apelou ao Supremo Tribunal Federal.
O litígio se arrastou até 1999, quando a gravadora Sony Music fez um acordo com as herdeiras de Cecília Meireles, envolvendo a regravação da música Canteiros, no primeiro álbum ao vivo de Raimundo Fagner, que viria a ser lançado no ano seguinte.
https://www.youtube.com/watch?v=yxWbSk7yGO0
Já que tudo acabou bem, vamos aproveitar a música de Fagner e a lírica de Cecília Meireles, reconhecendo o melhor de cada um. Confira o poema Marcha e o vídeo de Canteiros a seguir.
Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudade
Tenho visto muita coisa, menos a felicidade
Soltam-se meus dedos tristes
Dos sonhos claros que invento
Nem aquilo que imagino
Já me dá contentamento
.
Gosto da minha palavra pelo sabor que me deste
Mesmo quando é linda, amarga
Como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo que tenho
Entre o sol e o vento.
Meu vestido, minha música,
Meu sonho, meu alimento
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