‘O Método Kominsky’: falar do envelhecimento sem perder o humor
Michael Douglas e Alan Arkin protagonizam a nova comédia de Chuck Lorre
Los Angeles 6 DEZ 2018 - 13:54 COT
Chuck Lorre aconselha os escritores iniciantes a lembrarem da velha frase: "cuidado com o que você quer, porque pode se tornar realidade". É um aviso porque, se Lorre tivesse visto o seu desejo cumprido, não teriam existido The Big Bang Theory, Two and a Half Men, Momnem O Método Kominsky. “Digo isto porque cheguei a esta cidade com uma Stratocaster, e não com uma máquina de escrever", confessa o produtor e roteirista a EL PAÍS, referindo-se à guitarra que este músico frustrado trouxe debaixo do braço. O atual Lorre não poderia estar mais feliz. "Não consegui o que queria. Consegui algo melhor." Algo que se resume a uma carreira em que acumula oito indicações para o Emmy e em que foi o responsável por algumas das comédias de maior audiência nos últimos anos.
Ele também se recorda dos motivos que o levaram a escrever: precisava de um emprego que pagasse o seguro saúde de sua família. "E o Sindicato dos Escritores oferece a melhor cobertura médica", diz. As voltas que a vida dá, e sem deixar de rir dela, é disso que Lorre, 66 anos, quer falar em O Método Kominsky, cuja primeira temporada está disponível na Netflix.
Lorre fala com este jornal nos estúdios da Warner, onde filmou os oito episódios da nova série, a segunda que criou para a Netflix depois de Disjointed. Garante que esta é a mais pessoal entre as que escreveu. "Sinceramente, eu queria falar sobre o que estou vivendo, o que é envelhecer, o que acontece com seu corpo, o que acontece com sua mente, como você vai se degenerando", diz. Na verdade, não é necessariamente sobre sua vida, mas sobre seu entorno. Embora os protagonistas sejam um ator transformado em professor de arte dramática (Michael Douglas) e seu agente (Alan Arkin), O Método Kominsky não é uma ficção sobre como envelhecer em Hollywood. "Falar sobre os problemas de próstata parece muito mais interessante do que falar sobre Hollywood", ri o criador e produtor.
Doenças, mortes, filhos, sonhos, ansiedades, problemas econômicos... Nenhum dos temas parece de cara dar motivo para uma comédia. Mas Lorre sabe levar isso com humor e espera que os espectadores também o façam. "Reconhecer como nossos corpos estão indo para a merda me faz rir", acrescenta. Mas ele não busca a gargalhada. Agradece pela filmagem ter sido feita sem plateia, ao contrário de seriados tradicionais, e, além disso, gostou de poder rodar ao ar livre para complementar os sets construídos nos estúdios da Warner. Não se trata de humor grosseiro ou de uma série sobre o que está por vir para os protagonistas. "É uma carta de amor à amizade", resume.
Para esta aventura não seria possível encontrar melhores cúmplices que Douglas e Arkin. Ambos aceitaram assim que leram o roteiro, primeiro Michael, depois Alan. E com a sua presença o sim da Netflix veio depressa. O mesmo aconteceu com as inúmeras aparições de outros amigos que atuam na série: Danny DeVito, Ann Margret, Jay Leno, Patti Labelle ...
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