segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Museu holandês expõe obra completa de Peter Lindbergh




Naomi Campbell, Linda Evangelista, Tatjana Patitz, ChristyTurlington e Cindy Crawford na foto que ficou conhecida como acertidão de nascimento das supermodelos. Foto: EFE

Museu holandês expõe obra completa de Peter Lindbergh

Mostra de um dos fotógrafos mais importantes do século 20 para a moda está em cartaz em Roterdã até fevereiro de 2017


Por Redação

O Museu Kunsthal, em Roterdã, na Holanda, vai expor até fevereiro de 2017 as obras de Peter Lindebergh, um dos fotógrafos mais importantes da moda contemporânea. A mostra chamada "Uma visão diferente da fotografia de moda" conta com um acervo de 200 fotografias de Lindbergh, que revolucionou a indústria no final dos anos 1980 ao humanizar a moda.

O objetivo do curador Thierry-Maxime Loriot, que dedicou três anos a esse projeto, foi criar uma espécie de desfile a partir das fotos. "Eu queria mostrar o valor artístico da obra de Peter mas, acima de tudo, o lado sensível do seu trabalho, é muito reconfortante observar suas fotografias porque elas ensinam algo natural", diz. No acervo, estão as principais fotografias feitas por Lindbergh, como as capas da Vogue e os retratos de Tina Turner e Pina Baush.

Em 2015, o fotógrafo alemão voltou a clicar Kate Moss para a Vogue Itália
Em 2015, o fotógrafo alemão voltou a clicar Kate Moss para a Vogue Itália Foto: EFE

Além dos trabalhos famosos, há também os primeiros cliques feitos pelo fotógrafo que nunca expostos antes. Um deles é o ensaio que fez para a Vogue, em 1998, com as até então anônimas Linda Evangelista, Christy Turlington e Tatjana Patitz. Na época, a editora-chefe da revista, Grace Mirabella, e o então diretor criativo da Condé Nast, o Sr. Liberman, consideraram que Peter não tinha correspondido as expectativas. "Eles pensaram que eu ia fazer um editorial na mesma linha que eles estavam acostumados", afirma Lindbergh. Meses depois a nova editora Anna Wintour encomendou um editorial de capa de 20 páginas ao alemão. As lendárias modelos posando na praia sem maquiagem foram incluidas no livro "On The Edge: Images From 100 Years of Vogue" como a melhor fotografia da década. Na verdade, o mundo da moda tinha mudado para sempre.

Em 1990, outra capa da Vogue clicada por Lindbergh entrou para a história. Dessa vez, a imagem estrelando Linda Evangelista, Christy Turlington, Tatjana Patitz, Naomi Campbell e Cindy Crawford ficou conhecida como a "certidão de nascimento das supermodelos". 

A atriz Julianne Moore para as lentes dePeter Lindbergh
A atriz Julianne Moore para as lentes dePeter Lindbergh Foto: EFE/Peter Lindbergh

Reconhecido como pioneiro em sua área, o fotógrafo alemão ganhou o apelido de "descobridor de top models", mas também foi o artista responsável por estabelecer um novo realismo fotográfico no mundo repleto de imagens de mulheres "muito elegantes, perfeitas e ricas, que usam bolsas de pele de crocodilo". "Eu não entendo a fotografia de moda como um veículo para vender roupas", disse Lindbergh, agora com 71 anos. "Para mim é algo que fala do espírito, das mulheres, e da feminilidade." 

É óbvio que a indústria da moda está interessada em imagens que evocam o desejo de consumo, mas a maior preocupação do fotógrafo foi dizer às mulheres como elas devem se vestir. Para o fotógrafo mais emblemático do século 20, "cada pessoa é linda como ela é, sem mudar nada, porque a verdadeira beleza é ser você mesmo" .

Na abertura da exposição"Uma visão diferente da fotografia de moda", que faz uma retrospectiva de sua obra, o fotógrafoPeter Lindbergh brinca com a modelo Lara Stone.
Na abertura da exposição"Uma visão diferente da fotografia de moda", que faz uma retrospectiva de sua obra, o fotógrafoPeter Lindbergh brinca com a modelo Lara Stone. Foto: AFP PHOTO / ANP / Levin BOER





sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Conspiração e Poder A disputa cinematográfica entre a narrativa política e a jornalística



Cena do filme interpretado por Cate Blanchett, Robert Redford e Bruce Greenwood

Conspiração e Poder

A disputa cinematográfica entre a narrativa política e a jornalística

9 ABRIL 2024, 
LUIZA BASTOS



Dentro de uma democracia, o papel do jornalismo é imprescindível para noticiar e reportar ações dos governantes, mantendo a população sempre informada sobre o que ocorre nos meios políticos. Há muito tempo, a narrativa jornalística possui um poder significativo na decisão de voto dos cidadãos, devido à sua grande influência e à facilidade de ingressar nas casas e vidas das pessoas.

Esse poder pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo do ponto de vista. Uma mesma reportagem pode prejudicar um candidato e, assim, beneficiar outro. Acontece que os políticos também possuem grande poder e influência, criando, assim, uma grande disputa pela narrativa. Essa narrativa, por sua vez, nem sempre é verdadeira, independentemente do lado.

No ano de 2004, durante as eleições nos EUA, a repórter investigativa Mary Mapes da CBS recebe informações de que o presidente e candidato à reeleição, George W. Bush, possuía irregularidades durante seu período de serviço militar. Segundo as informações, o filho de George H. W. Bush usou as vantagens do pai enquanto este era presidente para evitar servir na Guerra do Vietnã. O papel de Mary é interpretado brilhantemente pela vencedora do Oscar, Cate Blanchett.

Assumindo a posição de principal produtora da reportagem, Mary conta também com a parceria do veterano âncora Dan Rather, interpretado por Robert Redford, que, em 1976, também foi responsável por assumir o papel de um jornalista político e um dos responsáveis pela investigação que culminou no escândalo político norte-americano conhecido como Watergate, no aclamado "Todos os Homens do Presidente".

Para averiguar as informações recebidas e coletar mais evidências sobre essa história, a produtora conta com uma equipe formada por Mike Smith, um jornalista que está sem rumo e apresenta grandes críticas ao atual governo, interpretado por Topher Grace, e o ex-militar Coronel Roger Charles, interpretado por Dennis Quaid, e a professora de jornalismo Lucy Scott, interpretada por Elisabeth Moss.

Passamos, então, a acompanhar o ritmo frenético das investigações, que envolvem várias ligações recusadas, inúmeras tentativas de entrevistas com políticos que atuaram no serviço militar na época e a confirmação da veracidade dos documentos obtidos.

Depois de, finalmente, obter o respaldo positivo de todas as informações coletadas, a matéria vai ao ar, causando enorme satisfação na equipe de repórteres. Porém, em pouco tempo, esse sentimento de vitória se transforma em grande angústia e desencadeia uma série de acusações sobre a autenticidade da matéria.

Mary Mapes se vê encurralada pelos chefões da CBS, que a pressionam sobre a fonte que lhe forneceu os documentos que, até então, comprovavam a veracidade da história. A partir daí, a repórter vê seu trabalho e o de sua equipe ser descredibilizado, colocando sua carreira em risco e a do seu amigo Dan Rather.

Todos os membros da equipe são convocados a prestar esclarecimentos sobre a forma como conduziram a investigação e obtiveram as informações. Entre uma das questões levantadas pela comissão responsável por esses depoimentos, uma pergunta torna-se frequente: o posicionamento político de Mary. Esse fato se mostra muito relevante, levando em consideração a proximidade das eleições e o período em que a trama se desenrola.

Fica muito evidente como a comprovação da história ou não, é decisiva para o rumo daquelas eleições. Isso faz surgir uma reflexão: existe uma disputa entre o jornalismo e a política sobre o domínio de uma narrativa? Se não houvesse nenhuma dúvida sobre a veracidade das informações, as eleições de 2004 poderiam ter sofrido uma grande reviravolta. Mais do que isso, tendo em vista a Guerra do Iraque, o cenário geopolítico também seria afetado e, possivelmente, esse conflito teria outro desfecho.

Para Mary Mapes e sua equipe, a luta pela verdade revelou não apenas os desafios do jornalismo, mas também a intensa batalha entre fatos e interesses políticos.


MEER



domingo, 8 de setembro de 2024

Meu nome é Gal / A maior cantora do país



Gal Costa, cantora Brasileira de MPB


Meu nome é Gal

A maior cantora do país. E quem disse isso foi João Gilberto

9 JANEIRO 2024, 



Tendo como recorte o início da carreira de Gal Costa, o filme busca explorar a sua ida para São Paulo e Rio de Janeiro, onde reencontra seus amigos baianos Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia, interpretados respectivamente por Dan Ferreira, Rodrigo Lélis e Dandara Ferreira, que já vinham realizando trabalhos reconhecidos pela crítica.

O fato do filme abordar apenas uma pequena parte da vida de Gal pode soar estranho e incômodo para alguns fãs, que foram aos cinemas com a expectativa de encontrar uma cinebiografia. Entretanto, o objetivo da diretora Dandara Ferreira era, justamente, focar nas mudanças ocorridas na vida pessoal e profissional da cantora com o começo da fama.

Interpretada por Sophie Charlotte, escolha da própria Gal Costa, a cena que abre o filme é da estreia do famoso show Fa-Tal, que ocorreu em outubro de 1971, na inauguração do teatro Tereza Raquel, em Copacabana. Em seguida, voltamos no tempo com uma Gal adolescente, treinando a emissão de sua voz dentro de uma panela, fato que foi diversas vezes citado pela cantora em suas entrevistas.

O período em que a história se passa é um dos mais importantes na cultura brasileira, assim como um dos mais difíceis e sombrios, devido ao golpe militar instaurado. Ao mesmo tempo em que havia um movimento de valorização da cultura nacional por meio das classes artísticas, também havia uma censura desmedida que tentava a todo custo calar qualquer tipo de manifestação a favor da liberdade.

Essa mudança de comportamento e atitudes que ocorriam na vida dos brasileiros, se faz presente, também, na vida de Gal. Saída da Bahia uma menina muito tímida e reservada, ela se vê tendo que sair de sua zona de conforto e revelando-se um dos maiores símbolos femininos da época.

Introduzida num ambiente de muita liberdade, o choque cultural causa certa resistência e medo na cantora. Gal não tem outra saída a não ser se adaptar à sua nova realidade na capital, que vai desde a mudança do nome artístico, que passou de Maria da Graça para Gal Costa, até a mudança de atitude e visual.

Uma das viradas de chave em sua carreira que o filme aborda com maior profundidade é, justamente, quando ela começa a atender tudo o que está acontecendo no país. Enquanto Gil e Caetano eram engajados politicamente, Gal só tinha uma única preocupação: cantar. Mas com a repressão ficando cada vez mais forte e perseguindo seus amigos, ela entende que não podia se dar ao luxo de permanecer neutra.

Com sua participação na Tropicália, aquela cantora tímida e acanhada, passa a tomar uma posição mais agressiva e ousada em suas apresentações, como no 4º Festival de MPB da TV Record, em 1968, cantando Divino, Maravilhoso. 

Para além da vida profissional, o filme se preocupa em mostrar a influência e importância de certas figuras na vida pessoal de Gal, como seu empresário Guilherme Araújo, um dos principais responsáveis pelo seu sucesso, sua melhor amiga Dedé Gadelha, também esposa de Caetano, e sua mãe, Dona Mariah. 

Mesmo que não gostasse de falar sobre sua vida amorosa, fato que também está presente em uma das passagens do filme, a diretora aborda esse lado da vida de Gal de maneira muito sutil. Sua bissexualidade é exposta de maneira natural e sem a necessidade de grandes aprofundamentos.

O longa consegue cumprir seu objetivo ao reunir os episódios mais relevantes que a levaram a ser uma das maiores cantoras do país. Com o exílio de Gil e Caetano, Gal acaba se tornando a representante do movimento da Tropicália e da resistência contra os padrões impostos pelo governo militar. 

Com sua morte antes da estréia do filme, este acaba se tornando uma homenagem para a artista. Gal deixa um legado enorme, com canções que marcaram vidas e uma voz que sempre será a mãe de todas as vozes.


João Gilberto, Gal Costa e Caetano Veloso reunidos durante apresentação (1980)
Rodrigo Lélis (Caetano Veloso) e Sophie Charlotte (Gal Costa) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
A cantora Gal Costa se apresenta no estreia do programa de auditório "Divino e Maravilhoso", exibido pela TV Tupi
Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Camila Márdila (Dedé Gadelha) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
A cantora Gal Costa durante ensaio para a capa do disco "Gal Costa", lançado em 1969, pela gravadora Philips

Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Caio Scot (Rogério Duarte) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
  1. João Gilberto, Gal Costa e Caetano Veloso reunidos durante apresentação (1980)
  2. Rodrigo Lélis (Caetano Veloso) e Sophie Charlotte (Gal Costa) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
  3. A cantora Gal Costa se apresenta no estreia do programa de auditório "Divino e Maravilhoso", exibido pela TV Tupi
  1. Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Camila Márdila (Dedé Gadelha) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
  2. A cantora Gal Costa durante ensaio para a capa do disco "Gal Costa", lançado em 1969, pela gravadora Philips
  3. Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Caio Scot (Rogério Duarte) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'




sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Maria Bethânia e a identidade cultural brasileira



Maria Betânia canta ao vivo em reestreia do DVD "Brasileirinho", no Rio de Janeiro, Brasil

Maria Bethânia e a identidade cultural brasileira


O álbum Brasileirinho como representação da cultura nacional

9 MARÇO 2024, 

Reunindo interpretações de clássicos do cancioneiro nacional, além de poemas de nomes consagrados de nossa literatura, o álbum Brasileirinho foi gravado em estúdio no ano de 2003 e na sua versão ao vivo em 2004. 

Produzido por Maria Bethânia, com direção de Jaime Alem, Brasileirinho inicia mesclando uma canção dos baianos Gerônimo e Ildásio Tavares, Salve as Folhas, com Ferreira Gullar recitando o poema O Descobrimento, do paulista Mário de Andrade e musical dos mineiros do grupo Uakti.

Bethânia reúne nesse trabalho elementos característicos da cultura popular brasileira, sejam eles cânticos religiosos de matriz africana e católica, cantigas populares e canções que representam um pouco de cada região do país.

Como de costume nos trabalhos da artista, a presença de textos literários ajuda a construir uma narrativa poética juntamente com as músicas, que são costuradas com as citações e, dessa forma, possibilitam que o público tenha acesso a uma experiência que reúne tanto a literatura, uma arte considerada mais elitizada, e a música, que já está mais inserida no meio popular.

O álbum pode ser dividido entre 3 categorias e, até mesmo, momentos históricos, sendo eles: a chegada dos portugueses e a escravidão dos africanos; a forte religiosidade presente na sociedade brasileira, por meio dos santos e orixás; e a construção da ideia de pátria.

Os textos literários escolhidos são de autoria de 3 escritores/poetas brasileiros, representantes das três gerações do modernismo, sendo eles: Mário de Andrade (1ª geração), Guimarães Rosa (2ª geração) e Vinícius de Moraes (3ª geração). 

O movimento literário do Modernismo não foi uma escolha aleatória para compor esse trabalho, já que uma de suas principais características é, justamente, uma nova perspetiva da cultura brasileira. Esse movimento se preocupa em representar o Brasil popular, dando visibilidade para os sertões, as etnias indígenas e africanas, que foram/são essenciais na constituição do país, mas que, frequentemente, seguem marginalizadas e estereotipadas.

A religiosidade é um tema sempre presente na composição da obra de Maria Bethânia e nesse álbum não seria diferente. O catolicismo e o candomblé são muito importantes na vida da cantora que, assim como muitos brasileiros, praticam sua fé através do sincretismo religioso. Dessa forma, pontos de umbanda, como Ponto de Janaína, e canções sobre santos católicos, como Padroeiro do Brasil.

Além de sua versão de estúdio, o álbum ganhou uma gravação ao vivo, característica já conhecida da cantora que gosta de ter suas apresentações ao vivo também gravadas. Em 2004, Bethânia realiza o show no Canecão, que leva o mesmo nome do álbum, com direção de Bia Lessa, cenários de Gringo Cardia e iluminação de Maneco Quinderé. E com as participações de Miucha, Nana Caymmi, Uakti, Tira Poeira, Denise Stoklos e, por meio de gravação, Ferreira Gullar.

Na apresentação ao vivo, foram inseridas outras faixas, como Gente Humilde, Correnteza, Luar do Sertão entre outras. Apesar de não fazerem parte do álbum de estúdio, as canções também seguem a mesma temática das demais, representando características culturais das regiões do país.

O que podemos perceber com o Brasileirinho é como a cultura do Brasil é composta por tradições e costumes tão diversos, como um país com dimensões continentais pode ser tão plural. Existem diferentes formas de ser brasileiro e exercer essa brasilidade. E essa diversidade se dá, principalmente, pelos diferentes povos responsáveis por construir a nação. As raízes afro, europeia e indígena estão presentes e, cada uma delas, possui sua relevância. 

Desde o início de sua carreira até os dias atuais, Maria Bethânia, além de ser uma cantora e intérprete muito importante para o Brasil, é uma das principais artistas responsáveis por promover a cultura brasileira em sua essência.


Maria Betânia apresenta uma reestreia de seu álbum em 2008
Maria Betânia agradece a plateia em Show no Rio de Janeiro
Maria Betânia dançando durante apresentação
Maria Betânia em performance ao vivo no Rio de Janeiro (2008)
Maria Betânia canta ao vivo em DVD "Brasileirinho"
Maria Betânia canta ao vivo em reestreia do DVD "Brasileirinho", no Rio de Janeiro
  1. Maria Betânia apresenta uma reestreia de seu álbum em 2008
  2. Maria Betânia agradece a plateia em Show no Rio de Janeiro
  3. Maria Betânia dançando durante apresentação
  1. Maria Betânia em performance ao vivo no Rio de Janeiro (2008)
  2. Maria Betânia canta ao vivo em DVD "Brasileirinho"
  3. Maria Betânia canta ao vivo em reestreia do DVD "Brasileirinho", no Rio de Janeiro


MEER




quinta-feira, 5 de setembro de 2024

La tortura de las mujeres que lucharon por la democracia en Brasil

 

La actriz y directora brasileña Irene Ravache. En el 60 aniversario del golpe militar, una plataforma de streaming estrena dos películas que exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura en Brasil
La actriz y directora brasileña Irene Ravache. En el 60 aniversario del golpe militar, una plataforma de streaming estrena dos películas que exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura en Brasil


La tortura de las mujeres que lucharon por la democracia en Brasil

Cine y memoria debaten sobre la dictadura con foco en la tortura y la resistencia femenina en documentales y dramas históricos

9 DE JULIO DE 2024,

El 31 de marzo de 2024 se cumplieron 60 años del golpe militar. Una semana antes, Mubi incluyó en su catálogo las películas “¿Qué es esto, compañera?”, del director Bruno Barreto, y “Qué bueno verte viva”, de la directora Lucia Murat. El primero, ya más conocido por el público, se emite frecuentemente en canales de televisión de pago, como Canal Brasil. La película de Lucía, hasta entonces, no se podía encontrar en ninguna plataforma.

A pesar de abordar el mismo contexto político, las películas retratan situaciones diferentes en la lucha contra la dictadura. Mientras que la película de Bruno Barreto narra los acontecimientos del secuestro del embajador estadounidense, la película de Lucia Murat mezcla testimonios reales, contando además con un monólogo de Irene Ravache interpretando a un personaje anónimo, que sería una mezcla de todos estos testimonios en la película.

Siempre que se aborda el tema del golpe de Estado existe cierto bloqueo respecto a las torturas cometidas durante este período. Incluso en grupos en los que existe la costumbre de debatir y reflexionar sobre la dictadura, como en los grupos de izquierda o de estudiantes, cuando se habla de tortura, sigue siendo muy velado, como si existiera un tabú en torno al tema.

En la mayoría de los informes, las mujeres hablan del miedo de la gente a discutir este tema con ellas, e incluso de su propio miedo. Existe en el imaginario colectivo la idea de que los torturados son personas con marcas visibles en el cuerpo, discapacitados físicos o con problemas psiquiátrico-conductuales, resultado de esta violencia. No se espera que estas personas, con todas las dificultades y traumas, hayan creado sus familias, tengan educación y tengan empleo. Que vivan una vida normal.

Además de abordar la visión de la tortura, el documental también plantea debates y cuestionamientos sobre la cuestión de género en el uso de esta tortura. Para las mujeres, esta experiencia se volvió aún más dolorosa debido al abuso sexual cometido.

Un hecho interesante entre las diferencias en la tortura aplicada a hombres y mujeres fue el uso de niños y otros miembros de la familia para afectar a las mujeres. Durante la sesión de tortura, los agentes llevaron a los hijos de las víctimas para verlos en esa situación. En otras palabras, aquí también está en juego la maternidad. E incluso después de años del fin de la dictadura, estas mujeres enfrentan un gran bloqueo y vergüenza al hablar sobre el tema con sus hijos. Es como si esta parte de sus vidas debiera estar bloqueada y prohibida dentro del entorno familiar.

A pesar de haber sufrido abusos de distintos tipos, en algunos relatos las entrevistadas destacan un punto en común: la sensación de tener un hijo después o incluso durante el período que estuvieron encarceladas. Si el Estado intentó por todos los medios acabar con su vida y su dignidad, la respuesta que dio fue resistir y encima poner otra vida al mundo. Si bien simbolizaban la muerte, representaban la vida.

La intención del director se convierte entonces en un intento de dar un nuevo significado a los acontecimientos y, en cierto modo, a lo que significa ser mujer. Si bien se nos presentan los relatos de las víctimas, también aprendemos sobre las vidas que construyeron después del fin del régimen militar. Cómo lograron romper con sus traumas y tomar el control de sus destinos.

La violencia sexual todavía se comete de forma rutinaria contra las mujeres en la actualidad. Para estas víctimas, la idea es que sus cuerpos no son propiedad suya, sino de los hombres y, en este caso de la dictadura, del Estado.

Han pasado 60 años del golpe y ningún torturador ha sido juzgado por los crímenes cometidos. Hubo decenas de muertos y miles de personas torturadas, además de los desaparecidos. Las familias fueron destruidas, separadas y viven con el trauma hasta el día de hoy. Lo que parece es que, en cierto modo, a todos los delincuentes involucrados se les perdonaron sus crímenes y, por otro lado, las víctimas siguen siendo vistas como “terroristas”.


El aniversario del golpe militar en Brasil está marcado por el estreno de películas que hablan sobre la tortura y la vida posdictadura en Mubi.
"¿Qué es eso, amigo?" y “Qué bueno verte con vida” abordan la lucha contra la dictadura, abordando diferentes aspectos de la resistencia
Documentales sobre Mubi exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura, destacando historias poco conocidas
La resistencia femenina durante la dictadura se destaca en un documental que mezcla testimonios reales y un monólogo sobre Mubi
El estreno de las películas en Mubi promueve debates sobre tortura, género y resistencia, rescatando memorias de la dictadura militar
Películas sobre el golpe militar llegan a Mubi, trayendo nuevas perspectivas sobre la dictadura y la resistencia en Brasil
  1. El aniversario del golpe militar en Brasil está marcado por el estreno de películas que hablan sobre la tortura y la vida posdictadura en Mubi.
  2. "¿Qué es eso, amigo?" y “Qué bueno verte con vida” abordan la lucha contra la dictadura, abordando diferentes aspectos de la resistencia
  3. Documentales sobre Mubi exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura, destacando historias poco conocidas
  1. La resistencia femenina durante la dictadura se destaca en un documental que mezcla testimonios reales y un monólogo sobre Mubi
  2. El estreno de las películas en Mubi promueve debates sobre tortura, género y resistencia, rescatando memorias de la dictadura militar
  3. Películas sobre el golpe militar llegan a Mubi, trayendo nuevas perspectivas sobre la dictadura y la resistencia en Brasil


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