Andrew Wylie |
Os agentes literários Carmen Balcells
e Andrew Wylie criam uma “superagência”
O acordo de intenções foi assinado entre os dois no último dia 27
O nome da nova superagência literária é Balcells&Wylie
WINSTON MANRIQUE SABOGAL Madri 29 MAI 2014 - 14:25 BRT
Carmen Balcells e Andrew Wylie deram o primeiro passo para se tornarem a agência internacional mais poderosa e com os autores mais cobiçados do mundo: de V. S. Naipaul a Philip Roth ou Milan Kundera, até os autores do boom latino-americano, como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Em 27 de maio os dois agentes firmaram uma carta de intenções a fim de criar uma agência internacional chamada Balcells & Wylie.
“Temos acompanhado e admirado um ao outro durante anos, e desejamos trabalhar de maneira próxima a partir de hoje. Nosso objetivo é dar mais força, alcance e duração à representação dos clientes, e estamos entusiasmados e totalmente comprometidos com as oportunidades que nos foram apresentadas”, declararam em um comunicado Balcells (83 anos) e Wylie (67 anos), conhecido como El chacal.
Com esse abalo sísmico no ecossistema do livro, frágil no momento atual, as reações do setor não tardaram. Enquanto alguns consideram uma ação necessária para sobreviver em plena mudança de paradigma, outros acreditam que é a confirmação do tratamento cada vez mais impessoal entre autor e agente.
“É um movimento muito inteligente por parte das duas agências”, garante Claudio López de Lamadrid, diretor literário da Penguin Random House. Os dois agentes, acrescenta, garantem sua receita e a consolidação em novos espaços: “De um lado, Wylie entra no mundo de língua hispânica, enquanto Balcells garante a continuidade da agência e seus autores ganham”.
Rumores sobre a criação dessa superagência literária já circulavam há meses. Dois agentes que apostaram em escritores, consolidaram outros, vasculharam o panorama internacional em busca de talentos e influenciaram o setor literário e editorial. Essa união, com o nome de Balcells à frente, responde à reorganização do mundo editorial, movimento de peças no tabuleiro, em momentos de transformação diante do surgimento de grandes grupos globais como Amazon, Google e Apple em várias partes da cadeia de valor do livro e da própria crise econômica mundial. As alianças e as fusões são a norma para encarar o novo mundo editorial e literário que enfrenta desafios novos tanto na área analógica como digital, enquanto as vendas de livros caem e os hábitos de leitura mudam.
Para Sigrid Kraus, editora da Salamandra, a criação de uma agência forte é positiva porque as duas sofreram a crise: “É sempre bom que haja agentes que trabalhem da forma mais profissional possível”.
Uma opinião que o escritor Alberto Manguel põe em dúvida. Ele teme o desaparecimento real do agente e de suas funções clássicas, e “tudo é mais impessoal, exceto se você for um prêmio Nobel, por exemplo”, acrescenta. Mesmo assim, adverte Manguel, “não seria estranho que o agente se tornasse em uma multinacional na qual prevalecesse a quantidade acima da qualidade”. Uma tendência que lhe parece triste e ao mesmo tempo inevitável. Álvaro Pombo teme os monopólios e que os autores menos importantes fiquem em desvantagem.
A Balcells & Wylie tomaria forma com um catálogo invejável que inclui autores clássicos do século XX como Vladimir Nabokov, Yasunari Kawabata, Jorge Luis Borges ou Italo Calvino; prêmios Nobel como García Márquez, Orhan Pamuk, Kenzaburo Oé, Czeslaw Milosz, Mario Vargas Llosa ou Mo Yan; autores fundamentais do momento como Philip Roth, Milan Kundera, Roberto Calasso, Antonio Muñoz Molina, Javier Cercas, Juan Marsé, Salman Rushdie, Roberto Bolaño, Isabel Allende, Amos Oz, Claudio Magris; e nomes de grande potencial como Colum McCann, Teju Cole, Helen Oyeyemi ou Chimamanda Adichie, Taiye Selasi, Paolo Giordano e uma longa lista de autores hispânicos.
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