terça-feira, 13 de setembro de 2016

Adolescentes nos EUA se prostituem para fugir da fome, diz estudo





Adolescentes nos EUA se prostituem para fugir da fome, diz estudo

Por comida, americanos nessa faixa etária também cometem assaltos e vendem droga


RIO - A prostituição e o crime são, em alguns casos, as únicas saídas encontradas por adolescentes em situação de insegurança alimentar nos Estados Unidos, segundo pesquisa revelada nesta segunda-feira pelo think tank americano Urban Institute.

O estudo qualitativo "Impossible choices", feito em parceria com a ONG Feeding America, entrevistou 193 adolescentes com idade entre 13 e 18 anos por três anos. Em todas as dez comunidades incluídas na pesquisa, foram citados casos de meninas que recorreram ao sexo como meio para obter dinheiro ou comida — fazendo das adolescentes as mais vulneráveis à exploração sexual.


Frequentemente, esta exploração ganha a forma do que os pesquisadores chamaram de "transactional dating", algo como encontros de transação, em que a adolescente faz sexo regularmente com alguém — muitas vezes um homem bem mais velho — em troca de refeições ou bens materiais. Ou seja, a prostituição não necessariamente envolve o dinheiro.

Entre os meninos, é mais comum o apelo a roubos e ao envolvimento com o tráfico de drogas. Em ambos os sexos, porém, há outras estratégias para combater a fome, como guardar as refeições escolares para o fim de semana, comer na casa de amigos e familiares e até ir para a prisão para garantir a alimentação.

Apesar de não ter caráter quantitativo, o estudo cita um levantamento feito pelo especialista Craig Gundersen que estima existirem, nos Estados Unidos, 6,8 milhões de adolescentes entre 10 e 17 anos com dificuldades para se alimentar suficientemente.

Em entrevista ao "The Guardian", uma das pesquisadoras, Susan Popkin, afirmou que as exploração sexual relacionada à fome, entre as adolescentes, foi uma surpresa. "Eu tenho feito pesquisa em comunidades de baixa renda por um bom tempo e tenho escrito extensivamente sobre as experiências de mulheres em comunidades pobres, além do risco da exploração sexual, mas isto foi novo", disse.

O apelo a estratégias arriscadas, segundo a pesquisa, acontece quando muitas outras estão esgotadas — as dificuldades em obter emprego têm associação direta, por exemplo. Há também a ligação com a pobreza familiar, em que os adolescentes, especialmente os com irmãos pequenos, se sentem responsáveis por colocar comida na mesa.

O estudo é concluído com recomendações ao governo, cuja atuação, no caso dos Estados Unidos, estaria focada prioritariamente na insegurança alimentar entre as crianças mais novas. Entre as sugestões a nível local e nacional, a curto e a longo prazo, estão o fortalecimento da assistência alimentar pelo governo e a facilitação do acesso a empregos.






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