quinta-feira, 20 de outubro de 2016

‘El Santo’, o lutador mexicano transformado em ídolo imortal

O Filho de 'El Santo' durante uma entrevista com o EL PAÍS em 2015. SAÚL RUIZ


‘El Santo’, o lutador mexicano transformado em ídolo imortal

Google homenageia com um doodle o icônico lutador, que completaria 99 anos nesta sexta



DIEGO MANCERA
Cidade do México 23 SET 2016 - 08:43 COT

Rodolfo Guzmán Huerta (Hidalgo, 1917), mais conhecido como El Santo, faria 99 anos nesta sexta-feira, 23 de setembro. O lutador se transformou em um herói da cultura popular do México e em um ícone pop mundial. É por isso que o Google decidiu comemorar seu nascimento com um doodle na América. A imortal máscara prateada o acompanhou até o dia de sua morte. 

Guzmán Huerta cresceu em Tepito, na Cidade do México, uma das áreas mais perigosas da capital, não à toa chamada de bairro violento, também berço de grandes boxeadores. Lá El Santo se interessou pelo beisebol, o futebol americano e, claro, pela luta livre. Em sua juventude usou outros apelidos: Rudy Guzmán, O Homem Vermelho, O Morcego II e O Demônio Negro. Seu treinador, Jesús Lomelí, o convidou a se juntar a um grupo de lutadores que se vestiam de prateado, de modo que lhe sugeriu que mudasse o nome. Assim Rodolfo Guzmán deixou de existir para se transformar em El Santo, o mascarado prateado. 
El Santo forjou seu legado não só por vencer outros lutadores no ringue, mas também mulheres vampiras, múmias e zumbis nos 54 filmes que protagonizou, nos quais era o rockstar que viajava em um carro conversível branco e com o peito nu. El Santo foi uma espécie de Super-Homem mexicano. Mas, para aparentar ser um pouco mais alto, precisava usar saltos nas botas. 
O público mexicano lotava as arenas mexicanas todas as noites para vê-lo. Quem o conheceu afirma que nunca faltou a uma sessão, mesmo que estivesse doente. El Santo era um viciado na luta livre, um espetáculo que se popularizou no México a partir de 1933. Seu carisma valeu para que aparecesse nas revistas em quadrinhos dos anos cinquenta. 
O misticismo dos lutadores mexicanos se baseia na ocultação de sua verdadeira identidade. El Santo conseguiu escondê-la até 1982, já no ocaso de sua carreira. Em um programa conduzido pelo jornalista Guillermo Ochoa o lutador mostrou seu rosto para demonstrar que não estava velho, apesar de já não possuir um porte atlético. Sua voz era áspera. Um ano depois voltou a fazer o mesmo para o comunicador Ricardo Rocha, os produtores decidiram não congelar a imagem, para tentar manter o segredo do Santo. 
Mas a data mais emblemática foi 26 de janeiro de 1984. Naquela tarde decidiu retirar a máscara, pela terceira vez, para o apresentador da Televisa, Jacobo Zabludovsky. El Santo morreu dez dias depois aos 66 anos. Mas o legado continua com o O Filho do Santo e seu neto, El Santo Junior, que estreou profissionalmente em agosto.








A lenda de El Santo ainda vive nas principais arenas de luta livre através de seus produtos. Também na inspiração para as gerações de lutadores e em seu museu, localizado em Tulancingo, Hidalgo, no centro do México, onde nasceu Rodolfo Guzmán. Mas seu próprio filho, Jorge Ernesto Guzmán, reconhece que isso é insuficiente para valorizar a trajetória de seu pai. “Ao que parece as autoridades mexicanas não se interessam. É incrível que o legado de meu pai seja mais apreciado no estrangeiro do que em meu próprio país”, disse o Filho de El Santo ao EL PAÍS em março do ano passado. A santomania não morreu. 
EL PAÍS

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