sábado, 2 de abril de 2022

Esopo / A raposa e o corvo

 



Esopo
A raposa e o corvo

Um corvo roubou um queijo, e com ele no bico foi pousar em uma árvore. Uma raposa, atraída cheiro, desejou logo comer o queijo; mas como! a árvore era alta, e o corvo tem asas, e sabe voar. Recorreu pois a raposa às suas manhas:

- Bons dias, meu amo, disse; quanto folgo de o ver assim belo e nédio. Certo entre o povo aligero não há quem o iguale. Dizem que o rouxinol o excede, porque canta; pois eu afirmo que V. Exa. não canta porque não quer; se o quisesse, desbancaria a todos os rouxinóis.

Ufano por se ver com tanta justiça apreciado, o corvo quis mostrar que também cantava, e logo que abriu o bico, caiu-lhe o queijo. A raposa o apanhou, e, safa, disse:

- Adeus, Sr. Corvo, aprenda a desconfiar das adulações, e não lhe ficará cara a lição pelo preço desse queijo.




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