Ontem a GloboNews me entrevistou no Jornal das 22h sobre a morte de Diane Keaton e o que ela representava para o cinema. Não sei se o vídeo vai ficar disponível, então resumo aqui o que disse: antes de qualquer coisa, o legado que ela deixou não se resume às artes – Diane Keaton foi uma mulher à frente de seu tempo, que ditou moda, comportamento, um exemplo de integridade e ética até o fim da vida. Atriz cômica de primeiríssima grandeza, a ponto de Woody Allen ter percebido que quando contracenava com ela não estava diante de alguém que lhe servia de “escada”, mas sim que funcionava como seu “duplo”, igualmente engraçada, numa química que potencializava o humor de ambos.
Seus últimos filmes eram quase todos comédias ligeiras bem fracas, mas Diane Keaton compensava os roteiros ruins emprestando autenticidade a personagens de mulheres empoderadas da terceira idade, que pareciam moldadas em função dela. Também teve destaque em papéis dramáticos que iam da trilogia de “O Poderoso Chefão” à escritora deprimida que viveu brilhantemente em “Interiores”.
Nunca deu bola para as pressões da sociedade por ter decidido não se casar – alegava não querer sacrificar sua independência como a mãe fez. Aos 50 anos adotou dois filhos porque sentiu que a maternidade a completaria. Quando Woody Allen começou a ser cancelado por conta de um linchamento orquestrado em torno de um suposto crime pelo qual ele foi investigado e declarado inocente pela polícia não uma, mas duas vezes, Diane Keaton foi uma das poucas atrizes a ficar ao seu lado, enquanto outras estrelas hollywoodianas que trabalharam com o diretor assumiam uma postura covarde e hipócrita.
Em sua homenagem, reveja “Annie Hall” para se encantar, “Manhattan” para suspirar ou “O Dorminhoco” e “O Misterioso Assassinato em Manhattan” para morrer de rir. Diane Keaton é imortal.
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