terça-feira, 1 de julho de 2025
sábado, 28 de junho de 2025
Adeus, Garoto
Sinopse
Adeus, Garoto acompanha o final do verão de um jovem de 17 anos chamado Attilio. O garoto mora em um bairro operário de Nápoles e herda os problemas e o legado criminoso de seu pai. Navegando as condutas ilegais do submundo do crime da cidade, Attilio precisa lidar com uma dívida substancial deixada pelo pai que agora está preso. É assim que o jovem recebe a missão de proteger uma prostituta ucraniana chamada Anastasia, que está tentando trazer sua família para a Itália em segurança. Enquanto a amizade dos dois floresce, tornando-se uma paixão, ambos precisam tomar decisões drásticas para escapar das circunstâncias perigosas que o cercam. Quando o pai de Attilio é libertado da prisão, porém, e precisa rapidamente saldar a enorme dívida acumulada, uma escolha difícil se apresenta para o adolescente: se deixar levar pelo amor pela garota ou acatar à lealdade ao pai.
ADOROCINEMA
sexta-feira, 27 de junho de 2025
John Wick 4 / Baba Yaga é um épico de ação que redefine riscos
John Wick 4: Baba Yaga é um épico de ação que redefine riscos
Henrique Marinhos
29 / 06 / 2024
John Wick 4: Baba Yaga reflete e pode ser definido pelo seu subgênero neo-noir, em sua exploração das complexidades do ser humano, desde seus conflitos internos até sua moral ambígua no contemporâneo. Ainda que a subcategoria o descreva tão bem, a ação e o suspense se sobressaem em função de sua construção, tanto pela direção de Chad Stahelski, à atuação do veterano Keanu Reeves. Em contrapartida às motivações triangulares – de construção simples, capazes de suportar grandes tensões e únicas –, todo desenrolar da narrativa segue a busca do protagonista pela vingança de um passado e uma esperança destruídos em atos simplórios em sua prequela, que ocasionaram uma sequência de desestruturações de escala mundial, reais e fictícias.
O epílogo da saga, de quase três horas, passa a impressão de ser insuficiente para fãs da trama e excessivo aos não familiarizados. Com cenas de ação intensas e quase longas demais, o filme amarra as pontas soltas da narrativa – como fazem os assassinos de aluguel – e apresenta adições orgânicas que, felizmente, ainda carregam suas nuances individuais, independente de sua trajetória.
Entre os novos personagens de Baba Yaga, se destacam Caine (Donnie Yen), um assassino cego da alta cúpula e velho amigo de John, que faz referência ao personagem Zatoichi da série de filmes japoneses de mesmo nome; Mr. Nobody (Shamier Anderson), um caçador de recompensas; e Akira, a filha de Shimazu Koji e concierge do Hotel Continental em Osaka, interpretada por Rina Sawayama. Sawayama foi selecionada para estrear no Cinema devido à exigência de coreografias da personagem, e suas produções XS e Bad Friend impressionaram Stahelski. O roteiro da obra também foi influenciado, segundo o roteirista Michael Finch, pelos clássicos de faroeste Era uma Vez no Oeste e O Bom, o Mau e o Feio; além dos das basilares perseguições cinematográficas feitas em Bullitt e Perseguidor Implacável.
Os diretores Chad Stahelski e David Leitch, ambos ex-dublês, trouxeram suas habilidades em artes marciais e experiência em cenas de ação para a franquia, criando sequências de luta que são consideradas algumas das melhores da história do Cinema de ação. No entanto, dessa vez apenas Stahelski continuou na direção. Assim, é fácil entender que John Wick 4: Baba Yaga não funciona sozinho. O longa é uma parte de um espaço ficcional maior e mais intrincado, cuidadosamente construído ao longo de três filmes anteriores, que inicialmente haviam sido programados para serem parte de uma pentalogia. Longe de uma pancadaria sem rumo, seu sucesso é um reflexo do trabalho anterior dos realizadores e atores envolvidos.
Bem aceita e tecnicamente impressionante, outro ponto certeiro é a fotografia, mais um trabalho primoroso entregue por Dan Laustsen, que estabelece quase uma imagética própria para cada um dos tantos países onde o filme é locado. O contraste de cenas diurnas com noturnas, bem iluminadas, constroem a atmosfera da narrativa e encaminham a um clímax ambientado pelo nascer do sol no Sacré-Cœur de Paris, que também oferece os cenários do Jardim de Luxemburgo, da Igreja de St. Eustache e da perseguição ao redor do Arco do Triunfo. A cidade das luzes ocasionou atrasos nas filmagens que se seguiram para a Alemanha, Nova York e Japão, encerrando as gravações em Outubro de 2022.
Desde sua proposta, talvez sem tantas pretensões, o desafio de como inovar em uma narrativa de ação sempre esteve à espreita, e como fechamento de uma saga principal, a superação dessa meta se tornou um dos focos da produção do último filme. Assim nasceu a cena do tiroteio no apartamento, uma das mais memoráveis da série. Filmada em uma tomada única com a câmera posicionada acima dos personagens, o take foi inspirada em uma sequência semelhante a de Hong Kong Massacre, um jogo lançado em 2019, que apresenta a ação de uma visão aérea.
Como uma cena que faz valer por si só a ida ao cinema, a equipe de produção relata que se deparou com vários obstáculos em sua criação: desde a construção – em apenas um mês – de paredes altas o suficiente para a câmera seguir o personagem por uma escada e depois flutuar sobre sua perspectiva, até a coreografia de luta e tiroteio, que foi ensaiada exaustivamente pelos dublês antes das filmagens e seguida pelo uso de uma Spidercam acima do estúdio.
O universo cinematográfico de John Wick é regido por uma sistema de leis único, repleto de regras e códigos de conduta estabelecidos nos filmes anteriores da franquia. O quarto lançamento segue os eventos de toda saga, na qual os coadjuvantes são tão relevantes quanto John Wick. A sequência já apresentou figuras marcantes como Winston, interpretado por Ian McShane, a adjudicadora (que define as regras) interpretada por Asia Kate Dillon, e Charon, interpretado por Lance Reddick.
A solidez e versatilidade de Reddick em seus papéis é uma característica que se reflete na criação de John Wick, que impressiona por ser uma junção harmoniosa de tantas facetas moldadas pelas circunstâncias do enredo. Principalmente, dentro de um gênero tão específico e característico como ação e suspense, não se limita a entreter, se destacando pela sua originalidade e complexidade.
Em seu mundo subterrâneo de assassinos profissionais, John Wick 4: Baba Yaga é inacreditavelmente composto por sequências de ação violentas e deslumbrantes, sobrepostas a uma mitologia impressionantemente construída e um profundo desenvolvimento da relação entre violência e moralidade, com destaque para a ambiguidade da justiça. Sem fôlego, é impossível que a série de filmes seja definida em poucas palavras ou com apenas em um tópico principal. A tentativa da descrição de sua composição cinematográfica em palavras sequer alcança a realidade da experiência criada pelo seu universo.
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domingo, 22 de junho de 2025
Dina Sanichar / Mowgli, o menino-lobo
Dina Sanichar / Mowgli, o menino-lobo
Em 1872, nas selvas da Índia, caçadores encontraram uma cena intrigante: dentro de uma caverna, uma figura humana se movia entre lobos, correndo de quatro, com agilidade selvagem. Não era um animal — era uma criança.
Tinha cerca de seis anos. O corpo coberto de sujeira, unhas como garras e olhos desconfiados, como os de um lobo à espreita. Criado na selva desde muito pequeno, estava distante da linguagem, do afeto humano e das regras da sociedade.
Recebeu o nome de Dina Sanichar e foi levado a um orfanato em Sikandra, perto de Agra. Missionários tentaram reinseri-lo na sociedade. Com o tempo, Dina aprendeu a andar ereto e vestir roupas, mas nunca falou. Recusava talheres e preferia carne crua. Seu silêncio não era apenas mudez — era o reflexo de uma infância sem palavras.
Morreu em 1895, de tuberculose. Alguns acreditam que sua história tenha inspirado Rudyard Kipling a criar Mowgli, o menino-lobo.
Mas a história de Dina Sanichar não foi conto — foi realidade. Sem panteras falantes ou ursos sábios, havia apenas uma criança perdida entre lobos, que jamais conseguiu voltar.
Vítor Soares / Facebook
sábado, 21 de junho de 2025
sexta-feira, 20 de junho de 2025
Gordon Lish / O grande sedutor
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Gordon LISH |
Gordon Lish
O grande sedutor
O escritor norte-americano Gordon Lish é uma figura singular no meio literário. Lembrado — e muitas vezes venerado — pelos nomes que editou ou publicou em sua revista, a Genesis west — que tem no currículo boa parte da geração beat, como Neal Cassady, Jack Keroauc e Allen Ginsberg — e por sua parceria com Raymond Carver, um grande amigo seu, Lish é um brilhante contador de histórias.
Escrever sobre comer fezes, acreditar que Dean Moriarty realmente existiu e colocar em xeque o talento de Philip Roth, Paul Auster e David Foster Wallace, para citar só três exemplos, é coisa de alguém que, no mínimo, tem culhão. No final das contas, tudo isso só aumenta a mitologia que o cerca.
O autor de 82 anos, que desembarca agora no Brasil com o primeiro volume de seus contos Coleção de ficções 1, é uma grande incógnita. Em uma entrevista para a revista Paris Review, em 2005, declarou: “eu não sou escritor. Nunca me imaginei como escritor”. Menos avesso que J. D. Salinger ou Thomas Pynchon, Lish sempre se mostrou reticente a assumir o papel de protagonista, de fazedor de sua própria obra e enveredou pelos caminhos do ghostwriting.
Preâmbulo, texto que abre a coletânea, já dá a pista do que esperar: não é bem um prefácio, mas também não é exatamente um conto. É um texto em estado puro, vagando entre o limite tênue do desabafo, da explicação e, claro da literatura — uma literatura de sobrevivência e autoconsciência.
A recusa, que é bem diferente da renúncia, parece ser a melhor definição de sua prosa. Se Kafka devasta a burocracia em seus livros, Lish, como bom herdeiro do escrivão de Melville, prefere criar situações para serem colocadas de lado por seus personagens. Tudo que sei e Como escrever um poema são antíteses do que propõem: no primeiro conto o narrador esconde o jogo, manipula o leitor; no outro, dispara: “Talvez eu não goste de poetas — ou de pessoas”. Não é preciso explicar muito.
Lish não é um homem de receitas, não existe nada pronto em seus contos, é como se o leitor e autor levitassem até encontrar o zênite e, lá do alto, fossem arremessados. Se Gordon Lish fosse um deus, seria por certo um demiurgo, capaz de arrasar toda a humanidade em busca de um pouco de diversão.
Citado sempre como um autor controverso, Gordon Lish nunca se esquivou de levar sua literatura até as últimas consequências. Para Jerome — com amor e beijos é, ao mesmo tempo, uma paródia de Para Esmé — com amor e sordidez, de Salinger, e uma homenagem ao autor de Apanhador no campo centeio.
O conto, que receberia em 1984 o prêmio O. Henry Award, narra a tentativa frustrada do pai de se (re)aproximar do filho ermitão e é a sede de Lish pelo sublime e pelo etéreo, qualidade que diria jamais ter chegado perto. Ironicamente, cada linha carrega uma busca por sua própria individualidade e alheamento ao que o cerca.
Citado sempre como um escritor controverso, Gordon Lish nunca se esquivou de levar sua literatura até as últimas consequências.
Coração e mente
Gordon Lish não se deixa levar pelas emoções. Os textos são escritos com o coração e revisados e editados com a mente, o que explica o retorno do autor aos relatos que fazem parte da coletânea. Pouco a pouco as “novas versões” se tornam mais acessíveis, palatáveis e diretas — Lish corta e recorta, extrai o que pesa, coloca de lado a gordura dos primeiros trabalhos e cria uma opção definitiva completa e bem aparada com suas mãos de tesouras.
Por isso, não espanta a mira certeira de Sou largo, Imaginação e Três, além de, obviamente, mostrar que o escritor é também um bom editor de si mesmo — talvez a melhor opção possível. “Se fosse capaz de criar coisas como [Don] DeLillo e [Comarc] McCarthy não creio que insistiria em corrigir tanto”, confessou ao El País por ocasião do lançamento do livro Epigraphy.
Sua destreza com a linguagem é cirúrgica, capaz de transformar situações simples, como no conto Medo: quatro exemplos, em um labirinto godardiano.
A revista The Believer definiu Lish como o Andy Kaufman literário, o que faz todo o sentido. Tateando um tom minimalista, o autor de Dear Mr. Capote coloca em um mesmo livro vidas em paralelo, histórias que se cruzam e que jamais vão se cruzar.
Em tudo o que já escreveu, de cartas a romances, Lish deixa claro, com todas as letras, que é um escritor/editor típico, aquele que não sabe fazer outra coisa a não ser manusear palavras e precisa delas para manter-se vivo e alimentado.
Laços de família
Enquanto há quem o “culpe” pelo estilo de Carver, acusando Lish de ter formatado os célebres Fique quieta, por favor, Iniciantes e Do que estamos falando quando falamos de amor a seu bel-prazer, tem quem o defenda argumentando que não fazia mais que o seu (sujo) trabalho de editor. Anos mais tarde, Tess Gallagher, viúva de Raymond, também seria apontada como profanadora dos textos do marido. (Mas aí já é polêmica para outro texto.)
Seu filho, Atticus Lish, que terá seu primeiro livro editado em solo tupiniquim em breve pela Rádio Londres, não parece tão confiante da influência do pai sobre si. Questões familiares, por sinal, não são querelas tão fáceis de dissolver no universo do contista. Peste entre tias e Para Rupert — sem promessas são desenhos de relações pouco lisonjeiras.
Coleção de ficções 1, pontapé de uma série de quatro livros, revela um homem em fúria, mas com um único desejo em mente: a sedução. Para Lish, a escrita deve obrigatoriamente seduzir leitor, levá-lo pela mão até a cama. E, no caso, a sedução do e pelo texto só cabe porque “tudo ao nosso redor ou dentro de nós é narrativa” e “a narrativa é o limite de si mesma”.
A literatura de Lish é um mergulho mar adentro, uma impressionante experiência de confronto entre o poder da representação da realidade. Quase cego de um olho, o autor de Extravaganza ainda enxerga melhor e com mais profundidade que muitos de nós — e consegue, com extrema proeza, dissecar tudo a uma distância segura.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Juan Manuel Roca / Ous cinco enterros de Pessoa
Juan Manuel Roca
OUS CINCO ENTERROS DE PESSOA
Poucas veces sucede
que ao morrer um poeta
sejan necessários cinco caixöes.
Como poucas vezes sucede
que un poeta seja morada
para que nele vivam,
para que trabalhem 'a sua vontade
e durmam quando quiserem,
sem pagar renda,
sem amenacas do senhorio.
outros 4 poetas.
As enterro de Pessoa
foram com sigilo,
tal como viveram.
Nunca protestaram
contra a estreiteza da una moradia,
esse peculiar viver dento da gabardina.
¿Mas nao desejariam mais espaco
agora, na rigidez das formas?
Näo se viu Pessoa em tertulia
com os seus 4 fantasmas cardinais.
Nao se viu em grupo
a caminho da tabacaria,
partilhando viuvezes.
Pessoa e os seus compadres,
e essa forma
de nao se deixarem ver nos espelhos.
terça-feira, 17 de junho de 2025
Frederick Forsyth / Sam perdâo
Sem Perdão
Frederick Forsyth
Editora Record
242 páginas
domingo, 15 de junho de 2025
Frederick Forsyth / Contos
Sem perdão
No Comebacks
É um livro contendo 10 contos, quais sejam: Sem Perdão, Não Há Cobras Na Irlanda, O Imperador, Há Certos Dias..., Dinheiro Sob Ameaça, Usado Como Prova, Privilégio, Dever, Um Homem Cuidadoso e O Trapaceiro.Murmúrio do vento, ou O Veterano
Coleção cosistente em cinco contos "The Veteran" (O veterano), "The Art of the Matter" (A essência da arte), "The Miracle" (O milagre), "The Citizen" (O cidadão), e "Whispering Wind" (Murmúrio do vento)
sábado, 14 de junho de 2025
Frederick Forsyth (1938-2025)
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Frederick Forsyth |
FREDERICK FORSYTH
(1938 - 2025)
Frederick Forsyth (Ashford, 25 de agosto de 1938 – 9 de junho de 2025) foi um escritor inglês.
Educado na Tondridge School, e depois na Universidade de Granada, na Espanha, aos 19 anos, começou a servir a RAF (Royal Air Force) como um dos mais jovens pilotos, tendo servido até 1958. Depois começou a trabalhar no Eastern Daily Press como repórter. Em 1961, se tornou correspondente da Reuters em Paris. Trabalhou também na Alemanha Oriental e na Tchecoslováquia, países onde obteve muitas informações que seriam, posteriormente, publicadas em seus livros. Retornando a Londres em 1965, trabalhou como repórter de rádio e televisão na BBC, o que lhe proporcionou a oportunidade de conhecer a fundo os grandes dramas da política internacional. Essa experiência no jornalismo o ensinou a ser minucioso e preocupado com as verdades históricas. Como correspondente diplomático assistente, cobriu o lado biafrense da guerra entre a Nigéria e Biafra de julho a setembro de 1967, e isto forneceu a ele conhecimento de política internacional, especialmente sobre o mundo dos soldados mercenários. Foi este trabalho e a pesquisa relacionada que interessaram a ele como verdade histórica. Em 1968, deixou a BBC para retornar para Biafra e cobriu a guerra, primeiro como freelance e depois para o Daily Express e para a revista Time.
Em 1970, após nove anos de intensa carreira jornalística, Forsyth teve a ideia de escrever um livro onde poria à prova os métodos de investigação de sua atividade como repórter. Escolheu um tema romanesco e de certo modo misterioso: as tentativas da extrema direita francesa de assassinar o General Charles De Gaulle, presenciadas por Forsyth em 1962 em Paris. Nasceria assim o primeiro de sua longa lista de sucessos: O Dia do Chacal.
A lista de thrillers que escreveu após o grande sucesso deste livro o tornou um best-seller internacionalmente reconhecido. Especializou-se em romances envolvendo espionagem e política internacional. Com O Fantasma de Manhattan, flertou com romances de suspense, mas o resultado foi decepcionante para seus antigos leitores. Estão entre seus grandes livros os romances A Alternativa do Diabo, Dossiê Odessa e O Quarto Protocolo,
Frederick Forsyth falava francês, alemão e español fluentes, e viajou por toda a Europa, Oriente Médio e África, e estas experiências podem ser vistas na autenticidade dos seus livros.
Forsyth morreu no dia 9 de junho de 2025, aos 86 anos
sexta-feira, 6 de junho de 2025
Edmund White (1940-2025)
Edmund White (1940-2025)
A agência AFP noticiou a morte de Edmund White, considerado expoente da literatura LGBTQIAP+, aos 85 anos. Via Folha de São Paulo:
O romancista americano Edmund White, figura destacada da literatura LGBTQIA+, morreu aos 85 anos, conforme anunciou seu agente literário nesta quarta-feira.
“Tristemente, posso confirmar que Ed morreu ontem à noite em sua casa em Nova York por causas naturais”, disse seu agente Bill Clegg à AFP.
Nascido em 13 de janeiro de 1940, White escreveu dezenas de romances, vários contos, artigos e ensaios, com a homossexualidade como seu tema central.
Foi aclamado por seu primeiro romance, “Forgetting Elena”, publicado em 1973, e em seguida escreveu o muito explícito “The Joy of Gay Sex”, uma espécie de “Kama Sutra” ilustrado que se tornou uma referência LGBTQIA+ globalmente.
Entre suas outras obras se destacam “A Boy’s Own Story” e múltiplos livros de memórias, como o recente “The Loves of My Life” e “City Boy – Minha Vida em Nova York”, editado em 2012 pela Benvirá.
Entre seus outros livros já publicados no Brasil, estão os romances “O Homem Casado” e “O Lindo Quarto Está Vazio”, além do relato “O Flâneur: Um Passeio Pelos Paradoxos de Paris”.
Escreveu sobre a homossexualidade desde a década de 1950, quando ser gay era considerado uma doença mental, até a liberação sexual após as manifestações de Stonewall em 1969, que testemunhou diretamente.
Depois vieram os anos da Aids, que afetaram toda uma geração. O próprio White seria recebeu diagnóstico de HIV positivo em 1985 e conviveu com a condição durante quatro décadas.
O autor viveu em Paris durante quase 15 anos, entre os anos 1980 e 1990, escreveu também biografias sobre os escritores Jean Genet, Marcel Proust e Arthur Rimbaud.
Seus sucessos literários lhe abriram as portas de universidades prestigiosas, onde ministrou aulas de escrita e literatura, também centrado na homossexualidade. Estava casado com o também escritor Michael Carroll desde 2013.
“Esta é uma notícia muito triste. Não havia ninguém como Edmund White!”, escreveu a autora Joyce Carol Oates na rede social X. “Uma surpreendente versatilidade de estilo, uma temática audaciosa e inovadora, um humor negro, um amigo de tantos durante décadas.”
O romancista francês Édouard Louis também prestou homenagem a White no Instagram. “Um amigo incrível”, disse. “Leal, generoso, bonito, carinhoso. Sempre apoiou e encorajou os jovens escritores como ninguém.”