sábado, 29 de agosto de 2015

Rubem Fonseca / Sobre a arte de escrever as ruas do Rio de Janeiro

Rubem Fonseca
Por Abraham Solís


RUBEM FONSECA

Sobre a arte de escrever 

as ruas do Rio de Janeiro

Por LUÍS NAVES
02 julho 2011
Considerado um dos mais importantes escritores da língua portuguesa, José Rubem Fonseca, de 86 anos, é filho de transmontanos e autor de uma obra inovadora e brutal.

Um dos enigmas da literatura é o facto de o brasileiro José Rubem Fonseca ainda não ter ganho o Prémio Nobel. Filho de transmontanos que emigraram para o Brasil, o escritor nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1925 (tem 86 anos). Não dá entrevistas e evita ser fotografado. Os seus amigos tratam-no por Zé Rubem e dizem que é óptimo conversador e pessoa modesta e divertida.
Fonseca escreveu alguns dos textos mais importantes da literatura em língua portuguesa dos últimos 40 anos, em contos, novela curta, romance. Muito original em relação ao que se faz em língua portuguesa, mas também num planeta totalmente diferente em relação aos seus confrades latino-americanos, o autor brasileiro é um daqueles raros escritores que ninguém consegue classificar com facilidade.
Em 1975, um livro seu foi proibido, por conter um conto quase insuportável, Feliz Ano Novo, em que Rubem Fonseca levava aos limites a sua experiência com a linguagem, descrevendo uma realidade distorcida pela banalização da violência. A censura considerou que o livro continha "matéria contrária à moral e bons costumes". Na realidade, era um retrato da sociedade brasileira sem contemplações; brutal e desumano, negro e alucinado. Tudo escrito com a frieza de um relatório policial.
Este último aspecto não surge por acaso. Rubem Fonseca terminou a licenciatura em Direito e ingressou na polícia, onde trabalhou entre 1952 e 1958. Chegou a estar na rua, mas acabou a carreira num gabinete, com passagem de formação nos EUA. Esta experiência é a matéria-prima central da sua obra.
Antes de se dedicar à literatura (começou a escrever quase com 40 anos) o luso-brasileiro trabalhou na empresa de electricidade do Rio de Janeiro, mas os seus primeiros livros de contos despertaram a atenção da crítica. Este era um autor diferente, com uma nova abordagem técnica e expressiva.


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