terça-feira, 16 de agosto de 2016

Hans Christian Andersen já escrevia contos de fadas quando era rapaz




Andersen dedicou este conto a uma amiga de infância BJARNE KOBURG/MUSEU DA CIDADE DE ODENSE/AFP

Hans Christian Andersen já escrevia contos de fadas quando era rapaz


The Tallow Candle foi descoberto num espólio de família que está à guarda do Arquivo Nacional da Dinamarca. Andersen dedicou este que é o seu primeiro conto à sua confidente de infância

Hans Christian Andersen

Conhecemos Hans Christian Andersen, um dos nomes da literatura infantil mais lidos de sempre, de contos como A Pequena SereiaO Patinho Feio e A Princesa e a Ervilha. Uns dramáticos, outros divertidos, mas todos inesquecíveis. Agora um historiador dinamarquês vem defender que pode acrescentar-se mais um título à bibliografia do autor de O Rei vai Nu.
The Tallow Candle (A Vela de Sebo, diríamos em português) foi encontrado em Outubro por Esben Brage no fundo de um caixa do arquivo da família Plum, com cerca de 1000 documentos, conta esta quinta-feira o jornal dinamarquês Politike, citado pelo britânico The Guardian. O historiador de 72 anos estava a fazer pesquisas numa das dependências do Arquivo Nacional da Dinarmarca, na cidade de Odense, a terceira maior do país, quando algo lhe chamou a atenção. Tratava-se de um pequeno documento amarelado que, dois meses mais tarde, viria a ser autenticado por especialistas na obra de Hans Christian Andersen.
“Sabia que tinha uma coisa especial nas mãos”, disse Brage ao Politike. “Como já tive nas mãos milhares de documentos históricos desenvolvi uma espécie de sétimo sentido que diz ‘espera lá, este é especial e não mais um para pôr de lado’.”
O manuscrito inédito, que agora está no Museu da Cidade de Odense, onde nasceu Andersen, conta a história de uma vela que não sabe qual é o seu lugar no mundo até que um pavio a encontra e ela se acende para iluminar.
“A vela de sebo tinha encontrado o seu lugar na vida – e depois de lhe mostrarem que era uma vela a sério, brilhou durante muitos anos”, contribuindo para a sua felicidade e a de “todas as criaturas à sua volta”, escreve o rapaz que provavelmente estava longe de se imaginar um autor respeitado.
O documento não é, no entanto, um original do autor de A Menina dos Fósforos, mas a única cópia conhecida daquele que os especialistas acreditam ser o primeiro conto de fadas do autor, escrito quando ainda andava na escola e dedicado a madame Bunkleflod, a sua confidente de infância, que viria a ser muito próxima da família Plum. É por isso que o pequeno fólio descoberto por Esben Brage tem uma segunda dedicatória, desta vez dos Bunkleflod para os Plum. O original não foi ainda encontrado.
“Esta é uma descoberta extraordinária”, disse ao jornal dinamarquês Enjar Stig Askaard, conservador do museu de Odense. “Em parte porque é o primeiro conto de fadas de Andersen, em parte porque mostra que ele se interessava por este universo quando era rapaz, muito antes de se tornar escritor.” Askaard não tem dúvidas de que este é um conto de Andersen, assim como Bruno Svindborg, da Biblioteca Real da Dinamarca, e o professor Johan de Myliu, dois estudiosos da obra do escritor.
Será que, daqui a uns tempos, poderemos ter na estante esta história de Andersen ao lado de O Soldadinho de Chumbo ou de A Polegarzinha?



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