Como viajar com o seu cachorro
Ganha terreno a tendência de que os cães comportados são bem-vindos
EL PAÍS
São Paulo 15 JUL 2015 - 17:19 CEST
Num hipotético desenho do humorista norte-americano Gary Larson, que gosta de pintar os animais comportando-se como humanos e vice-versa, alguns cães reunidos num elegante coquetel podem saber onde passarão as férias deste ano e se levarão os seus donos com eles, já que muitos hotéis começam a impedir a entrada de humanos pelos vários problemas que acarretam: intoxicação etílica e tendência de pular na piscina da janela do quarto. Fora do universo de Larson, são os donos desejosos de passar as férias junto aos seus melhores amigos que se propõem aonde ir, como e quando. Porque viajar com animais costuma ser uma corrida de obstáculos em que é preciso contar com mais dinheiro, paciência e capacidade de abrir mão de muitos destinos, eventos e atrações para ter a companhia de nosso amigo fiel.
Como chegar
O carro particular é o meio ideal para viajar com animais. Mas isso nem sempre é possível, e recorrer ao transporte público implica conhecer as normas de cada empresa e de cada país, pois não há regras gerais.
Na Europa, os animais de estimação podem viajar grátis de trem na maioria dos países, mas na Espanha, por exemplo, isso só é possível nos destinos de curta distância. Para trajetos mais longos, a Renfe e a AVE permitem o transporte de um animal por pessoa (cães, gatos, furões e aves que não sejam de criação), desde que pese menos de 10 quilos e viaje numa caixa com medidas determinadas. E se você não viajar em classe executiva é preciso pagar 25% do preço da passagem. As empresas de ônibus exigem que os animais viajem dentro de uma maleta específica para o transporte animal, algumas vezes no bagageiro, algo bastante estressante para eles. Algumas companhias cobram taxas extras do passageiro.
Voar com animais nem sempre é fácil porque as normas variáveis das companhias aéreas somam-se às dos países de destino, muitos deles com leis bastante restritivas quanto aos bichos. A Iberia aceita animais pequenos na cabine, desde que o seu peso, somado ao da caixa de transporte, não supere os oito quilos. É preciso pagar 25 euros (cerca de 85 reais) para voar dentro da Espanha, 50 euros (170 reais) para a Europa e 150 euros (510 reais) para a América. Se você compra a passagem online, é preciso ligar para confirmar se há lugar para o animal, já que só é permitido um número limitado na cabine. Air France, Lufthansa, Alitalia e outras grandes companhias têm condições parecidas com as da Iberia.
No Brasil, a Gol liberou em março deste ano o transporte dos pets de até 10 kg dentro da cabine - para tanto, estipula algumas regras e cobra 150 reais pelo serviço. A Azul também autoriza o transporte dos bichinhos de estimação pequenos dentro da cabine (a um custo de 200 reais). A TAM também oferece a possibilidade, tanto na cabine quanto no compartimento de carga, obedecendo a regras específicas. Em comum, as três companhias aéreas pedem que os animais sejam levados dentro de caixas de transporte específicas.
Como em outros âmbitos, no ar impera a regra de que as empresas que oferecem passagens aéreas de menor na Europa não simpatizam tanto com as criaturas peludas. A Ryanair, por exemplo, não admite animais, ao contrário da Vueling e da Air Berlin. A documentação que todo cachorro deve ter para voar é o seu chip, o caderno de vacinação e o passaporte internacional, entregue pelo veterinário.
Já as empresas marítimas permitem a viagem de animais. Mas eles não vão na parte dos passageiros, e sim em compartimentos especiais. A Trasmediterránea permite que o dono visite o animal durante a viagem e, em alguns casos, até passear com ele pelo convés. Os preços dependem do trajeto. A Balearia, com a mesma filosofia, cobra 10 euros (35 reais) por animal.
PLANOS CANINOS
‘Doga’ na praia
A palavra doga é a união de yoga e dog, e consiste em praticar asanas (poses) com o animal de estimação. Muito indicada para animais estressados ou fãs de Dom Draper. Pode ser praticado na praia inglesa Bournemouth.
Surf canino
Alguns cachorros surfam muito melhor que os humanos. Em Huntington Beach (Califórnia) celebra-se anualmente uma competição de surf para cães, Surf City Surf Dog. Neste ano, acontece entre os dias 25 ao 27 de setembro.
Férias no mar
A empresa espanhola de cruzeiros Cunard Lines incorpora o programa Pets on Deck, que permite a companhia dos mascotes a bordo dos iates.
Muito independentes
Também existe a possibilidade de o nosso mascote querer umas férias só para ele. House of Hugo, em Brighton (Inglaterra), oferece hidroterapia, spa, salão de beleza e até treinador pessoal para os cãezinhos que buscam um descanso.
Hotéis ‘pet friedly’
Cresce na Europa o número de estabelecimentos hoteleiros que admitem bichos de estimação, embora o amor aos animais nem sempre seja a razão do fenômeno. Mònica Seirà, gerente de reservas do site hotdogholidays.com, na Espanha, especializado em busca de alojamentos de férias para cães e seus donos, acredita que muitos hotéis se abriram a esse mercado por causa da crise. “É nas normas que notamos se são realmente pet friendly [amigos dos bichos de estimação] ou não, já que estes últimos costumam colocar limites de peso aos animais ou pedir uma taxa extra por bicho e por dia”, diz Seirà.
Francisco Mediavilla, diretor do viajarconperros.es, recomenda ligar sempre ao hotel para conhecer os detalhes. “Como o termo pet friendly é muito elástico, convém confirmar antes”, afirma. “Por exemplo, há muitos hotéis com essa denominação que só admitem animais no inverno – não no verão, quando estão cheios; outros não deixam que o cachorro permaneça sozinho no quarto enquanto o dono janta no restaurante.” O mercado de casas de aluguel também se abriu a esse universo. “Entre 10% e 20% dos viajantes levam seu animal”, diz Mediavilla. “Nossa experiência é que os proprietários são mais flexíveis: ao constatar que a maioria das pessoas é cuidadosa, admitem mais animais”, diz Seirà.
O grande luxo, como diz Mediavilla, “mima mais os animais. Elas são permitidos em muitos hotéis de cinco estrelas, como o Ritz e o Palace. E restaurantes caros nos Estados Unidos e na Europa deixam entrar cães pequenos”. Hotéis exclusivos como o The Muse Hotel, em Nova York, dedicam um tratamento VIP (very importante pet, bicho de estimação muito importante) aos animais de companhia. Ali eles contam com sua própria cama, serviços de massagem e acupuntura, além da vantagem de estar bem perto da Canine Court, o equivalente canino da Quinta Avenida. Le Maurice (Paris), The Milestone Hotel (em Londres) e Fairmont Miramar Hotel & Bungalows (em Santa Mónica, na Califórnia) são outros destinos para cães bon vivants e sem problemas econômicos.
Os pets também são bem vindos em muitos casas ou cômodos para locação via AirBnb (site de aluguel de imóveis particulares). Para saber se uma acomodação aceita animais de estimação, basta verificar a seção de comodidades do anúncio. Se a opção Permitido Animais não estiver riscada, isso significa que o anfitrião permite que os hóspedes tragam animais. Mas vale a pena perguntar antes.
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