A independência catalã seria trágica para a Espanha e para a Catalunha, que teria caído nas mãos de demagogos que a levariam à ruína
MARIO VARGAS LLOSA
30 SET 2017 - 21:29 COT
Haverá referendo hoje na Catalunha? Espero ardentemente que, em um ato de bom senso, a Generalitat o tenha cancelado, mas, por outro lado, conheço de sobra os altos níveis de obstinação e irrealidade que todo nacionalismo carrega, então não é impossível que, apesar de tudo – e esse “tudo” é muitíssimo – os dirigentes do Govern catalão se empenhem em incitar seus seguidores a desobedecerem a lei e votarem. Se isso acontecer, o chamado referendo será uma caricatura de consulta, vai irritar a legalidade, sem censo de eleitores, nem urnas autorizadas, nem representantes, nem listas eleitorais, com uma porcentagem mínima de participantes e só independentistas, ou seja, o monólogo patético de uma minoria cega e surda à racionalidade, pois, de acordo com as pesquisas, pelo menos dois terços dos catalães admitem que o referendo carece de validade legal. Servirá apenas para alimentar o vitimismo, ingrediente essencial de toda ideologia nacionalista, e acusar o Governo espanhol de ter violentado a democracia, impedindo que o povo catalão exerça o direito de decidir seu destino através da mais pacífica e civilizada via democrática, que é a do voto.
Escrevo este artigo longe da Espanha, em seus antípodas, e desconheço os últimos episódios deste problema que colocou todo o país em xeque nas últimas semanas. Mas talvez a distância seja boa para perguntar calmamente o que levou a Catalunha, uma das regiões mais cultas e cosmopolitas da Espanha, a deixar crescer em seu ventre, de maneira tão extensa, essa antiquada, provinciana e aberrante ideologia que é o nacionalismo. Como é possível que milhares de jovens universitários e escolares de uma sociedade moderna, que faz parte do mais generoso e idealista projeto democrático do nosso tempo, a construção da Europa, concebido precisamente como uma fortaleza contra os nacionalismos que banharam a história em sangue e cadáveres, tenham agora a ilusão política de se encastelar em uma sociedade fechada e obsoleta, que retrocederia e empobreceria brutalmente a Catalunha, pois sairia do euro e da União Europeia e teria um processo longo e difícil para voltar?
A resposta não pode ser a dada pelos nacionalistas, que isso acontece porque a “Espanha rouba a Catalunha”, pois, precisamente, desde a queda da ditadura de Franco e a transição para a democracia, essa região obteve gradualmente a maior atribuição de competências econômicas, culturais e políticas de toda a sua história. Pode não ser suficiente, é claro, e talvez tenha havido negligência por parte dos Governos centrais em atender às demandas da Catalunha; mas isso, que tem uma saída perfeitamente negociada dentro da legalidade, não pode justificar a pretensão de cortar, unilateralmente, quinhentos anos de história comum e romper com o resto de uma comunidade que está presente e imbricada de mil maneiras na sociedade e história catalãs.
Nada poderia ser mais incompatível com o provincianismo racista e anacrônico do nacionalismo que a grande tradição cultural bilíngue da Catalunha
Nada poderia ser mais incompatível com o provincianismo racista e anacrônico do nacionalismo que a grande tradição cultural bilíngue da Catalunha, com seus artistas, músicos, arquitetos, poetas, romancistas, cantores, que estiveram quase sempre na vanguarda, experimentando novas formas e técnicas, abrindo-se para o resto do mundo, assimilando o novo com fruição e espalhando-o pelo resto da Espanha. Como um Gaudí, um Dalí ou Tàpies se encaixam com um Puigdemont e um Junqueras? E um Pla, Foix, um Marsé, um Serrat ou um Cercas com Carme Forcadell ou Ada Colau? Existe tal abismo gigante entre o que representam uns e outros que custa imaginar alguma linha de continuidade cultural ou ideológica que possa uni-los.
A explicação está certamente em um trabalho de doutrinação sistemática que, começando nas escolas e se projetando para todo o conjunto da Catalunha através dos grandes meios de comunicação, orquestrada e financiada pelo Governo catalão desde os anos de Jordi Pujol e seus seguidores, foi se infiltrando nas novas gerações até impregná-las com a ficção perniciosa que todo nacionalismo significa. Uma doutrinação que não foi neutralizada pela negligência ou a crença ingênua de parte do Governo e da elite política e intelectual do resto da Espanha de que aquela criação mentirosa não se firmaria, que a sociedade catalã saberia resistir, que o problema iria se resolver sozinho. Não foi assim, e essa negligência irresponsável está hoje por trás de um monstro que cresceu e levou boa parte da Catalunha para o lado separatista, que, mesmo que não triunfe – e acredito firmemente que não triunfará –, pode mergulhar a Espanha em uma crise traumática cuja consequência nefasta, entre outras, poderia ser paralisar o processo de recuperação econômica que já custou tantos sacrifícios aos espanhóis.
Um setor minoritário da extrema esquerda se uniu com o movimento de independência catalã, e outro, mais numeroso e mais sensível, exige o diálogo. Não há dúvida de que este último parece indispensável. O problema, porém, é que, para que seja possível um diálogo frutífero, deve haver algum denominador comum entre os interlocutores. Isso já existiu no passado, e foi lamentável que naquele momento as negociações não tivessem acontecido. Mas agora, embora não seja impossível, é muito mais difícil dialogar com aqueles que não aceitam outra opção a não ser “a secessão, sim ou sim” e têm em sua intransigência o apoio de um setor significativo da população catalã.
A independência da Catalunha seria trágica para a Espanha e, especialmente, para a Catalunha, que teria caído nas mãos de uma ideologia retrógrada e bárbara e de demagogos que a levariam à ruína
É preciso criar pontesprimeiro, reconstruir aquelas que estão quebradas. E este é um trabalho essencialmente cultural. Convencer os menos fanatizados e recalcitrantes de que o nacionalismo – todo nacionalismo – sempre foi uma epidemia catastrófica para os povos, que só produziu violência, isolamento, exclusão e racismo, e que, especialmente nesta era de globalização universal que está desfazendo gradualmente as fronteiras, é suicida querer resistir a esse processo extremamente benéfico para toda a humanidade. E explicar que a Espanha precisa da Catalunha tanto quanto a Catalunha precisa da Espanha para se integrar melhor na grande aventura da Europa e perseverar – aperfeiçoando sem trégua – nesta democracia que trouxe a este país as condições de vida que são as mais livres e prósperas de toda a sua história. A independência da Catalunha seria trágica para a Espanha e, especialmente, para a Catalunha, que teria caído nas mãos de uma ideologia retrógrada e bárbara e de demagogos que a levariam à ruína. Tudo que há de justo nas exigências de soberania pode ser alcançado dentro da unidade, através de negociações, sem criar fraturas na legalidade que, neste último meio século, fez da Espanha um país livre e democrático. Não devemos esquecer que, durante a transição, o mundo inteiro olhava para a Espanha como um exemplo a seguir, por ter transitado tão rapidamente e de maneira cautelosa e pacífica para a democracia, com a atitude tolerante e solidária de todos os partidos políticos e a aprovação da grande maioria da nação. Não é tarde demais para retomar aquele ponto de partida solidário que trouxe tanto bem para o conjunto dos espanhóis, começando pelo mais importante, que é a liberdade. Por todos os meios racionais possíveis, é necessário convencer os catalães de que o nacionalismo é um dos piores inimigos que a liberdade possui, e que este período nefasto deve ficar para trás, como um pesadelo que desaparece ao acordar.
Foi anunciada como festa, mas já antes de atravessar os portões da lendária mansão da Playboy de Hugh Hefner, tive a sensação de que havia algo estranho. Começando com a cena no lobby do Beverly Hills Hilton, onde os “convidados internacionais” se reuniram para se preparar e participar da mais recente comemoração do 50º aniversário da Playboy.
PABLO XIMÉNEZ DE SANDOVAL
Los Angeles 28 SET 2017 - 02:27 COT
O fundador do império Playboy, Hugh Hefner, morreu nesta quarta-feira em sua casa em Beverly Hills, aos 91 anos. Hefner partiu “rodeado de seus seres queridos” em sua legendária residência, a Mansão Playboy. Com sua morte, vai embora um ícone do excesso nos Estados Unidos, o homem do chapéu de capitão, das coelhas entrelaçadas nos braços e das esposas incrivelmente jovens.
Playboy é uma das marcas mais reconhecidas dos Estados Unidos, uma referência durante décadas do entretenimento erótico masculino. Hefner fundou a revista em 1953 e ela se tornou uma sensação desde o primeiro número, com o feito de publicar fotos de Marilyn Monroe na capa. Nos anos seguintes, a Playboyse tornou a vanguarda das mudanças sociais que viriam nos Estados Unidos. Apenas a chegada da internet diluiu a influência da revista.
“Meu pai viveu uma vida excepcional e impactante como um pioneiro da imprensa e da cultura e uma voz líder em alguns dos movimentos sociais e culturais mais significativos de nosso tempo, ao ser um defensor da liberdade de expressão, dos direitos civis e da liberdade sexual”, disse seu filho Cooper Hefner, diretor criativo da Playboy Enterprises, citado pela revista People.
A revista Playboy revolucionou o mercado das revistas para homens até o ponto de quase se converter em um sinônimo dele. Sem esconder que seu apelo principal eram as fotos de mulheres nuas, de preferência famosas, a revista também atraia um público intelectual e rivalizava, com seus textos, com as melhores publicações da imprensa. Por suas páginas passaram autores como Ernest Hemingway, John Updike, Jack Kerouac, Norman Mailer ou Ray Bradbury, que publicou Farenheit 451 como série na revista.
Em 1962, a Playboy começou sua famosa seção de entrevistas com uma conversa entre Alex Haley, o autor de Negras Raízes, e a lenda do jazz Miles Davis. Depois, mês após mês apareceram ícones do esporte, da cultura ou, inclusive, da política dos Estados Unidos, em conversas longas onde permitiam que a revista publicasse suas confissões.
Hefner, multimilionário, praticamente desde o começo da revista, comprou em 1971 uma mansão em Beverly Hills de 20.000 metros quadrados e 29 quartos que chamou de Mansão Playboy e onde viveu uma vida de excesso, permanentemente em festas e rodeado de modelos. Ali convidava Hollywood inteira para encontros legendários. Estar na mansão de Hefner era ser alguém em Los Angeles. Magic Johnson, a estrela dos Lakers nos 80, relatou em um documentário que participou de festas em que havia 100 mulheres e apenas 10 homens. Ser convidado à Mansão Playboy se converteu em uma espécie de ritual para se reconhecer que uma pessoa havia ficado famosa em Hollywood.
Anos depois, aquele estilo de vida acabaria revelando um lado mais sinistro. Ao menos duas mulheres declararam na Justiça que foram drogadas e sofreram abusos sexuais por parte do ator Bill Cosby na Mansão Playboy, durante uma das festas. Hefner chegou a ser apontado como cúmplice de Cosby na agressão.
Ao redor dessa vida, Hefner criou uma personagem de eterno playboy, sempre com seu chapéu de capitão, um roupão e um copo na mão, ao qual foi fiel durante décadas. A vida de fantasia adolescente da Mansão Playboy foi retratada em um reality show, The girls next door, que foi ao ar de 2005 a 2010. Quando já não podia mais passar essa imagem, simplesmente desapareceu dos holofotes.
Hefner nasceu em Chicago e viveu uma infância de puritanismo estrito. Seus pais, metodistas, levavam uma vida cheia de proibições, que impunham aos filhos. Hefner costumava citar o ambiente repressivo e moralista de sua infância como um dos fatores que o levou a se reinventar na fantasia. Começou no mundo editorial desenhando tiras. Depois, começou a trabalhar na Esquire e em outras revistas até que criou a Playboy com uma equipe mínima de colaboradores. O ícone do coelho com uma gravata, talvez um dos símbolos mais reconhecidos do mundo, fez parte da marca desde o início. Nos anos 70, a revista chegou a vender 7 milhões de exemplares.
No início de 2016, Playboy Enterprises anunciou que a Mansão Playboy estava à venda por 200 milhões de dólares. Hefner pôs como condição de venda que quem comprasse o deixasse viver na casa até o final de sua vida. A mansão foi comprada, finalmente, por 100 milhões de dólares (320 milhões de reais), pelo magnata grego Daren Metropoulos, que já era proprietário da casa ao lado e planejava unir as duas.
Nesta época, a Playboy enfrentava problemas, devorada principalmente pela pornografia na internet. No final de 2015, a revista anunciou que deixaria de publicar nus. "A conjuntura passou", disse o executivo-chefe da revista, Scott Flanders. A publicação tentava se reinventar para um público mais jovem que já tinha disponível todo o sexo que queria na internet. A decisão foi um fracasso que não elevou o número de assinantes, embora tenha obtido mais leitores digitais. Em fevereiro deste ano, Copper Hefner, o último filho do fundador e herdeiro da revista, decidiu recuperar os nus. No Brasil, a revista deixou de ser publicada pela editora Abril em dezembro de 2015, após mais de 40 anos, e neste mesmo fevereiro voltou a circular como um selo da PBB Entertainment.
No meio de bacanais e coelhinhas de capa, Hefner se casou três vezes. O último casamento foi em 2012 com a modelo Crystal Harris. Ele tinha 86 anos e ela, 26. Além de Harris, Hefner ainda deixou quatro filhos vivos.
O plano do empresário playboy era ser enterrado em um túmulo ao lado da mulher que o ajudou a fundar seu império, Marilyn Monroe. O corpo da atriz descansa em um pequeno cemitério chamado Westwood Memorial Park. Em 2009, Hefner contou que tinha descoberto que havia um túmulo vazio ao lado do dela e que o comprara para ser enterrado ali. Uma oportunidade incrivelmente boa para deixá-la passar: "Quem não quereria estar junto a Marilyn por toda a enternidade?".
Machado de Assis, um gênio autodidata da literatura brasileira
Google homenageia o maior expoente do realismo social no Brasil no 178º aniversário de seu nascimento
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839, numa família humilde. Era filho de dois ex-escravos mulatos alforriados: o pintor de paredes Francisco José de Assis e a lavadeira Maria Leopoldina Machado de Assis. Essa situação marcou toda a sua vida, já que a escravidão só seria abolida no Brasil 49 anos depois do seu nascimento. Ficou órfão quando era muito pequeno e foi criado por sua madrasta, a também mulata Maria Inês, que lhe apresentou e ensinou as primeiras letras.
Machado de Assis enfrentou muitos desafios por ser um mestiço no século XIX, incluindo o acesso limitado à educação formal. Passou pela escola pública, mas sua formação na verdade foi autodidata, já que nunca foi à universidade. Por outro lado, uma grande ambição intelectual o acompanhou por toda a vida. Em um de seus primeiros trabalhos, na padaria de Madame Guillot, aprendeu a ler e a traduzir francês, e quando já estava perto de completar 70 anos quis começar a estudar grego.
Com apenas 16 anos, Machado de Assis entra em contato com o grupo de escritores que se reunia numa livraria central do Rio e publica seu primeiro poema, UmAnjo. A partir desse momento, sua atividade intelectual será contínua até sua morte, em 1908.
Também trabalha como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. Aos 19 anos, se torna revisor de provas na editora de Paula Brito, e um ano depois no Correio Mercantil. Seu novo ofício o introduz plenamente no ambiente jornalístico e literário.
Colabora nas publicações Marmota, Paraíba, Espelho – efêmera revista que funda com Eleuterio de Sousa em 1858 – e no próprio Correio Mercantil. Sua primeira colaboração em prosa é uma tradução de Lamartine, e seu primeiro estudo crítico importante, O Passado,o Presente eo Futuroda Literatura, reflete sobre a formação de uma literatura nacional.
Em 1860, aos 21 anos, Machado de Assis começa a colaborar com o Jornaldo Rio, onde será o encarregado de escrever sobre os debates no Senado. Obrigado a refletir sobre a política e a vida social, a experiência representará um grande aprendizado para ele, que a essa altura dá sinais de ser um excelente jornalista que começa a forjar esse modo inconfundível de narrar, ao mesmo tempo tão simples e profundo, marcado por uma inteligente ironia.
Sua extensa obra literária é composta por nove romances e peças teatrais, 200 contos, cinco coleções de poemas e sonetos e mais de 600 crônicas. Embora não alcance grande reconhecimento como dramaturgo, o obtém como poeta, com a coletânea Crisálidas (1864), seu primeiro livro, ainda associado ao romantismo.
Dois acontecimentos cruciais na biografia de Machado de Assis marcarão sua vida: seu ingresso na Administração do Estado – primeiro em 1867, como funcionário do Diário Oficial, e depois, em 1873, na Secretaria de Agricultura – e seu casamento com Carolina Xavier de Novais, em 1869.
Ascendeu na carreira de funcionário público até se aposentar como diretor do Departamento de Comércio, podendo a partir de então se dedicar integralmente à literatura, para o que contribuiu também a sua esposa, ao lhe proporcionar estabilidade emocional e estimulá-lo a conhecer os autores ingleses que tanto o influenciaram em suas obras seguintes.
Em 1870, é lançado o segundo volume de poemas Machado, Falenas, mas, embora tivesse então apenas 31 anos, essa década se destacará por sua maturidade e desenvolvimento narrativo. Contos Fluminenses (1870) e Histórias da Meia-Noite (1873), lançados por aquela que viria a ser a sua principal editora, a Garnier, reúnem contos publicados anteriormente no Jornal das Famílias. Ressurreição (1872), seu primeiro romance, é também uma obra convencional, embora já se detecte nele uma das principais características de Machado como romancista: a prospecção psicológica.
Após passar por uma grave crise de saúde entre outubro de 1878 e março de 1879, escreve Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), que trata das relações sociais no Brasil. Com esse romance, narrado pelo defunto Brás Cubas, Machado abandona a fórmula do realismo europeu e, com isso, o predomínio da racionalidade convencional. Nesse romance, ele inaugura a sua fase de maturidade que o eleva à altura dos grandes mestres do realismo do século XIX. É considerado o introdutor do estilo realista no Brasil.
Esses anos marcam também o início de sua inteligente percepção da história brasileira, que revela uma sociedade oposta àquela de uma pátria romântica, com referências à organização servil e familiar e aos desafios da abolição da escravatura e da proclamação da República.
Tão brilhantes como seus romances foram seus contos desta etapa, que fazem de Machado um mestre do gênero, talvez o primeiro grande contista latino-americano. Papéis Avulsos (1882), que inclui O Alienista, Histórias Sem Data(1884), Várias Histórias (1896) e Páginas Recolhidas (1899) são testemunhos disso.
Quase todas essas obras-primas da narrativa brasileira e universal foram escritas em meio à vida plácida e ordenada de funcionário público, e algumas após a sua aposentadoria compulsória, em 1897. Àquela altura, já era considerado havia algum tempo o melhor escritor brasileiro. Sua aclamação como presidente da Academia Brasileira de Letras, da qual foi membro fundador, constituiu um reconhecimento a mais, antes de sua morte, a 29 de setembro de 1908.