Retrato de Nádia Rucheva.
Vladimir Vyatkin/SputnikA incrível artista soviética que morreu aos 17 anos deixando milhares de obras
Seus trabalhos foram exibidos no mundo inteiro, e ela deixou mais de 10.000 pinturas, desenhos e ilustrações de literatura clássica. Mas seu destino foi dramático.
O pai de Nádia Rucheva era artista de teatro e, provavelmente, nunca imaginou que um dia gastaria suas economias promovendo o legado artístico da filha ao invés de seu próprio.
Na juventude, Nikolai Ruchev foi convidado a se tornar artista no Teatro Musical Sibéria Tuva. Lá, ele conheceu a futura esposa, a primeira bailarina da trupe de Tuva, Natalia Ajikmaa.
Em 1950, eles se mudaram para a cidade de Ulan-Bator, na Mongólia, e Nikolai continuou trabalhando como artista de teatro, enquanto Natália passou a ensinar balé.
Em 1952, ela deu à luz a Nádia, e a família quase imediatamente se mudou para Moscou. Por um longo tempo, o casal não ensinou Nádia a ler ou a escrever porque não queria apressá-la. Ao invés disso, os dois a deixaram se desenvolver sozinha. Aos 5 anos de idade, Nádia começou a desenhar por conta própria.
"Guella e Domuprav", de Nádia Rucheva, 1968. Ilustração para “O mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgakov.
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O casal lia muitos livros e Nikolai se lembrava que, enquanto ele lia para a menina o conto “Tsar Saltan”, de Púchkin, ela desenhou 35 ilustrações nada infantis sobre a história.
Desenho de Nádia Rucheva, "O primeiro baile dançante".
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Em 1964, uma das principais revistas soviéticas, a Iúnost ("Juventude"), publicou pinturas de Nádia e organizou exibições não apenas em Moscou e Leningrado (atualmente, São Petersburgo), mas também na Polônia, na Tchecoslováquia, na Romênia e na Índia.
“Bobo”, uma das pinturas de Nádia Rucheva para as obras de Shakespeare, 1968.
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Nádia se interessava muito por literatura e fez ilustrações para “Evguêni Onéguin”, “Guerra e Paz”, “O mestre e Margarida”, e outros romances e poemas.
"Natacha Rostova na Caça ". Nadia Rucheva, 1967.
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Em seu livro de memórias, o pai de Nádia lembra que ela leu o romance de Tolstói aos 13 anos de idade, e que simpatizava com os personagens de Natacha e Petia Rostov e sua família.
"Música de Tuva", de Nádia Rucheva, 1965.
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"Três anos depois, ela já tinha 400 desenhos e esboços em arquivos", escreveu o pai. Depois de assistir a adaptação ítalo-americana do romance, Nadia ficou sob o feitiço de Audrey Hepburn, Henry Fonda e Mel Ferrer.
A última cena de “O mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgakov, por Nádia Rucheva, 1968.
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A mulher de Mikhail Bulgákov, Elena, viu as ilustrações de Nádia para “O mestre e Margarida” e ficou absolutamente encantada. Nikolai chegou a escreveu que Nádia desenhava Margarida muito parecida com Elena, o protótipo de Margarida, sem nunca tê-la visto.
"Encontro de Bacco e Ninfa", por Nádia Rucheva.
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Nádia planejava fazer ilustrações para as obras de Mikhail Lermontov, Aleksandr Blok, William Shakespeare etc.
"Cipollino. A celebração vegetal ", por Nádia Rucheva.
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Mas, em 6 de março de 1969, a caminho da escola, Nádia perdeu a consciência e morreu rapidamente com uma hemorragia cerebral.
“As mães do mundo pela paz”, por Nádia Rucheva.
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Ela era uma estudante humilde e quieta, com grande talento e poder interior. No último dia 31 de janeiro, Nádia teria completado 66 anos.
"Cosette" do romance “Os miseráveis”, de Victor Hugo. Nádia Rucheva, 1966.
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O pai de Nádia preservou seu legado e, desde sua morte, organizou exposições das oras da menina em todo o mundo, publicou um livro das pinturas dela e um livro de memórias a ela dedicado.
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