quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

São Paulo / À descoberta da grande metropole do Brasil

São Paulo, Avenida Paulista. Fotografia Paulo Kawazoe



São Paulo

À descoberta da grande metropole do Brasil

TATIANA SATO
10 JULHO 2014

Falar de , para mim, é como falar de família porque tenho um carinho imenso pela cidade. Isso acontece porque sou paulistana da gema que, além de nascida e criada na cidade, pensava que moraria lá por toda a minha vida. O destino não o quis e a minha vontade de conhecer o mundo foi maior. No entanto, o sentimento familiar de carinho permanece.
São Paulo, Museu do Ipiranga. Fotografia Sidnei Carvalho, 2011

Sei que o Brasil está associado, na mente de vários estrangeiros, à praia e à natureza e, por isso, acredito que mereça à pena destacar alguns dos encantos da minha cidade natal. Afinal, São Paulo é uma metrópole em solo brasileiro, a maior cidade da América do Sul e uma das maiores do mundo. Com essas proporções, seria ilógico pensar que a cidade não tem coisas a oferecer.
A cidade não tem praia, mas tem parques entre os quais se destaca o Ibirapuera, uma enorme área verde em meio ao concreto da cidade. Nesse parque, desenhado pelo arquiteto Roberto Burle Marx, é destino de final de semana de muitos paulistanos e daqueles que foram adotados pela cidade. É o lugar onde se reunem com amigos ou família para caminhar ou andar de bicicleta.
São Paulo, vista do Pateo do Collegio. Fotografia Paulo Kawazoe

Outro destaque é a Praça Benedito Calixto, onde, todos os sábados, é realizada uma feira que é uma mistura de antiquário e brechó. Embora as barracas sejam encantadoras, os preços podem ser um pouco altos para aqueles que esperam comprar antiguidades por um bom preço. Lá perto, em uma das ruas que saem da Rua Harmonia, está o Beco do Batman, um local conhecido por suas paredes grafitadas que transformam esse lugar num museu a céu aberto.

São Paulo, Parque Ibirapuera. Fotografia Paulo Kawazoe

A Rua Harmonia está na Vila Madalena, um dos bairros boêmios da cidade, destino de fim de semana de vários paulistanos, seja por sua vida noturna de sábado, seja pelo clima de descontração que a região adota nos domingos à tarde. Ao passar por lá, recomendo que experimentem o caipilé que é um twist da caipirinha brasileira com um picolé de frutas, uma invenção que delicía os paladares em dias mais quentes.
Por falar em vida noturna, a cidade oferece inúmeras opções, quaisquer sejam seus gostos. Entre as centenas (para não dizer milhares) de opções, posso destacar o Pé na Jaca Bar (Rua Harmonia 117), na Vila Madalena, que oferece um ambiente artístico descontraído cujas paredes grafitadas remetem ao Beco do Batman e a Casa 92 (Rua Cristóvão Gonçalves, 92), um restaurante-bar-discoteca localizado em um casarão da década de 30 em Pinheiros cuja decoração retro lembra a de uma casa decorada por diversas pessoas, com sofás confortáveis, mesa de bilhar, jardim de inverno e quintal e, inclusive, cozinha que parece de vó (só que mais estilizada).
São Paulo, Pinacoteca do Estado. Fotografia Paulo Kawazoe

A gastronomia paulistana
Formada por imigrantes e migrantes que decidiram tentar a vida na cidade, não é de se surpreender que a gastronomia de São Paulo seja variadíssima. Particularmente, sempre que visito a minha cidade, engordo vários quilos porque não paro de comer. Aliás, essa é uma característica típica: sair e comer.
Não importa onde se vá, o que se fará, sempre vai ter comida envolvida. Saiu para andar no Parque do Ibirapuera? Passe na Frutaria São Paulo para tomar um açaí na tigela, algo bem típico brasileiro. Saiu para tomar um café com amigos? Certamente ele será acompanhado por um sanduíche ou pães de queijo. A copa de cerveja do happy hour de sexta será acompanhada por uma picanha na brasa. Enfim, comer é uma desculpa bem paulistana para socializar.




São Paulo, o Copan, desenhado pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer. 
Fotografia Paulo Kawazoe 

É possível encontrar qualquer tipo de comida de ótima qualidade a qualquer hora do dia. Claro que depende do quanto se quer gastar, mas poucas vezes me decepcionei com a comida nos lugares que fui.
Tenho lugares favoritos na cidade e pratos cuja lembrança fazem minhas papilas gustativas salivarem. A comida da minha mãe é a favorita de todos os tempos, mas, infelizmente ela não possui mais um restaurante. Comidas que recomendo, no entanto, e estão acessíveis ao público geral são o Penne com Melão e Presunto Cru, no Spot, um restaurante localizado atrás dos prédios da Caixa Econômica na Avenida Paulista, e os sushis do Sushibol (a mais nova unidade está na Mário Ferraz, no Itaim), com destaque para o Carpaccio de Salmão Especial e os Niguiris: os de vieiras e sal negro e o de salmão maçaricado são absolutamente incríveis. Todas essas são invenções do chef Danilo Miyabara.

São Paulo, Estação da Luz. Fotografia Paulo Kawazoe

O Bar Brahma, localizado na esquina da Ipiranga com a São João (eternizada pela canção de João Gilberto Sampa), é um bom lugar para se comer a tradicional feijoada (servida em todos os bares e restaurantes da cidade nas quartas e sábados), além de ser um dos lugares onde se pode ouvir e dançar música tradicional brasileira, como a bossa nova, o samba ou o MPB (música popular brasileira) nos sábados à tarde.

São Paulo
Os lugares
Não sei se todos dividem o mesmo amor que sinto pela Avenida Paulista. Não a considero a mais bonita do mundo nem a mais elegante, mas ela sempre fez parte da minha vida enquanto vivi em São Paulo. Seus quase 3 km de extensão, em minha opinião, representam, na forma de arquitetura, a mistura que é a cidade.
Em sua extensão, a avenida acolhe desde casarões da época da cultura do café (início do século XX) como a Casa das Rosas a edifícios modernistas como o MASP (Museu de Arte de São Paulo), prédio projetado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e que se destaca pelo seu vão-livre de mais de 70 m e pela incrível coleção de arte europeia, por muitos considerada a mais importante da América Latina. Uma média de 1,5 milhões de pessoas caminha por essa avenida que também abriga o consulado de vinte e um países e que, para mim, é o coração dessa imensa cidade.

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O centro-histórico dessa cidade fundada pelos jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, espanhol das Ilhas Canárias, também merece uma visita. O Pateo do Collegio (em português arcaico) marca o lugar que deu início à cidade e, muito próximo de lá, se pode visitar a Catedral da Sé, uma construção neo-bizantina e o Teatro Municipal, cuja arquitetura externa é inspirada no Opéra de Paris. Várias outras construções localizadas no centro merecem uma visita. Da Estação da Luz, localizada em frente à Pinacoteca do Estado de São Paulo à Estação Júlio Prestes, com sua arquitetura no estilo beaux-arts que abriga a Sala São Paulo, construída no final década de 90 para ser a casa da Orquestra Sinfônica de São Paulo e onde se podem ouvir orquestras internacionais.
Poderia escrever linhas infinitas sobre a quantidade de coisas para se ver só no centro histórico, mas vou destacar quatro: o Mercado Municipal, onde se pode comer o famoso sanduíche de mortadela ou o pastel de bacalhau (lembrem-se que pastel, para o brasileiro, é uma pastelaria salgada e frita em óleo quente – vale a pena provar), o Copan, desenhado pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer, o Martinelli, primeiro arranha-céu da cidade datado de 1929 e o Banespa, cuja vista do topo tem a fama de ser a mais bonita da cidade.
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A cidade é enorme e, talvez por isso, seus encantos, escondidos sob camadas de concreto, não possam ser percebidos por um recém-chegado. O ideal seria ter sempre um paulistano ao lado, daqueles apaixonados pela cidade, na hora de visitá-la, mas isso não significa que não se possa aproveitar a cidade caso não se conheça um local. Tome os devidos cuidados, não caminhe com a câmara fotográfica sempre exposta ou mostrando a carteira com dinheiro. Mas dê uma chance à cidade. Ela pode surpreender.



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