Flavio de Campos
VIVER
Papai e eu tínhamos o hábito de, terminado o Jornal Nacional, andar na Praia do Leblon.
Numa dessas andanças, passamos um tempo sem falar nada. Ele, por não ter o que falar; eu, porque ardia em angústia. Passa um tempo e eu:
- Pai, eu não sei viver.
Meu pai pára de andar e, entre meigo e irritado, gesticula:
- E eu sei, Flavio!? E essas pessoas andando pra lá e pra cá, por acaso elas sabem, Flavio!? Oh, que frase pomposa: "Pai, eu não sei viver!" Vem, Flavio, vamos continuar andando. A ver se a gente aprende alguma coisa.
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