quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Louise Glück / A íris selvagem

 


Louise Glück

A ÍRIS SELVAGEM

Louise Glück / El iris salvaje


No fim do meu sofrimento
havia uma saída.

Ouça-me: do que você chama de morte,
eu me lembro.

Acima, ruídos, ramos de pinheiros se movendo.
Depois, nada. O sol fraco
cintilou sobre a superfície seca.

É terrível sobreviver
como consciência
sepultada sob a terra escura.

E então acabou: aquilo que você mais teme, sendo
uma alma e impossibilitada
de falar, terminando abruptamente, a terra dura
cedendo um pouco. E o que me pareceu serem
pássaros se movendo por entre os arbustos rasteiros.

Você que não se lembra
da passagem do outro mundo
eu lhe digo o que poderia falar vezes sem conta: o que quer que
retorne do esquecimento retorna
para encontrar uma voz:

do centro da minha vida surgiu
uma grande fonte, profundas
sombras azuis na água azul do mar.





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