Mark Twain |
“Reflexões contra a religião”,
de Mark Twain
Hoje irei convidá- los à reflexão, tal como sugere o livro “”, de Mark Twain. Uma obra curta, só tem 55 páginas, mas muito forte e valente. Twain teve coragem de escrever contra o cristianismo numa época complicada. O que ele viu, é o que vejo. Uma tentativa de que caiam as dos olhos?
O americano Mark Twain (1835- 1910), escreveu as célebres obras, “As aventuras de Tom Sawyer” e “As Aventuras de Huckleberry Finn”, entre outras.
Este livro demorou 53 anos para ser publicado, só depois da morte de Twain (pseudônimo de Samuel Langhorne Clemens), em 1910. A sua filha, Clara, opôs- se por medo da ira de cristãos próximos, principalmente da reacionária Mary Bake Eddy. Alguns fragmentos foram publicados na biografia do autor em 1912, mas foram adulterados e adocicados para não chocar os leitores da época.
Conhecendo a história da Igreja (qualquer uma cristã) e sabe ler a intencionalidade das suas obras e textos, não pode pertencer a este grupo. É necessário estar num nível de alienação muito grande, fora da realidade e da razão, para cultuar esta religião. Virei em outra ocasião para falar sobre a APOSTASIA, anotem este nome.
Irei transcrever alguns trechos (minha tradução) da edição espanhola. Twain escreveu isto em 1906, perto de falecer:
Nossa Bíblia nos revela o caráter de nosso Deus com exatidão minuciosa e cruel. Trata- se claramente, do retrato de um homem- se é que um homem tão carregado e sobrecarregado de impulsos, cuja maldade vai mais além de todo o ser humano (…) No Antigo Testamento, seus atos revelam, uma e outra vez, sua natureza injusta, avarenta, impiedosa e vingativa. Sempre castiga: castiga delitos insignificantes com uma severidade mil vezes superior; castiga às crianças inocentes por culpa dos seus pais, castiga às populações inocentes por culpa dos seus governos; chega a rebaixar- se e desencadear vinganças sangrentas sobre bezerros, ovelhas, cabras e bois castigando- os por pequenas transgressões de seus proprietários (p. 13).
Sobre a Bíblia, o livro mais “comprado” do mundo, lido já é outra história. Quem lê as escrituras com atenção e senso crítico vai perceber muitas coisas “estranhas”.
Agora um caso particular, ninguém me contou, eu vi o documento com meus próprios olhos: a minha família ancestral foi vítima da maldade e arbitrariedade da Igreja Católica em Portugal. Um dos meus avós, Gabriel, foi encontrado morto num palheiro em Paços do Ferreira, justo no primeiro dia do ano de 1832. Já idoso, havia passado mal e ficado um dia de cama antes de falecer. A filha, Justina, não avisou a Igreja que ele tinha ficado doente, provavelmente porque tenha melhorado, tanto, que saiu para o campo. Ele faleceu sem os sacramentos, sem a extrema- unção, e por isto, Justina teve que pagar 500 réis de multa. Se não puderam receber pelos “sacramentos”, recebiam depois do mesmo jeito em forma de multa. Vocês sabem: os sacramentos não são obrigatoriamente pagos, mas “meus filhinhos, um coração bom e cheio de fé tem que doar à Igreja, pois ajuda os necessitados, e também, a Igreja tem necessidades materiais, Deus irá te recompensar”. Com este discurso, a Igreja católica tornou-se dona de um dos maiores patrimônios da Terra, estima- se que em três trilhões de dólares. No registro do meu avô Gabriel (antepassado direto, 7ª geração), está escrito “pobre”. Eram pessoas simples do campo. Além de não ter dinheiro, de ter perdido o pai em pleno Ano- Novo, ainda foi punida ao invés de consolada. Deus mora entre as paredes de uma Igreja Católica?! Eu tenho certeza que não! Nem no passado e nem no presente.
Os sacramentos não deveriam ser pagos, não? Mas o casamento é um sacramento e custa caríssimo: na cidade de São Paulo, a depender da Igreja e do horário, pode custar entre 600 a 10 mil reais, um super negócio excepcionalmente lucrativo. Quem consegue ganhar tanto por uma hora de trabalho?!
Quem tem parentes portugueses pode procurar registros eclesiásticos no site http://www.tombo.pt. Há também material sobre a vergonhosa Inquisição da Igreja Católica. Eles convertiam, prendiam, expulsavam e matavam quem ia contra a Igreja. Inclusive, muitos portugueses e espanhóis judeus, os sefarditas, fugiram para o Brasil nesta época (1500). Há uma tentativa de reparação histórica dos governos português e também espanhol, onde dão a nacionalidade para quem conseguir provar através da sua árvore genealógica o vínculo com a comunidade judaica. Em tempo: o trâmite na Espanha já foi finalizado, segue só o português.
Twain continua sua explanação sobre Adão e Eva ridicularizando a lei de não comer a maçã, que ele compara ao que se faz numa creche com bebês. Ridículo mesmo e em qualquer tempo. A figura de Adão é apresentada como uma criança de dois anos. Algo absurdo assim: “homens são puros e inocentes e as mulheres são más, frágeis, irresponsáveis e desobedientes, por isto têm que ficar submetidas aos homens”, foi criada da costela do Adão, comeu a maçã… essa é a mensagem subliminar do cristianismo, que sustentou o machismo por milênios.
Veja como tudo é incoerente e inverossímil, mas ainda assim conseguiram convencer os cristãos de algo tão absurdo e ilógico:
Deus idealizou engenhosamente o homem de maneira que não possa evitar obedecer às leis da paixão, de seu apetite e de suas qualidades desagradáveis e indesejáveis. Deus o idealizou também de modo que todas suas idas e vindas estejam semeadas de armadilhas insuperáveis que o obrigue a cometer o que se chama pecados, e depois Deus o castiga por fazer precisamente as coisas que, desde a origem dos tempos, Ele sabia que cometeria.
Agora, Twain critica o quão “misericordioso” é Deus:
“Decretou- se que todos os descendentes de Adão, até o último dia, pagariam as transgressões que cometeu sobre essa lei de creche com que foi fulminado o bebê de fraldas. Durante milhares de anos, sua descendência, indivíduo por indivíduo, foi presa de caça, assediada por mil calamidades em castigo por essa besteira juvenil, que grandiloquentemente, chama- se o Pecado de Adão. E ao longo deste vasto lapso não faltaram rabinos, papas, bispos, padres, párocos nem escravos laicos para aplaudir a infâmia, sustentar sua justiça e retitude intocáveis e cultuar seus autor em termos tão grosseiros e extravagantemente aduladores que ninguém, senão um Deus, seria capaz de escutá- los sem esconder a cara e morrer de desgosto e estupor.
Twain escreveu em 1906 (p.48):
A estes bandidos celestiais, olham o coelho humano em sua ingenuidade, boa fé e falta de lógica, esperando o Céu dito eterno que será sua recompensa por ter suportado pacientemente as privações e sofrimentos que lhes infligiram aqui embaixo sem merecer durante dois ou três anos em alguns casos; cinco ou dez em outros, trinta ou quarenta ou cinquenta em outros; sessenta, setenta, oitenta em outros. Como sempre, quando a Deidade é juíza, as recompensas são enormemente desproporcionais com respeito aos sofrimentos- e de todos os modos, o assunto é sistemático-. Não se obtém mais Céu por haver sofrido oitenta anos que por morrer de sarampo aos três.
Eu não sei quanto tempo este blog vai durar, nem o que vai acontecer com ele no futuro, mas eu não poderia deixar de escrever este texto. Espero que ele sirva para que as pessoas pesquisem e descubram a intencionalidade da Igreja Católica e da Evangélica também (que é igualmente nefasta, assim como todas as religiões da face da Terra), que é manipular as pessoas através do medo, da culpa, do pecado e da punição. Tudo isto é contrário ao amor e à natureza humana, que em essência, é boa. Seja uma boa pessoa: não seja um bom cristão, não lhes renda satisfações, não lhes pague dízimo, eles não são intermediários de Deus, eles são nada, não têm nenhum poder místico ou mágico. A melhor religião? O amor. Ser uma boa pessoa é conectar- se com o bem, não olhar o outro como inimigo, ver o amor nas suas mais variadas formas e nas coisas simples, na natureza. Aí mora Deus. Não é porque você fica de joelhos diante de uma imagem, reza vinte terços, faz promessas e implora perdão, que algo irá acontecer de bom ou ruim por causa disto. Se acontecer, será pura coincidência, iria passar você fazendo isto tudo ou não. Dizer que ama ou pedir desculpas a alguém que você magoou, faz mais milagres que orar a alguma entidade com forma humana, igual de “pecadora” que você. Pecado é um conceito religioso e é uma tremenda bobagem. O pecado só existe se você acreditar. O que existe são humanos que erram e acertam, e isto é natural, não é pecado.
A Igreja não tem nada a ver com religiosidade, é um negócio que deu muito certo e foi se replicando. Foi criada por alguns “espertos” para dominar as massas através de mentiras, crueldade e opressão, para enriquecer e para que seus membros tenham muito poder e que possam viver melhor que reis. E vivem. Mas só se você continuar permitindo.
FALANDO EM LITERATURA
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