Margaret Atwood |
Variações da palavra dormir
Queria te ver dormindo,
o que talvez não aconteça.
Queria te ver ver,
dormindo. Queria dormir
contigo, entrar
no teu dormir enquanto a suave onda escura dele
desliza pela minha cabeça
e andar contigo por aquela luminosa
floresta oscilante de folhas azuis-esverdeadas
com seu sol aguado & suas três luas
em direção a caverna em que deves descer,
em direção ao teu maior medo
Queria te dar o galho prateado,
a pequena flor branca, a exata
palavra que irá te proteger
do luto no meio do teu
sonho, do luto
no meio, eu queria te seguir
pela longa escadaria
de novo & me tornar
o barco que te levaria de volta
cuidadosamente, uma chama
entre mãos em concha
aonde teu corpo descansa
do meu lado, e enquanto retornas
a ele tão fácil quanto inspirar
queria ser o ar
que te habita apenas por um
instante. Queria ser tão imperceptível
& tão essencial quanto.
Margaret Atwood |
Variation on the word sleep
by Margaret Atwood
I would like to watch you sleeping,
which may not happen.
I would like to watch you,
sleeping. I would like to sleep
with you, to enter
your sleep as its smooth dark wave
slides over my head
and walk with you through that lucent
wavering forest of bluegreen leaves
with its watery sun & three moons
towards the cave where you must descend,
towards your worst fear
I would like to give you the silver
branch, the small white flower, the one
word that will protect you
from the grief at the center
of your dream, from the grief
at the center I would like to follow
you up the long stairway
again & become
the boat that would row you back
carefully, a flame
in two cupped hands
to where your body lies
beside me, and as you enter
it as easily as breathing in
I would like to be the air
that inhabits you for a moment
only. I would like to be that unnoticed
& that necessary.
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