Alexei Antonov |
Les Murray
Poesia e religião
Religiões são poemas. Eles combinam
nossa mente em vigia e os sonhos, nossas
emoções, instinto, respiração e gesto nativo
nossa mente em vigia e os sonhos, nossas
emoções, instinto, respiração e gesto nativo
em um só pensamento completo: poesia.
Nada é dito até ser sonhado em palavras
e nada é verdadeiro se estiver em palavras apenas.
Nada é dito até ser sonhado em palavras
e nada é verdadeiro se estiver em palavras apenas.
Um poema, comparado com uma religião ordenada,
pode ser como o casamento curto de uma noite de um soldado
pelo qual viver e morrer. Mas essa é uma religião pequena.
pode ser como o casamento curto de uma noite de um soldado
pelo qual viver e morrer. Mas essa é uma religião pequena.
A religião plena é o grande poema em amada repetição;
como todo poema, deve ser inexaurível e completa
com pontos onde perguntamos Mas por que o poeta fez aquilo?
como todo poema, deve ser inexaurível e completa
com pontos onde perguntamos Mas por que o poeta fez aquilo?
Não se pode rezar uma mentira, disse Huckleberry Finn;
não se pode pô-la em verso, também. É o mesmo espelho:
móvel, insinuante, chamamos poesia,
não se pode pô-la em verso, também. É o mesmo espelho:
móvel, insinuante, chamamos poesia,
fixado centralmente, chamamos religião,
e Deus é a poesia capturada em qualquer religião,
capturada, não presa. Pega como num espelho
e Deus é a poesia capturada em qualquer religião,
capturada, não presa. Pega como num espelho
que ele atraiu, estando no mundo como a poesia
está no poema, uma lei contra seu fechamento;
Haverá sempre religião enquanto houver poesia
está no poema, uma lei contra seu fechamento;
Haverá sempre religião enquanto houver poesia
ou falta dela; Ambas são dadas, e intermitentes,
como a ação daquelas aves – rola-de-crista, papagaio multicolorido –
que voam com as asas fechadas, depois batendo, e fechadas novamente.
como a ação daquelas aves – rola-de-crista, papagaio multicolorido –
que voam com as asas fechadas, depois batendo, e fechadas novamente.
Les Murray é um poeta australiano nascido em Nabiac, um povoado costeiro de New South West, e é considerado um dos escritores australianos mais importantes da atualidade.
Ao publicar seu primeiro livro, A árvore de Ilex (1965) ganha o Prêmio Grace Leven de Poesia e é convidado para o Festival de Poesia da Conferência de Artes da Comunidade Britânica, em Cardiff. Em sua primeira aparição no estrangeiro, a antologia Modern Australian Writing, recopilada por Geoffrey Dutton e editada em Manchester, em 1966, é publicado seu poema “Na Rodovia”, onde já se revela a sensibilidade e a estética que caracterizam toda sua obra. Em 1967, depois de um longo giro pela Europa, regressa a seu país.
Grande parte de sua obra aparece em verso livre e em outras utiliza estruturas mais clássicas. Em Os meninos que roubaram o funeral (1980), por exemplo, a anedota se constrói como um romance armado em cento e quarenta sonetos.
Alguns de seus livros de poesia são Poemas contra economistas (1972), A república vernacular (1976), Rádio étnica (1977), A roda idílica (1989), Poemas sub-humanos de pescoço vermelho (1996), Consciência e verbo (2000) e Poemas tamanho fotografias (2002), entre outros. Murray também tem publicadas várias coleções de crônicas e artigos, e é, também, um dos mais influentes críticos literários do país.
Adriana Santa Cruz
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