Lena Headey / Cersei Lannister |
Ranking da crueldade: os personagens mais perversos de ‘Game of Thrones’
Nunca um seriado teve um nível de perversão tão selvagem. Se o número 20 desta lista já é um completo desalmado, imaginem o número 1
JUAN SANGUINO
25 JUN 2016 - 16:26 COT
25 JUN 2016 - 16:26 COT
Stannis Baratheon, Petyr Baelysh, Melisandre e Ramsay Bolton derramam sadismo por todas as partes.
Assistir a Game of Thrones é um desafio. Domesticados pela violência pop de Hollywood, os espectadores partem do pressuposto de que há limites morais que o seriado não se atreverá a ultrapassar. Que ingênuos. Este é nosso erro: acreditar que Game of Thrones tem limites. Quando pensamos que o pior já passou, vem um personagem e decide atirar seu irmão recém-nascido aos lobos. A anarquia sangrenta de Westeros não pode ser julgada com os valores éticos do mundo real – muito menos, os católicos. Aqui nem os bons serão recompensados nem os maus pagarão por seus atos.
Entre tanta crueldade selvagem, a série coloca outro desafio: relembrar e identificar os personagens que entram e saem da história, normalmente para corromper nossa inocência um pouco mais. No entanto, estes 20 miseráveis conseguiram ficar gravados em nossa memória, ao entortar nossas expectativas e redefinir o conceito de crueldade. O número 20 da lista é muito cruel. A partir daí, as coisas só pioram...
Atenção: se você não está atualizado em relação à série, este texto pode revelar parte da trama.
20. Septa Unella
Sem sujar as mãos de sangue, foram necessárias apenas duas palavras (“shame” e “confess” – “vergonha” e “confesse”) e um chocalho para entrar no hall da fama dos vilões de Game of Thrones, com muito mérito. Septa é tão perturbada que conseguiu fazer Cersei Lannister parecer um bebê indefeso.
Sua maior crueldade: Humilhar Cersei publicamente sem se deixar abater e sem pestanejar.
19. Jaime Lannister
Quando a série estreou, em 2011, sentimos uma grande curiosidade por esta luxuosa mistura televisiva de O Senhor dos Anéis e Caverna do Dragão. Tudo caminhava de acordo com o previsto (uma família de nobres hospedando outra). Mas no final do primeiro episódio Bran Stark brincava pelos telhados quando flagrou Jaime em brincadeiras nada inocentes com a própria irmã, Cersei. Sem se alterar, Jaime fechou a braguilha e empurrou o rapaz pela janela. Aquele encerramento nos deixou pregados ao sofá e mostrou que esta série era bem diferente. “As coisas que faço por amor...”, disse Jaime para se justificar. Parecia uma piada macabra, mas que acabou definindo Jaime: sua implacável imoralidade responde à paixão obsessiva que sente por sua irmã, a quem protegerá a todo custo. Sua redenção é uma das viagens mais emocionantes da série.
Sua maior crueldade: Violar sua irmã Cersei ao lado de seu filho Joffrey.
18. Randyll Tarly
Levar a namorada para conhecer seus pais é sempre algo incômodo. Mas na casa dos Tarly pode ser uma tortura. Em apenas uma cena, Randyll exibe seu racismo, sua misoginia e seu fat-shaming (humilhando seu filho Sam por sua obesidade).
Sua maior crueldade: Cada uma de suas frases é um insulto a algum de seus comensais, o que deve exigir anos de prática.
Septa Unella, Jaime Lannister e Randyll Tarly.
17. Lysa Arryn
A irmã de Catelyn Stark poderia ter fechado esse enorme buraco no meio do salão, mas se não o fez foi porque tinha planos perversos. Ciumenta e paranoica, maltrata sua sobrinha Sansa estendendo a tortura da pobre jovem, que ainda não sabia que o pior estava por vir. A filha mais velha dos Stark sofreu, direta ou indiretamente, a crueldade de quase todos os personagens deste ranking.
Sua maior crueldade: Fingir ser a tia simpática e, mais tarde, tentar matar sua sobrinha.
16. Olly
O rapaz presenciou o assassinato de seus pais por selvagens e se uniu à Patrulha da Noite para defender a Muralha. Sua traição acaba na forca – um final triste porque Olly é, no fundo, uma vítima de um mundo impiedoso e sem justiça que ele nunca chegou a entender.
Sua maior crueldade: Montar uma armadilha mortal para Jon Snow, seu ídolo e o irmão mais velho que nunca teve.
15. Viserys Targaryen
No primeiro episódio do seriado, fomos apresentados à complicada relação entre Viserys e sua irmã Daenerys. A ambição repugnante de Viserys nos colocou imediatamente do lado dela, e assim seguimos. Sua morte atroz transformou Khal Drogo em um herói romântico: em vez de presentear sua esposa com ouro, atirou o metal fervendo sobre seu cunhado. Foi a primeira vez que aplaudimos a televisão com Game of Thrones. A primeira de muitas.
Sua maior crueldade: “Deixaria que todos os Dothraki e seus cavalos te violassem se for uma maneira de eu conseguir o trono”. É a frase mais sórdida que uma pessoa pode dizer à sua irmã antes do casamento.
Lysa Arryn, Olly e Viserys Targaryen.
14. A criança abandonada
Nunca o ciúme do irmão mais velho que não aceita bem a chegada do mais novo foi tão letal. Esta serva do Deus de Muitas Faces não engole Arya desde o princípio, mas nesta série implicar com alguém é sinônimo de arrancar seus olhos. No fim, ela se torna uma espécie de Exterminadora do Futuro em uma perseguição pelas ruas da cidade espanhola de Girona (com mais emoção que os jogos clássicos do futebol espanhol) que acabou devolvendo a Arya Stark o seu nome. Já estava na hora.
Sua maior crueldade: Levar o bullying a níveis sangrentos.
13. Craster
Game of Thrones já nos deixou sem palavras mais de uma vez, mas cada aparição deste homem que entregava seus filhos machos recém-nascidos aos Caminhantes Brancos desatava todo tipo de gritos escandalizados entre os espectadores. Analisando seu comportamento a partir da repugnância moral deste universo, desfazer-se de machos talvez não seja má ideia, vendo a ferocidade com que acabam traindo seus pais assim que crescem.
Sua maior crueldade: Abusar de todas as suas filhas.
A Criança Abandonada e Craster.
12. Ellaria Sand
Há poucos, muito poucos, personagens de pura bondade em Game of Thrones. Myrcella Lannister era uma delas. E levando em conta a família da qual saiu, essa doçura tem mérito duplo. Seu amor por Trystane era bonito demais para acabar bem e o beijo da morte dado por esta peste chamada Ellaria Sand a coloca neste ranking apenas por sua maldade gratuita. Não tinha nenhuma necessidade.
Sua maior crueldade: Corromper a tranquilidade no único reino onde as pessoas eram felizes, Dorne.
11. Theon Greyjoy
Os Stark acolheram Theon como um filho, e Robb estava disposto a lhe dar um posto de poder a seu lado. Mas ele queria mais. Queria tudo. Por isso, ateou fogo a Winterfell e aterrorizou os aldeões. Naquele momento, todos nós lhe desejamos o pior, mas quase acabamos nos sentindo mal por ele. Durante quatro temporadas, ele foi o dono do único pênis que apareceu na série, o que acabou sendo uma provocadora e sádica ironia.
Sua maior crueldade: Matar duas crianças ao acaso para se fazer de valentão.
Ellaria Sand e Theon Greyjoy.
10. ‘Cão de Caça’
Apesar de agora este monstro ser um bonachão quase cativante, na primeira temporada do seriado ele nos abriu os olhos para a filosofia sangrenta da “sociedade” de Westeros. Matava porque queria, e ninguém parecia se importar com isso.
Sua maior crueldade: Ninguém na trama triturou vidas de forma tão natural.
9. Melisandre
Na Espanha, todos se lembram de uma salva-vidas de San Sebastián de los Reyes que misturou acidentalmente dois produtos tóxicos em uma piscina e produziu uma nuvem de cloro que levou à evacuação de sete prédios de apartamentos, além de sua desculpa esfarrapada. Pois Melisandre é como ela, mas com magia negra. Utilizando o sexo como arma e exibindo um colar que Cher certamente gostaria de ter, Melisandre sofre uma crise de fé ao perceber que parir uma sombra assassina para matar o irmão de Stannis talvez não tenha sido uma boa ideia. Demorou, Melisandre.
Sua maior crueldade: Convencer Stannis de que queimar viva sua filha os traria sorte na batalha (e assim ele fez).
‘Cão de Caça’ e Melisandre.
8. Petyr Baelish, o ‘Mindinho’
Suas mãos estão limpas, mas onde quer que haja problemas ele sempre aparece. Os fracassos (ou seja, as mortes desmembradas) dos demais são seu trunfo. Se continua saindo de vez em quando para maquinar como um manipulador de marionetes é porque a série reserva para ele um final apoteótico. Quem sabe não será ele quem acabará reinando quando todos os demais se matarem entre eles?
Sua maior crueldade: Ser o artífice da queda dos Stark, mais concretamente da morte de Ned.
7. O Alto Pardal
Quando parecia que Westeros não podia se complicar mais, o rei Tommen decide decretar um estado confessional. Por trás disso está um afável vovozinho cujo poder foi inicialmente impulsionado por Cersei, que ainda deve estar se arrependendo de ter começado a ir à missa. Em outra nota, sua arrepiante semelhança com o papa Francisco mostra que os criadores da série têm tão poucos escrúpulos como seus personagens.
Sua maior crueldade: A superioridade moral pode serão letal como o aço de Valíria.
Petyr Baelysh, 'Mindinho', e o Alto Pardal.
6. Stannis Baratheon
O irmão de Robert (rei por golpe de estado e falecido marido de Cersei) está convencido de que o trono lhe pertence. Em sua obsessão por vencer, mata seu irmão e sua filha, e faz com que questionemos o valor dessa vitória. Realmente vale a pena ser rei dos Sete Reinos? Esse trono só traz desgostos tanto a quem o possui como àquele que o deseja.
Sua maior crueldade: Usar como desculpa “foi a feiticeira que mandou” para cometer assassinatos abjetos.
5. Walder Frey
Quando Robb Stark descumpre a promessa de se casar com a filha de Frey, este se alia com os Lannister para montar uma armadilha. Quando em um casamento escutamos grandes sucessos como La Macarena, já sabemos o que vai acontecer. Mas em Westeros, quando a orquestra toca As Chuvas de Castamere, o resultado é o terrível Casamento Vermelho. E Walder Frey foi um dos grandes responsáveis. Aquela estarrecedora cerimônia é um dos pontos altos de Game of Thrones, ao capturar a essência da série: é quase insuportável a sensação de que a qualquer momento vai começar um banho de sangue, essas regras de honra que ninguém acata (com o pão e o sal como trégua) e esses respeitosos leitores dos livros que mantiveram silêncio para proporcionar aos espectadores a mesma emoção que sentiram anos antes. Shakespeare teria aplaudido de pé. Nós ficamos sem fôlego.
Sua maior crueldade: Divertir-se até demais enquanto apunhalavam a mulher grávida de Robb Stark, fazendo a série entrar em outro nível de selvageria do qual não há como voltar.
Stannis Baratheon e Walder Frey.
OS QUATRO MAIS CRUÉIS SÃO...
4. Tywin Lannister
No mundo de Game of Thrones, em que pais de família tendem à crueldade mais inconcebível, Tywin é o mais desumano de todos. Sempre encontrava novas maneiras de desprezar seus filhos, e traiu praticamente todo o mundo. Sua morte, sentado sobre a privada, tão indigna quanto memorável, é mais uma prova de que em Game of Thrones nunca se pode baixar a guarda.
Sua maior crueldade: Seu sadismo funciona por acumulação, mas os maus-tratos psicológicos com que ele destrói seu filho Tyrion é aterrorizante.
3. Joffrey Baratheon
Vendo como seus irmãos são tranquilos, é claro que as piores consequências da consanguinidade dos Lannister couberam a Joffrey. A maioria dos personagens desta série acabam sendo violentos, quase sempre por necessidade. Mas Joffrey é o que mais se aproveita disso, a ponto de não nos importarmos mais se esse sadismo era ou não sua culpa. Sequer o faz por ambição ou vingança, o que faz dele um monstro perigoso e incontrolável. O mais irritante é essa atitude de babaca com poder que acreditava que podia fazer o que tivesse vontade. Mal sabia ele...
Tywin Lannister e Joffrey Baratheon.
Sua maior crueldade: Torturar e matar prostitutas por diversão, transformando Game of Thrones em uma história de terror.
2. Cersei Lannister
A Fênix de Game of Thrones: a bela e implacável Cersei Lannister.
Não conseguimos tirar os olhos dela. Cersei caminha como um animal às vezes ameaçador, às vezes ferido. Mas sempre voraz. É a única vilã que encontra desculpas para sua maldade. E quanto menos familiares lhe restam, mas ferozmente ela os protegerá. Seu instinto maternal é visceral, o qual a humaniza e torna inevitável que gostemos dela um pouco. Seu gosto pelo vinho e as batalhas dialéticas com sua nora e com a sogra de seu filho desprendem uma mordacidade que o espectador até agradece em meio a tanta tragédia. Esse meio sorriso com que saboreia suas vitórias perversas delata sua estirpe: é uma mulher criada para ser cruel e a quem, no fundo, o poder não importa tanto como a salvação de suas crias. Cersei é vítima da ambição dos homens de sua família e sabe que se tivesse ido para o campo viver tranquilamente com seu irmão, ainda teriam sobrado filhos. Apesar de parecer que está liquidada, ela sempre encontra uma maneira de destruir seus inimigos. E quando chegar a hora não nos resta dúvida de que será daquelas que morre matando.
Sua maior crueldade: Há tantas... Mas a perseguição que empreende contra seu irmão Tyrion, inclusive acusando-o pelo assassinato de seu filho, é degradante.
E O MAIS PERVERSO DE TODOS É...
1. Ramsay Bolton
Viver matando, outra forma de existência. Assim é Ramsay Bolton.
Ramsay é um serial killer. Este sorriso de psicopata com que se diverte em cada um de seus assassinatos é chocante até para Game of Thrones. Ele não tem matizes: nem parece que é demasiadamente atraído pelo poder. Só quer matar e que a carnificina dure o máximo possível, até o ponto que, cada vez que irrompe na série, é para se superar a si mesmo em sua brutalidade. Seu gosto em matar por prazer transforma Joffrey Baratheon em um adolescente rebelde e Theon Greyjoy em uma vítima. A morte de Ramsay foi a única concessão ao espectador feita pela série: prepotente até o fim, covarde e despedaçado. Ele merecia. E nós também.
Sua maior crueldade: Ter a paciência de destruir mentalmente um ser humano, começando pelo que vai entre as pernas. A castração nunca é a solução. Não, Ramsey, isso não.
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