Rainha do Carnaval 2013 Sambódromo, Rio de Janeiro, 2013 Foto de Triunfo Arciniegas |
Os paparazzi do Sambódromo em busca dos anônimos da folia
- Fotógrafos trabalham no entorno da Passarela do Samba
- nos dias de desfiles para garantir aos foliões
- um registro profissional de suas fantasias
O Globo, 15 de fevereiro de 2013
RIO — Um carnaval de quatro madrugadas, 31 escolas de samba, 298 fotos e sequer uma espiadela na Sapucaí. Enquanto o som da bateria ecoa ao longe, Wagner Santos dita um ritmo próprio, e solitário, perambulando pelos bastidores do carnaval carioca (leia-se: as concentrações de todos os desfiles do Sambódromo, entre a Série A e o Grupo Especial). Na mira das lentes do fotógrafo freelancer, nada de musas purpurinadas ou celebridades de última hora. Apenas foliões em busca de um registro, mais profissional, da fantasia do ano.
— Não vejo o carnaval, só trabalho. Mas pelo menos acompanho a escola antes do público, quando ainda está se arrumando — pondera.
Cada foto ampliada, com borda e inscrição “carnaval 2013”, sai por R$ 15, ou R$ 10 para pagamento antecipado. O trabalho que se repete a cada carnaval começou por acaso em 1998, quando Wagner acompanhou um parente que desfilaria na Sapucaí.
— No dia, tirei algumas fotos de umas pessoas e no ano seguinte já era meu ganha-pão no carnaval — lembra. — O carnaval é um rendimento diferenciado. São só quatro dias e um volume bom de trabalho. No resto do ano, tenho que esperar pintar casamento, 15 anos, formatura...
Mas se a folia acaba na Quarta-Feira de Cinzas, a data marca apenas o início de uma nova jornada para Wagner. De Bento Ribeiro, onde mora, ele percorre a cidade de carro ou moto para distribuir as fotos.
— São quase dois meses entregando as encomendas. Com os gringos é preciso ser rápido porque a maioria vai embora já na Quarta-Feira de Cinzas. O restante, confirmo o dia por telefone e vou para a rua entregar.
Em tempos de smartphones e câmeras portáteis, esses paparazzi do “lado B do samba” já percebem mudanças na procura por seus serviços. Mas sempre há nichos de mercado. Walmir Dias se especializou em fotografar baianas e integrantes da Velha Guarda das escolas, a quem trata com intimidade.
— Cadê aquele sorriso bonito? — incentiva, com a câmera em punho.
— Ah, com esse peso aqui não tem sorriso certo, Walmir — responde a baiana da Imperatriz, que logo pede para enquadrar melhor o carro alegórico atrás de si.
São 15 anos fotografando no entorno da Sapucaí. No resto do ano, Dias trabalha como freelancer para revistas, sem deixar de frequentar as festas nas quadras das agremiações, onde garante os clientes do carnaval seguinte.
— Eu conheço todas elas, de qualquer escola. Fotografo aqui e depois sei onde encontrá-las — conta. — Como conheço, cobro preços mais populares. E reconheço que alguns colegas exageram no valor.
Apesar de estarem longe dos holofotes, os fotógrafos da concentração guardam na memória e em fotografias, é claro, os encontros que travaram com artistas em folias passadas. Com 20 carnavais no currículo, Valdir Dias ainda tem impressos os registros ao lado da apresentadora Ana Hickman e da eterna globeleza Valéria Valenssa:
— A gente fotografa muita gente famosa por aqui. Mas não dá para guardar tudo. Meu trabalho é entregar as fotos.
Ele lembra, porém, as dificuldades na profissão.
— Comecei trabalhando com uma máquina Polaroid. Foi uma época muito boa. Tirava a foto e ganhava dinheiro na hora. Quando acabou, foi um choque. Tive que parar de trabalhar, passei por dificuldade financeira. Mas a gente acaba se adaptando ao sistema. Comprei uma analógica, depois uma digital, e já são 20 anos nisso.
http://oglobo.globo.com/carnaval-2013/os-paparazzi-do-sambodromo-em-busca-dos-anonimos-da-folia-7596834#ixzz2L2nTCc7E
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