Jean de La Fontaine
O CORVO E A RAPOSA
O Corvo estava pousado em um galho baixo de uma frondosa árvore. No bico, trazia um queijo grande, cujo odor atraiu a esperta raposa. Ela ficou debaixo do galho e se pôs a elogiar o corvo.
- Bom dia, lindo corvo. Sei que você sabe cantar como nenhuma outra criatura desta floresta. Você é a glória destas paragens, com sua voz afável.
Diante de tamanha lisonja, mesmo sabendo que seu piar era medonho, o corvo ficou tomado pela vaidade, e querendo mostrar seus dotes canoros, afoitamente se pôs a cantar. O queijo escapou de seu bico direto para a boca da raposa, que lhe disse:
- Meu amigo, aprenda esta lição. É assim que vive o lisonjeiro, às custas de quem acredita nele. A paga pela lição é este queijo delicioso.
Foi-se embora a raposa, e o corvo, envergonhado, resmungou consigo:
- Velhaca!! Como pude ser tão idiota e acreditar nela? Mas juro que algo assim nunca mais vai me acontecer.
Fábulas de La Fontaine. volume I
São Paulo, Editora Escala, 1999, p. 8
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