Livro ‘Fire and Fury’: as mulheres da vida de Trump
Por Rita Silva Avelar
19.01.2018
Um relato dos primeiros nove meses do presidente americano na Casa Branca, o novo livro de Michael Wolff narra de forma incendiária todos os acontecimentos que marcaram o início do mandato de Trump, a par da sua personalidade controversa (e ameaçadora) e à luz das decisões políticas por si tomadas até à data. Entre as revelações que Wolff faz no livro estão as opiniões de alguns elementos da equipa de Trump sobre o próprio; as verdadeiras razões do despedimento do diretor do FBI James Comey; os motivos que afastaram o chefe de estratégia Steve Bannon depois do desentendimento do genro de Trump, Jared Kushner (casado com Ivanka Trump); o segredo da comunicação com Trump; e o que é que a administração do presidente tem em comum com o filme The Producers.
Mas há mais: numa abordagem à sua vida pessoal, Wolff fala sobre as mulheres da vida do presidente americano, da primeira-dama, Melania Trump, à sua diretora de comunicação atual, Hope Hicks. No caso da relação com a sua mulher, o seu terceiro casamento, os relatos de Wolff revelam aquilo que se esperava: o casal pouco se encontra, mesmo quando estão ambos na Trump Tower levam semanas sem se cruzarem. Um pai ausente para os seus primeiros quatro filhos, Trump ainda o foi mais com Barron, o filho que tem em comum com Melania. Sobre Ivanka, o autor traça um retrato de uma filha que segue as pisadas do pai sem qualquer tipo de escrúpulos. Líder, com o marido, de um negócio milionário relacionado com compra e venda de obras de arte, Ivanka aproveitou a campanha presidencial do pai como um embalo ao próprio negócio, algo que permanece, como uma premissa, até hoje. Em última instância, Ivanka não se envergonha das decisões políticas de Trump: por outro lado, reforça-as, remetendo-se ao silêncio. Exceto quando, recentemente, e depois da cerimónia dos Globos de Ouro, usou o Twitter para expressar o seu apoio ao movimento #MeToo. O que levantou uma onda de comentários de protesto por parte de várias atrizes, que criticaram o cinismo de Ivanka, que nada fez para mudar o comportamento sexista do pai, ele próprio acusado de assédio sexual, ao longo destes nove meses.
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