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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Veneza e o eterno presente / O grande arcano dos sonhos!

 




Veneza e o eterno presente

O grande arcano dos sonhos!

13 NOVEMBRO 2019,
MARIA ANTÓNIA JARDIM

Veneza / Uma cidade que naufraga com seus turistas

Veneza não esquece Casanova, seu libertino universal


Veneza é uma ilha?

Na verdade, a cidade é um conjunto de 124 ilhotas que começaram a ser habitadas e anexadas umas às outras a partir do século VII.




Cada pedacinho da cidade possuía geralmente uma igreja, um campo (a praça) e um poço, e eram as pontes que interligavam uma parte à outra. Diferente do que muita gente pensa, Veneza não é mar e sim uma lagoa separada do mar por pequenas porções de terra.

Sabia que Veneza tem a curiosa forma de um peixe ?!

Espreitamos os canais da Sereníssima e encontramos resquícios de ostras adriáticas incrustadas nas paredes e muros antiquíssimos, banhados por ondinas gondoladas a proporcionarem o espanto dos viajantes na cidade Onírica.



O sol põe-se devagar e o nosso olhar demora-se na cor e brilho lunares, nas 4 estações de Vivaldi que ecoam um pouco por todo o lado e na contemplação dos Palácios que começa agora!!!!

O “ Agora” é o tempo de Veneza, um eterno Presente inesquecível, feito de nós e dos laços de nós ainda…feito de memória e sonho, de filmes impressionantes: Morte em Veneza! Casanova!; de vidas inspiradas e inspiradoras como a de Peggy Guggenheim ou de Marco Polo que nos entusiasmam a descobrir a Geografia do Outro!




Veneza dos festivais e das Bienais, das esculturas excêntricas, da arquitectura de contos de Fadas e da Pintura perfeita e imperfeita da música e canto das Sereias Doces…Veneza é um corpo onírico que se entranha a cada instante num dolce fare niente num brinde de Spritz e garfada de Tiramisu!

Veneza cruza e amplia discursos artísticos, místicos e afectivos nas suas praças e ruelas e pontes e jardins; num virar de esquina uma criança corre para o colo do pai ao final do dia, no parque infantil da creche e quem passa partilha aquele Mo(nu)mento e sorri porque até parece impossível que algo tão normal pareça tão anormal num local de Sonho!

Veneza loura, grisalha, ruiva, alegremente triste e especialmente bela…Murana e por isso arco-íris, sempre espetentacular!

Bamboleando entre canais e o Grande Canal, brindo a uma realidade que ultrapassa qualquer ficção; brindo ao sonho que realizou esta obra-prima. Festejo Veneza em mim. Veneza, a Feiticeira Sorriso que se multiplica em cada rosto/ máscara, nas badaladas imprevistas em que o beijo é uma intenção e desejo permanentes!

Veneza das Sombras que nos acompanham em silêncio; das encruzilhadas, dos leões alados que a governam!

Veneza, sedutora, desejada, alquímica, pincelada num Arcano Maior: O Sonho, como mistério a desvendar com o coração!

WSI




sexta-feira, 20 de abril de 2018

Veneza / Uma cidade que naufraga com seus turistas


Navio entrando em Veneza  GETTY


Veneza, uma cidade que naufraga com seus turistas

Cidade italiana está ameaçada de perder o título de patrimônio da humanidade por causa de cruzeiros


DANIEL VERDÚ
20 NOV 2017 - 15:51 COT

Veneza é um parque temático de luxo em que a pessoa paga, olha e fica calada. Esse é mais ou menos o resumo feito na semana passada por seu prefeito, Luigi Brugnaro, para justificar que um restaurante próximo da praça São Marcos cobrasse a uma família de três pessoas que não falava italiano 526,50 euros (2.010 reais). Os turistas, indignados porque lhes tinham trazido pratos que não haviam pedido, pagaram a conta e escreveram uma carta ao prefeito porque essas coisas “podem arruinar a reputação de Veneza”. Não queriam reembolso, disseram. Só lamentar o ocorrido. A resposta de Brugnaro em uma entrevista à Sky 24 foi ainda mais surpreendente: “A pessoa come e bebe, e depois diz não saber italiano. Se você vem à Itália, aprenda a língua, e até um pouco de veneziano. Comeram uma lagosta e nem sequer deixaram gorjeta”. Uma explicação, em suma, que fala de todo um modelo.
A superexploração turística de Veneza, a cidade do mundo mais afetada por este setor (55.000 habitantes para 24 milhões de visitantes por ano) se aprofundou com a chegada dos navios de cruzeiro. Este ano desembarcaram 2,5 milhões de passageiros e o encanto de sua laguna voltou a se transformar em um grotesco postal com barcos gigantes a poucos metros do Palácio Ducal. Por isso, o Governo aprovou, para entrar em vigor em janeiro de 2018, a redução gradual no tráfego dessas megaembarcações. Por ora, o acesso ficará aberto aos com menos de 55.000 toneladas; os que superem esse peso serão desviados à passagem de Malamocco e atracarão no porto de Marghera, em Mestre.
Isto será suficiente? A medida responde a uma das condições impostas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para evitar que Veneza fosse eliminada da lista de cidades patrimônio da humanidade. Um plano para que o frágil ecossistema urbano de 455 pontes que unem as 118 ilhas da cidade não fique à deriva. Mas o projeto anunciado pelo Ministério da Infraestrutura e Transportes italiano não convenceu as organizações, que recolheram 18.000 assinaturas em defesa da remoção completa dos navios de cruzeiro da Laguna e seu desvio para Trieste. No momento todos os dias continuam atracando até seis cruzeiros com 4.000 pessoas a bordo.
A verdade é que Veneza se converte rapidamente em um belo cenário cada vez mais vazio. Sua população se reduziu em dois terços desde meados do século passado, também pelos estragos causados pela aqua alta – as marés que inundam os pontos mais baixos da cidade. Hoje continua a cair a um ritmo de 1.000 pessoas por ano, enquanto no mesmo período chegam mais turistas que destroem o tecido comercial e residencial. Em 12 de julho, o chefe da polícia restringiu o número de participantes e barcos na festa do Redentore. Em seguida se falou em frear o fluxo em toda a cidade, colocando obstáculos ou cobrando entrada: a caixa de pandora definitiva para a picaretagem. Mas não seria estranho, levando-se em conta que os italianos têm que pagar para ter acesso à maioria das praias.



quarta-feira, 18 de abril de 2018

Veneza não esquece Casanova, seu libertino universal



Veneza não esquece Casanova, seu libertino universal

A cidade inaugura o primeiro museu do mundo dedicado ao escritor e aventureiro


ÁLEX VICENTE
Veneza 15 ABR 2018 - 17:12 COT

Quando Carlo Parodi se mudou para Veneza, há alguns anos, se pôs a seguir o rastro de seu herói da infância, Giacomo Casanova, que nasceu na cidade italiana em 1725. O empresário lombardo descobriu que havia um único local para recordar sua memória. E que não estava necessariamente à altura de tão lendário personagem: uma simples placa comemorativa instalada na rua Malipiero, discreta travessa ao lado do Grande Canal, onde Casanova nasceu e cresceu. Toda vez que passava por ali, descobria turistas amontoados em frente à inscrição, imortalizando o momento com uma selfie. “Pensei comigo que não era possível que essa fosse sua única marca em toda Veneza. Precisava fazer algo para resolver isso”, explica Parodi, que se dedica à importação de prosecco no Reino Unido.
Decidiu criar um museu, o primeiro dedicado ao escritor e aventureiro em todo o planeta, que abriu as portas semana passada, coincidindo com o 220º aniversário da morte de Casanova. Situado em um palacete dos anos 1400 no bairro de Cannaregio, o chamado Casanova Museum and Experience é mais experiência que museu.
Casanova é como um iceberg: só conhecemos uma parte minúscula dele
Parodi fez uma aposta diferente da de um museu tradicional. Para começar, sua coleção se limita a alguns livros e objetos. Que ninguém espere uma rigorosa orientação científica, ainda que os textos sejam abundantes e bem documentados. Mas seu perfil é sem dúvida lúdico. Ao cruzar a porta, o visitante coloca óculos de realidade virtual e com isso consegue transformar-se em Casanova e viver as mesmas andanças que o personagem protagonizou na cidade de onde teve de escapar três vezes, ao ver-se perseguido por seus costumes libertinos. “Não é um artista que pintou quadros que agora possamos contemplar. Na verdade, creio que é sua vida que é uma obra de arte”, afirma Parodi. “Por isso era conveniente encarnar o personagem e assim entender quem foi.” O designer Roberto Frasca, encarregado dos aspectos tecnológicos, completa: “Este é um museu da experiência, onde o visitante deve ser o protagonista e não um ser passivo que observa atrás de uma vitrine”.
Retrato de Casanova
Retrato de Casanova GETTY
Ao longo de seis salas, o museu explora todas as facetas de sua biografia. Diferentes hologramas e vídeos evocam sua vida e sua obra, entre vestidos de época e projeções de quadros do Canaletto, e até um quarto onde o visitante é testemunha de seus rituais de acasalamento. Apesar de tudo, a principal obsessão de Parodi foi a de destacar-se do mito do qual Casanova acabou sendo vítima. “Foi um grande sedutor, mas também um grande literato, músico, cientista, diplomata e agente secreto”, afirma o fundador do museu. “Casanova é como um iceberg: só conhecemos uma parte minúscula dele. Quis lhe devolver sua complexidade e ecletismo.” O novo museu recorda que conviveu com personagens como Rousseau, Voltaire e Mozart. Um aplicativo para celular completa a visita e permite percorrer vários pontos da cidade vinculados a Casanova, como o Sottoportego dei Do Mori ou o Caffé Florian, onde Casanova encontrava suas conquistas. “É uma ideia importante recuperar esse personagem histórico e voltar a situá-lo neste belo lugar. Se Casanova é um veneziano por excelência, é porque esta não é a cidade de quem nasce aqui, mas de quem decide retornar a ela”, explicou o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, durante a inauguração.
Casanova morreu na Boêmia, onde trabalhou como bibliotecário depois de cair no esquecimento e na miséria
Este é o primeiro museu Casanova, mas não será o último. No fim de 2018, Parodi abrirá outro centro idêntico em Praga, recordando que o aventureiro faleceu na Boêmia, onde trabalhou como bibliotecário a serviço do conde de Waldstein, depois de cair no esquecimento e na miséria. Também está finalizando uma versão itinerante da exposição que passará por algumas das cidades onde viveu: São Petersburgo, Paris, Londres e “uma cidade espanhola”, ainda a ser determinada. Em seu tempo, Casanova passou por Madri, Barcelona, Valência e Zaragoza entre 1767 e 1768, depois de expulso de Paris por seus indecorosos costumes. Fugiu depois de ser perseguido pela Inquisição e expulso da capital catalã, onde passou seis semanas em sua Ciudadela. Mais de dois séculos depois de sua morte, Casanova voltará a percorrer a geografia europeia.

FASCÍNIO PERMANENTE

Desde que suas exaustivas memórias de 3.500 páginas, História de minha vida, foram reeditadas nos anos 1960, depois de terem sobrevivido a um bombardeio dos aliados em Leipzig, Casanova voltou a se tornar objeto de fascínio. No fim do percurso, o museu veneziano passa em revista os filmes que se inspiraram em sua vida, dirigidos por todo tipo de cineastas, de Federico Fellini a Albert Serra. Numerosas biografias tentaram decifrar a chave de sua existência. Uma delas, assinada pela psicanalista Lydia Flem nos anos noventa, considerou-o um personagem pré-feminista e abrangeu sua sexualidade fluida e suas experiências com homens e mulheres. Outra mais recente, publicada em 2016, por Laurence Bergreen, destaca as carências afetivas que teriam sido provocadas pelo abandono de sua mãe, atriz que o deixou a cargo de sua avó e nunca lhe deu o amor de que necessitava. A Biblioteca Nacional da França adquiriu o manuscrito de História de minha vida em 2010 por 7 milhões de euros (cerca de 21 milhões de reais) o que o transformou na peça mais cara de sua coleção.
EL PAÌS