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sábado, 3 de setembro de 2016

Eternamente jovens? / Uma droga capaz de postergar a morte transformará a sociedade XLISTO

Eternamente jovens?

A medicina busca frear o envelhecimento e alongar a vida

Uma droga capaz de postergar a morte transformará a sociedade


JAVIER SAMPEDRO
6 JUN 2015 - 17:00 COT

Qual é o maior fator de risco para contrair doenças mortais? O tabaco, a radiação ultravioleta do sol, o sedentarismo, encher-se de açúcar? Nada disso: é o envelhecimento. Por essa razão, e porque a expectativa média de vida está aumentando nos países ocidentais e nas potências emergentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que o número de pessoas que sofrem das doenças da idade —infarto, câncer e neurodegeneração— vai dobrar nas próximas duas décadas. Que vantagem tem, então, viver cada vez mais?

terça-feira, 12 de maio de 2015

Eliane Brum / Vagina

Foto
EVELYN RUMAN / DIVULGAÇÃO

Vagina

Será que a revolução sexual falhou? Não é curioso que, neste ponto da aventura humana, o órgão feminino ainda ameace tanto? Evelyn Ruman, Casey Jenkins e Naomi Wolf são algumas das artistas que questionam a naturalização da violência contra o desejo das mulheres



Evelyn Ruman conta que desembarcou no Vaticano sentindo-se uma espiã da Guerra Fria. Ela tinha se imposto uma missão arriscada, subversiva. Dentro do bolso da sacola de equipamento fotográfico havia um vidrinho com um líquido vermelho e um tanto viscoso. Evelyn se agachou, abriu a tampa e jogou seu conteúdo no chão. O fluido se espalhou sobre a calçada, as pedras. Ela sacou a câmera fotográfica e começou a documentar sua transgressão. Desenrolou a imagem de uma mulher nua, de costas, e a estendeu no chão. O vermelho agora escorria de interiores femininos. Nenhum guarda apareceu para impedi-la, nenhum turista a perturbou. Missão cumprida. Evelyn acabara de jogar sangue menstrual no centro do poder católico.

- Por que você quis fazer isso?, pergunto a ela. “Porque a Igreja Católica representa tudo aquilo que vem oprimindo as mulheres por séculos, tornando a vagina algo feio e fazendo do sangue menstrual uma coisa nojenta.”
Era janeiro de 2012 e Evelyn participava da Bienal Internacional de Arte de Roma. Durante dois anos ela armazenara seu sangue menstrual na geladeira de casa, em São Paulo, para realizar a exposição que chamou de Sangro, logo existo. Seu casal de filhos, hoje com 23 e 18 anos, brincava que era o “carnição da mamãe”. Ao fazer esse percurso artístico, Evelyn se preparava para um momento doloroso para uma mulher: ter seu útero arrancado devido a um mioma. “Sempre gostei muito de menstruar”, diz ela.
Quando foi a Roma, Evelyn percebeu que sua menstruação estava atrasada. Para consumar seu objetivo, precisou pedir um pouco de sangue a uma feminista italiana, Sara Sacerdócio. Fez sua performance com sangue emprestado. A foto (ao lado) é uma das 27 imagens exibidas no EG2O (Escritório Galeria 2Olhares), na cidade histórica de Paraty, no litoral fluminense, até 6 de janeiro. Cinco delas ilustram esta coluna.
Evelyn trabalha desde 1988 com a autoimagem de mulheres. Presidiárias, internas de manicômios judiciários e instituições psiquiátricas comuns, camponesas de origem indígena, meninas com síndrome de Down, soropositivas para o vírus da Aids, ameaçadas por violência doméstica, velhas. Mulheres que a maioria prefere não enxergar. Nunca teve dificuldade para expor seu trabalho, premiado e reconhecido internacionalmente. Mas, quando tentou exibir sua obra moldada em sangue menstrual, encontrou as portas fechadas. Para mostrar o rosto de mulheres condenadas à invisibilidade, foi acolhida. Para mostrar seu corpo que sangra pela vagina não havia espaço. Talvez porque, ao expor o que se prefere escondido e envergonhado, a vítima tivesse virado o jogo. Em vez de compaixão, agora provocava medo.
 Evelyn descobriu-se sozinha. Mesmo outras mulheres, amigas fotógrafas, em todo o resto libertárias, classificaram suas fotos como “nojentas”. “Só consegui fazer a exposição porque abri minha própria galeria”, diz Evelyn. “Dá vontade de botar uma câmera para filmar a reação de nojo das pessoas, muitas delas mulheres, quando veem as fotos e percebem que é sangue menstrual, sangue que saiu de uma vagina, a minha. Se o sangue saísse de um pinto, será que teriam tanto nojo?”
 (Estou presumindo, claro, mas acredito que parte daqueles que leem este texto, a esta altura já soltaram alguns “que noooojo!”. Acertei? Ao comentar com alguns amigos que pretendia escrever sobre o tema, a reação foi: “Mas por quê?”. Por causa desta tua cara, respondi.)
Neste exato momento, a australiana Casey Jenkins realiza a performance que intitulou de Casting Off My Womb (em tradução livre,Tricotando o meu útero). A cada manhã, ela enfia um novelo de lã clara na sua vagina e tricota um cachecol. Ao menstruar, o tricô ganha rajados de vermelho sanguíneo e molhado. (vídeo aqui). O objetivo da intervenção, conforme ela declarou à imprensa, é tornar a vagina da mulher “menos chocante ou assustadora”. Casey queria mostrar que “a vagina não morde” ao ligá-la a um ato acolhedor e “quentinho”, identificado com avozinhas clássicas, como o de tricotar uma manta. O cachecol uterino que passa sensualmente pela vagina de Casey, acaricia seus grandes e pequenos lábios e faz cócegas no seu clitóris estará concluído ao final de 28 dias.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Patricia Ramírez / Comer sem sofrer


Comer sem sofrer

Se você é dessas pessoas que vivem angustiadas com alimentação e dietas, siga alguns conselhos para voltar a aproveitar as refeições de forma harmoniosa e relaxada

ILUSTRACIÓN DE ANNA PARINI
“Tenho uma terrível angústia que me leva a comer de forma compulsiva. Eu me sinto nervosa, estou frustrada no trabalho, chego em casa e só encontro problemas, as crianças com a lição, meu marido chega tarde porque está atarefado, não consigo seguir uma dieta e manter a motivação para perder peso, e me sinto culpada toda vez que saio do regime. Acalmo a ansiedade atacando a geladeira. Belisco mesmo sem ter vontade e acabo com o que sobrou do jantar das crianças. Adoraria poder comer em paz, aproveitar a refeição em vez de engoli-la e saber parar quando não tenho apetite. Quero perder peso, mas estou num loop que não me deixa viver.”
Comer de forma compulsiva pode ser um comportamento substitutivo. Nem sempre é algo que se faz pelo próprio prazer de comer, e sim para mascarar emoções como a frustração, a raiva, a tristeza e a ansiedade, provocadas pelo estilo de vida, as circunstâncias de cada um ou a forma de interpretar o ambiente onde se vive.
Comer, além de ser vital para a sobrevivência, também pode ser um prazer. Não apenas o ato em si, mas tudo o que o cerca: a arte de cozinhar, compartilhar uma noitada com alguém, o que se conversa durante e depois da refeição. Mas o ato de comer também pode virar um inimigo; a geladeira, o rival a derrotar; um cálculo matemático contando calorias e desencadeando um sentimento de culpa por consumir o que é proibido, numa verdadeira luta contra você mesmo.

Não há amor mais sincero que o amor
pela comida
George Bernard Shaw
Por que a ansiedade e a tristeza induzem ao consumo de alimentos calóricos, ricos em gorduras e carboidratos? São muitos os estudos demonstrando que alimentos como o chocolate reduzem a fome, melhoram o estado de espírito e estimulam a atividade. O consumo de carboidratos leva a estados de bem-estar e tranquilidade, e o açúcar influi na liberação de serotonina e endorfinas. Mas nem tudo o que reluz é ouro, pois um artigo da revista British Journal of Clinical Psychology informou que o prazer proporcionado pelo chocolate é de curta duração e costuma vir acompanhado de sentimentos de culpa para quem considera que não deveria consumi-lo.
A serotonina e as endorfinas desempenham um papel fundamental na regulação do bem-estar. As pessoas que não se realizam com o trabalho, que se sentem sozinhas, que se apegam a dietas impossíveis de seguir ou que vivem outras situações frustrantes acabam procurando consolo na comida, em lugar de solucionar o problema de origem. Afogar as mágoas abrindo a porta da geladeira e mantendo uma luta interna entre “quero comer, mas não devo” são atitudes que servem apenas como remendos para as emoções. Se isso realmente fosse eficaz, o sorriso e a tranquilidade ressurgiriam. Mas a verdade é que logo a pessoa volta a estar tão triste e ansiosa como antes de comer o que não foi uma escolha, e sim um impulso de saciar sua ansiedade.
A relação entre emoções e alimentação é bidirecional. O que se ingere provoca mudanças na conduta: a cafeína do café excita e desperta, o açúcar e a glicose dão energia, e o consumo de álcool desinibe. Os estados de humor também interferem nos hábitos alimentares. Uma vida equilibrada favorece condutas saudáveis. Se alguém pratica esporte, descansa de forma apropriada, gosta do seu trabalho, aproveita o tempo livre e dispõe de tempo para cozinhar de forma saudável e comer pausadamente, tenderá a se alimentar melhor. Uma pessoa que se esforça em fazer exercícios também se esforçará em escolher alimentos saudáveis.

ILUSTRAÇÃO DE ANNA PARIN

Para saber mais


I
LIVRO
‘Comer sin miedo’
J. M. Mulet
(Ed. Destino, em espanhol)
FILME
Para saborear o ato de comer
‘Simplesmente Marta’
Sandra Nettelbeck.
‘Julie & Julia’
Nora Ephron

Outra das variáveis que causam angústia com a comida é a necessidade absurda de responder a um cânone de beleza relacionado à perfeição. Perder peso de forma saudável, como aconselham os nutricionistas, é mais uma questão de bom senso do que de experiências que provocam privações e depois geram um efeito rebote, alterando o seu humor.
Viver em paz para comer com tranquilidade. Se você é dessas pessoas angustiadas com seu peso e com dietas e se deseja desfrutar da alimentação de forma tranquila e harmoniosa, experimente seguir os seguintes conselhos:
Tenha paciência e consiga um ritmo no qual tudo flua. Perder peso não é algo que se consiga da noite para o dia. Quanto mais exigente você for com seu objetivo, maior será a pressão. Seja sensato: é melhor um objetivo de longo prazo, que permita conciliar sua vida com as relações pessoais e o trabalho.
Não se trata de tudo ou nada. O que se tenta conseguir de forma imediata pode gerar um efeito rebote. Não faça tolices com a dieta. Consulte um profissional para orientá-lo. Não há milagres na perda de peso.
Não abuse do autocontrole. As pesquisas sobre a força de vontade e o autocontrole indicam que o sucesso depende da sua capacidade de dizer não e de decidir o que é certo. Mas, se você estica a corda e não se permite uma escorregada de vez em quando, isso também poderá levar você a um fracasso maior.

Planeje-se. Se você não quer comer o que não está nos seus planos, tenha a despensa cheia de coisas que esses planos permitem. Facilite. É muito difícil ter fome e não saber o que comer porque lhe faltam os alimentos permitidos. Não vá ao supermercado quando tiver fome.
Visualize aonde você quer chegar e como será sua vida quando conseguir o objetivo. Imagine o tipo de roupa que poderá vestir ou como se sentirá bem ao caminhar. Poderá começar a praticar esportes que agora cansam demais, e deixará de ter dores em articulações e complicações decorrentes do sobrepeso.
Seja flexível com você mesmo. Não há por que ser perfeito. Exigir-se demais e não se permitir uma margem de erro elevará seu nível de ansiedade e insatisfação. De vez em quando, e de forma planejada, decida em que vai transgredir a dieta: um almoço com amigos, uns petiscos na noite de sexta-feira ou alguma comemoração. Agora, não use esse “capricho” para comer descontroladamente, valendo-se da mítica frase “amanhã começo outra vez”.
Procure argumentos. As pessoas geralmente não sentem empatia por quem é capaz de controlar uma situação à base de sacrifício e renúncias. Em muitos casos, seu sucesso é o fracasso de outros. Haverá muita gente que ira incitá-lo a fugir da dieta, porque fracassar e cair nas tentações fará de você “um dos nossos”. Use a técnica do disco riscado, que consiste em repetir muitas vezes, com o mesmo tom de voz, a mesma frase: “Obrigado, prefiro continuar na dieta”. Não tente se justificar nem convencer os outros. Quando perceberem que você tem ideias claras e não se deixa abater, abandonarão a provocação.
Saboreie a refeição. Reserve um tempo para comer tranquilo, mesmo que seja só meia hora. Prepare uma salada atraente. A comida nos atrai não só pelo paladar, mas também pela visão.
Adie, não proíba. Quando sentir a necessidade imperiosa de um doce, não se martirize com um debate interno entre “poxa, vai lá, não tem nada de mais” e “o que você vai fazer com tudo o que já conseguiu?; nem pense nisso!”. Tente por conta própria adiar o desejo em lugar de proibir o capricho. O proibido é muito atraente, ao passo que adiar o impulso fará com que você se distancie dele e decida mais tarde se realmente continua com vontade ou se foi apenas um desejo momentâneo. Durante essa espera, acalme sua ansiedade com um chá, uma fruta ou com alguma atividade relaxante.
Pratique o bom humor e faça coisas agradáveis. Aproveite a vida. Ela é mais do que perder peso. Faça esporte, saia com amigos, leia e procure o prazer em novos hobbies. Se o seu estado de espírito for positivo, não precisará recorrer à comida para se sentir melhor.
Às vezes não são os quilos que pesam, e sim a mochila cheia de frustrações, de obrigações, de submissão ao que vão dizer ou do fato de sermos coadjuvantes no filme da nossa própria existência. Antes de começar a riscar alimentos da lista, elimine o que lhe aperta na vida.



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Morrer de tristeza

Ron Mueck
Morrer de tristeza

Um novo estudo reforça a associação entre a depressão e doenças cardíacas

Os cardiologistas norte-americanos incluem a tristeza profunda entre os fatores de risco


JAIME PRATS Valência 4 ABR 2014 - 19:19 BRT

     

Mulheres participam de sessão de tratamento contra a depressão no hospital St. Goran, em Estocolmo. / REUTERS
A tristeza não parece ser uma causa clinicamente válida para ser registrada no atestado de óbito. Ou para explicar aos familiares o motivo da internação de um paciente cardíaco. Entretanto, são cada vez mais conclusivos os dados que relacionam a tristeza extrema com os infartes e as patologias do coração em geral.
O mais recente desses trabalhos sugere que as vítimas de depressão moderada a severa apresentam um aumento de 40% no risco de sofrer insuficiência cardíaca. O estudo foi divulgado nesta sexta-feira no encontro EuroheartCare, que a Sociedade Europeia de Cardiologia realiza na Noruega. Para sua elaboração, os pesquisadores monitoraram durante 11 anos o estado psíquico e físico (com dados sobre o índice de massa muscular, atividade física, tabagismo e pressão arterial) de 63.000 dos 97.000 moradores da região norueguesa de Nord-Trondelag, e compararam essas informações com as internações e mortes por insuficiência cardíaca. “Concluímos que quanto maiores eram os sintomas depressivos, maior era o risco de sofrer problemas cardíacos”, afirma Lise Tuset Gustad, enfermeira intensivista responsável pelo trabalho. Entre os pacientes com depressão menos grave, a possibilidade de desenvolver problemas cardíacos era apenas 5% superior à média.
“Os indícios [de correlação] entre a depressão e a patologia cardíaca são cada vez mais sólidos”, acrescenta o presidente da Sociedade Espanhola de Cardiologia (SEC), José Ramón González-Juanatey. A ponto de que a principal sociedade norte-americana de cardiologistas (a American Heart Association) propôs em fevereiro acrescentar a depressão à lista de fatores de risco clássicos para pacientes com síndrome coronariana aguda (infarto), que já inclui hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo e colesterol alto.
“Já tínhamos visto trabalhos prévios sobre os efeitos da depressão entre pacientes que haviam sofrido infarto ou como fator de risco da doença coronariana”, aponta o presidente da SEC. Mas o trabalho apresentado ontem dá um passo além ao relacionar essa doença psiquiátrica com um âmbito mais extenso das lesões cardiovasculares, como é o caso da insuficiência cardíaca, o lance final de muitas cardiopatias, que se apresenta quando o coração é incapaz de bombear o sangue com força suficiente. Sua origem é muito diversa, podendo estar ligada a um infarto, a problemas com as válvulas cardíacas ou a um quadro de diabetes ou hipertensão em pacientes com evolução prolongada.
O trabalho norueguês também ofereceu outro aspecto interessante: a relação direta que se estabelece entre o desequilíbrio metabólico (hormonal, distúrbios em neurotransmissores) que caracteriza a depressão e os efeitos na saúde do coração.
Boa parte dos trabalhos publicados até agora incidia sobre os efeitos indiretos. A depressão severa é identificada pela tristeza, a apatia e a desesperança dos doentes, inclusive com ideias de morte e suicídio nos casos mais graves. Esse estado de ânimo afeta o estilo de vida dos pacientes. Se precisarem ser medicados, é fácil que deixem de fazê-lo ou esqueçam doses. Além disso, costumam fumar mais, comer pior, praticar menos ou nada de exercício e adquirir mais peso.
O estudo apresentado nesta sexta-feira admite essa associação. Mas, após excluir os efeitos potenciais do tabagismo e da obesidade nas pessoas analisadas, o trabalho destaca outros fatores diretos que vinculam a depressão à insuficiência cardíaca. “A depressão estimula a aparição de hormônios vinculados ao estresse, que induzem à aparição de fenômenos inflamatórios ou aterosclerose [a deterioração das paredes arteriais, num processo que pode provocar um infarto]”.
“É um pouco parecido com o que acontece com a raiva”, comenta González-Juanatey. O presidente da SEC cita um recente artigo publicado na European Heart Journal que descrevia como uma brusca descarga de catecolaminas (hormônios associados ao estresse) tinha impacto direto na hipertensão e no aumento de plaquetas no sangue, o que por sua vez elevava o risco de coágulos nas paredes vasculares. “Associava-se esse aumento do tom simpático [do sistema nervoso] a um maior risco de infarto e AVC”. A alteração hormonal ligada à depressão explicaria um fenômeno similar nessas pessoas, segundo González-Juanatey.
“Observamos a associação entre depressão e problemas cardiovasculares na prática clínica, com os pacientes”, comenta Rafael Tabarés-Seisdedos, catedrático de psiquiatria da Universidade de Valência. Esse psiquiatra, membro do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede de Saúde Mental (Cibesam, na sigla em espanhol), destaca como o trabalho norueguês e outros similares demonstram que é frequente a presença em uma mesma pessoa de dois ou mais problemas médicos aparentemente não relacionados (depressão e lesões cardíacas, neste caso), mas que, no fundo, estão conectados, “seja por compartilhar os mesmos fatores de risco físicos ou psicossociais ou porque uma patologia leva à outra”, explica. Ou inclusive quando a relação é inversa, como o próprio Tabarés-Seisdedos e pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas descreveram recentemente no caso do câncer e do Alzheimer. “Devemos dar uma resposta assistencial adequada, que leve em conta essas associações e corrija a segmentação atual por especialidades”, observa.


EL PAÍS