quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Peter Sloterdijk / “A vida atual não convida a pensar”

Peter Sloterdijk
Barcelona, 2019

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Peter Sloterdijk

 “A vida atual não convida a pensar”

Filósofo alemão há anos agita o mundo da filosofia, e o mundo como um todo, com sua obra. Nietzsche, diz, sempre o acompanhou


Jacinto Antón
4 Mai 2019

Peter Sloterdijk (Karlsruhe, Alemanha, 1947) é um dos grandes nomes do mundo do pensamento. Professor de Estética e Filosofia na Escola Superior de Design de sua cidade natal, há anos agita o mundo da filosofia – e o mundo como um todo – com suas obras, seu novos conceitos e termos, e suas opiniões. Autor de livros cruciais do pensar de nossa época como Crítica da Razão CínicaIra e Tempo e principalmente sua monumental trilogia Esferas (BolhasGlobos e Espuma), em que desenvolve uma assombrosa teoria do espaço íntimo, Sloterdijk une sua profundidade intelectual a uma face midiática incomum em seu campo e uma cordialidade, um humor e uma ironia que o afastam do paradigma do filósofo alemão usual (Karl Popper, para citar um mal-humorado). O pensador visitou Barcelona onde se reuniu com várias centenas de pessoas em uma conversa no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB). Apesar de sua afabilidade e sua aparente tranquilidade, entrevistar Sloterdijk, cujas páginas um ser humano comum frequentemente precisa ler várias vezes para conseguir entendê-las, é um desafio. Com as passagens de Esferas ainda flutuando na cabeça – “a esfera íntima, consubjetiva, não pode possuir em absoluto uma estrutura eucíclica e parmenídea: o globo psíquico não tem, com o filosófico bem arredondado, um único centro que irradia e engloba tudo, e sim dois epicentros que se interpelam mutuamente por ressonância” –, se entrevista Sloterdijk como se estivesse diante de Plotino. Um Plotino, de fato, um pouco desarrumado e sem meias.


Pergunta. Não lhe parece que o pensar, o pensar de verdade, se tornou uma excentricidade? Ao ler seus livros, tão intensos, percebemos que o pensamento sério, o que exige esforço e concentração, não é numeroso. Nós nos desacostumamos.
Resposta. Sim. Certamente. Isso me lembra uma cerimônia zen em que o mestre pega uma chaleira, como eu estou fazendo agora, e despeja chá até encher a taça, e então continua despejando e o líquido derrama. Você não pode entender nada se a taça não está cheia.
P. Perdemos a capacidade de pensar?
R. Não é capacidade como tal. Mas não ocorrem as circunstâncias vitais que nos permitem afastar e ganhar distância. Para Husserl e sua fenomenologia era preciso sair do tempo impetuoso da vida, o dispositivo mais elementar era sempre dar um passo atrás. Essa ação permite que você se transforme em observador. Sem uma certa distância, sem uma certa desconexão a atitude teórica é impossível. A vida atual não convida a pensar.
P. Hoje a superficialidade se impõe à profundidade.
R. A Filosofia moderna abandonou mais ou menos a metáfora da profundidade. Preferimos dizer que tudo está na superfície, e se existe profundidade é preciso fazer com que ela suba à superfície como se fosse superficial. Caso contrário, você se transforma em um mistagogo, um iniciador em mistérios sagrados.


“O filósofo é um pobre diabo condenado a citar a si mesmo continuamente”

P. Também é verdade que pensar de verdade é difícil e tem algo de doloroso e angustiante quando se chega perto dos limites do eu e da autoconsciência.
R. Não estou convencido disso. A filosofia original na antiguidade era algo ambivalente. Temos os dois topos: Heráclito, que chorava, e Demócrito, que ria constantemente. Esse traço comentado de ambos pelas fontes aparece até mesmo em suas estátuas. Para Platão, de uma tradição diferente, pensar é o prazer mais elevado. Isso por uma razão: a essência do pensamento é lembrar e o que devemos lembrar é o fato de que estivemos muito próximos da essência divina e a única coisa que deve ser feita para eliminar os obstáculos que não te permitem alcançá-la é lembrar claramente. Basicamente, deveria se tratar de felicidade. Mas não funciona assim porque, certamente, na antiguidade os pensadores eram conhecidos por ter sempre um rosto triste. Eram mais respeitados por isso, seus compatriotas esperavam que tivessem aspecto melancólico e o cenho franzido (ri). Era um truque muito bom, porque ninguém sentia inveja de alguém triste. É melhor esconder sua boa sorte. O que me lembra uma frase de Walter Serner, o dadaísta, autor de Manual para Enganadores, que dizia que sempre que você se mudar a uma nova cidade deixe que o rumor de que você tem câncer o preceda, isso reduz a inveja. Seus competidores já não te levarão tão a sério.
P. O número de críticos que o senhor teve não é de se desprezar. Habermas, por exemplo, o tachou de “neopagão”, e de coisas piores por suas considerações em Regras para o Parque Humano sobre a biotecnologia e as possibilidades de manipulação genética dos seres humanos.




Sloterdijk, em Barcelona.
Sloterdijk, em Barcelona. VICENS GIMÉNEZ


R. Eu cometi muitos erros. É um erro pressupor que as pessoas irão gostar de você por suas opiniões.
P. Por defender e reivindicar Heidegger, por exemplo?
R. Sim. Mas meu erro principal foi escrever um livro de filosofia divertido de mais de 900 páginas, Crítica da Razão Cínica, um livro com senso de humor e, se me permite, com um bom estilo.
P. Pensar o faz feliz?
R. Às vezes. Tenho a doença crônica da idade avançada, a limitação do tempo e a sensação de que as mulheres bonitas estão ainda mais distantes do que no passado. Olhe essas garotas aí fora. É terrível.
P. O senhor tem uma predisposição ao politicamente incorreto, vejo que não só por Heidegger e Nietzsche.
R. Sim, mas isso passará em algumas décadas e se considerará que era uma moda, da mesma forma que no século XVII ocorreu o movimento do Ridículo. Evidentemente, esse é mais global. Mas estou convencido de que a longo prazo irá parecer absurdo.
P. O senhor reconhece mestres muito diferentes, Bloch, Adorno, Osho, Nietzsche, Lacan, e Valéry e Pavese. Os mestres são encontrados por acaso ou são procurados?
R. Quando eu era muito jovem não tínhamos mestres e não usávamos esse conceito. Depois quando li Adorno, Husserl e Bloch tive a sensação de conhecer verdadeiros mestres. Nos anos 60, viajei à Índia, que era uma forma de autoexploração.
P. Lá conheceu Rajneesh Osho, que era chamado de guru do sexo e dos Rolls Royce e que o senhor reivindica. Sua fama discutível não o preocupa?
R. Em seu caso os escândalos eram uma forma de relações públicas. Citar Osho como uma influência torna você suspeito. Mas sempre me interessaram as possibilidades inaceitáveis. Gosto da capacidade de provocação espiritual de Rajneesh. Faz parte de uma longa tradição de crítica ao ego metafísico.
P. O senhor também destaca Nietzsche como uma grande influência.
R. Sim, desde muito cedo. Sempre me acompanhou em minha evolução em cada etapa. Voltou agora, inclusive. Em sua linha, estou prestes a publicar um ensaio sobre a arte de inventar Deus, chamo isso de teopoesia.


“As imagens e as metáforas frequentemente têm um valor conceitual profundo”

P. Esferas I abre com uma citação de A Poética do Espaço de Gaston Bachelard. Esse livro o influenciou?
R. Sim, acredito que as imagens e as metáforas frequentemente têm um valor conceitual profundo, e de que não só o discurso conceitual pode levar consigo introspecções importantes.
P. O senhor se afasta do modelo de filósofo majestático.
R. O filósofo está condenado a citar a si mesmo continuamente e é um pobre diabo porque precisa compartilhar suas opiniões o tempo todo. Na Índia diriam que o filósofo tem um karma horrível e por isso é filósofo.
P. Seria por isso que Karl Popper era tão antipático? Uma vez me tratou horrivelmente. Mas certamente eu merecia.
R. Era um austríaco frustrado. Foi à Grã-Bretanha, mas nunca esteve disposto a aprender bem o inglês. Seu verdadeiro problema era que Wittgenstein sempre estava ali e Wittgenstein estava cercado por uma aura de gênio. Precisou fazer um grande esforço para manter o tipo. é necessário perdoá-lo.
P. Como a filosofia lida com a ascensão dos animais no discurso social?
R. Isso demonstra que o espírito da humanidade se movimenta em círculos, porque começamos como animistas e agora as teses dos animalistas voltam a estar regidas por esse princípio. Mas ter uma alma significa ser portador de exigências legais. De modo que não estamos falando somente de animismo e de dar um tratamento adequado, e sim do que significa reconhecer os animais como sujeitos. E não unicamente os animais. Li em algum lugar que na Nova Zelândia deram a um rio a categoria de sujeito e que pode contratar um advogado.
P. O feminismo é um retorno do matriarcado?
R. Não, o novo feminismo é um movimento mais ou menos intelectual. Mas as mulheres que tiveram a experiência de maternidade não se sentem representadas. Deveria perguntar melhor sobre o feminismo a Judith Butler e a Beatriz.
P. Beatriz?
R. Minha mulher.
P. O senhor sustenta que a arena romana voltou, assim como um novo teatro da crueldade.
R. Uma nova arena geral e virtual da sociedade midiática de entretenimento. Uma metarena totalitária. Algo que vai muito mais além da sociedade do espetáculo de Guy Debord e que serve para dirigir o ressentimento das massas. Eu mesmo, ao cair um dia em descrédito, fui um desses cristãos primitivos com problemas no momento da ressurreição porque havia sido devorado pelos leões e excretado por seus intestinos. Recuperar a forma original nessas condições é muito difícil.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Terry Eagleton / “O fundamentalismo não é ódio, é medo”





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O escritor e professor Terry Eagleton.

Terry Eagleton: “O fundamentalismo não é ódio, é medo”

O filósofo e escritor Terry Eagleton fala sobre otimismo e esperança em um mundo em crise


RAFAEL GUMUCIO
15 ago 2016

Terry Eagleton (Salfold, Reino Unido, 1943) não deixou um minuto em paz tanto conforto pós-moderno. Antes que Zizek ou Badiou se transformassem em inevitável moda contracultural, ele se dedicou, a partir da literatura, sua principal especialidade, a apontar um por um os lugares comuns dos bem-pensantes da vez. Sucessor do crítico literário e cultural marxista Raymond Williams, uniu a essa não conformidade militante uma sólida educação católica que as leituras e os anos, em vez de aplacar, aprofundaram. “Como diz o Novo Testamento, reconhecerás Deus quando vires os pobres se encherem de coisas boas e os ricos sendo despachados sem nada”, conta por correio eletrônico. “O cristianismo e o marxismo têm um vínculo óbvio em que os dois querem ver os pobres conquistarem o poder. A diferença é que isto, para a fé cristã, é um assunto escatológico, ou seja, que vai além da história, enquanto que o marxismo espera vê-lo realizar-se dentro da história da humanidade.”
Esta adesão dupla à mudança social e à fé católica o levou a polemizar muito com um estranho ser que ele chama de Ditchkens, que não é outra coisa que a mescla perfeita do biólogo Richard Dawkins com o falecido polemista Christopher Hitchens, porta-vozes do novo ateísmo militante e da intervenção norte-americana no Iraque.
Esse tipo de jogo de palavras é a surpresa perpétua de quem se aventura em livros tão conscienciosos e desapiedados como Marx Estava CertoIdeologia ou Depois da Teoria. Para não falar de suas imprescindíveis memórias, The Gatekeeper: A Memoir (O Porteiro: Memórias) emocionantes e hilárias. “O humor para mim está intimamente ligado ao sem sentido”, diz. “As atividades mais valiosas não têm nenhum propósito ou função além de si mesmas: tocar música, fazer amor, tomar vinho, brincar com os filhos. O mesmo se poderia dizer das piadas. É compartilhar a vida porque sim.”




O PODER DAS PALAVRAS


“Começos”, “O personagem”, “Narrativa”, “Interpretação” e “Valor” –esses são os cinco capítulos em que se divide Como ler literatura. A seguir, três trechos do livro de Terry Eagleton:
Linguagem. “No Coração das Trevas”, de Conrad, nos conta que o rosto de uma mulher tinha ‘um aspecto trágico e feroz em que se misturavam um enorme pesar e uma dor surda com o temor diante de uma decisão não totalmente formulada que lutava para abrir caminho”. Essa expressão facial impossível só existe no nível da linguagem. Duvido que uma atriz, por mais talentosa que seja, seja capaz de parecer feroz, trágica, pesarosa, ferida, amedrontada e decidida ao mesmo tempo. Um Oscar seria pouco para premiar uma atuação dessas”.
Doutrina. “As mudanças das circunstâncias históricas podem ter como consequência que algumas obras deixem de ser apreciadas. Para os nazistas, não havia nenhum texto escrito por algum judeu que fosse valioso. Uma mudança generalizada de sensibilidade tem feito com que não gostemos mais dos textos didáticos, embora o sermão tenha sido um gênero nobre em outros tempos. No entanto, não há razão alguma para supor, como costumam fazer os leitores modernos, que a literatura que tenta nos ensinar alguma coisa tenha de ser chata. Nos tempos modernos, tendemos a mostrar uma certa aversão à literatura ‘doutrinária’, mas a Divina Comédia é exatamente isso. A exigência doutrinária não tem por que ser dogmática”.
Público e privado. “Um dos trunfos do grande romance realista europeu, desde Stendhal e Balzac até Tolstói e Thomas Mann, consiste em ilustrar a interação entre personagem e contexto. Nas palavras de George Eliot, não existe vida privada que não tenha sido influenciada por uma vida pública muito mais ampla”.

Mas o normalmente sarcástico e implacável Eagleton, para surpresa de todos, incluindo ele mesmo, parece querer passar da crítica à proposta. Não se trata de otimismo, explica várias vezes em seu último livro – intitulado justamente Hope Without Optimism (Esperança sem Otimismo)—, porque o otimismo é para ele “uma forma de desespero”, mas de uma velha virtude teologal reativada pelo historiador marxista Ernst Bloch: a esperança: “A esperança é um tipo de desejo, mas um que o vincula com um tipo de expectativa. A esperança tem que ser, de alguma forma, viável; tem que ser possível de ser realizada, enquanto o desejo pode não ser. Você pode desejar ser Mick Jagger, mas não pode esperar sê-lo”.
Mas, que podemos esperar da esperança em uma Europa em crise que só parece estar de acordo em estar em desacordo? “Continuamos esperando conseguir as coisas que tradicionalmente quisemos: justiça, igualdade, fraternidade, ausência de pobreza e de violência, etcétera. É pouco provável que exista alguma vez uma sociedade de seres humanos sem violência ou injustiça de algum tipo, mas, dados os recursos globais que possuímos, está totalmente dentro de nossas possibilidades acabar com a pobreza. Nosso sistema de propriedade é o que impede que isso aconteça, e claramente poderia ser mudado.”
Soa então inevitável a palavra revolução, que não é de todo estranha nesse tenaz militante do Partido Socialista dos Trabalhadores. “Quando as pessoas escutam a palavra revolução pensam imediatamente em sangue e barricadas. Mas houve revoluções de veludo, como também revoluções violentas. A revolução bolchevique esteve bastante livre de violência. Alguns processos de reforma foram muito mais sangrentos que algumas revoluções. De todo modo, as revoluções não ocorrem de um dia para o outro. As revoluções que deram lugar às sociedades modernas de classe média levaram séculos em sua evolução. Marx enaltece as classes médias como a força mais revolucionária jamais vista na história da humanidade. Suponho que um revolucionário seja alguém que acredita que não é possível ter o tipo de justiça e bem-estar que necessitamos sem uma transformação completa. Isso, para mim, seria um ponto de vista realista, não extremista. A queda do apartheid na África do Sul também foi uma revolução (política, não econômica) e ninguém considera fanático ou extremista tê-la apoiado. Todo aquele que acredita que foi correto que os Estados Unidos deixassem de ser uma colônia é um defensor da revolução. Ou seja, mais ou menos todo o mundo é.”


"Quando ouvimos a palavra revolução, pensamos em sangue; mas algumas reformas foram mais sangrentas"

Eagleton se defende ao longo do livro de ser um otimista, mas está muito longe de ser um pessimista. Quando se pergunta a ele se o mundo está pior ou melhor que há 50 anos, não duvida em responder que melhorou em aspectos fundamentais. Sua querela com o otimismo como ideologia se baseia justamente em sua falta de fé em que o mundo ainda poderia melhorar muito mais: “A pergunta é se é viável empreender mudanças que poderiam modificar nosso mundo de modo significativo. E a resposta realista a esta pergunta é, sem dúvida, sim. Nesse sentido, os realistas são aqueles que acreditam na possibilidade de tal transformação, e os que têm a cabeça nas nuvens são os que pensam que as coisas sempre continuarão mais ou menos como sempre foram. Por volta do ano 2000, os teóricos falavam da suposta morte da história. Segundo eles, a história, efetivamente, estava acabada, o capitalismo era a única opção a nosso alcance, e nada dramático poderia acontecer. Logo depois dois aviões se espatifaram contra o World Trade Center. Daí tivemos a suposta guerra contra o terror, depois um dos maiores colapsos da história do capitalismo, depois as primaveras árabes, a crise da imigração, etcétera.”


"O fundamentalismo é um equívoco quanto à natureza da leitura, que não existe sem a interpretação. É a outra face do pós-modernismo"

O auge do fundamentalismo está ligado, para Eagleton, a uma outra de suas obsessões: como ler ou como não ler ficção ou poesia? “O fundamentalismo, de qualquer tipo, é essencialmente um equívoco que se comete quanto à natureza da leitura. Ele imagina que o significado dos signos se fixa imutavelmente ao longo dos tempos. Mas a verdade é que um sinal cujo significado não pudesse se alterar entre um contexto e outro simplesmente não seria um signo. Os signos devem ser, por definição, portáteis: podem ser transportados de uma situação e acumular novos significados na interação com os signos que os cercam. Por isso, não pode haver leitura sem interpretação.




O escritor e professor Terry Eagleton
O escritor e professor Terry Eagleton GERAINT LEWIS


Para Eagleton, “o fundamentalismo tem suas raízes não no ódio, mas no medo, o medo de um mundo moderno e mutante, em que tudo está em movimento, onde a realidade é transitória e com um final não definido, onde as certezas e os pilares mais sólidos parecem ter desaparecido. Nesse sentido, é a outra face do pós-modernismo”.