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quinta-feira, 2 de setembro de 2021
quarta-feira, 28 de abril de 2021
A desconhecida vida de Anthony Hopkins, o vencedor do Oscar 2021 que aprendeu a ser feliz aos 75
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Anthony Hopkins Foto de James Mollison |
A desconhecida vida de Anthony Hopkins, o vencedor do Oscar 2021 que aprendeu a ser feliz aos 75
Artista britânico, gigante da interpretação e literalmente um lorde, se tornou neste domingo o mais idoso a receber prêmio na categoria principal. Foi o corolário perfeito para uma carreira cheia de marcos, fracassos e de uma vida pessoal atormentada
Juan Sanguino
25 abril 2021
Quando em dezembro passado Anthony Hopkins (Port Talbot, País de Gales, 1937) comemorou em um vídeo do Twitter os seus 45 anos sem beber álcool, a revelação surpreendeu os seus seguidores. Sua imagem pública é a de um ator de máximo prestígio no teatro e no cinema, gentil cavalheiro do Império Britânico e, de uns anos para cá, o velhinho favorito da internet. A verdade é que Hopkins, que aos 83 anos bateu o recorde de idade como vencedor da categoria de melhor ator do Oscar por Meu pai, narrou em várias ocasiões a sua luta contra o alcoolismo, a depressão e os ataques de ira. E o remorso por ter abandonado uma filha recém-nascida. E seu ódio a Shakespeare e a tudo que é britânico. Senhoras e senhores, com vocês: o outro Anthony Hopkins.
“Lembro o primeiro dia de aula com aquele cheiro de leite estragado, canudinhos e casacos úmidos. Sentei lá, totalmente petrificado, e aquele sentimento permaneceu comigo durante toda a minha infância e adolescência”, contou à revista Playboy, sobre suas primeiras lembranças em Port Talbot, a localidade siderúrgica do sul de Gales onde cresceu. Os professores, os colegas e seus pais lhe repetiam que era tonto demais para qualquer trabalho. Nunca teve nenhum amigo e passava as tardes desenhando ou tocando piano. Às vezes não ia nem à própria festa de aniversário. “Eu me sentia o mais idiota da classe, talvez tivesse problemas de aprendizagem, mas o fato é que eu não conseguia entender nada. Minha infância foi inútil e inteiramente confusa. Todo mundo me ridicularizava”, revelou ao The New York Times.
Em 1968, deixou a primeira mulher, com quem tinha um bebê de quatro meses, porque percebeu que era “egoísta demais” para criar uma família. A um jornalista do The Guardian, há três anos, afirmou vir “de uma geração na qual os homens eram homens. E a parte negativa disso é que não nos damos bem com receber amor ou dá-lo. Não entendemos”. Apesar de uma tentativa de aproximação nos anos noventa, Hopkins nunca teve relação com sua filha, e hoje não sabe nem sequer se tem netos.
Durante os anos setenta, ganhou certa fama de “ator temperamental”. Sofria ataques de ira durante as filmagens, chegava a sair no braço com os diretores, ou sumia sem dar explicações. Anos depois, ele mesmo admitiria que, como não queria beber durante a jornada de trabalho, sua agressividade aflorava porque sempre estava de ressaca. Em 29 de dezembro de 1975, amanheceu num motel de Phoenix sem ter a menor ideia de como tinha chegado lá. Nunca mais voltou a beber. “Admiti que tinha medo, o que me deu uma liberdade maravilhosa. Eu me sentia inseguro, paranoico, aterrorizado. Temia não servir para nada, que não me encaixava em nenhum lugar”, confessou à The New Yorker no mês passado.
Tentou apaziguar seu caráter mediante a sobriedade, mas seus demônios continuavam por trás dele. Às vezes, entrava no seu carro e dirigia durante semanas; outras vezes passava dias sem dirigir a palavra a ninguém. Em 1981, quando já tinha ganhado dois Emmys, seu pai morreu. Nas últimas horas dele, Anthony aproveitou para lhe dizer que o amava (era a primeira vez que dizia isso a alguém na vida), mas só se atreveu a beijá-lo depois de morto. “Ao recolher seus pertences, encontrei um mapa dos Estados Unidos. Sempre quis ir lá. Morreu sem ir”, lamentaria Hopkins. O médico lhe informou que o coração do homem tinha se inchado por causa de anos e anos de esforço. “Quando penso em como meus pais se escravizaram a vida toda numa padaria para ganhar uma miséria... para mim foi tudo fácil demais. Tenho vergonha de ser ator. Deveria estar fazendo outra coisa. Atuar é uma arte de terceira. Pagam-nos muito e dão muita trela para nós. Gosto da atenção e do dinheiro, mas me sinto como um vigarista”, lamentou-se no The Guardian.
Apesar do sucesso de Magic, O Homem elefante e Rebelião em alto-mar, sua carreira em Hollywood não decolava, e teve que voltar a Londres. “Essa parte de minha vida acabou, é um capítulo encerrado. Suponho que terei que me conformar em ser um ator respeitável no teatro e fazer trabalhos respeitáveis na BBC durante o resto da minha vida”, declarou na época. Uma tarde foi ao cinema ver Mississippi em chamas e sentiu inveja, raiva e frustração por não ter uma carreira como a de Gene Hackman. Dias depois, seu agente norte-americano ligou para ele: Hackman tinha recusado o papel de Hannibal Lecter, e ele era a segunda opção.

Bastaram a Hopkins 17 minutos em O silêncio dos inocentes para entrar para a história do cinema. Aquele triunfo lhe trouxe um Oscar, um título de sir e a percepção coletiva de ser o que o grande público chama de “um senhor ator”. Mas seu maior triunfo foi pessoal. “Queria curar minha ferida interna, queria vingança. Queria dançar sobre as tumbas de todos os que me fizeram infeliz. Queria ser rico e famoso. E consegui”, gabava-se na época na Vanity Fair.
Durante os anos noventa, Hopkins era o ator mais prestigioso do mundo. Interpretou personagens históricos que, a priori, não seriam seus (Nixon, Picasso), contribuiu com distinção para o “cinema de porcelana” (Retorno a Howard’s End, Terra das sombras, Vestígios do dia), e sua definição do trabalho do ator entrou para o folclore de Hollywood: “Seja pontual, aprenda os diálogos e tenha certeza de que seu agente recebeu o cheque”. O público assumiu que Hopkins era um senhor sensível e retraído como os personagens que interpretava, mas ele corrigia essa percepção: “Posso ser um tirano. Sem escrúpulos. Eu quero o que quero. Sou muito, muito egoísta. Algo me atormenta, não sei o que é, mas me provoca muita inquietação”, confessava em 1996. “Fui num psicólogo e acabei chorando na primeira sessão. Senti tanta vergonha. Ensinaram para mim que os homens não choram”. Não voltou mais à terapia.
Em 1993 Hopkins teve uma aventura com uma ex-namorada de Sylvester Stallone que conheceu nos Alcoólicos Anônimos, e sua esposa se mudou para Londres. “Jenni não entende. Adoro estar em Los Angeles. É a terra do Mickey Mouse! Tem tanto dinheiro. Mais de que você poderia sonhar. Ela acha que parece uma cidade de brinquedo, com um entusiasmo e efusão excessivos. Pois a mim é isso que me maravilha”, contava o ator. Seu novo status como estrela, ao menos, lhe permitia conseguir o que queria sem precisar gritar nem encarar ninguém. “Agora basta pedir amavelmente ao produtor”, sugeria.
Durante as entrevistas promocionais de No Limite, um thriller coprotagonizado por Alec Baldwin e um urso, quando era perguntado sobre o arco do seu personagem, Hopkins respondia: “Não tenho a mínima ideia do que você está falando”. Quando lhe perguntavam o que o atraíra a determinado projeto, costumava responder: “O dinheiro”. Era como queria desmontar a imagem que o público criou dele. O lorde britânico com boas maneiras de repente enfrentava seus compatriotas (“Se amam tanto esse lugar sujo, chuvoso e cheio de merda de cachorro nas calçadas, que fiquem. São um bando de fracos, chorões, chatos, invejosos que só são felizes se estiverem desgraçados. Estão obcecados com que o sucesso não me suba à cabeça, e raivosos porque eu consegui fugir de lá. Que se fodam”).

As eventuais concessões comerciais (A máscara do Zorro, ou uma cena em Missão impossível 2, pelas quais ganhou 26 e 13 milhões de reais, respectivamente) começaram a ser a norma com franquias como O lobisomem, Thor e Transformers. Filmes em cujos roteiros Hopkins anotava a sigla NRA (de “no acting required”, ou “sem necessidade de interpretação”). Durante a rodagem de Transformers, Mark Wahlberg o incentivou a abrir uma conta no Twitter, uma rede social na qual hoje Hopkins parece se divertir mais do que nenhum outro usuário. Seus vídeos cotidianos, a meio caminho entre a crônica de costumes e o dadaísmo, causam tamanha sensação que ele abriu também um canal no TikTok. Lá Hopkins publicou vídeos dançando músicas de Drake, do Fleetwood Mac com seu gato e de Elvis Crespo com sua mulher, a colombiana Stella Arroyave. Ela o convenceu a compartilhar suas composições musicais e seus quadros com o mundo. As críticas dos especialistas, além disso, foram positivas.
Perto de completar 70 anos, começou a sonhar todas as noites com Gales e decidiu visitar sua terra mais frequentemente. Naquela época também dirigiu um filme, Slipstream – Um sonho dentro de um sonho, que satirizava Hollywood. Hopkins confessou que, depois de chegar ao topo, descobriu apenas que “não tinha nada lá em cima”. “Pelo amor de Deus, eu deveria estar em Port Talbot. Ou morto, ou trabalhando na padaria do meu pai”, refletia. O maior alívio em sua maturidade foi um diagnóstico de Asperger leve, uma condição no espectro funcional do autismo que afeta as interações sociais. Essa descoberta, explica, o ajudou a entender melhor a si mesmo e a explicar por que passou a vida toda querendo estar sozinho.
O ator afirma que nunca foi tão feliz como depois de completar 75 anos. Tanto que até arrumou um amigo, que ainda por cima é ator: Ian McKellen, com quem trabalhou no filme O fiel camareiro, da BBC, em 2015. A experiência o estimulou a voltar a Shakespeare, também com a BBC, em Rei Lear. E durante a filmagem finalmente compreendeu por que tanta gente gosta de Shakespeare. Ultimamente sonha com elefantes, como os que viu quando criança com seu avô no clássico de aventuras Elephant boy, de 1937. “Também penso muito em um dia que passei com meu pai na praia”, contou à Interview. “Eu estava chorando porque um doce que ele tinha comprado para mim havia caído na areia. Penso naquele menino medroso, que estava destinado a crescer e virar um idiota na escola. Atrapalhado, solitário, raivoso. E quero dizer a ele: ‘Não se preocupe, garoto, a gente se virou bem’.”Esta reportagem foi atualizada para refletir o resultado do Oscar.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Declínio profissional ou necessidade financeira / Por que Robert de Niro continua fazendo comédias ruins?
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Taxi Driver Robert De Niro |
Declínio profissional ou necessidade financeira: por que Robert De Niro continua fazendo comédias ruins?
É considerado uma lenda da interpretação, mas há muitos anos se concentra em produtos que prejudicam seu legado. Culpa de De Niro ou da indústria, que não oferece outros papéis para veteranos?
Juan Sanguino
2 Dez 2020
Quando Robert De Niro e Al Pacino viajaram para a Europa para apresentar o thriller As Duas Faces da Lei em 2008, De Niro disse a Pacino durante uma entrevista para a revista GQ britânica: “Está tudo bem, Al, esperamos que um dia possamos nos reunir para promover um filme de que nos sintamos orgulhosos”. Pacino respondeu: “Caramba, isso seria ótimo”. O projeto seguinte dos dois juntos foi O Irlandês.
Tanto Coringa quanto O Irlandês, ambos de 2019, devolveram a Robert De Niro o prestígio e a relevância de seus melhores anos. Ambos os papéis evocavam seu passado glorioso (O Rei da Comédia e Os Bons Companheiros, respectivamente) e foram dois dos filmes mais assistidos, comentados e indicados a prêmios do ano passado. Mas agora De Niro retorna com Em Guerra com o Vovô, uma comédia familiar na qual interpreta um septuagenário que se envolve em uma ladainha de travessuras contra seu próprio neto para não ter de dividir o quarto com ele. Assim, aquele que é considerado o melhor ator de sua geração continua cavando a sepultura de seu legado: rodou 27 filmes na última década e 19 foram ridicularizados pela crítica e/ou ignorados pelo público. Que diabo aconteceu com a carreira de Robert De Niro?
Não que De Niro fosse apenas um bom ator, era a unidade de medida do talento dramático: todo grande ator que surgiu depois dos anos setenta foi apelidado “o novo Robert De Niro”, de Daniel Day-Lewis a Leonardo DiCaprio, Edward Norton ou Christian Bale. De Niro liderou a revolução artística da Nova Hollywood, uma fase em que segundo o ator Randy Quaid “deixaram as chaves do manicômio nas mãos dos loucos” e em que uma nova geração de atores e cineastas encheu a tela com uma energia vulcânica. De Niro enfileirou trabalhos com Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão Parte II), Scorsese (Taxi Driver), Bertolucci (Novecento), Kazan (O Último Magnata), Cimino (O Franco-Atirador), Leone (Era uma Vez na América), Gilliam (Brazil, o Filme), Joffé (A Missão), De Palma (Os Intocáveis), Mann (Fogo contra Fogo) e Tarantino (Jackie Brown). Robert De Niro, em resumo, escreveu páginas inteiras da história do cinema.
Os perigos de rir de si mesmo
Mas em 1999 quis relaxar e brincar com sua própria imagem: na comédia Uma Terapia Perigosa interpretava um mafioso que ia ao psicólogo depois de sofrer ataques de pânico. No ano seguinte voltou a parodiar a masculinidade briguenta em Entrando numa Fria, no qual interpretava um sogro que intimidava o marido da filha. Foi o filme de maior bilheteria de sua carreira. E a primeira pedra da lápide de seu legado. Na comédia infantil As Aventuras de Alceu e Dentinho, De Niro emulou sua cena icônica de Taxi Driver olhando-se no espelho e perguntando: “Você está falando comigo?”. Começava assim uma piada recorrente em sua filmografia recente: referências paródicas a seus papéis mais celebrados, como a cena de Em Guerra com o Vovô na qual o neto coloca uma cobra na cama (como aquela cabeça de cavalo de O Poderoso Chefão). Em A Máfia Volta ao Divã trabalhava como assessor em filmes de mafiosos. Na comédia A Família interpretava um mafioso em um sistema de proteção a testemunhas que acabava participando de um colóquio de um cineclube sobre a filmografia de Scorsese. Como Adam Markoviz sugeriu em Entertainment Weekly, “os filmes nos quais De Niro ri de seu legado artístico já são um subgênero cinematográfico em si mesmos.”

O fiasco da carreira de Robert De Niro tem sido motivo de preocupação entre a comunidade cinéfila. A Qartz elaborou um gráfico mostrando a queda de qualidade de seus filmes e um usuário do Twitter postou uma análise apontando “o momento exato em que Robert De Niro parou de se importar com sua carreira”. O próprio ator brincou sobre essa queda quando, ao receber um Globo de Ouro honorário em 2011, agradeceu que o prêmio havia sido anunciado antes que os eleitores pudessem assistir Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família. Nos últimos anos De Niro acumulou fracassos (Profissão de Risco, Bus 657, Temporada de Caça, Poder Paranormal e A Família Flynn) que mal arrecadaram alguns milhares de dólares nas bilheterias ou foram lançados diretamente em formato doméstico.
Além de fazer piadas sobre seus papéis mais emblemáticos, as últimas comédias de De Niro parecem empenhadas em criar humor em torno do pênis do ator. Em A Máfia Volta ao Divã passeava por um velório com o roupão aberto, arejando a entreperna. Em Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família, De Niro ingeria acidentalmente comprimidos para disfunção erétil e a gag culminava com seu neto ficando traumatizado para o resto da vida ao encontrar o pai (Ben Stiller) dando uma injeção no pênis do avô (De Niro). Em Um Senhor Estagiário, René Russo fazia-lhe uma massagem que lhe provocava uma ereção inoportuna. E o roteiro de Tirando o Atraso ―cujo título original é parecido com o do recente Em Guerra com o Vovô, mas aquele é de 2016― foi totalmente concebido em torno do grande apetite sexual de seu personagem.Tirando o Atraso: quando uma glória chega ao fundo do poço.
Considerado o ponto mais baixo de sua filmografia, em Tirando o Atraso De Niro interpretava um homem recém-viúvo que convence o neto (Zac Efron) a fazerem uma farra com garotas explicando que está sem sexo há 15 anos e só pensa “em foder, foder, foder”. Em dado momento o neto explica seus casos bem-sucedidos como advogado e De Niro responde: “Pois eu preferiria que Queen Latifa cagasse na minha boca desde um balão de ar quente do que ter esse emprego.” A campanha promocional Tirando o Atraso satirizava o colapso da carreira de seu protagonista: De Niro aparecia no cartaz sentado em uma poltrona em frente à televisão, com um frasco de lubrificante de um lado e uma caixa de lenços do outro, e o slogan era: “Um dos atores mais respeitados e lendários da nossa geração... E agora isso.”

A comédia funcionou nas bilheterias, mas as críticas atacaram o que consideraram um papel humilhante para De Niro. A revista Deadline chamou Tirando o Atraso de “o pior filme da carreira de Robert De Niro (ou de qualquer ator)”, o Yahoo lamentou que o ator tivesse chegado ao fundo do poço com um humor racista e homofóbico, o crítico do portal Uproxx escreveu que era “o pior filme que jamais vi no cinema, que o queimem”, Mark Kermode explicou que ao vê-lo sentiu necessidade de tomar uma ducha e Darragh McKiernan considerou o filme “um grito de socorro” do ator. The Guardian observou que Tirando o Atraso “introduz os admiradores de De Niro em uma nova fase emocional que só pode ser chamada de pós-desesperança, uma vez passado o estupor e o horror, só nos resta a resignação, entorpecidos diante de um grande homem que faz coisas como essa”.
Mas essa queda em desgraça é um sintoma do novo modelo de negócios em Hollywood. Thrillers adultos como Estranha Obsessão, Ronin e A Cartada Final custaram cerca de 72 milhões de dólares (cerca de 376 milhões de reais), um orçamento insustentável no mercado atual. Quando a pirataria provocou uma polarização no consumo de cinema (os filmes pequenos sobreviviam graças aos cinéfilos, os filmes gigantes davam mais lucro do que nunca), os dramas de orçamento médio ficaram em um limbo comercial: o público decidiu que não eram “filmes de cinema”, mas para assistir em casa e, portanto, deixaram de ser economicamente viáveis. E esse é o cinema que fez de De Niro uma estrela.
Não é apenas De Niro: é a indústria
Hoje nenhum estúdio apostaria em um drama adulto com valores de produção tão altos quanto O Poderoso Chefão, O Franco-Atirador ou Cassino, um tipo de cinema que só sobrevive graças às plataformas digitais: Scorsese concordou em rodar O Irlandês para a Netflix porque, depois de mais de uma década tentando obter financiamento, a plataforma foi a única disposta a pagar os mais de 160 milhões de dólares de orçamento (quase tanto quanto uma superprodução da Marvel). Os salários das estrelas também se tornaram impossíveis de pagar. As continuações de Entrando numa Fria custam cerca de 120 milhões de dólares, dinheiro que não está na tela, mas nos cheques de De Niro, Ben Stiller, Dustin Hoffman e Barbra Streisand. Para manter seu padrão de vida, De Niro tem que trabalhar três vezes mais e aceitar tudo o que lhe oferecem.
Especulou-se muito sobre a situação financeira do ator. Há poucos meses se envolveu em uma disputa judicial com a ex-mulher, de quem se separou no ano passado após duas décadas de casamento, quando decidiu reduzir à metade o limite do cartão de crédito dela, que era de 100.000 dólares, sem avisá-la, alegando que a crise do coronavírus estava prejudicando seus múltiplos negócios. Segundo seu acordo de divórcio, De Niro é obrigado a dar à ex-mulher cerca de 1,2 milhão de dólares por ano se ganhar mais de 18 milhões. “Ele terá sorte se ganhar sete milhões este ano”, disse a advogada do ator.

De Niro também tem seis filhos (fruto de quatro relacionamentos diferentes) e quatro netos para sustentar. Seu biógrafo, James Ursini, considera que o ator está muito preocupado em deixar uma boa herança para seus descendentes e que desde o sucesso da trilogia Entrando numa Fria seu cachê na comédia é muito maior do que no drama. De Niro é dono de vários prédios no bairro nova-iorquino de Tribeca (onde também dirige um festival de cinema desde 2002), de um time de futebol americano, de uma marca de vodka, de uma linha de moda e de uma das redes de restaurantes e hotéis mais elegantes dos centros urbanos dos Estados Unidos, a Nobu, com 40 restaurantes e oito hotéis de luxo. Mas o padrão de vida de uma estrela do seu status (que deve contratar assistentes, representantes, publicitários, guarda-costas) exige uma renda milionária que De Niro só pode obter com comédias infames ou com alguma campanha publicitária ocasional: em 2016 recebeu 12 milhões de dólares para estrelar o anúncio de um cassino nas Filipinas dirigido por Scorsese e coestrelado por DiCaprio.
“Ele tem dois critérios principais na hora de escolher projetos: gostar do diretor ou dos atores, mesmo que o roteiro seja fraco, e o dinheiro. Sua situação econômica é confortável, mas tem muitas despesas fixas”, disse um de seus sócios ao New York Post. Em seus fracassos, De Niro trabalhou com estrelas como Sean Penn, Sigourney Weaver, Julianne Moore, Morgan Freeman, Diane Keaton, Michael Douglas, Susan Sarandon, Michelle Pfeiffer, Kevin Kline e John Travolta. Em 2008 o ator deixou sua agência de representação, a todo-poderosa CAA, entre outros motivos por causa de um e-mail interno da empresa que criticava que a ganância havia prejudicado sua carreira: um executivo da agência criticou o fato de o ator pedir mais dinheiro (cerca de 20 milhões) do que valia. “Poderia ter se dedicado a fazer bons filmes”, comentava o e-mail, “mas preferiu ganhar dinheiro para financiar seu pequeno império em Nova York.”
O maldito dinheiro
“Se tem outras prioridades agora, como seu festival de cinema, suas propriedades em Manhattan ou seu negócio de hotelaria, ótimo. Mas por que nos castiga com esses espetáculos deprimentes?”, perguntou Andrew O’Hehir na revista Salon. “Ele sequer consegue rastejar para que pareça que se importa com o papel”, lamentou Keith Phipps sobre É Hora do Show. “É a decadência mais profunda e mais triste de qualquer ator em toda a história de Hollywood”, disse Luke Buckmaster em uma reportagem intitulada De Grande Ator a Piada com Pernas, publicada em 2016, provavelmente seu momento mais baixo em termos de reputação. “Seu critério para aceitar projetos parece ser que o produtor tenha o número de telefone de seu agente”, brincou Reed Tucker. Até Anjelica Huston lamentou que De Niro tenha de trabalhar tanto para sustentar suas ex-mulheres e ficou feliz que Jack Nicholson tenha se aposentado: “Não quero ver Jack fazendo Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família.”
Mas quando a imprensa fala da queda em desgraça de De Niro, apresenta uma armadilha perversa: lamenta que seu legado esteja apodrecendo, critica que não se aposente com dignidade e ridiculariza seus papéis recentes. As únicas opções possíveis para atores maduros parecem ser se aposentar a tempo para serem lembrados como mitos ou continuar trabalhando para acabar sendo motivo de chacota. No primeiro grupo estão Gene Hackman (seu último papel foi em 2004, aos 74 anos), Jack Nicholson (aposentado em 2010, aos 73) e Sean Connery (que morreu em 31 de outubro aos 90 anos, depois de 16 anos aposentado). E os veteranos que ainda estão ativos ―Robert Redford, Anthony Hopkins, Dustin Hoffman― trabalham apenas para preservar a dignidade de sua filmografia.
Os termos em que se fala da decadência de Robert De Niro dizem muito sobre como a sociedade percebe a velhice. O terror do declínio físico leva muitos a desejar que os idosos simplesmente desapareçam para não nos lembrarem da nossa própria mortalidade. De acordo com alguns espectadores, De Niro traiu a memória que tinham dele e, portanto, seu declínio profissional é uma afronta pessoal para eles. Andrew Barker definiu Ajuste de Contas (uma comédia de boxe com Sylvester Stallone) como “Dois velhos rabugentos com Rocky Balboa e Jake LaMotta”.
“Os papéis que lhe oferecem agora não são os mesmos de quando estava no auge”, esclareceu um sócio de De Niro. “Com a idade, os bons papéis se dissipam e ele não quer parar de trabalhar. Rodar filmes é sua vida e ele se recusa a passar anos esperando um roteiro de seus sonhos que talvez nunca chegue. Continuar trabalhando o mantém ocupado e relevante. Já não se importa com a crítica, sabe que demonstrou com sobras ser um ator formidável”. A única conclusão a ser tirada da trajetória recente de De Niro é a mais óbvia: se lhe oferecessem filmes melhores, ele os faria.
Seus próximos projetos provam isso: o prestígio recuperado com Coringa e O Irlandês devolveu-o ao círculo dos melhores e agora prepara filmagens com autores como Scorsese (a adaptação do romance Assassinos da Lua das Flores) e James Gray (Armageddon Time), que alternará com Wash Me In The River, um daqueles thrillers do subgênero “ator veterano correndo” que Liam Neeson fundou com Busca Implacável. No momento não tem prevista outra comédia para fazer o vovô. Muitos cinéfilos estão decepcionados com ele porque consideram que parte de sua filmografia recente não está à altura de sua própria lenda. Mas, na realidade, foi Hollywood quem falhou com Robert De Niro.
domingo, 8 de novembro de 2020
domingo, 1 de novembro de 2020
Morre o ator Sean Connery, aos 90 anos
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Sean Connery |
Morre o ator Sean Connery, aos 90 anos
Intérprete de James Bond em sete filmes, o escocês ganhou um Oscar de melhor ator coadjuvante pela atuação em ‘Os Intocáveis’
31 oct 2020
O ator Sean Connery morreu aos 90 anos, de acordo com a BBC. O ator Thomas Sean Connery nasceu na cidade escocesa de Edimburgo (Reino Unido) em 25 de agosto de 1930. Filho de um caminhoneiro e de uma faxineira, o ator lembrou da pobreza que viveu em sua infância, da qual não tinha consciência porque era a situação pela qual todos os seus vizinhos passaram. Ele parou de ir à escola aos 13 anos e foi trabalhar como entregador de leite. Aos 16 anos ingressou na Marinha, com a intenção de permanecer sete anos de serviço, mas a deixou aos 19 anos.
Após seu retorno à vida civil, ele executou vários trabalhos menores em construção ou funerárias, além de ser modelo na Escola de Belas Artes de Edimburgo. Em 1953 participou da eleição de Mister Universe em Londres, onde atraiu a atenção de um diretor teatral que lhe ofereceu um papel no musical South Pacific. Foi então que o ator decidiu fazer seu nome artístico Sean Connery. Ele começou a atuar em filmes e programas de televisão na BBC. Em 1957 fez Vítima de uma Paixão, com Lana Turner, do diretor Lewis Allen.
Durante as filmagens ela brigou com Johnny Stompanato, namorado da atriz, no mesmo set. Havia rumores de que Connery tinha um caso com Turner, o que teria desencadeado o incidente. Mas foi em 1962 encarnou o personagem que o catapultou para a fama, James Bond, o agente 007 dos serviços secretos do Reino Unido na adaptação cinematográfica do romance Doutor No, de Ian Fleming. O extraordinário sucesso popular de 007 contra Doutor No foi seguido por mais seis episódios da série de filmes com o mesmo personagem estrelados por Sean Connery: Moscou contra 007 (1963), Goldfinger (1964), 007 contra a chantagem atômica (1965), Com 007 só se vive duas vezes (1967), Os Diamantes são eternos (1971) e Nunca mais outra vez (1983).
O ator não ficou rotulado pelo seu mais famoso personagem, pois participou de projetos e grandes diretores , como no filme de guerra O Mais longo dos dias (1962), Marnie, Confissões de uma ladra, de Alfred Hitchcock (1964) ou A colina dos homens perdidos, de Sidney Lumet (1965). Seu papel como monge-detetive no filme O Nome da Rosa, de Jean Jacques Annaud (1986), baseado na peça homônima de Umberto Eco, foi premiado pela Academia Britânica de Cinema e em 1988 ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante por Os intocáveis, de Brian de Palma. Em 2008 publicou sua autobiografia, intitulada Being a scot.
Teve problemas com a Justiça suíça em 2009 por alguns negócios feitos 30 anos antes com um investidor cujos descendentes estavam reivindicando dinheiro de um empréstimo. Um ano depois, a Justiça espanhola reivindicou sua declaração como réu pela reclassificação irregular das terras em Marbella onde ele tinha sua residência, mas o ator não apareceu na data marcada alegando problemas de saúde.
Sean Connery era um grande fã de golfe e expressou repetidamente seu apoio à causa da independência da Escócia. Ele foi casado com a atriz Diane Cilento entre 1962 e 1973 e tiveram um filho. Ela o acusou de maus-tratos e o ator fez algumas declarações apologéticas de violência contra as mulheres. Em 1975 ele se casou com a pintora Roquebrune Micheline, sua esposa até o fim de sua vida.
FICCIONES
Casa de citas / Sean Connery / Tal vez no sea un buen actor
DE OTROS MUNDOS
Dr No / El inicio de la saga de James Bond
Muere el actor Sean Connery a los noventa años
Sean Connery / James Bond
PESSOA
Morre o ator Sean Connery, aos 90 anos
DRAGON
Sean Connery / A Dangerously seductive icon of masculinity
Obituaries / Sean Connery
RIMBAUD
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
“Já não sou eu” / Os últimos dias de Robin Williams

“Já não sou eu”: os últimos dias de Robin Williams, um gênio que estava se quebrando por dentro
O ator se suicidou apenas seis meses depois de começar a notar os sintomas da demência com corpos de Lewy, uma doença que ele nunca soube que sofria. Um novo documentário nos apresenta os últimos dias de um dos comediantes mais brilhantes da história
Juanjo Villalba
22 sep 2020
Você pode imaginar a dor que ele deve ter sentido quando percebeu que sua mente estava se desintegrando? E além disso, devido a algo desconhecido", diz Susan Schneider Williams, viúva de Robin Williams, no novo documentário que narra os últimos meses de sua vida, Robin’s Wish (“o desejo de Robin”), dirigido por Tylor Norwood.
Na manhã de 11 de agosto de 2014, Susan se levantou logo e, como sempre, esperava encontrar Robin já de pé, andando pela casa e disposto a praticar uma hora de meditação. Já fazia meses que era evidente que algo não estava bem na cabeça de seu marido. Williams tinha dificuldades para atuar, para lembrar suas falas, para se relacionar com seus amigos e sair de casa, dormia muito mal, seu braço esquerdo não respondia, e ficava obcecado com coisas absurdas —como uma noite em que se convenceu de que um de seus melhores amigos, o comediante Mort Sahl, ia morrer antes do amanhecer e ligou insistentemente para ele, com o consequente desespero porque não obtinha resposta. Mort continua vivo; naquele dia, estava dormindo.
A meditação era uma das poucas coisas que o ajudavam a se sentir melhor. “Meditávamos juntos todas as manhãs. Quando me levantei e vi que a porta do quarto dele ainda estava fechada, pensei: ‘Meu Deus, está dormindo! É um ótimo sinal’”, conta Susan no documentário. “Então chegou o assistente dele, porque tinham trabalho a fazer e já era hora de sair, e eu lhe disse: ‘Mande-me uma mensagem quando ele acordar’. Logo depois, recebi uma que dizia: ‘Ainda não se levantou, o que devo fazer?’”, prossegue. “Aí vi que tinha algo errado, muito errado. Respondi: ‘Acorde-o imediatamente e me chame’. Ele me chamou e…”.
Robin Williams se enforcou durante aquela noite em um armário do quarto em que dormia sozinho devido a seus problemas de insônia e ao fato de que, por sua doença, tinha alucinações que o faziam gritar de madrugada. Quando a notícia foi divulgada, o bairro tranquilo em que viviam no norte de San Francisco, onde Williams gostava de se comportar como qualquer outro morador, foi tomado por jornalistas, câmeras de televisão, caminhões com antenas enormes e até um helicóptero que fazia imagens aéreas da área. Nas semanas seguintes, a mídia não parou de especular sobre as causas do suicídio: drogas, depressão, transtorno bipolar e bancarrota.

Ninguém tinha razão, mas ainda há pessoas que pensam que essas coisas tiveram algo a ver. O documentário não se detém muito nas especulações da mídia após a morte de Williams. Enfoca o que ocorreu alguns meses depois, em outubro de 2014, quando Susan recebeu o resultado da autópsia e descobriu que, na verdade, a causa de tudo aquilo foi a demência com corpos de Lewy.
“A demência com corpos de Lewy é uma doença devastadora”, resume no documentário o médico Bruce Miller, diretor do Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia em San Francisco, que tratou pessoalmente do caso do ator. “É letal e evolui rapidamente. Analisando como afetou o cérebro de Robin, descobri que foi o caso mais agressivo de Lewy que já vi em todos os meus anos de carreira. Praticamente todas as áreas de seu cérebro tinham sido afetadas. É realmente surpreendente que pudesse se mover e caminhar”. Ele finaliza: “As pessoas com cérebros excepcionais, que são incrivelmente brilhantes, costumam resistir e tolerar melhor as doenças degenerativas do que as que têm um cérebro normal. Isso demonstra que Robin Williams era um gênio”.
Essa doença se caracteriza pelo acúmulo de uma proteína em determinadas áreas do cérebro, formando placas (os chamados corpos de Lewy) bastante semelhantes às que podem ser observadas nas doenças de Alzheimer e de Parkinson, ambas com sintomas muito similares. Esses acúmulos fazem com que o cérebro não funcione corretamente. “Quando li os sintomas: mudanças de humor, problemas de movimento, depressão, medos, ansiedade, alucinações, problemas de sonho, paranoia…”, comenta Susan sobre esse momento em que percebeu que tudo se encaixava. “Se simplesmente tivéssemos sabido o nome da doença que Robin tinha, só isso já teria lhe dado um pouco de paz”. Mas esse tipo de demência só pode ser diagnosticado depois da morte do paciente.
“Ele estava muito frustrado. Lembro que me disse: ‘Já não sou eu. Não sei o que está acontecendo comigo. Já não sou eu’”, conta Shawn Levy, diretor de Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba, seu último filme, que foi um inferno para o ator. “Quando estávamos com um mês de rodagem, era evidente que algo estava acontecendo com ele. Sua mente já não funcionava com a mesma velocidade. Sua chispa tinha se apagado. Tivemos de reformular algumas cenas para que pudesse gravá-las, foi mais trabalhoso para mim, mas faria qualquer coisa por Robin”.
“Ele sofreu muito durante a filmagem”, continua Levy. “Telefonava às dez da noite, às duas, às quatro da manhã, perguntando: ‘O que gravamos hoje poderá ser usado? Estou indo bem?’. Eu tinha de tranquilizá-lo o tempo todo, dizia-lhe: ‘Você continua sendo você, todo mundo sabe. Não se esqueça disso, por favor’”.
O legado do ator
O legado de Robin Williams é vasto e vai muito além dos filmes e de seu trabalho como ator. Desde o começo de sua carreira, dedicou-se a visitar hospitais (não parece coincidência que tenha interpretado o médico Patch Adams), organizou eventos beneficentes em favor da alfabetização e dos direitos das mulheres, e viajou ao Afeganistão, ao Iraque e a outros 11 países para animar as tropas americanas enviadas para lá.
Para o grande público, entretanto, Williams será lembrado por suas interpretações como o gênio de Aladdin, o professor de Sociedade dos Poetas Mortos, O Pescador de Ilusões e Uma Babá Quase Perfeita. “Acompanhei Robin por dois dias nas sessões de dublagem de Aladdin e vê-lo trabalhar fazendo todos aqueles personagens foi incrível”, conta o ator Stanley Wilson, amigo de Williams. “Estava fora de si, estava tão feliz! Dizia aos técnicos: ‘Espere, vamos fazer outra tomada. Tenho uma ideia e acho que o posso fazer melhor’. ‘O que você quer dizer com isso de que pode fazer melhor?’, respondiam eles, chorando de tanto rir”.
“Algumas das coisas mais divertidas dos filmes Uma Noite no Museu são ideias que Robin teve na hora. Havia muita improvisação”, destaca Shawn Levy. “Às vezes, Ben Stiller e eu nos olhávamos alucinados por estar vendo Robin Williams em todo seu esplendor. Essa espécie de loucura, incrivelmente criativa, um poço sem fundo de ideias, essa capacidade, era como um superpoder”.
Depois que soube a causa real da morte de Robin, sua mulher, Susan, percorreu os estúdios de televisão mais importantes dos Estados Unidos para contar a verdade sobre a morte de seu marido e também para conscientizar o grande público sobre a demência com corpos de Lewy, uma tarefa à qual continua dedicando todos os seus esforços e que também é um dos motivos fundamentais da gravação deste documentário, filmado em colaboração com várias associações médicas dos EUA.
“O cérebro é uma glândula extraordinária. Quando você acha que conseguiu entendê-lo, ele surge com algo novo”, diz Robin Williams em uma das entrevistas que aparecem no documentário. Em vários outros momentos do filme, aparecem fragmentos nos quais o comediante fala de uma ou outra forma sobre cérebro, sobre como nos surpreende, como nos deslumbra. É como se o assunto o obcecasse, e o fato é que, desde que a doença começou a lhe causar sérias dificuldades até o momento em que decidiu acabar com a própria vida, passaram-se apenas seis meses. Seu cérebro era sua ferramenta, seu superpoder, e Williams não conseguiu suportar que parasse de funcionar como sempre.
sexta-feira, 17 de julho de 2020
Morre Kelly Preston, atriz e esposa de John Travolta, aos 57 anos
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Kelly Preston |
Morre Kelly Preston, atriz e esposa de John Travolta, aos 57 anos
Atriz passou os últimos dois anos lutando em silêncio contra um câncer de mama. Deixa dois filhos, além do marido e familiares
13 JUL 2020
A atriz norte-americana Kelly Preston, de 57 anos, esposa do ator John Travolta, morreu neste domingo em decorrência de um câncer de mama que enfrentava há dois anos. “Na manhã de 12 de julho de 2020, Kelly Preston, adorada esposa e mãe, faleceu depois de uma batalha de dois anos contra o câncer de mama”, disse um representante da família à revista People. “Optando por manter sua luta de forma privada, ela recebeu tratamento médico por algum tempo, com o apoio de sua família e amigos mais próximos”, informou o assessor. “Era uma alma brilhante, bela e amorosa, que se preocupava profundamente com os outros e dava vida a tudo que tocava. Sua família pede que compreendam sua necessidade de privacidade neste momento.”
Kelly Preston deixa os filhos com o ator: Ella, de 20 anos, e Benjamin, de 9. Ela e Travolta também Jett, que morreu aos 16 anos, em janeiro de 2009.
Preston nasceu com o nome de Kelly Kamalelehua Smith em 13 de outubro de 1962, em Honolulu, Havaí. Estudou atuação na Universidade do Sul da Califórnia e conseguiu seu primeiro papel importante em 1985, na comédia A Primeira Transa de Jonathan, depois de vários papéis menores em programas de televisão, incluindo Por Amor e Honra.
Nos anos seguintes, protagonizou filmes como Space Camp – Aventuras no Espaço (1986), Irmãos Gêmeos (1988), Jerry Maguire (1996) e Por Amor (1999). Também se destaca sua participação em Gotti, de 2018, interpretando Victoria Gotti, a esposa do chefe mafioso John Gotti. Foi seu último papel.
Na véspera de Ano Novo de 1991, Travolta lhe propôs casamento no restaurante do Palace Hotel de Gstaad, na Suíça, com uma aliança de diamantes amarelos e brancos de seis quilates. Quando se casaram, em 5 de setembro de 1991, Preston estava grávida de dois meses de seu filho Jett. O casal depois se casou pela segunda vez em território norte-americano, em Daytona Beach, na Flórida.
Os atores se conheceram nos testes de elenco para o filme The Experts, em 1987. Naquela época, Kelly Preston acabava de se divorciar de seu primeiro marido, o ator Kevin Gage, e ainda não tinha uma carreira destacada. Já Travolta, sem relacionamento amoroso conhecido, e apesar de ter títulos e personagens célebres em seu currículo, passava por um de seus momentos mais baixos. “De repente o vi surgir, do outro lado da sala, andando na minha direção com aquela atitude, com seus dois cachorros… e pensei: ‘Pronto’”. Assim Kelly Preston descreveu aquela paixão à primeira vista, sentada num quarto de hotel em Cannes, numa entrevista a este jornal.
Em setembro passado, Travolta e Preston comemoraram 28 anos de casados. “Feliz aniversário para minha maravilhosa esposa ♥ @therealkellypreston”, escreveu no Instagram o ator.
Preston também deixou um recado público para o marido: “Para meu querido Johnny, o homem mais maravilhoso que conheço. Você me deu esperança quando me senti perdida, me amou com paciência e incondicionalmente... Fez-me rir mais forte que qualquer outro ser humano. É um sonho, Daddio, e você torna a vida muito divertida! Confio no meu amor com você para sempre... Com você sei que sempre estarei bem, aconteça o que acontecer... Adoro você sempre e para sempre. Feliz 28º aniversário, @johntravolta”.EL PAÍS
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Ian Holm / 1931 - 2000
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Ian Holm como Ash Alien, 1979 |
Ian Holm
1931 - 2000
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The Homecoming, 1966En la obra de Harold Pinters, con Vivien Merchant, en el Aldwych theatre de Londres.Ian Holm obtuvo el premio Tony en 1967. |
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Richard III, 1966Con Ricardo III despegó la carrera de Ian Holm. |
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Romeo And Juliet, 1967Ian Holm con Estelle Kohler en Stratford-upon-Avon. |
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The Bofors Gun, 1968Ian Holm debuta en el cine. En la foto, con David Warner y Donald Gee. |
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Ian Holm en los Premios Bafta, con Lord Mountbatten y Billie Whitelaw. |
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A Midsummer Night’s Dream, 1968Ian Richardson (Oberon) con Ian Holm (Puck). |
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The Lost Boys, 1978Ian Holm en el papel de JM Barrie. |
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Alien, 1979 |
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Chariots of Fire, 1980Ian Holm como el entrenador Sam Mussabini en Carros de fuego. |
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Time Bandits, 1981Iam Holm representó a Napoleon en tres ocasiones durante su carrera. |
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Lord of the Rings, 1981Michael Hordern (Gandalf) John Le Mesurier (Bilbo) con Ian Holm (Frodo) en una dramatización de El Señor de los Anillos. |
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Greystoke: The Legend of Tarzan, 1984Ian Holm con Christopher Lambert en La leyenda de Tarzan. |
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Dance with a Stranger, 1985Miranda Richardson con Ian Holm |
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Game Set and Match, 1988Ian Holm y Bernard Samson. |
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Henry V, 1989Ian Holm como el Captain Fluellen y Kenneth Branagh como el Rey . |
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Moonlight, 1993Ian Holm con Anna Massey. |
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The Madness of King George, 1994Ian Holm como el Dr. Willis. |
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The Fifth Element, 1997Ian Holm como el padre Vito Cornelius en la película de Luc Besson, El Quinto Elemento, protagonizada por Bruce Willis y Milla Jovovich. |
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Ian Holm y su esposa de entonces Penelope Wilton, en el Palacio Buckingham, el 8 de diciembre de 1998. Holm se casó cuatro veces y tuvo cinco hijos. |
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The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring, 2001Elijah Wood como Frodo and Ian Holm como Bilbo. |
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The Aviator, 2004Ian Holm (el professor Fitz), Leonardo DiCaprio (Howard Hughes) y Matt Ross (Glenn Odekir).
Foto de Andrew Cooper
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Ratatouille, 2007Ian Holm, la voz de Skinner. |
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Ian Holm
Londres, 2003.
Foto de Tom Pilston
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