sábado, 1 de outubro de 2016

A carta comovente da viúva de Robin Williams



Robin Williams e sua mulher, Susan Schneider, em 2009. CORDON PRESS

A carta comovente 

da viúva de Robin Williams

“Não tinha poder para ajudá-lo a ver sua própria genialidade”, diz Susan Schneider

Ele fala dos sintomas da demência com corpos de Lewy da qual sofria o ator



EL PAÍS
Madri 30 SET 2016 - 17:50 COT
Desde que Robin Williams se matou, em agosto de 2014, foram poucas as vezes que sua viúva falou sobre ele em público. Agora, Susan Schneider publicou uma carta comovente na revista Neurology sobre a doença neurológica da qual sofria o ator, e que foi um dos motivos que o levaram a cometer suicídio aos 63 anos. Intitulada O terrorista dentro do cérebro do meu marido, a artista fala sobre a demência com corpos de Lewy, uma doença neurodegenerativa que afeta a memória e as habilidades motoras, e destruiu a vida de um dos atores mais amados de Hollywood, que também sofria da doença de Parkinson.



“A demência com corpos de Lewy é o que matou Robin”, diz a artista, que só descobriu que o marido tinha a doença quando lhe deram o relatório completo da autópsia três meses depois de sua morte. A doença causava ao ator “paranoia, alucinações, insônia, lapsos de memória” e “respostas emocionais que não tinham nada a ver com seu caráter”, diz ela na carta publicada no jornal oficial da Academia de Neurologia dos Estados Unidos. Tanto Williams como Schneider desconheciam as causas desses sintomas, e por isso no último ano de vida do ator ganhador do Oscar viveram cercados pela frustração. E, segundo conta Schneider, ele costumava dizer: “Só quero reiniciar o meu cérebro”.
“Nunca saberei a verdadeira profundidade do seu sofrimento ou o quão duramente ele estava lutando. Mas da minha posição, eu vi o homem mais corajoso do mundo interpretando o papel mais difícil de sua vida”. Na carta, Schneider, que foi casada com o ator por sete anos, também aproveita para descartar que Williams estivesse sofrendo de depressão, como foi dito no momento de sua morte. “Robin estava limpo e sóbrio, e de alguma forma, durante os meses de verão espalhamos felicidade, alegria e as coisas simples que amávamos: refeições e festas de aniversário com a família e amigos, meditar juntos, massagens e filmes, mas, acima de tudo, simplesmente pegar a mão do outro”.







Susan Schneider e Robin Williams, em uma estreia em Los Angeles em 2010. CORDON PRESS


Embora em suas bels recordações também haja espaço para admitir que nos últimos meses de vida mostrou alguns sintomas de episódios de depressão e de ansiedade, e como era difícil para ambos vê-lo lúcido e, cinco minutos depois, completamente perdido. “Não tinha poder para ajudá-lo a ver sua própria genialidade... Pela primeira vez, meu raciocínio não tinha nenhum efeito para que o meu marido encontrasse a luz nos túneis de medo nos quais estava metido”.
De acordo com o relato, Schneider conheceu a doença neurológica de Robin Williams três meses depois de sua morte e desde então passou um ano reunindo-se com médicos para tentar entendê-la. E embora lamente que o ator não tenha sido diagnosticado corretamente, “o terrorista iria matá-lo de qualquer maneira. Não há cura e o rápido declínio de Robin estava garantido”. Desde então, Susan Schneider trabalha com a associação norte-americana dessa doença para dar maior visibilidade e assim poder ajudar no diagnóstico. Um propósito que a levou agora a escrever uma carta tão pessoal. E uma missão que leva muito a sério, consciente do interesse que despertou o seu depoimento na primeira vez que falou na televisão sobre a morte do marido, que ela fez para falar sobre essa doença.

Robin Williams, entre sua mulher e sua filha Zelda, em 2011.

EL PAÍS
Robin Williams blindou o uso de sua imagem mesmo depois de morto



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