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domingo, 2 de outubro de 2016

Robin Williams, Philip Seymour Hoffman y Lauren Bacall / Brinquedos quebrados e irrompíveis

Robin Williams

Brinquedos quebrados e irrompíveis

Williams, Seymour Hoffman e Bacall demonstraram que o melhor efeito especial é o talento do ator


EL PAÍS
17 AGO 2014 - 17:00 COT

MARCOS BALFAGÓN
Morto Robin Williams e com Philip Seymour Hoffman (um dos melhores atores de sua geração) ainda na memória, voltou o cansativo bordão do brinquedo quebrado. Quando não se tem nada para dizer sobre o trabalho profissional de um ator que acaba de morrer se ressuscita o título do filme de Summers e tudo já está dito. O caso é que nem Williams nem Seymour Hoffman se encaixavam no clichê. Eram atores respeitados, com projetos em marcha e vultosa remuneração. Williams explorou com notável êxito suas qualidades de homem orquestra da interpretação e Seymour Hoffman demonstrou (em Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto ou Tudo Pelo Poder, por exemplo) que o melhor efeito especial é o talento do ator. A máquina de Hollywood trabalha assim: espreme o talento de seus atores (dos que têm gênio), exacerba suas depressões e destila delas o instante de uma interpretação insuperável. Não é que sejam brinquedos quebrados; é que têm de ser quebradiços para que o cinema obtenha a mais-valia do ator na tela. Boa parte da história de Hollywood foi tecida com desertos de drogas, oceanos de álcool e galáxias de sexo (leia Hollywood Babilônia, de Kenneth Anger); é, no final, o húmus que aduba a colheita.
Philip Seymour Hoffman

Mas, claro, outra parte do catálogo do ator é irrompível. Pode ser por sorte, porque estão bem acompanhados ou porque esse era o destino assinalado por seu caráter. É o caso de Lauren Bacall, falecida depois de uma vida sem acidentes dignos de nota. Tinha o olhar oblíquo (lateral ou vertical, a escolher) e sardônica, sorriso de superioridade e fragilidade escorregadia. Um Dashiell Hammet preguiçoso disse que era feita da matéria das fantasias. Construiu sem dificuldade dois ou três filmes memoráveis (a saber, À Beira do AbismoPalavras ao Vento e Teu Nome é Mulher) e se deixou balançar até o fim dos seus dias pela recordação associada a Humphrey Bogart.
Lauren Bacall

Infelizmente, será lembrada pela frase submissa em Uma Aventura na Martinica: “Se precisar de mim, assobie”. Merece uma lembrança melhor. Como a estampada pelo próprio Bogart em À Beira do Abismo: “O senhor não é muito alto” (esse fato incomodava muito Humphrey). A resposta é a de um homem experiente em mil confusões verbais: “Fiz o que pude”. E ficou com a garota.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Lauren Bacall / Morre uma das últimas deusas da Hollywood clássica


Morre Lauren Bacall, 

uma das últimas deusas da Hollywood clássica

A atriz, viúva de Humphrey Bogart, tinha 89 aos



Lauren Bacall em uma cena de 'Uma Aventura na Martinica’, de Howard Hawks.
Lauren Bacall, uma das últimas damas da era dourada de Hollywood e a única que conquistou o coração de Humphrey Bogart, morreu nesta terça-feira aos 89 anos. A noticia da morte foi confirmada pela família nas redes sociais. “Com grande pesar, mas com enorme gratidão por uma vida maravilhosa, confirmamos a morte de Lauren Bacall”, indicou uma mensagem de Twitter dos Bogart. Nova-iorquina, modelo e atriz, Bacall começou em Hollywood com 19 anos, ao lado daquele que seria seu marido em Uma Aventura na Martinica, filme de Howard Hawks.Nascida Betty Joan Perske, “uma jovem judia do Bronx”, como era conhecida coloquialmente na indústria em seus primeiros papeis, logo conquistou o coração de todos graças a essa frase que a imortalizaria, dizendo “sabe assoviar, não?” em Uma Aventura na Martinica, com a voz rouca que a caracterizava.
Outros trabalhos importantes foram Paixões em Fúria, À Beira do Abismo (também de Hawks) ou, mais recentemente O Espelho Tem Duas Faces, dirigido por Barbra Streisand.
Bacall foi casada com Bogart até a morte deste, em 1957. Posteriormente, casou-se com o também ator Jason Robards, de quem se divorciou em 1969. Bacall morreu em sua casa de uma embolia sofrida na manhã da terça-feira. Tinha três filhos. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood concedeu-lhe um Oscar honorífico em 2009 como uma das mais legendárias e lembradas intérpretes da Hollywood da época de ouro.
Apesar de manter sempre uma atitude muito reservada na indústria de Hollywood, seu estilo marcou toda uma geração desde seu primeiro trabalho na tela. Magra, lábios grossos e com um olhar embriagante, sua imagem permaneceu continuamente na memória, fazendo escola entre outras atrizes. Seu romance e posterior casamento com o tipo mais durão na tela, Humphrey Bogart, foi considerado uma das histórias mais românticas de uma indústria acostumada aos amores passageiros. Um amor trágico que lhe partiu o coração quando o câncer levou seu primeiro marido. Demorou quase 20 anos para sair da sombra de Bogart, o que fez graças a seu trabalho teatral, primeiro com a comédiaCactus Flower e depois com musicais como Woman of the Year eApplause, com os quais ganhou dois prêmios Tony.
Um de seus últimos trabalhos cinematográficos, o filme Reencarnação, causou polêmica depois das declarações de Bacall sobre sua colega de cena, Nicole Kidman. Na realidade não era um ataque contra Kidman, mas contra a afobação com a qual a imprensa costuma chamar de lenda qualquer estrela de Hollywood. “O que é uma lenda?”, perguntou, cutucando a jornalista durante a entrevista. “(Nicole) não pode ser uma lenda. Para ser uma lenda tem que ter mais idade”, disse a atriz que, aos 89 anos, ganhou esse título mais do que merecido.