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domingo, 14 de janeiro de 2018

Origem, começo e causalidade / Determinantes e resultantes


Um pequeno planeta cheio de vida
Origem, começo e causalidade

Determinantes e resultantes

4 JULHO 2015, 
VERA FELICIDADE DE ALMEIDA CAMPOS

Wassily Kandinsky dizia que tudo começa no ponto. Ele simplificou ou esqueceu, que o ponto é uma interseção de retas.
A afirmação de Kandinsky enfatiza idéias de começo, de origem, de causalidade. Quando se pensa em começo, em início, busca-se origens, busca-se causas do existente. Descobrir o início é a grande pergunta da ciência, tanto quanto açambarca toda idéia de criador e criatura, remetendo a um absoluto, a uma causa explicativa de tudo.
Onde começa o eu? Quando inicia o mundo? Qual a causa das grandes paixões e dos encontros não realizados, não continuados? Qual o instante abismal que colapsa perspectivas, o ponto responsável pela mudança, pela continuidade contingencial criadora de interseção? Frequentemente o entendimento destas questões é expresso através de variáveis deterministas, que procuram abranger e especificar o que é considerado causa explicativa.
Nada começa, nada finda, tudo continua e esta é a reversibilidade inexorável que cria os processos. São sequências de variáveis, interseções infinitas ocasionadas pelos processos, tanto quanto deles resultantes, que estabelecem pontos, variáveis, sistemas que insinuam começo e fim. Não há começo, não há origem, não há fim, não existe causalidade. O que existe são processos relacionais, movimentos convergentes e divergentes, criadores de posicionamentos, lacunas e abismos. Diante deles somos referenciados em contingências e estruturas que determinam nosso estar no mundo. Estas posições podem significar começos à medida que suas variáveis configuradoras são descontinuadas, fragmentadas. Buscar causas é negar a dialética dos processos, é transformar o processo da vivência humana em regra linear.
Na esfera psicológica, querer saber quando começa o medo, quando começa a dificuldade de relacionamento, por exemplo, e encontrar “traumas” como resposta, ou explicar pela situação de pobreza, de riqueza ou outras situações onde a rejeição era constante, são explicações que não globalizam o processo humano, são maneiras de amesquinhá-lo através do aprisionamento à referenciais históricos, à referenciais socio-econômicos. Medo é omissão diante do que ocorre, é a não resposta, a não participação, geralmente resultante de ter sido posicionado, arrebentado, despersonalizado em outros processos, em outras variáveis criadoras de atitudes, de comportamentos alienados.
Tudo começa onde acaba exatamente porque são insinuados parâmetros configuradores de realidades das quais se está diante. É a interseção de situações que impede a pontualização, tanto quanto permite a explicação globalizante. Imaginar começos, pontos de origem e causas é aristotélico, causalista, também cartesiano. Ato e potência, res extensa e res cogitans são abordagens lineares baseadas em tipificações, em classes, baseadas na divisão denso e sutil estabelecedora de dualismos e complexidade como a clássica idéia de matéria e espírito, de consciência como pré-existência do conhecimento, sede da alma, mais tarde sinonimizada como sujeito, favorecendo abordagens de viés introspectivo.
Penso que sujeito e objeto são aspectos de uma polaridade, não começam, nem terminam, não estão dentro, nem fora, são apenas polos de um eixo. Não há o mundo do sujeito (classicamente configurado como subjetivo pela filosofia e psicologias causalistas, principalmente as de fundamentação psicanalista), nem o mundo do objeto, da mundaneidade. Há um ser humano que percebe e isto é a dinâmica relacional do estar no mundo. Conceituações e denominações classificatórias de sujeito e objeto criam estagnações, criam divisões na maneira de enfocar o homem. É através da percepção que se estruturam o sujeito e o objeto. O ser humano não é sujeito nem objeto, ele é ser humano, que a depender da própria percepção, se configura em sujeito ou objeto, ocorrendo o mesmo em relação à percepção do outro - o outro ao me perceber configura a mim como sujeito ou como objeto.
Tudo começa no ponto, isto é, na interseção das retas que o configuram. Sabemos que a reta é uma infinita sucessão de pontos, consequentemente de interseções. Kandinsky sempre desenhou o relacional, apesar de achar que tudo começava em um ponto. Configurando a trajetória do ponto, ele sequenciava suas interseções.


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Como é a nova cadeira do físico britânico Stephen Hawking

Stephen Hawking

Como é a nova cadeira 

do físico britânico Stephen Hawking

Um sistema desenvolvido pela Intel permite ao cientista transmitir seus pensamentos mais rápido e realizar tarefas cotidianas em um décimo do tempo

Os pesquisadores de patologias motoras terão livre acesso à plataforma

  • Um remédio para a esclerose múltipla supera os primeiros testes


Depois de três anos de trabalho, engenheiros da Intel criaram a nova cadeira de rodas conectada com a qual Hawking poderá comunicar seu gênio. / INTEL
Se não fosse a tecnologia, as ideias do cientista mais brilhante da atualidade teriam ficado encerradas em sua cabeça. Acometido de uma doença que o deixou praticamente paralisado, o físico Stephen Hawking poderá, a partir de hoje, comunicar seus pensamentos e realizar tarefas cotidianas muito mais rápido graças à nova cadeira que a Intel desenvolveu para ele. O protótipo servirá de base para uma plataforma aberta a todos os que pesquisam meios de melhorar a vida dos portadores de tetraplegias e patologias motoras de origem neurológica.
Hawking estreou sua nova cadeira em um ato celebrado na manhã de terça-feira em Londres. O físico britânico, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA) desde os tempos de faculdade, poderá agora transmitir seus pensamentos com maior rapidez e realizar algo tão simples e essencial para ele como navegar na Internet em um décimo do tempo que levava na cadeira anterior.
Tanto o equipamento velho, que Hawking usou nas últimas duas décadas para se movimentar e se comunicar, como o novo são obra de engenheiros da Intel. Mas em questões de tecnologia, o tempo, esse fenômeno que tanto interessou ao genial físico, passa depressa demais e sua cadeira de sempre ficou antiquada e incapaz de aproveitar todos os avanços alcançados nos últimos anos.

A medicina não foi capaz de me curar, por isso dependo da tecnologia para poder me comunicar e viver”, diz Stephen Hawking
Com a nova cadeira, por exemplo, o sensor que atualmente tem na bochecha é detectado por um computador infravermelho montado em seus óculos, o que permite a ele selecionar caracteres em seu computador. A integração da tecnologia de software linguístico da companhia britânica SwiftKey, um aplicativo de texto inteligente, melhorou a capacidade do sistema para aprender com o professor, predizendo seus próximos caracteres e palavras.
Durante dois anos, engenheiros do Swiftkey trabalharam em um modelo de linguagem personalizada para Hawking. Em essência o sistema é similar ao do aplicativo para celulares. Aprende com o que já foi escrito em e-mails, mensagens ou posts em redes sociais para completar as palavras. No caso do físico britânico, a aprendizagem foi feita incluindo textos que o físico não publicou.
Segundo uma nota da Intel, com esse sistema, Hawking precisa escrever menos de 20% do total de caracteres comunicados. Até agora, por exemplo, para realizar uma busca na internet, o professor Hawking precisava seguir processos árduos, como fechar sua janela de comunicação, mover o cursor para abrir o navegador, movê-lo de novo à barra de busca e, por último, escrever os termos da busca. O novo sistema automatiza todos esses passos.
“A medicina não foi capaz de me curar, por isso dependo da tecnologia para poder me comunicar e para viver”, dizia o professor Hawking em Londres já instalado em sua nova cadeira.

Hawking e a responsável pelo projeto da cadeira ACAT. Intel
A plataforma foi batizada pela Intel como ACAT (sigla em inglês de Ferramentas Auxiliares Conscientes do Contexto). O projeto foi desenvolvido em três anos por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Intel Labs, com a cooperação do próprio Hawking.
“Durante décadas, o professor Hawking se valeu da tecnologia para poder comunicar-se com o mundo. Entretanto, para estabelecer uma analogia, seu antigo sistema era como tentar utilizar aplicativos e sites modernos sem teclado nem mouse”, diz Wen-Hann Wang, vice-presidente da Intel e diretor executivo da Intel Labs. “Juntos, criamos uma experiência de comunicação superior em todos os níveis, que contribui para manter o professor independente em sua vida diária e que pode chegar a aumentar a independência de outros portadores”, acrescentou.
Plataforma aberta a todos
O físico britânico é o primeiro a contar com o ACAT, mas a intenção da Intel é que a plataforma seja aberta em janeiro a todos os pesquisadores e tecnólogos que trabalham no campo da deficiência.
Mais de 3 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de lesões edoenças motoras de origem neurológica. Estas patologias afetam as atividades musculares voluntárias, como as capacidades de falar, andar, deglutir e realizar todo tipo de movimentos corporais.

Os engenheiros trabalharam três anos na nova cadeira de rodas
A partir do ano que vem, o software ACAT estará disponível para que os pesquisadores possam criar soluções personalizadas para interações e comunicação mediante o tato, piscadas, movimentos de sobrancelhas e outros gestos.
Embora a deficiência nem sempre tenha estado na lista de prioridades de muitas empresas de tecnologia, durante a apresentação do novo equipamento, a principal responsável pelo projeto do ACAT na Intel Labs, Lamba Nachman, recordou que “o âmbito das tecnologias para deficientes é, com frequência, um campo de testes para as tecnologias do futuro”.