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terça-feira, 7 de junho de 2022

Jean de La Fontaine / A cigarra e a formiga

 




Jean de La Fontaine

A cigarra e a formiga

Tendo a cigarra em cantigas
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso estio.

- "Amiga", diz a cigarra,
- "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."

A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
- "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
- "Oh! bravo!", torna a formiga.
- "Cantavas? Pois dança agora!"

Jean de La Fontaine (1621 – 1695) foi um autor francês que ficou conhecido pela obra Fábulas (1668), na qual se inspira em Esopo e recria várias narrativas curtas com moralidade.As histórias são contadas em verso e passaram de geração em geração, se tornando extremamente famosas ao longo dos séculos. 


 

terça-feira, 5 de abril de 2022

Esopo / A fábula da raposa e das uvas

Esopo

A fábula da raposa e das uvas

Chegando uma Raposa a uma parreira, viu-a carregada de uvas maduras e formosas e cobiçou-as. Começou a fazer tentativas para subir; porém, como as uvas estavam altas e a subida era íngreme, por muito que tentasse não as conseguiu alcançar. Então disse:

- Estas uvas estão muito azedas, e podem manchar-me os dentes; não quero colhê-las verdes, pois não gosto delas assim.

E, dito isto, foi-se embora.




segunda-feira, 4 de abril de 2022

Esopo / A rã e o boi

 

Robert Padula



Esopo
A rã e o boi

Uma rã estava no prado olhando um boi e sentiu tal inveja do tamanho dele que começou a inflar para ficar maior.

Então, outra rã chegou e perguntou se o boi era o maior dos dois.

A primeira respondeu que não – e se esforçou para inflar mais.

Depois, repetiu a pergunta:

– Quem é maior agora?

A outra rã respondeu:

– O boi.

A rã ficou furiosa e tentou ficar maior inflando mais e mais, até que arrebentou.




sábado, 2 de abril de 2022

Esopo / A raposa e o corvo

 



Esopo
A raposa e o corvo

Um corvo roubou um queijo, e com ele no bico foi pousar em uma árvore. Uma raposa, atraída cheiro, desejou logo comer o queijo; mas como! a árvore era alta, e o corvo tem asas, e sabe voar. Recorreu pois a raposa às suas manhas:

- Bons dias, meu amo, disse; quanto folgo de o ver assim belo e nédio. Certo entre o povo aligero não há quem o iguale. Dizem que o rouxinol o excede, porque canta; pois eu afirmo que V. Exa. não canta porque não quer; se o quisesse, desbancaria a todos os rouxinóis.

Ufano por se ver com tanta justiça apreciado, o corvo quis mostrar que também cantava, e logo que abriu o bico, caiu-lhe o queijo. A raposa o apanhou, e, safa, disse:

- Adeus, Sr. Corvo, aprenda a desconfiar das adulações, e não lhe ficará cara a lição pelo preço desse queijo.




sexta-feira, 1 de abril de 2022

Esopo / O lobo e o cordeiro





Esopo
O lobo e o cordeiro

Estava um lobo a beber água num ribeiro, quando avistou um cordeiro que também bebia da mesma água, um pouco mais abaixo. Mal viu o cordeiro, o lobo foi ter com ele de má cara, arreganhando os dentes.

— Como tens a ousadia de turvar a água onde eu estou a beber?

Respondeu o cordeiro humildemente:

— Eu estou a beber mais abaixo, por isso não te posso turvar a água.

— Ainda respondes, insolente! — retorquiu o lobo ainda mais colérico. — Já há seis meses o teu pai me fez o mesmo.

Respondeu o cordeiro:

— Nesse tempo, Senhor, ainda eu não era nascido, não tenho culpa.

— Sim, tens — replicou o lobo —, que estragaste todo o pasto do meu campo.

— Mas isso não pode ser — disse o cordeiro —, porque ainda não tenho dentes.

O lobo, sem mais uma palavra, saltou sobre ele e logo o degolou e comeu.




quarta-feira, 30 de março de 2022

Esopo / A cigarra e a formiga

 


Esopo
A cigarra e a formiga

A cada bela estação uma formiga incansável levava para sua casa os mais abundantes mantimentos: quando chegou o inverno, estava farta. Uma cigarra, que todo o verão levara a cantar, achou-se então na maior miséria. Quase a morrer de fome, veio esta, de mãos postas, suplicar à formiga lhe emprestasse um pouco do que lhe sobrava, prometendo pagar-lhe com o juro que quisesse. A formiga, que não é de gênio emprestador; perguntou-lhe, pois, o que fizera no verão que não se precavera.

— No verão, cantei, o calor não me deixou trabalhar.

— Cantastes! tornou a formiga; pois agora dançai.






terça-feira, 29 de março de 2022

Esopo / A lebre e a tartaruga






Esopo
A lebre e a tartaruga

— Tenho pena de você —, disse uma vez a lebre à tartaruga: — obrigada a andar com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus inimigos.

— Guarda para ti a tua compaixão — disse a tartaruga — pesada como sou, e tu ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a qualquer meta que nos proponhamos a alcançar.

— Vá feito, disse a lebre: só pela graça aceito a aposta.

Ajustada a meta, pôs-se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir remando em seco, ria-se como uma perdida; e pôs-se a saltar, a divertir-se; e a tartaruga ia-se adiantando.

— Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! Que galope é esse? Olha que eu vou dormir um pouquinho.

E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou-se, e fingiu dormir, dizendo: sempre hei de chegar a tempo. De súbito olha; já era tarde; a tartaruga estava na meta, e vencedora lhe retribuía os seus deboches:

— Que vergonha! Uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre!




quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Esopo / O cão e seu reflexo



Esopo
O cão e seu reflexo 


Um cão estava se sentindo muito orgulhoso de si mesmo. Achara um enorme pedaço de carne e a levava na boca, pretendendo devorá-lo em paz em algum lugar.
Ele chegou a um curso d´áqua e começou a cruzar a estreita ponte que o levava para o outro lado. De repente, parou e olhou para baixo. Na superfície da água, viu seu próprio reflexo brilhando.
O cão não se deu conta que estava olhando para si mesmo. Julgou estar vendo outro cão com um pedaço de carne na boca.

"Opa! Aquele pedaço de carne é maior que o meu", pensou ele. " Vou pegá-lo e correr". 
Dito e feito. Largou seu pedaço de carne para pegar o que estava na boca do outro cão. Naturalmente, seu pedaço caiu n`água e foi parar bem no fundo, deixando-o sem nada.


MORAL: Quem tudo quer tudo perde.






segunda-feira, 6 de maio de 2013

La Fontaine / A raposa e a cegonha


La Fontaine
A raposa e a cegonha


A Raposa convidou a Cegonha para jantar e lhe serviu sopa em um prato raso.
-Você não está gostando de minha sopa? - Perguntou, enquanto a cegonha bicava o líquido sem sucesso.
- Como posso gostar? - A Cegonha respondeu. vendo a Raposa lamber a sopa que lhe pareceu deliciosa.
Dias depois foi a vez da cegonha convidar a Raposa para comer na beira da Lagoa, serviu então a sopa num jarro largo embaixo e estreito em cima.
- Hummmm, deliciosa! - Exclamou a Cegonha, enfiando o comprido bico pelo gargalo - Você não acha?
A Raposa não achava nada nem podia achar, pois seu focinho não passava pelo gargalo estreito do jarro. Tentou mais uma ou duas vezes e se despediu de mau humor, achando que por algum motivo aquilo não era nada engraçado.

MORAL: às vezes recebemos na mesma moeda por tudo aquilo que fazemos.





sexta-feira, 3 de maio de 2013

La Fontaine / O lobo e o cordeiro





Jean de La Fontaine
O LOBO E O CORDEIRO

Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água.
- Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo - disse o lobo, que estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome.
- Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando.
- Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado.
- Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido.
O lobo pensou um pouco e disse:
- se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo.
- Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único.
- Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue.
Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro,a garrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado.

MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor.





quarta-feira, 1 de maio de 2013

La Fontaine / O corvo e a raposa




Jean de La Fontaine
O CORVO E A RAPOSA

O Corvo estava pousado em um galho baixo de uma frondosa árvore. No bico, trazia um queijo grande, cujo odor atraiu a esperta raposa. Ela ficou debaixo do galho e se pôs a elogiar o corvo.
- Bom dia, lindo corvo. Sei que você sabe cantar como nenhuma outra criatura desta floresta. Você é a glória destas paragens, com sua voz afável.
Diante de tamanha lisonja, mesmo sabendo que seu piar era medonho, o corvo ficou tomado pela vaidade, e querendo mostrar seus dotes canoros, afoitamente se pôs a cantar. O queijo escapou de seu bico direto para a boca da raposa, que lhe disse:
- Meu amigo, aprenda esta lição. É assim que vive o lisonjeiro, às custas de quem acredita nele. A paga pela lição é este queijo delicioso.
Foi-se embora a raposa, e o corvo, envergonhado, resmungou consigo:
- Velhaca!! Como pude ser tão idiota e acreditar nela? Mas juro que algo assim nunca mais vai me acontecer.



Fábulas de La Fontaine. volume I 
São Paulo, Editora Escala, 1999, p. 8