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terça-feira, 28 de julho de 2015

Amy Winehouse / Mito y naufrágio



Amy Winehouse, mito e naufrágio


Documentário de Asif Kapadi, de 'Senna', mostra retrato devastador da cantora







Amy, o documentário que triunfou em Cannes e que estreou no Reino Unido e em vários países neste mês (no Brasil, a expectativa é que ele chegue aos cinemas até setembro), apresenta uma questão inquietante: quais novidades se pode contar sobre uma celebridade do século XXI? Como a de tantas celebridades de hoje, a vida pública de Amy Winehouse aconteceu em horário nobre, sendo vista pelo mundo inteiro. De alguma forma, até sua morte trágica parecia prevista, predestinada, assumida com antecedência.
Na verdade, nossa informação era escassa e incorreta. Quando morreu, em julho de 2011, todos pensaram que a “pobre Amy” tinha sofrido uma overdose de drogas ilegais. Para surpresa geral, a investigação dos legistas determinou que a causa imediata foi intoxicação aguda com uma droga legal: tinha consumido uma quantidade enorme de vodca.

O diretor do documentário, Asif Kapadia - o mesmo que dirigiu Senna (2010), sobre o piloto de Fórmula 1 e ídolo brasileiro Ayrton Senna, se encontrou com um dilema muito próprio do tempo presente: tinha muitos documentos audiovisuais da cantora, incluindo muito material nunca exibido. A primeira montagem de Amy durava três horas e os poucos que assistiram dizem que era devastador. Em sua forma final, são 128 minutos e, mesmo assim, ainda deixa um gosto amargo.
Tecnicamente, Kapadia tinha suficientes imagens e sons de Amy para que ela pudesse contar suas experiências em primeira pessoa. Mas não era suficiente: tudo foi muito rápido e nem ela entendia a experiência terrível que foi sua profissionalização, coincidindo com sua entrada na vida adulta. O filme precisava de outras vozes: amigos, família, colegas, médicos. E todos eles intervêm: a abundância de cenas de Amy Winehouse permite que o cineasta evite esse tema dos documentários que é a sucessão de cabeças falantes.
Essa opção narrativa por parte de Kapadia também tem seus perigos.Amy nos submerge em uma vida tumultuada sem permitir nem descanso ou reflexão. Kapadia inclusive reflete sobre o que podia sentir Winehouse quando saía na rua, atacada pelos flashes dos paparazzis e os holofotes das câmeras de TV. Embora mencionem a possibilidade de que seu telefone pudesse estar grampeado, não é explorada a relação – em seu caso, mais parasitária que simbiótica – entre os meios de comunicação e os famosos que são caçados por eles. É retratada a crueldade gratuita dos apresentadores de televisão, esses heróis do talk show que encenavam as maldades de seus fabricantes de gags.

A primeira montagem de Amy durava três horas e era desoladora
A potência da montagem de Amyesconde, no entanto, uma clara divisão de heróis e vilões. Mitch Winehouse não termina com uma boa imagem: o pai da artista foi para a ilha caribenha, onde ela estava tentando se recompor, acompanhado de uma equipe de filmagem, disposto a gravar um documentário que terminaria se chamando Saving Amy (Salvando Amy). Foi Mitch que decidiu que sua filha não precisava ir para a reabilitação, inspirando, de quebra, a memorável canção Rehab, mas também facilitando o aprofundamento de seus problemas.

Blake Fielder-Civil, o grande amor da vocalista, é retratado como um cafetão em todos os sentidos
Blake Fielder-Civil, o grande amor da vocalista, é retratado como um cafetão em todos os sentidos da palavra: o dinheiro de sua namorada servia para pagar o silêncio do dono de um pub que Fielder-Civil e outros amigos atacaram, um suborno que o levou a uma severa pena de prisão.
Não devemos esquecer de Raye Cosbert, o segundo manager, que tomou a decisão fatal de enviá-la em turnê quando Amy estava frágil, como se achasse que a estrada tem virtudes que podem salvar artistas com problemas. Ela era muito boa ao vivo, mas o grande número de apresentações coincidiu com seus momentos de fraqueza; precisou enfrentar plateias envenenadas, que talvez secretamente esperavam que ela fizesse coisas ridículas.

A nova idade de ouro do “soul” impulsionado por “Back in Black”

Winehouse, no 'Rock in Rio' de Madri, em 2008. /CLAUDIO ÁLVAREZ
Amy Jade Winehouse chegou em uma época boa para cantoras. Mas tinha argumentos mais do que suficientes para se destacar no mercado. Em primeiro lugar, seu ecletismo natural: dominava a sensibilidade pop doBrill Building nova-iorquino, conseguia cantar standards, mantinha a pose na frente de músicos de jazz, não era difícil se envolver com os ritmos jamaicanos, até queria competir com rappers.
O segundo, e talvez não tenha sido suficientemente apreciado: compunha com facilidade surpreendente, escrevendo letras cruas e precisas.Amy, o documentário que estreia hoje na Espanha, inclui uma entrevista inédita onde ela lamenta que agora não haja compositores como James Taylor e Carole King. Na verdade, embora utilizasse linguagens diferentes, queria chegar a esse nível de perspicácia e honestidade expressiva.
E o mais evidente: essa voz, com sua pitada desoul da velha escola, felizmente sem maneirismos. Não pretendia ser uma nova Aretha Franklin: era uma garota do bairro, abençoada por essa capacidade britânica de absorver outras músicas, que usava seus ensinamentos para tentar se mostrar ao mundo.
Seu exemplo reverbera em todo o pop triunfante da última década. O impacto de Back in Blackfacilitou a aceitação global de vocalistas londrinos polidos como Adele ou Sam Smith.
Graças à associação com Amy, prosperaram os Dap-Kings, a banda oficial do selo Daptone; um de seus produtores, Mark Ronson, arrasou recentemente com Uptown Funk, cantada por Bruno Mars.
Por outro lado, o papel de guardião paternal recai sobre Nick Shymanksy, primeiro representante de Amy. Embora, vendo em retrospectiva, qualquer um pode apontar os erros. Sua gravadora Universal Music também aparece bem, o que era previsível: a multinacional financiou o documentário.
Sensível a sua má reputação, a indústria musical se moveu com cautela ao redor de Amy: no mês passado, o atual chefe da Universal Music no Reino Unido, David Joseph, afirmava ter destruído os originais e outros materiais inéditos dela, para evitar que no futuro saiam discos fracos ou os chamados desenterrados, onde são colocados novos fundos instrumentais às pistas de voz. Com todo o respeito, é difícil acreditar nisso; além disso, são feitas várias cópias de tudo que foi gravado por uma figura importante.
Em geral, é possível afirmar que a Universal não cedeu a seus piores impulsos na hora de vender a música de Amy. Aceitou que ela não tinha energia suficiente para tentar conquistar o mercado discográfico mais importante, o dos EUA. Lançou edições corretas ampliadas dos dois álbuns publicados durante sua vida,Frank e Back to Black. Como álbuns póstumos, só editou Lioness: Hidden Treasures (2011) e Amy Winehouse at the BBC (2012).
O que não se consegue explicar emAmy é a natureza complexa do jogo em que ela se destacou. Sem subestimar seu imenso talento natural, era um produto do prodigioso pop britânico, com suas academias especializadas e seus hábeis mecanismos para cultivar projetos comercializáveis.
Aos 19 anos, sem ter gravado, Amy recebeu 250.000 libras (o que hoje chegaria a cerca de 1,2 milhão de reais) a título de adiantamento de direito autoral por suas canções presentes e futuras. Avançou na primeira divisão do negócio da música, trabalhando com produtores nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que se beneficiava do clima criativo do bairro londrino de Camden, onde participava em jam sessions sem chamar a atenção.

Amy Winehouse, em seu apartamento em Londres em 2011. / GETTY IMAGES
No entanto, apesar de toda sua potência econômica, a indústria musical não tem um Departamento de Saúde. Era óbvio que algo estava errado com Amy. Embora a indústria discográfica não sabia nada dos antidepressivos ou dos episódios de bulimia da juventude, era evidente seu emagrecimento, sua transformação física: aquela menina ossuda parecia determinada a encarnar a versão 2.0 das integrantes das exuberantes Ronnettes. Continuava praticando dieta romana: comer até se fartar e depois vomitar.
Podemos aceitar que Amy Winehouse tenha sido vítima dos modelos dominantes de beleza e terminasse ferida por um relacionamento tóxico. Ao assistir ao documentário, ficamos ainda mais espantados ao saber que sua baixa autoestima chegava até mesmo a seus extraordinários poderes para compor e cantar. É o único que hoje ninguém duvida.´



segunda-feira, 27 de julho de 2015

A história que não queriam contar de Amy Winehouse

A história que não queriam contar 

de Amy Winehouse

Mitch, o pai da cantora, entra na Justiça contra a produtora de um documentário no qual ele é acusado de ser o culpado por ela consumir drogas

Amy Winehouse
A cantora britânica Amy Winehouse. / CORDON PRESS

Amy Winehouse não só foi a selvagem cantora britânica que com sua voz rouca revitalizou o soul e que, muito a contragosto, teve a sua vida privada proporcionando manchetes à voraz imprensa marrom de seu país. Quase quatro anos depois de morrer por ingerir álcool demais, seu nome regressa às primeiras páginas britânicas no que promete ser outra longa novela.
A iminente estreia em Cannes do documentário Amy, dirigido pelo britânico Asif Kapadia, diretor do excelente Senna (sobre o falecido piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna) provocou a ira da família Winehouse, em particular de seu pai, o homem que, segundo o documentário, introduziu a artista ao mundo das drogas e do álcool. “Tinham uma ideia muito clara do filme que queriam fazer e não tinham nenhuma intenção de permitir que seus amigos ou a verdade se interpusessem em seu caminho”, argumentou Mitch Winehouse no diário The Sun. Ele é retratado também como um pai ausente, algo que marcou dolorosamente a cantora. Algo que se torna curioso, pois em março o próprio Mitch dizia sentir-se satisfeito com a realização do documentário. “Recebemos muitas propostas para um documentário sobre a vida de o trabalho de Amy. Os produtores deSenna apresentaram uma visão que olha a história de nossa filha com sensibilidade e honestidade, sem sensacionalismos. Queremos que seja um tributo a seu legado musical”, dizia o comunicado emitido pela família Winehouse. Agora, parece que o pai da cantora mudou de opinião.

O filme, que ainda não foi visto pelos críticos e que chegará às salas britânicas em 3 de julho, utiliza, entre outras coisas, acusações diretas de Blake Fielder-Civil, o ex marido da cantora, com quem ela manteve uma tempestuosa relação de quase uma década. Segundo ele, foi Mitch Winehouse a pessoa diante da qual Amy injetou heroína pela primeira vez. “Não sei como podem permitir que ele faça uma acusação tão dolorosa e inacreditável”, se defende Winehouse, que, segundo The Sun, falou com seus advogados para apresentar uma ação por difamação e impedir a estreia no Reino Unido. “Quando vi o filme pela primeira vez fiquei doente. Amy ficaria furiosa. Não é o que ela gostaria”, exclama.
O diretor e produtores do documentário se defendem afirmando que embarcaram no projeto com o apoio total da família. “Procuramos ser completamente objetivos. Realizamos mais de cem entrevistas e o filme é o resultado de todos esses encontros.”
Amy Winehouse morreu na idade maldita que muitos roqueiros não superam —os 27 anos, como Janis Joplin, Jimmy Hendrix e Jim Morrison— e o filme sobre sua vida não será o primeiro que nasce envolto em polêmica. O mais comum, se a família do protagonista não estiver diretamente envolvida na produção e não puser dinheiro para financiá-la, é que nos documentários dedicados a um personagem concreto sejam contadas coisas incômodas sobre sua vida. O que ocorre é que “os mortos, inclusive os de pior aspecto, adquirem caráter de santidade”, disse Diego Manrique neste jornal em relação à polêmica criada na Espanha pela família do cantor Antonio Vega depois da estreia do filme Tu Voz Entre Otras Mil, de Paloma Conejero.
Mas a verdade é que, se não se deleitam com o fácil interesse mórbido, esses documentários não censurados pela família costumam ser os melhores porque oferecem todas as caras de um personagem, como no caso de Vega, uma pessoa que Tu Voz Entre Otras Mil mostrava com muitas gamas de cinza e, portanto, como alguém complexo, muito mais interessante do que um retrato em branco e preto.
No caso do filme Kurt Cobain: Montage of Heck, que estreou recentemente no festival de Tribeca, foi a própria Courtney Love, esposa do falecido cantor do Nirvana, que entregou ao diretor Brett Morgen todo tipo de material íntimo, o que lhe permitiu realizar um retrato “expressionista” (segundo os críticos) do artista, mas no qual a própria Love aparece muito bem como parceira amorosa do músico. Não é de estranhar, portanto, que compareça para apoiar o filme em todas as estreias. Isso não ocorreu com outros filmes, comoKurt and Courtney, de Nick Broomfield, cuja estreia Love tentou impedir em 1997 porque era mostrada como “a bruxa” da vida do cantor e ele, como um homem torturado e farto da esposa.



sábado, 9 de agosto de 2014

Marianne Faithfull / Meu ex-namorado matou Jim Morrison

Marianne Faithfull

“Meu ex-namorado matou Jim Morrison”

Faithfull volta a apontar o suposto responsável pela morte do cantor: Jean de Breteuil













Marianne Faithfull, em um retrato de 1974. / GETTY IMAGES
É a sensação do último número da revista britânica Mojo. Falando rápido, Marianne Faithfull abre a conversa com o jornalista Tom Doyle afirmando que sabe quem matou Jim Morrison. Joga a responsabilidade sobre Jean de Breteuil, um aristocrata francês que fornecia drogas para as estrelas. Pela falta de notícias no verão no hemisfério norte, a suposta revelação armou certo rebuliço.
Mas, na realidade, não traz nada de novo. A sombra de Jean de Breteuil sempre rondou os acontecimentos de Paris no dia 3 de julho de 1971. Faithfull insiste que o cantor do The Doors sofreu “um acidente”, eufemismo para denominar a overdose que acabou com sua vida.


Jean de Breteuil, o homem que supostamente causou a morte de Jim Morrison.
Na verdade, Marianne não podia dizer outra coisa: aquela noite, decidiu não ir com o conde, que supostamente tinha um encontro com Morrison. “Pensei: ‘vou tomar uns Tuinal (barbitúricos) e não vou até lá.’ E ele [De Breiteuil] foi se encontrar com Jim Morrison e o matou. O que quero dizer é que tenho certeza que foi um acidente”, contou.
Pode ser que Marianne não esteja sendo totalmente sincera. Ela tinha caído em desgraça: de pertencer ao círculo superior do rock, por sua relação com os Rolling Stones, a depender quimicamente de Jean de Breteuil, de quem nunca se conta nada bom. O que se murmura, falando sobre o submundo junkie, é que Jean usava as drogas para levar lindas mulheres para sua cama. Uma das teorias mais perversas sugere que ele teve um caso com Pamela Courson, a companheira de Morrison; fornecer ao cantor heroína de alta qualidade seria uma forma de eliminar um obstáculo. Um disparate, já que Jean parecia se encaixar no perfil de groupie masculino: estava feliz de contar em seu harém com a ex de Mick Jagger e, ao mesmo tempo, estar em contato com o autor de The End.
Gay Mercader, o promotor de shows espanhol, teve um relacionamento com Breteuil em Paris: “Pertencia a um círculo de rapazes boêmios de famílias ricas, que fumavam haxixe, tomavam LSD e viajavam para a Índia. Podiam se permitir isso, eram herdeiros de grandes fortunas. Os Breteuil tinham, entre outros negócios, jornais na África. Inclusive, Jean morreu em uma mansão que tinham em Tanger”. Segundo suas lembranças, a heroína ainda não tinha entrado com força: “A última vez que nos vimos, lá por 1968, me vendeu um Rolex que ainda tenho. É possível que já estivesse usando heroína, mas claro, não aparentava.”
Sobrou para Breteuil: é o malvado deste filme. Segundo se conta, foi ele que vendeu a Morrison heroína de grande pureza. Achando que se tratava de cocaína, o cantor cheirou uma carreira que terminou sendo fatal, apesar da tentativa de Pamela de reanimá-lo, em uma banheiro cheia de água fria.
Outra versão, divulgada em 2007, coloca Morrison em um clube perto, o Rock ‘N’ Roll Circus, onde comprou heroína de dois vendedores de Jean. Segundo o DJ Sam Bernett, na época gerente do Circus, Jim sofreu a overdose em um banheiro do local. Ao serem localizados, os pobres traficantes transportaram o cadáver do “famoso cantor norte-americano” para seu apartamento na rue Beautreillis. Uma façanha que mereceria uma Medalha ao Trabalho.
Em qualquer um dos casos, depois de chamada a polícia, apareceu um legista. Foi dito a ele que Morrison tinha problemas de asma e que bebia muito, mas negaram que consumisse drogas. Por não encontrar marcas de picadas, o bom médico emitiu o parecer de que tinha sido vítima de uma parada cardio-respiratória e não pediu uma necropsia.
Essa extraordinária negligência, potencializada pelo secretismo que rondou seu enterro, que não contou nem mesmo com seus companheiros do The Doors, explica o terreno em que cresceram as mais fantasiosas ocorrências, de complexas conspirações à ideia de que Morrison fingiu sua morte em 1971 e passou a viver no anonimato. Como o trio central já morreu - Jim, Pamela, Jean - as especulações são livres.
E depois está o efeito Rashomon: assim como no filme de Kurosawa, cada testemunha tem uma visão do ocorrido. Muito sociável, Jim Morrison fez amigos em Paris, incluindo o jornalista musical Hervé Muller e a cineasta Agnès Varda. Jean de Breteuil era outro mais, com o mérito de que sabia onde conseguir drogas de qualidade.
Sendo ou não o responsável direto, há certa lógica em pensar que o conde se assustasse ao saber que Morrison tinha falecido. Em diferentes ocasiões, Marianne Faithfull explicou que se desfizeram da heroína que guardavam e fugiram para o Marrocos. Ali, Jean morreria pouco depois, vítima de uma overdose.
Um final suficientemente sórdido para aqueles que procuram simetrias: Jean de Breteuil pagou pelo mal que causou. Gay Mercader não concorda com essa ideia de justiça cósmica: “Já é desgraça suficiente morrer aos 22 anos e ainda por cima ser imortalizado como criminoso. Jean era um cara bonito e comunicativo. Se vendeu heroína a Jim Morrison, seria pelas mesmas razões que acolheu uma Marianne Faithfull quando ela estava por baixo: pela idolatria que todos sentíamos pelas estrelas de rock”.


sábado, 1 de março de 2014

A autópsia de Hoffman confirma que ele morreu de overdose

Philip Seymour Hoffman

A autópsia de Hoffman confirma 

que ele morreu de overdose

A morte foi acidental e aconteceu depois de uma intoxicação aguda pelo consumo de várias drogas, entre elas, heroína e cocaína



Philipp Seymour Hoffman no Festival de Veneza em 2012. / MAX ROSSI (REUTERS)
Philip Seymour Hoffman morreu de uma sobredose depois de consumir várias drogas, entre elas, cocaína, heroína, benzodiacepinas (antidepresivos) e anfetaminas. Assim o confirmou nesta sexta-feira o Centro Médico Forense de Nova York. A morte foi acidental e deveu-se a uma intoxicação aguda por ingerir estas substâncias juntas, segundo acrescentam as autoridades, informa AP. Por enquanto, não foram dados mais detalhes.
Hoffman, de 46 anos, foi achado morto em seu apartamento de West Village (Manhattan) no último dia 2 de fevereiro com uma seringa no braço. Além disso, a polícia encontrou pacotes com heroína e receitas de narcóticos em sua casa. Depois destes achados, a policial já suspeitava que a causa da morte do ator poderia ser uma overdose. A primeira autópsia realizada não foi conclusiva.
No dia de sua morte, o ator tinha que buscar seus três filhos, mas não apareceu. David Katz, ator e amigo, foi quem o encontrou. Hoffman vestia uma camiseta, calças curtas e tinha seus óculos na cabeça. Embora sua morte tenha sido inesperada, era sabido que o ator passava por um mau momento pessoal em maio de 2013, quando voltou a consumir substâncias, sobretudo heroína.
O ator já tinha problemas do tipo em sua época de universitário -o que foi reconhecido no programa da CBS, 60 minutos, em 2006-. Estava havia 23 anos sóbrio até a recaída do ano passado, na qual teve que ser internado em um centro de desintoxicação para tratar o vício. Hoffman voltou a reconhecer sua recaída durante uma entrevista.
A trágica morte de Hoffman coincide com um aumento no consumo de heroína nos EUA, que o Governo chegou a definir como epidemia. O estudo sobre Abuso de Drogas e Saúde (NSDUH), elaborado pelo Departamento de Abuso de Drogas e Saúde Mental (SAMHSA), nas siglas em inglês) concluiu que 669.000 norte-americanos consumiram heroína pelo menos uma vez em 2012 (80% a mais que em 2007). Entre os anos 2006 e 2010 morreram por causa da droga 3.038 pessoas, explicaron fontes do SAMHSA, que pertenece ao Departamento de Saúde dos EUA.
Hoffman, com mais de 20 anos de carreira, era considerado um dos atores atuais mais brilhantes. Ganhador do Oscar por Capote, candidato mais três vezes, também teve uma frutífera carreira no teatro: competiu duas vezes pelos Tony. O ator foi enterrado em Manhattan o passado 7 de fevereiro.
Entre os amigos que se despediram publicamente do ator esteve Aaron Sorkin. O fez mediante um obituario na revista Time. Em seu texto, o roteirista desvelou uma frase profética que Hoffman deixou como legado. "Se alguma vez um de nós morrer de overdose, seguramente, 10 pessoas ganharão nesse dia", disse o ator ao diretor em uma ocasião. "Queria dizer que nossas mortes seriam notícia —como aconteceu— e que, talvez, alguém se assustaria e iria de imediato à reabilitação", continuou o texto de Sorkin.
A autópsia confirma que Hoffman morreu da mesma maneira que o ator de Glee, Cory Monteith, de 31 anos, em Vancouver o passado outubro. Entre outros, também se relacionaram com o abuso de substâncias, as mortes do ator australiano Heath Ledger em 2008 e o da cantora Whitney Houston em 2012.