sexta-feira, 31 de maio de 2013

Virna Teixeira / Poemas


Virma Teixeira
POEMAS

ATLÁNTICO


tateiam no escuro sala vazia
na trama feroz do confronto

caem no palco, sobre linhas de moldura

a noite se dissipa em eclipse
um comboio atravessa a ponte


sondean en la oscuridad sala vacía
la trama feroz de la confrontación

en la escena caen, sobre líneas de moldura

la noche se disipa en eclipse
un tren atraviesa el puente



*****


os corpos desfocados
na linha costeira

sargaços céu com vertigem
torpor de mergulho

após o cerco de rochedos


los cuerpos desenfocados
en la línea costera

sargazos cielo en vértigo

después el cerco de peñascos


*****


música descontínua
em stacatto

mas o timbre suave

pontilhado de luz
no azul extremo


musica descontinua
en stacatto

pero el timbre suave

puntillado de luz
en el azul extremo



*****


estirada no panóplio da praia
na sombra, deck chair um livro

passam ambulantes e banhistas

o sol arde no trópico ao meio-dia

alguém de ray-ban wayfarer
lembra um verão em fire island


tirada en la panoplia de la playa
en la sombra, deck chair un libro

pasan ambulantes y bañistas

el sol arde en el tropico al mediodia

alguien de ray-ban wayfarer
recuerda un verano en fire island



*****


lombos grelhados de lagosta
no átrio do quiosque vazio

menu de petiscos escrito em giz

a rádio evoca uma canção antiga


lomos de langosta a la parilla
en el atrio del quiosco vacio

menú de tapas escrito en tiza

la radio evoca una vieja canción



*****


o entardecer deixava rastros
cegos de luz na pista

um caminhão no contrafluxo

e a noite íngreme

se insinuava entre escarpas


el crepúsculo dejaba huellas
ciegas de luz en la pista

un camión en contraflujo

y la noche abrupta
se insinuaba entre escarpas


Publicado por Revista Ping Pong 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Dario Fo / Morre a atriz italiana Franca Rame

dario-fo-e-franca-rame

Morre a atriz italiana 

Franca Rame, 

esposa e musa de Dario Fo


  • Ela colaborou com muitas peças de Fo e era sua principal protagonista feminina





Franca Rame (à direita) com seu marido, o dramaturgo Dario Fo, em foto de 1995 em Milão Foto: AP




Franca Rame (à direita) com seu marido, o dramaturgo Dario Fo, em foto de 1995 em Milão AP
MILÃO — A atriz italiana Franca Rame, esposa e musa do dramaturgo ganhador do Nobel de Literatura Dario Fo, morreu nesta quarta-feira, aos 84 anos, informou a companhia teatral do casal. Em mais de meio século de carreira, Rame e Fo cativaram os italianos com suas sátiras políticas apresentadas no teatro, no rádio e na televisão.

Franca Rame
Rame, que se casou com Fo em 1954, colaborou com muitas peças dele, e era sua principal protagonista feminina. A atriz havia sofrido um derrame no ano passado, mas a causa da morte não foi revelada.
Nascida em uma família ligada ao teatro, Rame tinha apenas oito dias de idade quando estreou sobre o palco, nos braços da mãe.
A peça mais famosa do casal, "Morte Acidental de Um Anarquista", desafiou as instituições italianas na década de 1970 ao acusar abertamente a polícia de atirar o anarquista Giuseppe Pinelli do quarto andar de uma delegacia de polícia, e depois alegar que se tratou de um suicídio.

Em outra peça, "O Mistério Bufo", a dupla recontava os Evangelhos por meio de uma série de farsas, uma impertinência que foi criticada pelo Vaticano.Feminista e ativista de esquerda, Rame foi vítima de um brutal estupro coletivo em 1973, que Fo atribuiu a militantes fascistas dispostos a humilhá-lo.
Ao receber o Nobel, em 1997, Fo o dedicou à esposa. Ela foi eleita senadora em 2006, mas renunciou dois anos depois, por discordar das políticas do governo de centro-esquerda da época.





 



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Mia Couto / Prêmio Camões 2013



Mia Couto
 Prêmio Camões 2013

O escritor moçambicano Mia Couto, de 57 anos, foi o vencedor do Prêmio Camões 2013, o principal prêmio para autores em língua portuguesa. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, onde os jurados se reuniram. A escolha foi unânime. Couto possui uma vasta obra que transita entre diversos gêneros, do romance à crônica, do conto à poesia. Entre suas principais obras publicadas no Brasil estão "A confissão da leoa", "Terra sonâmbula", "O último voo do flamingo", "Antes de nascer o mundo", todos editados pela Companhia das Letras.


O júri foi formado pelos portugueses José Carlos Vasconcelos, escritor, jornalista e diretor do "Jornal de Letras", e Clara Crabbé Rocha, professora da Universidade Nova de Lisboa os brasileiros Alcir Pécora, crítico e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Alberto da Costa e Silva, diplomata e membro da Academia Brasileira de Letras; o escritor de Moçambique João Paulo Borges Coelho e o escritor angolano José Eduardo Agualusa. É a segunda vez que um moçambicano ganha o prêmio. O primeiro foi José Craveirinha, em 1991. O Prêmio Camões dá 100 mil euros ao vencedor.

Mia Couto é filho de imigrantes portugueses e nasceu em 1955, na cidade de Beira, a segunda maior do país atrás apenas da capital Maputo. Na juventude, o escritor integrou o movimento pela libertação de Moçambique da dominação de Portugal. Após a independência, em 1975, trabalhou como jornalista em vários veículos e chegou a assumir o posto de diretor da Agência de Informação de Moçambique. Na década de 1980, ele voltou à universidade - onde tinha iniciado os estudos em Medicina - para cursar Biologia e exerceu profissão por muitos anos no país.


Seu estilo particular é marcado pela forte utilização da linguagem oral. Nos seus livros, o tema da identidade e do encontro entre culturas radicalmente diferentes está muito presente. Um feroz defensor do multiculturalismo e do respeito pelas diferenças, ele criticou a ascensão de movimentos conservadores ultra-nacionalistas, como o Tea Party, nos Estados Unidos, em entrevista ao GLOBO em 2011: "Estamos colhendo os frutos desse pensamento unidimensional, daquilo que é simplesmente fantasmagórico, que é a pureza, a rejeição do outro, a incapacidade de sairmos de nós próprios".



terça-feira, 28 de maio de 2013

História de amor se completa 69 anos depois

Diário de Thomas / Foto: AP

História de amor se completa 69 anos depois

O oficial Thomas Jones foi morto por um atirador de elite japonês em Palau, no Pacífico Sul, em 17 de setembro 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. 

Thomas havia feito um último pedido: que o seu diário fosse entregue à garota que ele amava: Laura Mae Davis.



Quis o destino que o diário acabasse em um museu da Segunda Guerra em Nova Orleans (EUA). Mas, 69 anos depois, finalmente o desejo do militar e a história de amor se completaram. 

Laura viu pela primeira vez as palavras de Thomas no diário. Acidentalmente. 

"Eu não tinha a menor ideia de que havia um diário lá", comentou a mulher de 90 anos, moradora de Mooresville (Indiana), de acordo com reportagem da agência Associated Press. 

A amada de Thomas, que se casou com outro militar em 1945, foi ao museu atrás de informações sobre o namorado de escola. Ele era um jogador de basquete e ela, uma animadora de torcida.


Laura Mae, aos 90 anos, exibe foto de quando era jovem / Foto: AP

O curador do museu permitiu que Laura manuseasse com uma luva o diário, que fora um presente dela a Thomas. 

O primeiro registro no diário foi feito um ano antes da morte de Thomas. Ele escreveu: "Todo o meu amor para Laura, por quem o meu coração está completamente preenchido. Então, se você tiver a chance, por favor devolva o diário a ela. Estou escrevendo isso como meu último desejo." 

O diário e outros objetos de Thomas foram doados ao museu por um sobrinho do militar em 2001. Ele afirmou ter ficado com receio de entregar o diário a Laura e prejudicar o casamento dela

"Não teria prejudicado. Meu marido e Tommy era bons amigos", comentou a idosa.





segunda-feira, 27 de maio de 2013

Salman Rushdie / Onde está a coragem moral



Salman Rushdie 
Onde está a coragem moral?

Tradução de Berilo Vargas

Artistas que se insurgem contra injustiças perderam apoio na sociedade, afirma o autor de "Os versos satânicos"



Parece-nos mais fácil, nestes tempos confusos, admirar a bravura física do que a coragem moral — a coragem da vida da mente, ou a coragem de figuras públicas. Um homem de chapéu de vaqueiro pula uma cerca para ajudar vítimas das bombas em Boston, enquanto outros fogem de cena: aplaudimos sua bravura, assim como aplaudimos a de soldados que voltam da frente de batalha, ou de homens e mulheres que lutam para superar doenças ou ferimentos debilitantes.


É mais difícil para nós, hoje em dia, ver os políticos, à exceção de Nelson Mandela e Aung San Suu Kyi, como pessoas corajosas. Talvez tenhamos visto demais, ficado descrentes demais das soluções conciliatórias inerentes ao poder. Não há mais Gandhis, não há mais Lincolns. Os heróis de uns (Hugo Chávez, Fidel Castro) são os vilões de outros. Já não concordamos facilmente sobre o que significa ser bom, ter princípios, ser bravo. Quando líderes políticos tomam medidas corajosas — como o fez Nicolas Sarkozy, então presidente da França, ao intervir militarmente na Líbia em apoio da insurreição contra o coronel Muamar Kadafi — tantos são os que duvidam como os que aprovam. A coragem política, hoje em dia, é quase sempre ambígua.

Mais estranhamente ainda, desconfiamos dos que tomam posição contra os abusos do poder ou do dogma.

Nem sempre foi assim. Os escritores e intelectuais que se opunham ao comunismo, Soljenítsin, Sakharov e os demais, eram tidos em alta estima por suas posições. O poeta Osip Mandelstam foi muito admirado por seu “Epigrama de Stalin”, de 1933, no qual descreve o temível líder em termos destemidos — “as imensas baratas risonhas em seu lábio superior” — e não menos porque o poema levou à sua prisão, e por fim à morte, num campo soviético de trabalhos forçados.

Ainda bem recentemente, em 1989, a imagem de um homem carregando duas sacolas de compras e desafiando os tanques da Praça da Paz Celestial se tornou, quase de imediato, um símbolo global de coragem.

E então parece que as coisas mudaram. O “Homem do Tanque” foi quase esquecido na China, e os manifestantes pró-democracia, incluindo os mortos no massacre de 3 e 4 de junho, foram redefinidos, com êxito, pelas autoridades chinesas como contrarrevolucionários. A batalha da redefinição continua, obscurecendo, ou pelo menos confundindo, nossa compreensão de como as pessoas “corajosas” devem ser julgadas. É assim que as autoridades chinesas tratam seus críticos mais conhecidos: acusar Liu Xiaobo de “subversão” e Ai Weiwei de supostos crimes fiscais é uma tentativa deliberada de impedir que se perceba a sua coragem, e de pintá-los como criminosos.

Tão grande é a influência da Igreja Ortodoxa Russa que dentro da Rússia há uma tendência a ver as meninas presas do grupo Pussy Riot como encrenqueiras indecentes, porque fizeram seu famoso protesto em propriedade da igreja. O argumento delas — de que a cúpula da Igreja Ortodoxa Russa mantém relações perigosamente estreitas com o presidente Vladimir Putin — não foi compreendido pelos numerosos detratores, e seu ato não é tido como corajoso, mas impróprio.

Dois anos atrás, no Paquistão, o ex-governador do Punjab Salman Taseer defendeu uma mulher cristã, Asia Bibi, erroneamente condenada à morte nos termos da draconiana lei nacional contra blasfêmia; como resultado, foi morto por um dos seus próprios seguranças. Mumtaz Qadri, o segurança, foi muito elogiado e cobriram-no de pétalas de rosas quando apareceu no tribunal. O falecido Taseer recebeu muitas críticas, e a opinião pública se voltou contra ele. Paixões religiosas fizeram esquecer sua bravura. O assassino foi chamado de herói.

Em fevereiro de 2012, um poeta e jornalista saudita, Hamza Kashgari, publicou três tweets sobre o Profeta Maomé: “Em teu aniversário, quero dizer que sempre amei o rebelde que há em ti, que sempre foste para mim fonte de inspiração, e que não gosto do halo de divindade que te cerca. Não rezarei por ti”. “Em teu aniversário, eu te encontro onde quer que me vire. Quero dizer que sempre amei alguns aspectos de tua personalidade, que odiei outros, e que não compreendi muitos”. “Em teu aniversário, não me curvarei diante de ti. Não te beijarei a mão. Prefiro apertá-la como o fazem os iguais, e sorrir para ti enquanto sorris para mim. Falarei contigo como amigo, e só”.

Depois ele explicou que estava “exigindo um direito seu” à liberdade de expressão e de pensamento. Recebeu pouco apoio público, foi condenado como apóstata, e muitos pediram sua execução. Continua na cadeia.

Os escritores e intelectuais do Iluminismo francês também contestaram a ortodoxia religiosa de sua época, criando, com isso, o conceito moderno de liberdade de pensamento. Pensamos em Voltaire, Diderot, Rousseau e os outros como heróis intelectuais. Infelizmente, pouca gente no mundo muçulmano diria o mesmo de Hamza Kashgari.

Esta nova ideia — de que escritores, estudiosos e artistas que assumem posição contra a ortodoxia ou o fanatismo devem ser responsabilizados por ofenderem as pessoas — espalha-se com rapidez, mesmo em países que, como a Índia, já se orgulharam de sua liberdade.

Em anos recentes, o grande ancião da pintura indiana Maqbool Fida Husain foi obrigado a exilar-se em Dubai e Londres, onde morreu, porque pintou a deusa hindu Saraswati nua (embora até mesmo um exame superficial das antigas esculturas hindus de Saraswati mostre que, apesar de frequentemente enfeitada de joias e ornamentos, com a mesma frequência ela aparece despida).

O festejado romance de Rohinton Mistry “Such a Long Journey” foi retirado do currículo da Universidade de Mumbai porque extremistas locais fizeram objeções a seu conteúdo. O acadêmico Ashis Nandy foi atacado por manifestar opiniões não ortodoxas sobre corrupção nas castas inferiores. E em todos esses casos a visão oficial — que muitos comentaristas e uma fatia substancial da opinião pública parecem compartilhar — foi, essencialmente, a de que os artistas e intelectuais é que se meteram em dificuldades por conta própria. Aqueles que, em outras eras, seriam admirados pela originalidade e independência de espírito, cada vez mais recebem a ordem: “Sentem-se, vocês estão balançando o barco.”

Os Estados Unidos não estão imunes a essa tendência. Os jovens ativistas do movimento Ocuppy Wall Street foram muito censurados (embora as críticas tenham arrefecido depois do trabalho de socorro altamente eficaz que prestaram na passagem do Furacão Sandy). Intelectuais que não pensam de acordo com o figurino, como Noam Chomsky e o falecido Edward Said, foram muitas vezes ignorados, e tidos como malucos extremistas, “antiamericanos”, e, no caso de Said, até mesmo, absurdamente, partidários do “terrorismo” palestino. (Pode-se discordar das críticas de Chomsky aos Estados Unidos, mas é preciso reconhecer que levantar-se e gritá-las na cara do poder americano requer muita coragem. E pode-se não ser a favor dos palestinos, mas é preciso ver que Said se opôs a Yasser Arafat com a mesma eloquência com que criticava os Estados Unidos.)

É uma época aflitiva para quem, como nós, acredita que artistas, intelectuais e cidadãos comuns ofendidos têm o direito de pensar diferente e assumir riscos e, com isso, por vezes, mudar nossa maneira de ver o mundo. Nada nos resta senão reafirmar a importância dessa espécie de coragem, para ter certeza de que indivíduos oprimidos, como Ai Weiwei, as meninas do Pussy Riot e Hamza Kashgari, sejam vistos como o que de fato são: homens e mulheres em luta na linha de frente da liberdade. Como fazê-lo? Assinando petições contra o tratamento que recebem, participando dos protestos. Manifestando-nos. Um pouquinho que seja faz diferença.

Salman Rushdie é escritor, autor de “Joseph Anton — Memórias” (Companhia das Letras, 2012) e “Os versos satânicos”, romance publicado em 1988 (e no Brasil, também pela Companhia das Letras, em 1998), que despertou a ira de radicais islâmicos. Na época, o aiatolá Khomeini, do Irã, emitiu uma fatwa ordenando a morte de Rushdie, que passou anos sob ameaça constante. O artigo foi publicado originalmente no jornal “New York Times”.







domingo, 26 de maio de 2013

Henri Cartier-Bresson / Fotos


Hernri-Cartier-Bresson-09




Henri Cartier-Bresson
FOTOS
View from the Towers of Notre Dame Art Print
Cell in a Model Prison in the U.S.A., 1975

Hernri Cartier-Bresson 06

México, 1934
Volcano of Popocatepetl, Mexico
Volcano of Popocatepetl, Mexico, 1964
Quai de Javel (Ragpickers)
Quai de Javel (Ragpickers), Paris, 1932
On the Banks of the Marne, 1938

Hernri Cartier-Bresson 01


Albert Camus
Truman Capote
Truman Capote
Ezra Pound
William Faulkner


Russian Child Released from Concentration Camp
Russian Child Released from Concentration Camp, Dessau, Germany, 1945 
Shangai after the war
Srinagar, Kashmir, 1948



Orilla del Sena, 1955
Nueva York, 1947
Nueva York, 1960
Roman Amphitheatre
Roman Amphitheatre, Valencia, 1933
Henri Cartier-Bresson, A Cafe in Vieux-Port Marseille
A Cafe in Vieux-Port Marseille, 1932
Jean Paul Sartre

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Washington, 1961

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