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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Conspiração e Poder A disputa cinematográfica entre a narrativa política e a jornalística



Cena do filme interpretado por Cate Blanchett, Robert Redford e Bruce Greenwood

Conspiração e Poder

A disputa cinematográfica entre a narrativa política e a jornalística

9 ABRIL 2024, 
LUIZA BASTOS



Dentro de uma democracia, o papel do jornalismo é imprescindível para noticiar e reportar ações dos governantes, mantendo a população sempre informada sobre o que ocorre nos meios políticos. Há muito tempo, a narrativa jornalística possui um poder significativo na decisão de voto dos cidadãos, devido à sua grande influência e à facilidade de ingressar nas casas e vidas das pessoas.

Esse poder pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo do ponto de vista. Uma mesma reportagem pode prejudicar um candidato e, assim, beneficiar outro. Acontece que os políticos também possuem grande poder e influência, criando, assim, uma grande disputa pela narrativa. Essa narrativa, por sua vez, nem sempre é verdadeira, independentemente do lado.

No ano de 2004, durante as eleições nos EUA, a repórter investigativa Mary Mapes da CBS recebe informações de que o presidente e candidato à reeleição, George W. Bush, possuía irregularidades durante seu período de serviço militar. Segundo as informações, o filho de George H. W. Bush usou as vantagens do pai enquanto este era presidente para evitar servir na Guerra do Vietnã. O papel de Mary é interpretado brilhantemente pela vencedora do Oscar, Cate Blanchett.

Assumindo a posição de principal produtora da reportagem, Mary conta também com a parceria do veterano âncora Dan Rather, interpretado por Robert Redford, que, em 1976, também foi responsável por assumir o papel de um jornalista político e um dos responsáveis pela investigação que culminou no escândalo político norte-americano conhecido como Watergate, no aclamado "Todos os Homens do Presidente".

Para averiguar as informações recebidas e coletar mais evidências sobre essa história, a produtora conta com uma equipe formada por Mike Smith, um jornalista que está sem rumo e apresenta grandes críticas ao atual governo, interpretado por Topher Grace, e o ex-militar Coronel Roger Charles, interpretado por Dennis Quaid, e a professora de jornalismo Lucy Scott, interpretada por Elisabeth Moss.

Passamos, então, a acompanhar o ritmo frenético das investigações, que envolvem várias ligações recusadas, inúmeras tentativas de entrevistas com políticos que atuaram no serviço militar na época e a confirmação da veracidade dos documentos obtidos.

Depois de, finalmente, obter o respaldo positivo de todas as informações coletadas, a matéria vai ao ar, causando enorme satisfação na equipe de repórteres. Porém, em pouco tempo, esse sentimento de vitória se transforma em grande angústia e desencadeia uma série de acusações sobre a autenticidade da matéria.

Mary Mapes se vê encurralada pelos chefões da CBS, que a pressionam sobre a fonte que lhe forneceu os documentos que, até então, comprovavam a veracidade da história. A partir daí, a repórter vê seu trabalho e o de sua equipe ser descredibilizado, colocando sua carreira em risco e a do seu amigo Dan Rather.

Todos os membros da equipe são convocados a prestar esclarecimentos sobre a forma como conduziram a investigação e obtiveram as informações. Entre uma das questões levantadas pela comissão responsável por esses depoimentos, uma pergunta torna-se frequente: o posicionamento político de Mary. Esse fato se mostra muito relevante, levando em consideração a proximidade das eleições e o período em que a trama se desenrola.

Fica muito evidente como a comprovação da história ou não, é decisiva para o rumo daquelas eleições. Isso faz surgir uma reflexão: existe uma disputa entre o jornalismo e a política sobre o domínio de uma narrativa? Se não houvesse nenhuma dúvida sobre a veracidade das informações, as eleições de 2004 poderiam ter sofrido uma grande reviravolta. Mais do que isso, tendo em vista a Guerra do Iraque, o cenário geopolítico também seria afetado e, possivelmente, esse conflito teria outro desfecho.

Para Mary Mapes e sua equipe, a luta pela verdade revelou não apenas os desafios do jornalismo, mas também a intensa batalha entre fatos e interesses políticos.


MEER



domingo, 8 de setembro de 2024

Meu nome é Gal / A maior cantora do país



Gal Costa, cantora Brasileira de MPB


Meu nome é Gal

A maior cantora do país. E quem disse isso foi João Gilberto

9 JANEIRO 2024, 



Tendo como recorte o início da carreira de Gal Costa, o filme busca explorar a sua ida para São Paulo e Rio de Janeiro, onde reencontra seus amigos baianos Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia, interpretados respectivamente por Dan Ferreira, Rodrigo Lélis e Dandara Ferreira, que já vinham realizando trabalhos reconhecidos pela crítica.

O fato do filme abordar apenas uma pequena parte da vida de Gal pode soar estranho e incômodo para alguns fãs, que foram aos cinemas com a expectativa de encontrar uma cinebiografia. Entretanto, o objetivo da diretora Dandara Ferreira era, justamente, focar nas mudanças ocorridas na vida pessoal e profissional da cantora com o começo da fama.

Interpretada por Sophie Charlotte, escolha da própria Gal Costa, a cena que abre o filme é da estreia do famoso show Fa-Tal, que ocorreu em outubro de 1971, na inauguração do teatro Tereza Raquel, em Copacabana. Em seguida, voltamos no tempo com uma Gal adolescente, treinando a emissão de sua voz dentro de uma panela, fato que foi diversas vezes citado pela cantora em suas entrevistas.

O período em que a história se passa é um dos mais importantes na cultura brasileira, assim como um dos mais difíceis e sombrios, devido ao golpe militar instaurado. Ao mesmo tempo em que havia um movimento de valorização da cultura nacional por meio das classes artísticas, também havia uma censura desmedida que tentava a todo custo calar qualquer tipo de manifestação a favor da liberdade.

Essa mudança de comportamento e atitudes que ocorriam na vida dos brasileiros, se faz presente, também, na vida de Gal. Saída da Bahia uma menina muito tímida e reservada, ela se vê tendo que sair de sua zona de conforto e revelando-se um dos maiores símbolos femininos da época.

Introduzida num ambiente de muita liberdade, o choque cultural causa certa resistência e medo na cantora. Gal não tem outra saída a não ser se adaptar à sua nova realidade na capital, que vai desde a mudança do nome artístico, que passou de Maria da Graça para Gal Costa, até a mudança de atitude e visual.

Uma das viradas de chave em sua carreira que o filme aborda com maior profundidade é, justamente, quando ela começa a atender tudo o que está acontecendo no país. Enquanto Gil e Caetano eram engajados politicamente, Gal só tinha uma única preocupação: cantar. Mas com a repressão ficando cada vez mais forte e perseguindo seus amigos, ela entende que não podia se dar ao luxo de permanecer neutra.

Com sua participação na Tropicália, aquela cantora tímida e acanhada, passa a tomar uma posição mais agressiva e ousada em suas apresentações, como no 4º Festival de MPB da TV Record, em 1968, cantando Divino, Maravilhoso. 

Para além da vida profissional, o filme se preocupa em mostrar a influência e importância de certas figuras na vida pessoal de Gal, como seu empresário Guilherme Araújo, um dos principais responsáveis pelo seu sucesso, sua melhor amiga Dedé Gadelha, também esposa de Caetano, e sua mãe, Dona Mariah. 

Mesmo que não gostasse de falar sobre sua vida amorosa, fato que também está presente em uma das passagens do filme, a diretora aborda esse lado da vida de Gal de maneira muito sutil. Sua bissexualidade é exposta de maneira natural e sem a necessidade de grandes aprofundamentos.

O longa consegue cumprir seu objetivo ao reunir os episódios mais relevantes que a levaram a ser uma das maiores cantoras do país. Com o exílio de Gil e Caetano, Gal acaba se tornando a representante do movimento da Tropicália e da resistência contra os padrões impostos pelo governo militar. 

Com sua morte antes da estréia do filme, este acaba se tornando uma homenagem para a artista. Gal deixa um legado enorme, com canções que marcaram vidas e uma voz que sempre será a mãe de todas as vozes.


João Gilberto, Gal Costa e Caetano Veloso reunidos durante apresentação (1980)
Rodrigo Lélis (Caetano Veloso) e Sophie Charlotte (Gal Costa) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
A cantora Gal Costa se apresenta no estreia do programa de auditório "Divino e Maravilhoso", exibido pela TV Tupi
Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Camila Márdila (Dedé Gadelha) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
A cantora Gal Costa durante ensaio para a capa do disco "Gal Costa", lançado em 1969, pela gravadora Philips

Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Caio Scot (Rogério Duarte) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
  1. João Gilberto, Gal Costa e Caetano Veloso reunidos durante apresentação (1980)
  2. Rodrigo Lélis (Caetano Veloso) e Sophie Charlotte (Gal Costa) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
  3. A cantora Gal Costa se apresenta no estreia do programa de auditório "Divino e Maravilhoso", exibido pela TV Tupi
  1. Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Camila Márdila (Dedé Gadelha) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'
  2. A cantora Gal Costa durante ensaio para a capa do disco "Gal Costa", lançado em 1969, pela gravadora Philips
  3. Rodrigo Lélis (Caetano Veloso), Sophie Charlotte (Gal Costa) e Caio Scot (Rogério Duarte) em cena do filme 'Meu Nome é Gal'




sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Maria Bethânia e a identidade cultural brasileira



Maria Betânia canta ao vivo em reestreia do DVD "Brasileirinho", no Rio de Janeiro, Brasil

Maria Bethânia e a identidade cultural brasileira


O álbum Brasileirinho como representação da cultura nacional

9 MARÇO 2024, 

Reunindo interpretações de clássicos do cancioneiro nacional, além de poemas de nomes consagrados de nossa literatura, o álbum Brasileirinho foi gravado em estúdio no ano de 2003 e na sua versão ao vivo em 2004. 

Produzido por Maria Bethânia, com direção de Jaime Alem, Brasileirinho inicia mesclando uma canção dos baianos Gerônimo e Ildásio Tavares, Salve as Folhas, com Ferreira Gullar recitando o poema O Descobrimento, do paulista Mário de Andrade e musical dos mineiros do grupo Uakti.

Bethânia reúne nesse trabalho elementos característicos da cultura popular brasileira, sejam eles cânticos religiosos de matriz africana e católica, cantigas populares e canções que representam um pouco de cada região do país.

Como de costume nos trabalhos da artista, a presença de textos literários ajuda a construir uma narrativa poética juntamente com as músicas, que são costuradas com as citações e, dessa forma, possibilitam que o público tenha acesso a uma experiência que reúne tanto a literatura, uma arte considerada mais elitizada, e a música, que já está mais inserida no meio popular.

O álbum pode ser dividido entre 3 categorias e, até mesmo, momentos históricos, sendo eles: a chegada dos portugueses e a escravidão dos africanos; a forte religiosidade presente na sociedade brasileira, por meio dos santos e orixás; e a construção da ideia de pátria.

Os textos literários escolhidos são de autoria de 3 escritores/poetas brasileiros, representantes das três gerações do modernismo, sendo eles: Mário de Andrade (1ª geração), Guimarães Rosa (2ª geração) e Vinícius de Moraes (3ª geração). 

O movimento literário do Modernismo não foi uma escolha aleatória para compor esse trabalho, já que uma de suas principais características é, justamente, uma nova perspetiva da cultura brasileira. Esse movimento se preocupa em representar o Brasil popular, dando visibilidade para os sertões, as etnias indígenas e africanas, que foram/são essenciais na constituição do país, mas que, frequentemente, seguem marginalizadas e estereotipadas.

A religiosidade é um tema sempre presente na composição da obra de Maria Bethânia e nesse álbum não seria diferente. O catolicismo e o candomblé são muito importantes na vida da cantora que, assim como muitos brasileiros, praticam sua fé através do sincretismo religioso. Dessa forma, pontos de umbanda, como Ponto de Janaína, e canções sobre santos católicos, como Padroeiro do Brasil.

Além de sua versão de estúdio, o álbum ganhou uma gravação ao vivo, característica já conhecida da cantora que gosta de ter suas apresentações ao vivo também gravadas. Em 2004, Bethânia realiza o show no Canecão, que leva o mesmo nome do álbum, com direção de Bia Lessa, cenários de Gringo Cardia e iluminação de Maneco Quinderé. E com as participações de Miucha, Nana Caymmi, Uakti, Tira Poeira, Denise Stoklos e, por meio de gravação, Ferreira Gullar.

Na apresentação ao vivo, foram inseridas outras faixas, como Gente Humilde, Correnteza, Luar do Sertão entre outras. Apesar de não fazerem parte do álbum de estúdio, as canções também seguem a mesma temática das demais, representando características culturais das regiões do país.

O que podemos perceber com o Brasileirinho é como a cultura do Brasil é composta por tradições e costumes tão diversos, como um país com dimensões continentais pode ser tão plural. Existem diferentes formas de ser brasileiro e exercer essa brasilidade. E essa diversidade se dá, principalmente, pelos diferentes povos responsáveis por construir a nação. As raízes afro, europeia e indígena estão presentes e, cada uma delas, possui sua relevância. 

Desde o início de sua carreira até os dias atuais, Maria Bethânia, além de ser uma cantora e intérprete muito importante para o Brasil, é uma das principais artistas responsáveis por promover a cultura brasileira em sua essência.


Maria Betânia apresenta uma reestreia de seu álbum em 2008
Maria Betânia agradece a plateia em Show no Rio de Janeiro
Maria Betânia dançando durante apresentação
Maria Betânia em performance ao vivo no Rio de Janeiro (2008)
Maria Betânia canta ao vivo em DVD "Brasileirinho"
Maria Betânia canta ao vivo em reestreia do DVD "Brasileirinho", no Rio de Janeiro
  1. Maria Betânia apresenta uma reestreia de seu álbum em 2008
  2. Maria Betânia agradece a plateia em Show no Rio de Janeiro
  3. Maria Betânia dançando durante apresentação
  1. Maria Betânia em performance ao vivo no Rio de Janeiro (2008)
  2. Maria Betânia canta ao vivo em DVD "Brasileirinho"
  3. Maria Betânia canta ao vivo em reestreia do DVD "Brasileirinho", no Rio de Janeiro


MEER




quinta-feira, 5 de setembro de 2024

La tortura de las mujeres que lucharon por la democracia en Brasil

 

La actriz y directora brasileña Irene Ravache. En el 60 aniversario del golpe militar, una plataforma de streaming estrena dos películas que exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura en Brasil
La actriz y directora brasileña Irene Ravache. En el 60 aniversario del golpe militar, una plataforma de streaming estrena dos películas que exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura en Brasil


La tortura de las mujeres que lucharon por la democracia en Brasil

Cine y memoria debaten sobre la dictadura con foco en la tortura y la resistencia femenina en documentales y dramas históricos

9 DE JULIO DE 2024,

El 31 de marzo de 2024 se cumplieron 60 años del golpe militar. Una semana antes, Mubi incluyó en su catálogo las películas “¿Qué es esto, compañera?”, del director Bruno Barreto, y “Qué bueno verte viva”, de la directora Lucia Murat. El primero, ya más conocido por el público, se emite frecuentemente en canales de televisión de pago, como Canal Brasil. La película de Lucía, hasta entonces, no se podía encontrar en ninguna plataforma.

A pesar de abordar el mismo contexto político, las películas retratan situaciones diferentes en la lucha contra la dictadura. Mientras que la película de Bruno Barreto narra los acontecimientos del secuestro del embajador estadounidense, la película de Lucia Murat mezcla testimonios reales, contando además con un monólogo de Irene Ravache interpretando a un personaje anónimo, que sería una mezcla de todos estos testimonios en la película.

Siempre que se aborda el tema del golpe de Estado existe cierto bloqueo respecto a las torturas cometidas durante este período. Incluso en grupos en los que existe la costumbre de debatir y reflexionar sobre la dictadura, como en los grupos de izquierda o de estudiantes, cuando se habla de tortura, sigue siendo muy velado, como si existiera un tabú en torno al tema.

En la mayoría de los informes, las mujeres hablan del miedo de la gente a discutir este tema con ellas, e incluso de su propio miedo. Existe en el imaginario colectivo la idea de que los torturados son personas con marcas visibles en el cuerpo, discapacitados físicos o con problemas psiquiátrico-conductuales, resultado de esta violencia. No se espera que estas personas, con todas las dificultades y traumas, hayan creado sus familias, tengan educación y tengan empleo. Que vivan una vida normal.

Además de abordar la visión de la tortura, el documental también plantea debates y cuestionamientos sobre la cuestión de género en el uso de esta tortura. Para las mujeres, esta experiencia se volvió aún más dolorosa debido al abuso sexual cometido.

Un hecho interesante entre las diferencias en la tortura aplicada a hombres y mujeres fue el uso de niños y otros miembros de la familia para afectar a las mujeres. Durante la sesión de tortura, los agentes llevaron a los hijos de las víctimas para verlos en esa situación. En otras palabras, aquí también está en juego la maternidad. E incluso después de años del fin de la dictadura, estas mujeres enfrentan un gran bloqueo y vergüenza al hablar sobre el tema con sus hijos. Es como si esta parte de sus vidas debiera estar bloqueada y prohibida dentro del entorno familiar.

A pesar de haber sufrido abusos de distintos tipos, en algunos relatos las entrevistadas destacan un punto en común: la sensación de tener un hijo después o incluso durante el período que estuvieron encarceladas. Si el Estado intentó por todos los medios acabar con su vida y su dignidad, la respuesta que dio fue resistir y encima poner otra vida al mundo. Si bien simbolizaban la muerte, representaban la vida.

La intención del director se convierte entonces en un intento de dar un nuevo significado a los acontecimientos y, en cierto modo, a lo que significa ser mujer. Si bien se nos presentan los relatos de las víctimas, también aprendemos sobre las vidas que construyeron después del fin del régimen militar. Cómo lograron romper con sus traumas y tomar el control de sus destinos.

La violencia sexual todavía se comete de forma rutinaria contra las mujeres en la actualidad. Para estas víctimas, la idea es que sus cuerpos no son propiedad suya, sino de los hombres y, en este caso de la dictadura, del Estado.

Han pasado 60 años del golpe y ningún torturador ha sido juzgado por los crímenes cometidos. Hubo decenas de muertos y miles de personas torturadas, además de los desaparecidos. Las familias fueron destruidas, separadas y viven con el trauma hasta el día de hoy. Lo que parece es que, en cierto modo, a todos los delincuentes involucrados se les perdonaron sus crímenes y, por otro lado, las víctimas siguen siendo vistas como “terroristas”.


El aniversario del golpe militar en Brasil está marcado por el estreno de películas que hablan sobre la tortura y la vida posdictadura en Mubi.
"¿Qué es eso, amigo?" y “Qué bueno verte con vida” abordan la lucha contra la dictadura, abordando diferentes aspectos de la resistencia
Documentales sobre Mubi exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura, destacando historias poco conocidas
La resistencia femenina durante la dictadura se destaca en un documental que mezcla testimonios reales y un monólogo sobre Mubi
El estreno de las películas en Mubi promueve debates sobre tortura, género y resistencia, rescatando memorias de la dictadura militar
Películas sobre el golpe militar llegan a Mubi, trayendo nuevas perspectivas sobre la dictadura y la resistencia en Brasil
  1. El aniversario del golpe militar en Brasil está marcado por el estreno de películas que hablan sobre la tortura y la vida posdictadura en Mubi.
  2. "¿Qué es eso, amigo?" y “Qué bueno verte con vida” abordan la lucha contra la dictadura, abordando diferentes aspectos de la resistencia
  3. Documentales sobre Mubi exploran la tortura y la resistencia femenina durante la dictadura, destacando historias poco conocidas
  1. La resistencia femenina durante la dictadura se destaca en un documental que mezcla testimonios reales y un monólogo sobre Mubi
  2. El estreno de las películas en Mubi promueve debates sobre tortura, género y resistencia, rescatando memorias de la dictadura militar
  3. Películas sobre el golpe militar llegan a Mubi, trayendo nuevas perspectivas sobre la dictadura y la resistencia en Brasil


MEER


quarta-feira, 4 de setembro de 2024

A história de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares

 

A relação intensa entre Bishop e Lota de Macedo Soares é revelada como um ponto crucial de estabilidade na vida da escritora
A relação intensa entre Bishop e Lota de Macedo Soares é revelada como um ponto crucial de estabilidade na vida da escritora


A história de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares

Poesia no concreto

9 MAIO 2024, 

A construção do afeto por outra pessoa e a aceitação do afeto de outra pessoa podem ser muito complicadas. Geralmente, quando essa dificuldade se apresenta na vida adulta, fatos da infância podem ajudar a compreender esse bloqueio emocional. E não foi diferente com a escritora norte-americana Elizabeth Bishop.

Nascida em 1911, em Worcester, próximo de Boston, a escritora passou a ser criada por uma sucessão de parentes depois da morte de seu pai e da internação de sua mãe em um hospital psiquiátrico. Essa falta de vínculo afetivo fez com que, mais tarde, Elizabeth desenvolvesse uma grande dificuldade para encontrar um lugar para chamar de lar. Além dos problemas psicológicos, enfrentou a asma e a dependência do álcool.

Ao terminar a faculdade, Bishop foi para Nova York e lá deu início à sua vida adulta, que foi constantemente assombrada pelo sentimento de solidão. Não pertencer a lugar algum ou a alguém fez com que a escritora empreendesse uma série de viagens ao redor do mundo.

Em 1951, com o dinheiro de uma bolsa, decidiu viajar de navio pela América do Sul, mas essa viagem precisou ser interrompida após uma forte crise alérgica. Para se recuperar, Bishop se hospedou na casa de Lota de Macedo Soares, em Samambaia, na região Serrana do Rio de Janeiro. Foi através desse contratempo que se iniciou a história de amor intensa entre as duas.

Lota, apesar de não possuir uma formação acadêmica, era muito conhecida no meio artístico e é reconhecida, até hoje, como uma arquiteta autodidata. Além de ter grande influência política e social, devido a seu pai José Eduardo de Macedo Soares, um jornalista importante entre os anos 20 e 50. A companhia da arquiteta fez com que Bishop, finalmente, se sentisse amada, encontrando seu lar e estabilidade emocional. Além disso, Lota cuidava para que a escritora não tivesse acesso a bebidas alcoólicas, controlando seu vício.

A casa em que Lota vivia ainda estava sendo construída quando Elizabeth chegou, e assim a arquiteta decidiu construir um estúdio especialmente para sua amada ter um local reservado para escrever seus poemas e trabalhar. Além dessa casa em Petrópolis, Lota também possuía um apartamento no Leme, e foi nele que as duas passaram a morar quando o governador Carlos Lacerda convidou a arquiteta para realizar o projeto do Parque do Flamengo.

Acostumadas à vida reclusa e calma da serra, a ida para o Rio abalou o relacionamento das duas. Lota dedicou-se integralmente ao projeto do Aterro, que era seu projeto mais especial e sua maior realização profissional. Enquanto sua companheira trabalhava, Bishop permanecia em casa tentando escrever, sendo constantemente interrompida por recaídas com a bebida.

Durante os anos de residência no Brasil, a poeta pôde observar os costumes e culturas do país, com sua desigualdade social escancarada e sua beleza de tirar o fôlego. Foram esses extremos que Bishop buscou reproduzir em seus textos, colocando seu ponto de vista de estrangeira que, apesar de ter uma relação nem sempre positiva com o país, encontrou aqui o seu lar.

Mesmo que o casal tentasse manter uma certa discrição com relação à sua vida amorosa, nunca esconderam que formavam um casal. Mesmo em seus poemas, Elizabeth sempre buscava não definir o gênero do sujeito, por mais que, indiretamente, se tratasse de Lota.

No poema “O banho de xampu”, a escritora conta sobre o momento em que costumava lavar os cabelos de sua amada na banheira e encontrava os fios grisalhos, “no teu cabelo negro brilham estrelas”. Bishop temia que seu poema pudesse ser visto como explicitamente queer, por isso, referia-se a Lota muitas vezes como “minha amiga” ou “minha querida”.

Foi só depois de sua morte que seus poemas mais descritivos foram publicados, como “Querida, minha bússola” (que termina com ela e sua “querida” indo “para a cama... cedo, mas nunca/ para se manterem aquecidas”), sugerindo intimidade interpessoal.

Em 2013, o filme “Flores Raras”, com Glória Pires no papel de Lota e Miranda Otto no papel de Elizabeth, foi responsável por recuperar a história dessas duas figuras importantes para a literatura e para a arquitetura, despertando o interesse de estudiosos sobre suas vidas e obras.


Arquiteta projeta no papel
Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares
Escritora lê poemas para inspiração
Lota de Macedo Soares, arquiteta
Escritora utiliza tinta e pluma
Elizabeth Bishop, escritora
  1. Arquiteta projeta no papel
  2. Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares
  3. Escritora lê poemas para inspiração
  1. Lota de Macedo Soares, arquiteta
  2. Escritora utiliza tinta e pluma
  3. Elizabeth Bishop, escritora


MEER