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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Karl Lagerfeld, o homem que mudou a moda


Karl Lagerfeld. 


Karl Lagerfeld, o homem que mudou a moda

Estilista das grifes Chanel e Fendi, é dos últimos de uma geração de criadores em vias de extinção.


Ele faleceu em Paris aos 85 anos


ÁLEX VICENTE
París 19 FEV 2019 - 17:57 COT

Karl Lagerfeld costumava dizer que sua missão na moda era fruto de um pacto semelhante ao que Fausto estabeleceu com o diabo, pelo qual o insatisfeito protagonista da lenda alemã trocava sua alma pela sabedoria ilimitada e os gozos do mundano. Esse foi o modus vivendi do grande estilista, morto nesta terça-feira em Paris aos 85 anos, segundo confirmou a Chanel, histórica grife da qual era diretor artístico desde 1983. Não foram revelados os motivos de seu falecimento, ocorrido no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, a rica localidade vizinha a Paris, em cujo pronto-socorro deu entrada na noite de segunda-feira.

As dúvidas sobre seu estado de saúde vinham crescendo desde meados de janeiro, quando se ausentou do último desfile de alta costura da Chanel. “O senhor Lagerfeld se sentia cansado nesta manhã. Desejamos a ele uma pronta recuperação”, leu na ocasião a voz em off de seu amigo Michel Gaubert, encarregado do desenho musical de todas as suas apresentações. Mas essa melhora nunca ocorreu. Sua morte, somada às do Saint Laurent, Givenchy e Alaïa, representa o desaparecimento quase definitivo de uma geração de estilistas da qual o único sobrevivente agora é Valentino Garavani.
Lagerfeld nasceu em 1933, num bairro residencial da zona oeste de Hamburgo, durante a etapa final da República de Weimar e em plena escalada do nazismo. Com a ascensão de Hitler ao poder, seu pai, Otto Lagerfeld, empresário que tinha feito fortuna com a importação de leite condensado, decidiu se afastar da cidade por medo dos tumultos e instalou a família em um lugar isolado, 40 quilômetros ao norte. Mas o personagem-chave dessa etapa é sua mãe, Elisabeth, que teria vendido lingerie na Berlim do entreguerras, uma mulher inflexível, porém protetora, que nunca hesitou em defender o jovem Karl dos insultos dos outros meninos. Em tempos de estética nazista, Lagerfeld preferia se vestir com excentricidade, ostentando uma longa cabeleira e traje tirolês. Um sinal premonitório: o mítico traje de tweed da Chanel, peça-estrela que passou décadas sendo reinventada, inspirava-se nessa mesma tradição.
Karl Lagerfeld, com Nadja Auermann e Naomi Campbell.
Karl Lagerfeld, com Nadja Auermann e Naomi Campbell.  AP
Aos 19 anos, convicto de que queria trabalhar na moda, Lagerfeld se mudou para Paris disposto a se transformar no mais francês dos franceses. “Não é uma questão de patriotismo, mas sim de estética”, costumava dizer. Em 1954, ganhou um concurso de casacos organizado pela marca de lã Woolmark. Ao mesmo tempo, outro jovem estilista com aspecto de seminarista vencia na categoria mais nobre, a dos vestidos. Seu nome era Yves Saint Laurent. Seria o início de uma longa relação de imitação e rivalidade, que chegou ao auge quando Jacques de Bascher, dândi aristocrata e venenoso, habitué dos clubes homossexuais da noite parisiense, começou a manter relações simultâneas com os dois. Apesar de tudo, Lagerfeld conviveu com De Bascher até sua morte por AIDS em 1989. Desde então, não se soube de nenhum outro relacionamento amoroso desse estilista que se definia como “uma ninfomaníaca do trabalho”.
Lagerfeld fez parte da geração que promoveu a decisiva transição da alta costura para o prêt-à-porter. Formou-se junto com as grifes Balmain e Patou, da qual se tornaria diretor artístico em 1958. Meia década depois, foi contratado pela Chloé como estilista, cargo que conciliou com sua colaboração para a Fendi, marca romana para a qual continuou trabalhando até sua morte. Lagerfeld não tardaria a reinar em Paris, transformando-se no mais culto de todos os frívolos, dono de uma gigantesca biblioteca e apaixonado pela história do século XVIII. O estilista também liderou um clã um pouco mais cosmopolita que o de Saint Laurent, no qual figuravam o ilustrador porto-riquenho Antonio López, a editora italiana Anna Piaggi e a modelo Pat Cleveland, assídua da Factory de Warhol. Lagerfeld chegou a interpretar um pequeno papel em L’Amour, filme experimental que o artista rodou em Paris nos anos setenta.
Karl Lagerfeld em alguns de seus desfiles.
Karl Lagerfeld em alguns de seus desfiles.  AFP
Em 1982, os irmãos Wertheimer, donos da Chanel, procuram Lagerfeld propondo um contrato de um milhão de dólares anuais, com o objetivo de relançar uma velha grife que só era usada por ministras de centro-direita. Em questão de meses, ele conseguiu transformar sua reputação, vestindo a modelo Inès de la Fressange, que se tornaria sua principal embaixadora, e também Carolina de Mônaco e a atriz Isabelle Adjani, entre outras. Segundo Paloma Picasso, essa contratação representaria “um grande salto adiante e uma punhalada em Yves”, a quem Coco Chanel tinha designado como seu herdeiro natural antes de morrer. Lagerfeld introduziu os jeans e os tênis nas suas coleções e alcançou a equação perfeita ente mudança e continuidade, marca pessoal e respeito ao legado histórico.
Com Lagerfeld, a própria natureza do seu ofício mudou. Um estilista já não é mais apenas um profissional que entende de cortes e padrões, e sim um diretor artístico encarregado de toda a dimensão estética de uma marca. À frente da Chanel, Lagerfeld inventa os desfiles espetaculares, abre-se às coleções-cápsula, conquista as redes sociais e transforma uma marca poeirenta em um império global que fatura mais de 33 milhões de reais por ano. Lagerfeld fez para si uma fantasia sob medida, com seu inalterável uniforme composto de terno negro, camisa branca, rabo-de-cavalo e óculos escuros, graças aos quais conseguia esconder “um olhar de cachorro bonzinho” que nunca quis deixar “à vista do populacho”. Com seu temido desaparecimento, a moda não terá outro remédio senão tornar a se transformar. Mas esse terá sido, afinal de contas, o principal ensinamento de um estilista para quem a mudança foi a forma mais saudável de sobrevivência.



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mulheres / Nude look

Beyoncé
DONNE
Nude look

Dita Von Teese

Paris Hilton

Jennifer Lopez

Anja Rubik

Beyoncé



Erin Wasson

Gigi Hadid

Gwyneth Paltrow

Iggy Azalea

Jaimie Alexander

Kristen Stewart

Kristen Stewart

Lady Gaga

Laetitit Casta

Laetitia Casta

Miley Cyrus

Rihanna

Rihanna

Rihanna

Rita Ora

Rumer Willis

Shauna Sands

Uma Thurman


Zahia Dehar

Natalia Vodianova

Anna Hathaway

Amy Childs

Rihanna


VIÑETA FINAL Y LISTO

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Todas querem ser Gisele

Gisele Bündchen
Todas querem ser Gisele

Bündchen abriu as portas do mundo para as modelos brasileiras, agora os caçadores de novos rostos examinam minuciosamente o país para encontrar uma nova “top”

A modelo brasileira Gisele Bündchen. / CORDON
Corria o ano de 1995 quando Zeca Abreu, diretor da Way, uma das quatro agências mais importantes do Brasil, perguntou em Nova York a John Casablancas, fundador da Elite Models, por que as modelos brasileiras não faziam sucesso nas passarelas internacionais. Casablancas foi breve: “As brasileiras têm problemas: boyfriend, lazy and fat”.
“Havia um estigma com modelos brasileiras. Elas eram muito frágeis emocionalmente, demoravam muito até entenderem que sua carreira era um negócio e tinham muita facilidade para engordar”, afirma Abreu.
Cinco anos depois, Gisele Bündchen era coroada como uma das modelos mais importantes do mundo. Seguiram-se Alessandra Ambrósio – a quem Abreu ainda representa –, Adriana Lima, Fernanda Tavares, Ana Beatriz Barros, Isabeli Fontana... Uma geração que invadiu sem aviso o cenário internacional e que, dez anos depois, continua no topo do negócio. Gisele, Alessandra e Adriana são três das 10 tops mais bem pagas do mundo. Gisele ganha nada mais, e nada menos do que 45 milhões de dólares por ano, segundo a revista Forbes.
“Essa geração foi a que conseguiu acabar com essa tendência estabelecida, com essa forma de ser modelo. Mudaram esse estigma. O mercado também começava a abandonar a imagem da modelo hippie, com cara de drogada, e apostava em uma imagem mais saudável, que as brasileiras representavam perfeitamente”, diz Abreu.
O Brasil se tornou desde então uma máquina de exportar modelos: Taís Araújo, Raica Oliveira, Caroline Ribeiro... Mas, uma década depois, marcas brasileiras como a Colcci, que nesta temporada apostou no inexperiente ator loiro Paul Walker, de Velozes e Furiosos 2, para sair em editoriais de moda, sacaram o talão de cheques dourado para trazer Gisele de volta à sua passarela, após dois anos de ausência. Onde estão as novas promessas?
O sucesso de Gisele criou uma geração de meninas que querem ser modelos e cujo sonho é o que alimenta uma máquina que atrai centenas de mulheres em todo o país para São Paulo e Rio de Janeiro, pagando as contas de dezenas de agências. Mas sobreviver como modelo não tem nada a ver com fazer sucesso. “Desde então não produzimos uma só supermodelo comparável em termos de imagem ou dinheiro”, diz Jocler Turmina, responsável por “rostos novos” na agência Joy, uma das maiores do setor.

Os agentes procuram uma substituta que não se pareça com ela, mas não é fácil.
A estrela de Gisele Bündchen abriu as portas do mundo para as modelos brasileiras, mas estagnou o desenvolvimento das próximas gerações de tops. Especialistas dizem que as candidatas e os agentes ficaram muito presunçosos ao acharem que virar a número 1 é algo que se consegue em dois dias.

Brasil, fábrica de top models

Adriana Lima: 32 anos. A Forbes a classificou como a quarta modelo com mais rendimentos em 2012: 7,3 milhões de dólares. E para a Models.com ela é a mais sexy do mundo, logo acima de Gisele. Abriu cinco vezes o desfile da Victoria’s Secret. A última delas foi dois meses depois de dar à luz sua segunda filha com o jogador de basquete Marko Jaric.
Raquel Zimmerman: 30 anos. De 2007 a 2010 ela ficou no topo da lista de modelos internacionais da Models.com. David Lynch colocou-a como protagonista de seu comercial da Gucci, e Lady Gaga a incluiu no clipe de “Born This Way”.
Isabeli Fontana: 30 anos. Com ela, a Victoria’s Secret violou as próprias regras (não usar modelos menores de 21 anos), ao colocá-la na capa de seu catálogo com apenas 16 anos. É uma das favoritas do calendário Pirelli.
Alessandra Ambrósio: 32 anos. A sexta modelo mais bem paga, de acordo com Forbes (6,6 milhões de dólares). Representou o Brasil no encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres.
Para Turmina, enquanto os olheiros e aspirantes a modelos não se desfizerem do fantasma de Gisele será difícil criar uma nova top modelbrasileira. Ele se refere ao físico ariano do Sul do Brasil, representado pelas brasileiras mais internacionais, mas também à confiança que tem permeado a consciência coletiva dos agentes e modelos: “O olheiro acredita que vai para um shopping e ficará milionário encontrando a nova Gisele. E a menina acredita que ser bonita basta, quando na verdade o mercado está mais competitivo do que nunca”.
Abreu concorda: “As meninas acham que já nascem sendo Giseles. E eu sou testemunha de todo o esforço e dedicação que todas essas mulheres tiveram que investir antes de se tornarem estrelas. Elas sacrificaram muito e nunca perderam o foco, algo que não se vê agora. A mais recente modelo brasileira que se destacou foi a Carol Trentini, e eu estou falando do ano 2000, quando a descobrimos”. A própria Gisele, dizem, passou um ano e meio atirada no chão da Elite, em Nova York, esperando lhe oferecerem trabalho.
Faz duas semanas em Irati, um município do Estado de Paraná que poucos conhecem, Turmina confirmou o que a outros caça-talentos como ele começa a saturá-los. Nesta localidade a 600 quilômetros de São Paulo, os vereadores vestem chapéu de xerife, organizam-se rodeios anuais de cavalos e é uma dessas localidades que não têm médicos suficientes para atender seus 56.000 habitantes. Turmina foi ali, onde corre sangue ucraniano e polonês, em busca dos novos rostos que algum dia possam representar ao Brasil no que chama o “mercado A” (Milão, Paris, Nova York e Londres). Mas o que se encontrou foi uma centena de miniaturas de Gisele.

O Brasil é uma máquina de exportar modelos: Taís Araújo, Raica Oliveira, Caroline Ribeiro
“Eram meninas de 11 a 21 anos, e 90% eram clones. Tinham cabelo longo e ondulado, colocavam os braços na cintura como ela e imitavam seu jeito de caminhar, de posar... Eu disse claramente a elas: ‘Vocês estão apagadas, esqueçam a Gisele, eu quero ver vocês’”, conta Turmina na sua agência, em um dos bairros mais ricos de São Paulo. “Salvei uma que não tinha nada a ver com a Gisele.”


Jovens brasileiras aspirantes a modelo. / CORDON
“É inevitável. O mercado está sempre buscando a nova Gisele, as meninas querem ser como ela, e até eu mesmo tenho a esperança de encontrar de novo a nova Gisele”, brinca Dilson Stein, de Horizontina, cidade natal da top mais importante do mundo. Foi Stein quem descobriu Gisele, com apenas 13 anos, quando ela apareceu na sua pequena agência para fazer um curso de modelo. “Gisele não queria desfilar, só queria corrigir a postura, porque era alta demais para a sua idade.”
A maneira como Gisele, que vem de um município de 18.000 habitantes, surgiu, ainda encurvada, em uma agência de modelos de São Paulo reforça a teoria de alguns olheiros: “A menina incrível não vai bater à sua porta. Você tem que ir atrás”. A rede de agentes em um país quase tão grande quanto a Europa é incrível. Olheiros como Turmina, que recebem 200 opções semanais, vão para as portas de escolas e para os shoppings, e viajam pelo país em busca dos rostos da nova geração de tops. Eles deixam o telefone com o cabeleireiro da cidade, com o dono do restaurante ou com o colunista social local, pois nem sempre voltam satisfeitos. Mas uma coisa está clara para eles, diz Turmina: “Eu não procuro uma nova Gisele, procuro uma nova top, alguém que volte a me dar arrepios”.
Não é fácil.




quarta-feira, 29 de abril de 2015

O fim da era Bündchen

Gisele Bündchen

O fim da era Bündchen?

Gisele Bündchen, a ‘übermodel’, despede-se das passarelas depois de 20 anos de carreira



Tudo parece sugerir que se trata de uma dessas despedidas que se repetem muitas vezes antes do adeus final e verdadeiro, mas o fato é que Gisele Bündchen – a modelo mais poderosa do mundo, aübermodel, como costumam chamá-la – fez sua última aparição em uma passarela nesta quarta-feira durante a semana de moda mais importante do Brasil e da América Latina, a São Paulo Fashion Week. A ocasião escolhida foi o desfile da marca brasileira Colcci, que a top representa também em anúncios de revista desde 2005, e, obviamente, na terra que a viu nascer e transformar-se na estrela nacional mais reconhecida mundialmente depois de Pelé.
O evento era às oito e meia da noite em um parque de São Paulo, molhada nesta quarta-feira pela chuva que torna caótico o trânsito já caótico da cidade. Mas nada ameaça a aura de uma passarela por onde caminha Gisele.
Apareceu com um atraso de 45 minutos, típico de uma semana de moda, e sobretudo de um casamento – o derradeiro. Na primeira fila, compartilhando espaço com editores de moda e fashionistas em geral, familiares, amigos e fãs da modelo mudavam um pouco a paisagem característica de um evento assim. Nada que ofuscasse Bündchen, que, como sempre, entrou na passarela com os passos firmes e sensuais que a caracterizam desde sua estreia no mundo da moda em 1994, aos 14 anos.
A menina, inegavelmente, cresceu: de uma estreia duramente criticada (diziam que tinha o nariz muito grande e que ostentava seios muito fartos para o que se via nas passarelas naquela época), conseguiu seu gran finale 20 anos depois, aos 34, com o corpo e o caminhar mais invejados do planeta fashion – e do planeta em geral. Representações perfeitas, dizem, de um estilo de vida solar e saudável – longe do que propunha a moda nos anos 1990, tempos deheroin chic – e que a levaram a ocupar por oito vezes consecutivas o posto de modelo mais bem paga do mundo. Sua fortuna, calcula a revista Forbes, é de 247 milhões de dólares (47 deles ganhos em 2014).


Top dá adeus às passarelas. / ANDRE PENNER (AP)
Na passarela da Colcci, as propostas para o Verão 2016 lhe caíram como uma luva. Gisele abriu e fechou o desfile, que durou 20 minutos e contou com modelos novas e de postura muito menos segura, que talvez sonhem em seguir – nas passarelas e fora delas – os passos da colega übervitoriosa. Afinal, Bündchen é casada com o jogador de futebol americano Tom Brady, do New England Patriots, é mãe de dois filhos (que não estavam na plateia) e tem 20 empresas em seu nome, entre elas uma marca de lingerie (Gisele Bündchen Intimates) para a qual também desenha.
Por que despedir-se das passarelas? “Meu corpo me pediu para parar”, disse à Folha de S.Paulo, em uma das poucas entrevistas concedidas para falar de seu adeus. Se pediu, foi em segredo, porque ninguém mais parece ter notado. No Instagram, a top deixou sua mensagem em uma camiseta que vestiu para a despedida: “The best is yet to come” (o melhor está por vir). Top models brasileiras de sua geração desfilaram com camisetas iguais. Não alcançaram toda a fama e a riqueza de Gisele, mas prestaram a ela uma homenagem exibindo suas fotos no peito para o encerramento do desfile da Colcci. Lágrimas correram pelo rosto dos presentes e até daübermodel, que estava feliz de agora poder selecionar – ainda mais – os projetos aos quais se dedica. Conversando com a Folha, confessou que não descarta “apresentações especiais”.


O pai do modelo aplaude a sua filha, acompanhado deTom Brady, marido da modelo. /ANDRE PENNER (AP)
Seus planos futuros incluem uma possível participação em uma telenovela brasileira cujo título provisório é Poderosa, além de continuar emprestando o rosto a um mix de anúncios conceituais e comerciais de empresas variadas, como Chanel, H&M, Procter&Gamble e Carolina Herrera. Enquanto isso, profissionais da moda brasileira falam sobre “o fim de uma era” e “uma entidade iluminada que desce a este planeta para trazer um pouco de beleza”. Em seu site, Gloria Kalil, a maior consultora de moda do país, comparou-a com Pelé, que ameaçou deixar o futebol em 1974, mas continuou jogando por mais três anos – ao longo dos quais cada partida era sua última. “Fica, Gisele”, escreve. “Você pula mais alto”, assim como Pelé quando disputava uma bola.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Winnie Harlow / Sou uma pessoa, não um produto


Winnie Harlow

“Sou uma pessoa, não um produto”

Falamos com a modelo que levou o vitiligo para as passarelas, em desfile para a Desigual


Winnie Harlow, em campanha para a Desigual.
Sua aparição no popular programa de televisão norte-americano America's Next Top Model deslumbrou o mundo e serviu para exaltar o vitiligo e a diversidade na moda. Em menos de um ano, Winnie Harlow (1994, Toronto) conquistou os outdoors de meio planeta pelas mãos da grife Desigual, posou para a revista Showstudio, imortalizada pelo prestigiado fotógrafo Nick Knight, se tornou garota-propaganda da Diesel na última campanha da empresa e até teve uma participação no videoclipe Guts over fear do Eminem e Sia. Agora lidera mais uma vez a campanha da Desigual na próxima primavera na Europa, e pisa pela primeira vez em uma passarela espanhola no desfile da empresa catalã.
Chantelle Brown-Young, seu nome verdadeiro, conseguiu muitas conquistas em tempo recorde. A doença degenerativa que sofre desde a infância e que resulta em uma pele cheia de manchas, por causa da ausência de melanócitos (células responsáveis pela pigmentação), longe de representar um problema, se transformou em seu melhor trunfo. “Adoro ser diferente, sou eu. Se dissesse que não, significaria que não gosto de mim mesma”, confessa em um encontro com a S Moda, antes de subir na passarela em Madri.


Mas as coisas nem sempre foram tão fáceis. Sua doença começou a se desenvolver quando tinha quatro anos e aos seis seu corpo tinha mais manchas do que agora. Foi o momento em que passou a ter consciência de seu problema: “Comecei a receber muitos olhares e não sabia como lidar com eles”, afirma. Como detalhou há alguns meses em uma entrevista publicada pela Thosegirlsarewild, no Youtube, foi discriminada e as crianças só se referiam a ela como “zebra ou vaca”.
Restou pouco das inseguranças que essas palavras provocaram. Sua vida deu um giro de 180o. Desperta cada vez mais interesse das marcas, conta com mais de 430.000 seguidores no Instagram e sua carreira na indústria da moda, pela qual se interessou, confessa, apenas quando começou a trabalhar nela, vai de vento em popa. “Gostaria de me tornar uma top model. As pessoas já se referem a mim com essa palavra, mas não acredito que já tenha chegado nesse ponto. Custei a aceitar, inclusive, que me chamassem de ‘modelo’, porque levo isso muito a sério.”

Embora ainda lhe falte um longo percurso para que seu nome seja comparável ao de tops como Gisele Bündchen ou Naomi Campbell, já descobriu os prós e contras de ser mundialmente conhecida. “Às vezes é complicado lidar com a fama. Há pouco tempo me aconteceu uma coisa muito curiosa. Estava na Califórnia e fui a um shopping center. Enquanto comprava aproveitei para contatar o banco e administrar alguns pagamentos. De repente, aproximou-se uma mulher e me perguntou se poderia tirar uma foto junto comigo. Eu disse que lamentava, mas estava falando por telefone, e ela se foi. Como sempre que ligamos para os bancos temos de esperar, fiquei um momento em silêncio e a mulher voltou a insistir. Tive de explicar-lhe de novo que não era o melhor momento e, na manhã seguinte, ela postou no Twitter: “Foi genial te ver no shopping center Winnie, mas não precisa fingir que fala no telefone’. Eu não podia acreditar. Nesse dia tirei um milhão de fotos com outras pessoas e jamais inventaria uma conversa fictícia para livrar-me de posar. Sou uma pessoa, não um produto. Sou um ser humano, tenho uma vida e às vezes não estou de bom humor para estar rodeada de tanta gente”, conta, com um tom entre divertido e grave.
Grande parte dessa notoriedade, que curte, mas às vezes a irrita, ela deve a Tyra Banks. Ter a sorte de ser escolhida no programa de sucesso America's Next Top Model, que a supermodelo apresenta na rede de televisão norte-americana CW, foi o fator desencadeador de seu êxito atual. Quando lhe pergunto sobre sua relação com a apresentadora, seus olhos se iluminam e ela se apressa a pegar o celular. “Há pouco Tyra me deixou uma mensagem no Twitter. Posso ler para você, se quiser: ‘Você já era uma estrela, eu só te dei uma plataforma para que as pessoas reconhecessem o que você era. Continue fazendo sentir-me orgulhosa’. Que ela me diga isso significa muito para mim porque sei que ela não contata muito os outros participantes de programas passados”, responde, orgulhosa.
Como reza o título da primeira campanha mundial que protagonizou para a Desigual, As bolinhas que mostram atitude, a canadense é um sopro de ar fresco, com disposição de sobra para continuar exaltando a diversidade na passarela. Uma situação que, segundo confessa, está melhorando.