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quarta-feira, 7 de maio de 2014

García Márquez já não é deste mundo

Gabriel Pacheco

Gabo já não é deste mundo

México e Colômbia se unem em uma despedida com milhares de pessoas ao autor de 'Cem Anos de Solidão'


    Prepararam a despedida de Gabriel García Márquez para que o homem que já se foi, talvez o escritor de língua espanhola mais importante do século XX, se sentisse um chefe de Estado ou um herói antigo. Sua mulher, Mercedes Barcha, chegou com suas cinzas depois das quatro da tarde ao Palácio de Belas Artess, o centro da cultura tradicional mexicana. Os familiares e amigos ali presentes, com flores amarelas na lapela, aplaudiram por mais de quatro minutos. Um grupo de vallenato, ritmo folclórico da Colômbia, cantou depois a música que fazia Gabo vibrar e seus filhos a seguiram batendo palmas e dançando em suas cadeiras. Na porta, onde mais de 10.000 devotos e leitores levavam horas na fila para dizer-lhe adeus, escutava-se um grito: “Viva Gabo!”.
    Este colombiano universal que jamais quis adquirir outra nacionalidade, também quebrou tradições depois de morto, e deixou uma marca na história do protocolo mexicano. Despediu-se como um dos grandes, à maneira de Cantinflas ou Diego Rivera. As cinzas do colombiano, guardadas em uma urna de madeira de cerejeira, foram o elemento central e solene da cerimônia laica.
    Gabo também fez, depois de morto, algo que havia tentado na terra: colocar no mesmo lugar mandatários de países distintos e, às vezes distantes, para que chegassem a um acordo. Neste caso, não há diferenças entre a Colômbia, seu pais natal, e o México, onde viveu meio século e escreveu o romance mais colombiano de todos seus romances colombianos, Cem Anos de Solidão. Em sua homenagem, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, viajou ao México para presidir a parte mais solene da cerimônia de adeus, junto ao seu colega Enrique Peña Nieto. Ambos tiveram que enfrentar mais de uma hora de atraso que seguramente Gabo, em vida, não teria tolerado.

    terça-feira, 6 de maio de 2014

    Gabriel García Márquez / Todos querem um pouco de Gabo


    Todos querem um pouco de Gabo


    O escritor será homenageado na segunda-feira no México e na terça-feira na catedral de Bogotá com o Réquiem de Mozart



    Um pintor retrata a García Márquez em Aracataca. / R. M. R. (EFE)
    Gabriel García Márquez ficava esgotado por ter de ficar se esquivando de jornalistas, universitários e leitores que, em função do sucesso de seus romances, se empenhavam em contatá-lo. “Antes só tinha meus amigos, agora há além disso uma grande quantidade de gente que quer falar comigo (…). Gostaria de agradar a todos mas como não é possível, tenho que ficar dizendo cachorradas, não é? Dizendo, por exemplo, que vou à cidade quando na verdade estou mudando de hotel”, contou à jornalista Rita Guitart, em Nova York, um episódio relatado por Óscar Collazos em um livro que repassa sua vida e sua obra. E agora, inclusive depois de morto, todos querem um pouco de Gabo.

    Homenagem mundial a García Márquez

    Gabriel García Márquez

    Homenagem mundial a García Márquez

    O lamento em todo o mundo pela morte de García Márquez

    A Cidade do México se prepara para uma homenagem histórica na segunda-feira

    O Nobel de literatura colombiano foi cremado nesta sexta-feira



    Obrigado, Gabo!, diz a mensagem na casa do escritor no México. / R. BOSSIO (AFP)
    Mercedes Barcha, a parceira de vida de Gabriel García Márquez, passou o dia após a morte do escritor rodeada de familiares e amigos em sua casa do sul da Cidade do México, em um bairro que se assemelhava nesta sexta-feira, por suas ruas de paralelepípedos e as árvores com flores, a um povoado em plena primavera. Ali viviam juntos há mais de três décadas. Os dois celulares de Barcha não pararam de tocar durante o dia todo. O corpo do escritor foi cremado horas antes em uma funerária próxima, a algumas ruas do domicílio, em uma cerimônia privada da qual não se sabem mais detalhes.
    A despedida pública do Nobel de Literatura, por outro lado, é um desejo mundial. Na segunda-feira pela tarde, ele será homenageado no Palácio de Bellas Artes, no centro histórico da cidade onde morava desde os anos sessenta. Ali foi feita homenagens a outros grandes nomes da cultura local como Mario Moreno Cantinflas e o também escritor Carlos Fuentes, despedidos como príncipes. O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, estará presente ao que se espera ser uma homenagem mundial ao colombiano mais mexicano, como muitos se vangloriam em dizer no mundo cultural da capital.

    domingo, 4 de maio de 2014

    No número 144 da rua Fuego, o último suspiro de García Márquez

    Gabriel García Márquez

    No número 144 da rua Fuego, 

    o último suspiro de García Márquez

    Condolências de políticos e intelectuais mexicanos depois de divulgada a morte do Nobel



    Gonzalo García, filho de García Márquez, no anúncio de sua cremação. / ALFREDO 
    No número 144 da rua Fuego, ao sul da Cidade do México, uma moça de calça jeans e moletom preto deixou às 15h30 um buquê de margaritas. Mónica Hernández lia Cem anos de solidão por ordem de uma professora com o desânimo próprio das obrigações. Anos depois caiu em suas mãos uma reedição da Real Academia da Língua Espanhola e o devorou com o fanatismo dos convertidos. Ser a primeira leitora a chegar à casa onde há pouco tempo morria o colombiano Gabriel García Márquez aos 87 anos foi uma maneira de pedir perdão por aquela afronta juvenil e de lhe render homenagem, em nome da legião de seguidores que tem o romancista por todo mundo, como um dos maiores escritores em espanhol.
    Desde que há três dias viesse a público a informação de que García Márquez estava recebendo cuidados paliativos em seu lar, uma bela residência colonial com uma cerca de bougainvilles trepando pela fachada, uma dezena de jornalistas como "guardas" na calçada. De vez em quando  algum leitor se aproximava perguntando pela saúde de seu ídolo e ia com gesto contrariado ao saber das más notícias. Às 14h56 (horário local) deste dia ensolarado, com a cidade meio vazia pelo feriado, apresentou-se na porta da casa a jornalista mexicana Fernanda Familiar, uma íntima amiga da família. Chegou chorando e sem mediar palavra seguiu para o interior. Foi o primeiro sinal externo de que o prêmio Nobel de Literatura tinha morrido.

    Cerimônia particular

    O Conselho Nacional mexicano para a Cultura e as Artes, atendendo a pedido da família de Gabriel García Márquez, informa que o corpo do escritor será cremado em uma cerimônia particular. É de conhecimento público que durante o funeral não haverá mais homenagens.
    Ainda assim, comunica-se que na próxima segunda-feira (21) à tarde será realizada uma homenagem no Palácio das Belas Artes mexicano, em uma ocasião em que o público local poderá celebrar o legado do autor colombiano.
    Cinco minutos depois, a bordo de um táxi chegou o escritor colombiano Guillermo Angulo, levava uma mala, uma bolsa branca e um gorro de caçador. Também entrou sem dizer nem uma palavra. O assistente pessoal de García Márquez, Genovevo Quirós saiu a dar instruções a dois policiais que começavam a resguardar a casa. Uma vizinha, María del Carmen Estrada, botava a cabeça na porta contígua à do Nobel e lembrava no dia que deu um grande abraço nela no meio da rua. “Não lia nenhum de seus livros, mas a gente gostava muito dele, e eu o recebi com muito carinho. Era um vizinho exemplar”.
    Esse vizinho exemplar foi motivo de uma chuva de condolências dos mais importantes políticos e intelectuais mexicanos. O presidente Enrique Peña Nieto transmitiu através de sua conta de Twitter seu pesar pelo falecimento do que definiu como “um dos maiores escritores de nossos tempos”. Acrescentou que “com sua obra, García Márquez fez universal o realismo mágico latino-americano, marcando a cultura de nosso tempo. Nascido na Colômbia, por décadas fez do México seu lar, enriquecendo com isso nossa vida nacional. Descanse em paz”.