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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Nélida Piñón / “Ter um governante que não se dá conta do peso da pandemia é uma enorme tristeza”

A escritora Nélida Piñón em Madri, em 2019.

Nélida Piñón: “Ter um governante que não se dá conta do peso da pandemia é uma enorme tristeza”


Escritora, integrante da ABL e ganhadora do prêmio Príncipe de Astúrias, fala da situação do Brasil e dos efeitos do coronavírus

Nélida Piñón / “El pánico ha tenido una fuerza poderosa, más que la pandemia”


Juan Cruz
Madrid, 6 de julio de 2020



Nélida Piñón (Rio de Janeiro, 83 anos), membro da Academia Brasileira de Letras e ganhadora prêmio Príncipe de Astúrias de Letras em 2005, escreveu em Vozes do deserto uma ficção prolongando a metáfora de Sherazade. Agora, enquanto assiste às terríveis consequências da pandemia de coronavírus no Brasil, confia também em que a ficção, a narrativa, seja útil para confrontar um drama que a mítica personagem a quem ela deu voz superou graças à sua capacidade de contar para vencer a opressão e o esgotamento. Ela continua escrevendo. Sua última obra está prestes a ser lançada na Espanha e, embora esta seja sua principal tarefa, inventar, ela não deixa de se condoer pelo que ocorre em sua terra e no mundo. Disto falou por Skype, de sua casa no Rio de Janeiro, avisando ao repórter espanhol que “o Brasil vive um momento de rancor generalizado”, ao mesmo tempo em que exibe o que está à vista em seu escritório, “cheio de pilhas de papel, originais —toda minha vida criativa está aqui dentro”— .



Nélida Piñon: “La familia es lo único que mata” | Babelia | EL PAÍS
Nélida Piñón
Rio de Janeiro, 2015

Pergunta. O que é a sua vida criativa agora?

Resposta. É a capacidade que tenho de adicionar à minha vida tudo o que está fora. O criador trabalha a partir do que existe e do que existiu. Sou uma mulher que acredita que só se pode ser contemporâneo se se for arcaico. Navego nas águas dos gregos, dos persas, das Américas e do mundo. Não faço uma distinção profunda de onde estou, quem sou ou de que época.

P. Este período se parece com o que Sherazade combatia, falando para que a condenação não se cumprisse. Agora se vive uma condenação, e conversamos para que a noite não caia…

R. A humanidade sempre sofreu grandes dificuldades. Nunca houve uma época frutífera, só instantes de celebração, mas cada vez que a humanidade fracassa seguimos em frente. Agora se fala da globalização, mas os vikings já começaram esse processo; e o fizeram os gregos com Alexandre, os bucaneiros ingleses do Caribe e os extraordinários globalizadores portugueses. Sempre foi assim. Todos abriram espaços para a globalização. O que acontece é que hoje vendemos nossa liberdade de indivíduos pátrios por objetos perecíveis sem nenhum valor. Não tenho medo, enfim, do dano que possa ocorrer, porque o pior já está ocorrendo.

P. O que foi o pior do pior?

R. Se não percebermos a força desta advertência histórica que ameaça a civilização é porque não estamos preparados para sobreviver. É preciso que estejamos preparados para sair disto e tentar ver o que impede nossa sobrevivência. Por trás de tudo isto estamos vivendo uma explosão demográfica. A terra tem dificuldades para abraçar oito bilhões de pessoas. Ninguém quer ficar na África, ou na Europa, ninguém quer ficar onde está, sempre estamos procurando um lugar onde se possa assegurar a fortuna… Mais do que nos deslocando geograficamente, estamos nos deslocando em espírito, e nisto vejo insatisfação, necessidade, um infortúnio extraordinário. Como se não tivéssemos futuro, nos empenhamos em apagar os fatos do passado. O passado não se destrói, mas é preciso corrigir os desvarios do presente.


P. Como qualificaria este momento moral da humanidade?

R. A humanidade nunca teve um código moral que servisse a todos! Os códigos que tivemos serviam a alguns, aos donos do código, aos que o escreveram e não aos que padeciam os horrores desse código. Desde a Bíblia, os códigos beneficiavam só uma parcela da população. Outros eram escravos da vontade alheia… O que vejo hoje é uma desunião que privilegia interesses próprios. A União Europeia demorou muito a ajudar; teve e tem medo da segregação, de que possam surgir outros Brexits. Assim como na América, não estamos unidos, há interesses.

P. Você tem muita relação com a Galícia, com a Espanha [a escritora é filha de galegos]. Como viveu, do Brasil, a situação desse país?

R. Foi uma grande dor, mas de alguma forma as dores que vinham da Itália prepararam para as futuras tragédias. A Itália nos advertiu: preparem-se. Quando a tragédia chegou à Espanha, imagine o que senti… Como isso podia acontecer na Europa? Supunha-se preparada para entrar no éden, no paraíso econômico e na justiça. As pessoas acreditavam estar sob as bênçãos de um deus econômico, poderoso. Eu me dava conta de que isto se arrastaria por todo o mundo, mas que semearia menos pânico. O pânico teve uma força poderosa, mais do que a pandemia, talvez. Veremos, porque há muitos mistérios, muito que não sabemos e muitas verdades que sairão dos laboratórios farmacêuticos, porque não nos dizem o que está acontecendo.

P. Um susto mundial, portanto.

R. Os brasileiros estão muito abalados, o mundo inteiro está assustado. Agora, além disso, assusta essa palavra espanhola, brote [surto]. É impressionante seu sentido simbólico. O surto está estabelecendo nossos limites. A partir de agora não temos liberdade, porque somos vítimas do próximo surto. Não se pode gozar sob a tutela do surto.

P. Como está vivendo a situação no Brasil?

R. Como todos, vi com visão crítica e muito dolorida. Ter um governante que não se dá conta do peso da pandemia e do que está acontecendo no mundo é uma enorme tristeza. Os fracassos que chegam de Brasília nos educaram há muito tempo para o sofrimento. É como se se pudesse esperar o pior de Brasília. É um câncer que começou há muito. Chego à conclusão de que as administrações se impõem a favor de seus interesses e não dos do povo. Sinto um profundo descrédito do poder, como o que agora vive o Brasil.


P. Vale hoje no Brasil a opinião de uma intelectual como você?

R. Não acredito muito no poder do intelectual. As pessoas hoje levam muito mais em conta o que sai na televisão do que o que se fala em um livro. O Brasil se volta para os seus próprios interesses com uma visão paroquial. Hoje não tem grandes políticos, grandes oradores, personalidades em quem confiar, que expressem as necessidades reais. No meu entender, os políticos são um fracasso. Como intelectual, percebo minhas limitações, mas sei que meu dever é continuar criando, escrevendo. Meu dever como intelectual brasileira é continuar produzindo livros; tendo à independência total, estética, moral, sem medo da histeria.

P. Vocês aí têm tido um espetáculo político intenso: a disputa entre o presidente e o ministro da Justiça [Sergio Moro] que ajudou a levá-lo ao poder… O que sentiu diante desse vaudeville?

R. Moro tampouco é inocente. Bolsonaro é uma figura pela qual não tenho nenhum respeito, mas me parece que Moro se reconciliou com seus inimigos. Hoje vejo Moro com certa prevenção. Mas é, de todas as maneiras, um personagem. Talvez eu deva escrever um romance sobre a tragédia do poder, embora não saiba se poderia escrever sobre um personagem como Bolsonaro.

P. Nessa tragédia de personagens ressurge Lula, que foi tão premiado na Espanha. Como vê sua relação com este momento?

R. Não é preciso que Lula fale. Ele manchou sua biografia até então respeitada. Lula e a elite política brasileira são responsáveis pelo questionável Governo da presidenta Dilma e pela eleição do presidente Bolsonaro. Suas condutas, além de seus feitos administrativos, provocaram uma total incredulidade no eleitorado brasileiro. Uma profunda tristeza.

P. Como sente, em sentido metafórico, neste tempo difícil, que soa a música do Brasil?

R. Pode ser uma conjugação de todos os acordes musicais do mundo. Os brasileiros são muito musicais, mas talvez não tenhamos feito a música que possa limpar o que estamos sofrendo: miséria, falta de emprego, insegurança com o futuro, descrédito do poder e das instituições… O que Brasília produz não está a favor do povo. É natural que estejamos tristes e que olhemos de forma desapegada para o poder.

P. O país pode ser visto agora como uma harmonia rompida?

R. Ao longo da história do Brasil sempre houve fraturas, como em qualquer país, mas independentemente da tragédia é um país alegre. Só precisa administrar essa alegria de modo que não se perca nas exaltações. É preciso ser alegre e triste, alternar um pouco. Não se pode ser alegre o tempo todo. Quando você passa a ser triste é quando pode corrigir a realidade. O Brasil tem uma história muito fascinante, mas também de desapego da realidade do pobre. Teremos que fazer correções dramáticas. Temos racismo; todo mundo é racista, e o Brasil é porque somos herdeiros do racismo do mundo, da Europa, dos Estados Unidos… Não o inventamos, o herdamos, e naturalmente nos pareceu que beneficiava as elites. É um país que tem uma integração geográfica extraordinária, não aconteceram conosco as fraturas bolivarianas, temos uma língua deslumbrante que soube permitir que cada canto criasse neologismos; uma literatura muito rica, artistas, cineastas, e essa gente do samba, as canções populares nas escolas, uma arte extraordinária. Portanto, é um país que tem muita hegemonia e possibilidade de defender seus estatutos históricos.

P. E agora sofre.

R. Não gosto muito da noção de sofrimento, não acredito que seja necessariamente redentor. Acredito que o sofrimento seja muitas vezes traumático, impede de pensar, de criar. Por isso aposto num futuro do Brasil que não merecerá o silêncio, virão grandes transformações, e espero que sejam benéficas, não totalitárias, nem de esquerda nem de direita.

P. O país do futuro, e sempre será, como dizia Stefan Zweig.

R. Ele só disse que era o país do futuro… Mas o futuro está demorando muito! O futuro é abstrato, inaudito, só vale o presente que vamos vivendo, e tomara que não tenhamos que disfarçá-lo para que pareça de ouro, ou mais justo, mais poderoso, mas sim que venha graças à indústria, aos bancos, à extraordinária agricultura brasileira que hoje alimenta um quarto da humanidade… O mundo vai comer graças ao Brasil! É um país que não pode ser periférico porque não tem essa vocação.

P. Esse seu otimismo está em um de seus últimos livros: “Falta-me vocação para ser triste”.

R. Tenho momentos tristes, porque se não estaria desconectada da realidade. Sou estudiosa da história, leio os séculos com um prazer imenso e sei qual é a história da humanidade. Uma história absolutamente desencontrada, que alterna tragédias, genocídios… A Europa é a Europa de milagre, sofreu invasões pelo Danúbio, os mongóis chegaram pela Hungria, todos os povos se deslocaram, cada um pôs sua história, sua gênese, seu sangue, sua língua. Muitas de nossas línguas vêm do latim, mas outras estão escritas a sangue, impostas mediante tanta gente assassinada, hecatombes históricas, invasões. Não se pode considerar que a Europa seja um território suave, agradável, deslumbrante. Não. Nasceu das lágrimas, como nós, matamos índios, fomos terríveis com os negros…

P. Como aponta esse joelho de um homem que asfixia outro em Minneapolis.

R. É a prova de que os norte-americanos nos superaram em racismo. É terrível, como se ainda estivesse entre nós a Ku Klux Klan: somos capazes de odiar um negro por sua pele. Mas somos racistas com os negros assim como com as mulheres, não suportamos quem é diferente, o vizinho. Esse “não posso respirar” é um hino do horror humano, somos capazes de tudo. E para quê? Para sobreviver ou para impor nossa vontade? Não matamos só por nosso pão e dos nossos filhos. Matamos por um espaço que tem de ser unicamente nosso.

P. Seu pai a ensinou a dar flores e livros de presente. A esta altura da vida, que presente espera?

R. As flores e os livros do meu pai são a memória de meus ancestrais. O que realmente considero um presente, mais que estar viva, foi o esforço de entender por que estou na Terra e o esforço da tolerância. Isso é o que mais quero. E, evidentemente, outro presente que quero é continuar escrevendo.

P. A tolerância, que esforço difícil.

R. O Brasil vive um momento de rancor generalizado. Choro diante desses sentimentos exacerbados.

EL PAÍS


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Vargas Llosa: “A história não absolverá Fidel Castro”

Fidel Castro e Raúl Castro

Vargas Llosa: “A história não absolverá Fidel Castro”


Grandes escritores latino-americanos analisam a morte do líder cubano para o EL PAÍS


JUAN CRUZ
JAN MARTÍNEZ AHRENS
JAVIER RODRÍGUEZ MARCOS

Cidade do México 28 NOV 2016 - 08:35 COT

“A história não absolverá Fidel Castro.” O prêmio Nobel Mario Vargas Llosa o diz cheio de surpresa. Conheceu bem Fidel porque acreditou na revolução. Tinha acabado de saber, pelo EL PAÍS, da morte do líder cubano. Eram oito horas da manhã de sábado em Guadalajara (México). O escritor peruano pediu um tempo para refletir sobre o artigo que escreverá para este jornal, mas avançou uma opinião ainda sem ter se recuperado de uma notícia que está no centro de todas as conversas entre escritores e editores presentes à Feira Internacional do Livro de Guadalajara, a mais importante do mundo em espanhol.



Vargas Llosa ainda está usando roupa de ginástica. Fez um pouco de esporte antes de participar da homenagem que será prestada pelos seus 80 anos. “Sou o último sobrevivente do boom da literatura hispano-americana”, ri o escritor antes de tomar um gole de café com um pouco leite e lançar sua primeira reflexão. “Espero que essa morte abra um período de abertura, tolerância, democratização em Cuba. A história fará um balanço destes 55 anos que acabam agora com a morte do ditador cubano. Ele disse que a história o absolverá. E eu tenho certeza que a história não absolverá Fidel”.
Vargas Llosa foi um dos intelectuais latino-americanos que viram na Revolução Cubana uma luz democratizadora. Chegou a fazer parte do grupo de escritores que visitavam Castro, mas logo se decepcionou. A perseguição aos dissidentes o horrorizou. Havia represálias, lembra o Nobel, não apenas pelas ideias políticas, mas também pela orientação sexual: mesmo que fossem partidários do regime, “Castro chamava os homossexuais de enfermitos (doentinhos)”.
Héctor Abad Faciolince. “Sem Fidel, o boom teria tido outras proporções. Alguém poderia hesitar se os escritores eram parasitas da revolução ou se a revolução era parasita dos escritores. Ao contrário, houve uma simbiose que funcionou nos anos sessenta, enquanto intelectuais franceses como Jean-Paul Sartre se aproximaram dessa árvore e dessa sombra”, afirma o escritor colombiano, de 58 anos. “Mas houve uma ruptura e foi quando a revolução pediu que Vargas Llosa doasse o montante do Prêmio Rómulo Gallegos, obtido por A Casa Verde, e prometeu-lhe que seria reembolsado secretamente. Aí se viu a capacidade de corrupção da política. Com Vargas Llosa não funcionou para eles”, conclui o autor de Somos o Esquecimento que Seremos.
Nélida Piñón. “Fidel acabou há muito tempo. Na verdade, foi o fim de uma utopia inatingível”, diz a escritora brasileira, de 79 anos. “Eu o conheci. Ele era um homem que falava, falava e falava, prolongava as histórias sem deixar que o outro dissesse nada”, ri Piñón, para quem o líder cubano está cheio de sombras: “Impôs o terror, perseguiu os gays, encheu as prisões”. E as coisas boas? “Que foi um construtor de utopias, de sonhos. Mas faz muito tempo que sua história terminou. Isso acontece com todos os heróis: não resistem ao seu próprio heroísmo”.
Enrique Krauze. O grande historiador mexicano, de 69 anos, não lamenta absolutamente a morte de Fidel. “Agora o mundo será menos ruim. Foi o ditador mais longevo da história latino-americana e nunca tive sentimentos por ele”, diz. Para o autor de Siglo de Caudillos (Século de Caudilhos), a morte abre a possibilidade de uma abertura, especialmente na área econômica, o grande calcanhar de Aquiles do regime. “Donald Trump verá com bons olhos que Cuba caminhe em direção ao capitalismo, mas para ele dará no mesmo que continue sendo uma ditadura”, conclui.
Sergio Ramírez. Para o escritor e ex-vice-presidente da Nicarágua, a intolerância de Fidel ficou clara quando ele decidiu obrigar o poeta Heberto Padilla a fazer uma autocrítica stalinista para um livro que o regime tinha apontado como indesejável. “Então o terror se manteve, veio a perseguição aos intelectuais, aos homossexuais. Acabou em seguida com a primavera cultural cubana, instaurou a ideia de que se estava com ele ou contra ele”, afirma Ramírez, de 74 anos.
Juan Villoro. Surpresa, mas nenhuma tristeza. Irônico, o escritor e pensador mexicano lembra que Fidel chegou a adquirir a condição de líder eterno. “Nós o considerávamos imortal, mas no final vimos que era humano”. Para Villoro, de 60 anos, a morte de Castro fecha um ciclo que estava esgotado havia muito tempo. “Tenho a idade da Revolução Cubana e envelhecemos juntos. Foi a depositária de muitos ideais de justiça social, mas ela mesma foi traindo esses ideais. As razões são variadas, mas foram decisivos os seus próprios erros e a perseguição aos dissidentes. Minha maior decepção foi o fuzilamento do general Arnaldo Ochoa”, afirma.
Daniel Divinski. “Fidel foi um ponto de inflexão na história da América Latina, mais além dos excessos posteriores... O pior? O avassalamento dos direitos humanos, a perseguição de pessoas que não eram contra a revolução, mas que queriam reformas, e não derrubá-lo”. Para o conhecido editor argentino, de 74 anos, não há herdeiros de Fidel. “Ele acaba em si mesmo. Nos últimos tempos, decepcionou muito. Como dizia Perón de si mesmo, já era um leão herbívoro. Surgirão outros, mas já não haverá uma liderança individual como a sua”.
Julio Ortega. “Fidel construiu um aparato cultural, mas paralisou a cultura. Produziu repressão e exílios, tudo se reduzia a defender a revolução. Ele decretava quem era o bom e o mau. E não houve só um caso Padilla, mas vários. Estamos agora em outra época e as coisas vão melhorar”, diz o crítico peruano.
Claudia Piñeiro. “Com a morte de Fidel, acabou o século XX”, sintetiza a escritora argentina.
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