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domingo, 4 de outubro de 2015

Stephen Hawking diz que os buracos negros não existem

Stephen Hawking

Stephen Hawking diz que os buracos negros 

não existem

A informação sobre a matéria e a energia estaria prisioneira apenas de forma temporária, e poderia emergir depois, embora de forma caótica



O físico Stephen Hawking concede entrevista coletiva à imprensa galega no Hotel Porta do Camiño, durante sua visita a Santiago da Compostela. / ANDRES FRAGA
Stephen Hawking e os buracos negros estão indissoluvelmente ligados. Não é que ele os tenha descoberto, nada disso, mas suas pesquisas e importantes contribuições sobre esses exóticos objetos previstos teoricamente e detectados (por seus efeitos) no universo remontam a trabalhos cruciais feitos há mais de quatro décadas. Agora, porém, ele afirma que os buracos negros não existem, pelo menos não como se entendem habitualmente. Nesta semana ele apresentou um artigo, uma pré-publicação que ainda não passou pelo processo normal de revisão científica, mas que imediatamente ganhou notoriedade. Assina-o sozinho, tem quatro páginas (uma de apresentação, duas de argumentos e a última de referências) e recebeu um título estranho:Conservação da Informação e Previsão Meteorológica para os Buracos Negros. Os físicos habitualmente apresentam seus artigos no site arXiv, onde são públicos, antes de submetê-los ao processo de avaliação por pares, algo obrigatório para a sua publicação oficial.
Um buraco negro, em princípio, é algo simples: um lugar em que a matéria e a energia são tão densas que sua gravidade curva o espaço-tempo, a ponto de que nada, nem mesmo a luz, pode escapar. Mas além disso, dadas as suas condições extremas, trata-se de um campo de provas predileto dos físicos teóricos para explorarem suas conjecturas.
O ponto crítico dos buracos negros que Hawking agora ataca é o denominado “horizonte de acontecimentos”, essa fronteira a partir da qual nada pode escapar da atração gravitacional, nem a luz. “Não há saída de um buraco negro na teoria clássica, mas a teoria quântica permite que a energia e a informação escapem dele”, explicou o próprio Hawking à revista Nature, que informa em sua seção de notícias on-line sobre esse último artigo do célebre físico britânico. Para explicar todo o processo, seria necessário obter finalmente a plena integração, sob uma teoria única, da gravidade com as outras duas forças fundamentais da natureza (ou seja, a relatividade geral, que rege o universo macroscópico, e a mecânica quântica, que rege o mundo subatômico), reconhece o cientista. Mas essa fusão há muito tempo desafia os esforços dos físicos, e, por enquanto, “o tratamento correto continua sendo um mistério”, acrescenta Hawking.
Em seu novo artigo, ele propõe que não há um horizonte de acontecimentos em torno do buraco negro, e sim um horizonte aparente, que “aprisiona a matéria e a energia apenas temporariamente, antes de emiti-la de novo, embora de forma caótica”, relata Zeeya Merali na Nature. A ideia de Hawking é que os efeitos quânticos ao redor do buraco negro provocam flutuações muito violentas para que essa fronteira definida possa existir.
O horizonte de acontecimentos, consequência direta da Teoria da Relatividade de Einstein, é a superfície ao redor do buraco negro que não pode ser superada por nada que esteja apanhado dentro dele, nem sequer a luz, razão pela qual nenhuma informação poderia sair de lá. Segundo a teoria clássica, num famoso experimento teórico um astronauta que caísse em um buraco negro atravessaria o horizonte de acontecimentos sem notar nada de especial, e a partir daí ficaria inicialmente esticado como um espaguete (a enorme atração gravitacional é maior nos seus pés do que na cabeça), para então acabar completamente esmagado no núcleo imensamente denso do buraco.
Mas, há alguns anos, o físico Joseph Polchinski alterou esse cenário propondo em troca um muro de fogo: segundo a teoria quântica, o horizonte de acontecimentos é na realidade uma região de energia muito alta, em que o astronauta acabaria torrado. Isso pressupõe um desafio à relatividade, recorda Merali na Nature, já que, segundo a teoria einsteiniana, o horizonte de acontecimentos do buraco negro “deveria passar despercebido” para o astronauta em queda. A alternativa que Hawking propõe, respeitando tanto a relatividade como a teoria quântica, é que os efeitos quânticos ao redor do buraco negro provocam uma violenta flutuação do espaço-tempo, o que impede a existência de uma fronteira bem definida, descartando assim o muro de fogo.
O horizonte aparente, que a luz não consegue superar para emergir do buraco negro, prossegue Merali, e o horizonte de acontecimentos seriam idênticos em um buraco negro que não variasse. Mas, se o buraco negro vai tragando mais material, o horizonte de acontecimentos cresce e se torna maior do que o aparente. Além disso, com a famosa radiação Hawking, proposta há quatro décadas, o buraco negro pode encolher, e o horizonte de acontecimentos seria menor que o aparente. Essa variação permitiria, na teoria, que a luz escape do buraco.
O físico britânico sugere que a fronteira real é o horizonte aparente, e que “a ausência de um horizonte de acontecimentos significa que não há buracos negros […] no sentido de regimes dos quais a luz não pode jamais escapar”, embora ele não especifique como esse horizonte de acontecimentos pode desaparecer.
“A ideia de um horizonte aparente não é completamente nova”, observa Jacob Aron na New Scientist. Ele e Roger Penrose, recorda, já utilizaram a relatividade geral para demonstrar que os dois horizontes eram idênticos. Agora, “nesse último artigo seu, [Hawking] está propondo que a mecânica quântica pode revelar que eles são diferentes”. Mas essa não é a maior novidade do seu último trabalho, considera Aron, e sim “a tentativa de utilizar essas ideias para resolver a paradoxo do muro de fogo: ao eliminar o horizonte de acontecimentos, mata-se também esse muro de fogo”. E isso significa que desaparece também a consequência óbvia do mesmo, a saber, que a informação não pode emergir de maneira alguma do sumidouro negro, porque o muro de fogo a destrói.
Assim, Hawking dá uma oportunidade para que a informação escape da matéria aprisionada no buraco negro. Mas com limitações: “A estrutura de um buraco negro imediatamente por baixo do horizonte é caótica, o que dificulta a compreensão da informação que possa sair dele, em outras palavras, a informação se perde, no sentido de que seria quase impossível interpretá-la, mas não está destruída”, afirma Aron. É como a previsão meteorológica – daí o título do artigo do físico britânico –, porque “não se pode predizer o tempo senão com alguns poucos dias de antecedência”.
Don Page, especialista em buracos negros da Universidade de Alberta, no Canadá, observa na Nature que o caos da informação no buraco negro é tal que tentar interpretá-la após sua saída seria pior do que tentar reconstruir um livro queimado a partir de suas cinzas.
O breve artigo do Hawking não inclui cálculos, salienta Aron, “o que torna difícil tirar conclusões sólidas”. A nova ideia será estudada e discutida, e inclusive pode ser que o físico britânico faça alguma nova aposta com seus colegas, como já fez no passado – e às vezes perdeu –a respeito de questões profundas da física teórica. O que está claro é que nem a gravíssima incapacidade física da qual sofre nem seus 72 anos recém-completados comprometem a mente desse grande cientista.

‘Minha breve história´

Com uma clara alusão ao seu famoso livro de física Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros (1988), Stephen Hawking escreveu recentemente sua autobiografia com o título de Minha Breve História (Editora Intrínseca). O livro reúne suas recordações da infância na Londres do pós-guerra, seus estudos, seu trabalho e sua evolução intelectual, tudo isso salpicado de fotografias inéditas ou pouco conhecidas desse homem que não se rende nunca.
Ele acaba de completar 72 anos e continua trabalhando em sua adorada física teórica. Ocupou, até 2009, a cátedra Lucasiana de Matemática na Universidade de Cambridge (Reino Unido) e já escreveu ao longo de sua vida numerosos livros de divulgação, além de importantes trabalhos científicos.
Com 21 anos, Hawking foi diagnosticado com uma grave doença degenerativa, a esclerose lateral amiotrófica, que lhe provocou uma paralisia muscular progressiva. Apesar de a expectativa de vida de quem tem essa enfermidade ser geralmente de poucos anos, o cientista britânico sobreviveu, mesmo sofrendo problemas de saúde devastadores, como a traqueotomia que salvou sua vida em 1985, mas o deixou sem fala. A perspectiva de morrer cedo, recorda Hawking agora em seu livro, o impulsionou para o desafio intelectual.
“Hawking escreve de uma maneira comovedora”, escreveu o Financial Times sobre a autobiografia, salpicada de curiosidades de sua vida. “Nessa obra podemos escutar como sua voz é irradiada diretamente do buraco negro de sua doença, sem a amplificação e o detalhamento que acrescentavam os coautores com os quais escreveu seus últimos livros.”





terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Stephen Hawking sobre duas pernas



Hawking sobre duas pernas

Primeira esposa do cientista mostra em livro retrato intenso de seus anos de formação



O cientista Stephen Hawking e a escritora Jane Hawking no dia de seu casamento, em 1965.
Pouca gente no planeta Terra não está familiarizada com a imagem de Stephen Hawking, cosmologista, físico teórico, escritor de sucesso, polemista afiado e personagem deOs Simpsons, preso pela esclerose lateral amiotrófica (ELA) a sua cadeira de rodas de alta tecnologia, comunicando-se com o mundo por meio de um sintetizador de voz que embora mude de software mantém — por vontade expressa de seu usuário — seu inconfundível e algo perturbador timbre robótico. A figura é tão familiar que é fácil esquecer que o físico foi até os vinte e poucos anos uma pessoa saudável, que se movia sobre duas pernas, sonhava com um futuro brilhante e se apaixonava como qualquer jovem, ou pelo menos como qualquer jovem educado em Oxford. Sua primeira mulher, Jane Hawking, nos apresenta agora um retrato intenso e vívido daqueles anos de formação intelectual e emocional. E também de tudo que viria depois.
Teoria de Tudo – A Extraordinária História de Jane e Stephen Hawking (Editora Única) não é exatamente uma biografia do físico nem uma autobiografia de sua autora. Consciente de que a celebridade de seu ex-marido não acabará em décadas nem em séculos, a escritora e conferencista Jane Hawking decidiu contar ela própria sua relação com ele antes que “dentro de 50 ou 100 anos alguém invente nossas vidas”. Esta é a narração da mulher que mais bem conheceu Stephen Hawking durante sua juventude e que decidiu se casar com ele, apesar de sua trágica enfermidade. É por isso também a história de um dilema moral: um dos mais graves que um ser humano pode enfrentar ao longo de sua vida.
Hawking pertencia a uma dessas famílias britânicas que parecem tiradas de um filme de Frank Capra, excêntricas, intelectuais e sem preocupação quanto a sua imagem entre os mais ou menos horrorizados vizinhos. O pai, o médico Frank Hawking, não apenas era o único apicultor de Saint Albans, cidade de 60.000 habitantes, 30 quilômetros ao norte de Londres, como também o único a ter um par de esquis. “No inverno”, narra Jane, “passava esquiando em frente a nossa casa, a caminho do campo de golfe”. Os Hawking eram conhecidos em Saint Albans por hábitos como sentar à mesa lendo um livro cada um, e a avó vivia no sótão, que tinha entrada independente pela rua, e só descia em alguma ocasião familiar ou para dar um concerto de piano, instrumento no qual era uma virtuose.
Jane Hawking foi pela primeira vez à casa dos Hawking em 1962, convidada para o aniversário de 21 anos de Stephen, e conheceu ali seus amigos de Oxford, que se consideravam os “aventureiros intelectuais de sua geração”, nas palavras da autora, “dedicados de corpo e alma ao repúdio crítico de todo lugar-comum, à zombaria em relação aos comentários banais, à afirmação de seu juízo independente e à exploração dos confins da mente”. Jane, garota de firmes convicções cristãs e opiniões convencionais, sentiu-se incomodada por toda essa exuberância, mas desde o começo viu em Stephen algo mais que isso, uma natureza empática e independente pela qual, quase sem perceber, ficou apaixonada em poucos meses.


Eddie Redmayne (Stephen Hawking) e Felicity Jones (Jane) em cena de 'A Teoria de Tudo'. / ©FOCUS FEATURES/COURTESY EVERETT COLLECTION (©FOCUS FEATURES/COURTESY EVERETT COLLECTION / CORDON PRESS)
A notícia chegou num sábado de fevereiro de 1963, pela boca de sua amiga Diana: “Olha, soube do Stephen?”. O jovem talento estava havia duas semanas no hospital Saint Bartholomew, porque vinha tropeçando continuamente e não conseguia nem amarrar os sapados. Os médicos tinham diagnosticado a esclerose e previsto dois anos de vida. Jane ficou perplexa. “Ainda jovens o bastante para sermos imortais”, escreveu. Diana lhe disse que Stephen estava muito deprimido e que tinha presenciado a morte do garoto da cama ao lado no hospital. Stephen havia se negado a aceitar um quarto individual, fiel a seus princípios socialistas. As pessoas não mudam.
Mas o livro de Jane Hawking não tem o tom de tragédia, como tampouco teve a já longa vida de Stephen. Os que conhecem de perto o físico ficam invariavelmente perplexos com um detalhe: o muito pouco que lhe importa sua deficiência. Hawking não somente deixou perplexos seus médicos, por suas décadas de sobrevida à ELA –um caso insólito para a medicina—, como demonstra a cada dia que pode levar uma vida tão normal quanto possa ter um físico teórico. Sua produtividade científica o coloca na elite da disciplina, desfruta como qualquer um de um bom jantar com os amigos e nunca renunciou a seu aguçado senso de humor.
A esclerose naqueles primeiros anos tinha alternância entre crises e episódios de relativa normalidade, e pouco depois de sua deprimente entrada no hospital Saint Bartholomew, Jane pôde provar do estrepitoso estilo de guiar de seu noivo. Stephen a levou a Cambridge no gigantesco Ford Zephyr de seu pai — carro que tinha vadeado rios na Cachemira durante a estada indiana da família — no que acabou sendo uma das experiências mais aterrorizantes já vividas pela jovem. “Parecia usar o volante para se erguer e enxergar sobre o painel”, conta Jane. “Eu me atrevia apenas a olhar para a estrada, mas Stephen parecia olhar para tudo, menos para a estrada.” Que tempos, aqueles!
Há muito mais neste livro, um olhar extraordinário sobre a vida de uma figura ainda mais extraordinária: o físico mais popular da nossa época encarando o amor e o destino, os dois buracos negros a que acabam sucumbindo todos os membros desta espécie paradoxal.

Um prognóstico errado

Deram a Stephen Hawking dois anos de vida depois de diagnosticar sua doença, há 53 anos. E contra todos os prognósticos, o cientista continua vivo e ativo. Em 29 de janeiro estreia no Brasil o filme Teoria de Tudo, baseado no livro de mesmo título escrito por sua primeira mulher, Jane Wilde Hawking, e dirigido por James Marsh. O ator Eddie Redmayne interpreta o teórico e divulgador científico que mudou para sempre a história da ciência e da tecnologia moderna. O filme se concentra na relação mantida pelo físico britânico com Jane Wilde (Felicity Jones), com quem se casou em 1965, depois de ter a enfermidade diagnosticada, e de quem se separou em 1990.







segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Como é a nova cadeira do físico britânico Stephen Hawking

Stephen Hawking

Como é a nova cadeira 

do físico britânico Stephen Hawking

Um sistema desenvolvido pela Intel permite ao cientista transmitir seus pensamentos mais rápido e realizar tarefas cotidianas em um décimo do tempo

Os pesquisadores de patologias motoras terão livre acesso à plataforma



Depois de três anos de trabalho, engenheiros da Intel criaram a nova cadeira de rodas conectada com a qual Hawking poderá comunicar seu gênio. / INTEL
Se não fosse a tecnologia, as ideias do cientista mais brilhante da atualidade teriam ficado encerradas em sua cabeça. Acometido de uma doença que o deixou praticamente paralisado, o físico Stephen Hawking poderá, a partir de hoje, comunicar seus pensamentos e realizar tarefas cotidianas muito mais rápido graças à nova cadeira que a Intel desenvolveu para ele. O protótipo servirá de base para uma plataforma aberta a todos os que pesquisam meios de melhorar a vida dos portadores de tetraplegias e patologias motoras de origem neurológica.
Hawking estreou sua nova cadeira em um ato celebrado na manhã de terça-feira em Londres. O físico britânico, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA) desde os tempos de faculdade, poderá agora transmitir seus pensamentos com maior rapidez e realizar algo tão simples e essencial para ele como navegar na Internet em um décimo do tempo que levava na cadeira anterior.
Tanto o equipamento velho, que Hawking usou nas últimas duas décadas para se movimentar e se comunicar, como o novo são obra de engenheiros da Intel. Mas em questões de tecnologia, o tempo, esse fenômeno que tanto interessou ao genial físico, passa depressa demais e sua cadeira de sempre ficou antiquada e incapaz de aproveitar todos os avanços alcançados nos últimos anos.

A medicina não foi capaz de me curar, por isso dependo da tecnologia para poder me comunicar e viver”, diz Stephen Hawking
Com a nova cadeira, por exemplo, o sensor que atualmente tem na bochecha é detectado por um computador infravermelho montado em seus óculos, o que permite a ele selecionar caracteres em seu computador. A integração da tecnologia de software linguístico da companhia britânica SwiftKey, um aplicativo de texto inteligente, melhorou a capacidade do sistema para aprender com o professor, predizendo seus próximos caracteres e palavras.
Durante dois anos, engenheiros do Swiftkey trabalharam em um modelo de linguagem personalizada para Hawking. Em essência o sistema é similar ao do aplicativo para celulares. Aprende com o que já foi escrito em e-mails, mensagens ou posts em redes sociais para completar as palavras. No caso do físico britânico, a aprendizagem foi feita incluindo textos que o físico não publicou.
Segundo uma nota da Intel, com esse sistema, Hawking precisa escrever menos de 20% do total de caracteres comunicados. Até agora, por exemplo, para realizar uma busca na internet, o professor Hawking precisava seguir processos árduos, como fechar sua janela de comunicação, mover o cursor para abrir o navegador, movê-lo de novo à barra de busca e, por último, escrever os termos da busca. O novo sistema automatiza todos esses passos.
“A medicina não foi capaz de me curar, por isso dependo da tecnologia para poder me comunicar e para viver”, dizia o professor Hawking em Londres já instalado em sua nova cadeira.

Hawking e a responsável pelo projeto da cadeira ACAT. Intel
A plataforma foi batizada pela Intel como ACAT (sigla em inglês de Ferramentas Auxiliares Conscientes do Contexto). O projeto foi desenvolvido em três anos por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Intel Labs, com a cooperação do próprio Hawking.
“Durante décadas, o professor Hawking se valeu da tecnologia para poder comunicar-se com o mundo. Entretanto, para estabelecer uma analogia, seu antigo sistema era como tentar utilizar aplicativos e sites modernos sem teclado nem mouse”, diz Wen-Hann Wang, vice-presidente da Intel e diretor executivo da Intel Labs. “Juntos, criamos uma experiência de comunicação superior em todos os níveis, que contribui para manter o professor independente em sua vida diária e que pode chegar a aumentar a independência de outros portadores”, acrescentou.
Plataforma aberta a todos
O físico britânico é o primeiro a contar com o ACAT, mas a intenção da Intel é que a plataforma seja aberta em janeiro a todos os pesquisadores e tecnólogos que trabalham no campo da deficiência.
Mais de 3 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de lesões e doenças motoras de origem neurológica. Estas patologias afetam as atividades musculares voluntárias, como as capacidades de falar, andar, deglutir e realizar todo tipo de movimentos corporais.

Os engenheiros trabalharam três anos na nova cadeira de rodas
A partir do ano que vem, o software ACAT estará disponível para que os pesquisadores possam criar soluções personalizadas para interações e comunicação mediante o tato, piscadas, movimentos de sobrancelhas e outros gestos.
Embora a deficiência nem sempre tenha estado na lista de prioridades de muitas empresas de tecnologia, durante a apresentação do novo equipamento, a principal responsável pelo projeto do ACAT na Intel Labs, Lamba Nachman, recordou que “o âmbito das tecnologias para deficientes é, com frequência, um campo de testes para as tecnologias do futuro”.