sábado, 25 de março de 2017

Por que os cachorros se parecem com seus donos? Ou vice-versa?


Por que os cachorros se parecem com seus donos? Ou vice-versa?

Indivíduo feliz, bicho de estimação feliz. Indivíduo desajeitado, animal desajeitado


CAROLINA PINEDO
19 ABR 2015 - 00:12 CEST



Cholo anda com sua dona pela rua: devagar e tranquilo. Ao contrário do que ocorre com Ana e seu cocker de três anos, que é nervoso e tende a brigar com os outros cães que encontra durante o passeio pelo parque. As pessoas que convivem com cachorros costumam relatar que seus companheiros de quatro patas se parecem com eles em seu comportamento e caráter: dorminhocos, sedentários, ativos, tímidos ou gulosos.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Desvendado o mecanismo do amor entre os cachorros e seus donos



Desvendado o mecanismo do amor entre os cachorros e seus donos

O olho no olho entre donos e mascotes faz disparar a produção do hormônio do afeto



MANUEL ANSEDE
17 ABR 2015 - 01:33 CEST




"O amor pelo cachorro é voluntário, ninguém o impõe [...]. E o principal: nenhuma pessoa pode outorgar a outra o dom do idílio. Isso só o animal sabe fazer [...]. O amor entre um homem e um cachorro é um idílio. Nele não há conflitos, não há cenas angustiantes, não há evolução”, escreveu Milan Kundera em A Insustentável Leveza do Ser. No romance, a protagonista, Teresa, chega a pensar que o amor que sente por sua cachorra Karenin é muito melhor do que o que sente pelo marido.

terça-feira, 21 de março de 2017

Os cães entendem o que dizemos e como dizemos



Os cães entendem o que dizemos e como dizemos

Novo estudo sugere que aprendizagem do vocabulário não é exclusividade humana



Os cães compreendem tanto as palavras como a entonación. EL PAÍS VÍDEO


Os cachorros possuem a capacidade de diferenciar as palavras, assim como a nossa entonação, quando nos dirigimos a eles. É o que sugere um novo estudo publicado na revista Science. Além disso, utilizam áreas do cérebro semelhantes às utilizadas por nós, o que leva os pesquisadores à conclusão de que a capacidade de aprendizagem de vocabulário não é uma exclusividade humana. Para realizar o estudo, os cientistas colocaram treze cães de diferentes raças em um aparelho de ressonância magnética funcional para estudar as suas reações à linguagem. Os resultados revelaram que os cachorros reconheceram todas as palavras de forma diferente umas das outras, independentemente da entonação, e o fizeram utilizando o lado esquerdo do cérebro, como fazem os seres humanos.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Como falar com seu cão, segundo a ciência




Como falar com seu cão, segundo a ciência

As pesquisas realizadas nas duas últimas décadas demonstram que esses animais são capazes de entender a comunicação humana como nenhuma outra espécie



THE CONVERSATION
JULIANE KAMINSKI
18 JAN 2017 - 06:55 COT
Os cães são especiais. Qualquer pessoa que tem um como animal de companhiasabe disso. Além disso, a maioria dos donos tem a sensação de que seu cachorro entende tudo o que eles dizem e qualquer gesto que fazem. As pesquisas realizadas nas últimas duas décadas demonstram que os cães são capazes de entender a comunicação humana como nenhuma outra espécie. E agora um novo estudo confirma que, se alguém quer adestrar um filhote e ter o máximo de possibilidade para que o animal faça o que se pede dele, é preciso falar com ele de uma determinada maneira.

sábado, 11 de março de 2017

Quanto mais grupos de WhatsApp, mais chances de divórcio



Quanto mais grupos de WhatsApp, mais chances de divórcio

Fenômeno ‘phubbing’ provoca cada vez mais discussões entre casais. Mas é possível evitá-las


A cena com certeza vai lhe soar familiar. Pode ser inclusive que já a tenha vivido em primeira pessoa. Um casal divide uma mesa em um restaurante ou está sentado lado a lado no sofá de casa. Uma das partes quer conversar, tenta manter o contato visual... mas do outro lado se produz o silêncio, poucas palavras, o olhar para baixo... O motivo? Seu interlocutor está –para desespero e raiva do acompanhante– vidrado na tela do celular.
Estamos diante de um claro caso de phubbing (acrônimo de phone snubbing, que significa ignorar com o celular). Trata-se de um fenômeno que tem aumentando e que descreve com perfeição um dos grandes males dos nossos dias: quando alguém que está ao nosso lado nos ignora porque está prestando mais atenção ao que acontece em uma tela de celular.
A questão não é fútil. Um estudo conduzido pelo professor James A. Roberts, da Universidade Baylor, nos EUA, descobriu que 46,3% dos 453 adultos entrevistados tinham sofrido phubbing por parte de seu parceiro; e 22,6% declararam que essa prática era fonte de conflito.
Há dois motivos fundamentais, concluiu o especialista, para que o phubbing tenha impacto negativo nas relações de casais. Primeiro, porque o tempo que passamos conectados a nossos dispositivos não estamos empregando para fazer algo significativo que de verdade nos una como casal. E, segundo, porque o mal-estar que gera esse hábito leva, irremediavelmente, a discussões e a uma deterioração da relação. Além disso, as pessoas que disseram ter sido ignoradas por causa do celular por parte de seu cônjuge eram mais propensas a se sentirem deprimidas (na verdade, 36,6% tinham experimentado esse sentimento pelo menos em um ocasião).

Casais em terapia com o celular debaixo do braço

“Na realidade o problema acontece quando existe uma descoordenação no casal e uma das partes sente falta de atenção. Existem outros casos nos quais ambos utilizam muito o celular em companhia do outro, ou que só se comunicam pelo WhatsApp, mas não sentem culpa alguma porque estão em igualdade. Existe um consenso”, explica o psicólogo Enrique García Huete, diretor da Quality Psicólogos e professor da Universidade Cisneros (Madri).
García, que tratou em sua clínica de pessoas que desenvolveram um vício de celular, destaca que o phubbing é um problema cada vez mais recorrente quando um casal com problemas busca terapia. “Reclamam bastante que o outro está sempre agarrado no telefone e não presta atenção no cônjuge. Curiosamente, costumam ser mais os homens que fazem isso, mas não poderia dizer que é um problema em si para se recorrer à terapia. É mais um fator que influencia, mas não é o único".
O escritor e doutor em Filosofia Enric Puig Punye, que acaba de abordar esse assunto em seu livro O Grande Vício. Como Sobreviver Sem Internet e Não se Isolar do Mundo?, aponta outro fator que contribui para gerar mal-entendidos: o fato de que a conexão ao mundo virtual se faz quase sempre a partir de dispositivos individuais e não é uma experiência compartilhada. “Queira ou não, nos concentrarmos cada um em nossos smartphones ou tablets produz uma sensação de secretismo que não ajuda. Ao contrário, desperta suspeitas”, afirma Puig. “Essa separação não seria tão drástica se, por exemplo, todos os membros da família utilizassem apenas um computador comum”.
Por sua parte, o doutor García Huete recorda que "quando nos comunicamos, é tão importante o verbal como o gestual". "Se não nos sentimos atendidos, a sensação de frustração pode ser muito forte. Ao nos centrarmos no virtual, vai se extinguindo uma marca da comunicação muito importante, que só se produz pessoalmente, cara a cara". Em caso de discrepância de opiniões no casal por causa desse assunto, o psicólogo recomenda “acertar em consenso os momentos de uso”. A negociação é muito importante. “Esse processo não servirá de nada se não tivermos consciência de que existe um problema e se não existir uma vontade real de mudança”, afirma García, “porque essas duas coisas nem sempre estão unidas”.

Como desconectar em um mundo hiperconectado (e não morrer na tentativa)

Quando Enric Puig Punyet se propôs a abordar em um livro a forma como a hiperconectividade está afetando as nossas relações, não quis fazê-lo através do depoimento de neo-rurais: pessoas que optaram por se retirar ao campo fugindo do barulho e da agitação do mundo nas cidades. Em vez disso, se propôs a entrevistar pessoas que, sendo nativos digitais, se desconectaram sem renunciar a seu trabalho ou a sua vida social na cidade. E as encontrou: desde um vendedor desempregado que acabou fechando seu perfil no LinkedIn a uma jovem que organiza festas nas quais não se pode tirar nem publicar fotos nas redes sociais.
Nenhuma dessas pessoas tomou a decisão de se desconectar por motivos culturais, mas suas razões tinham relação com preservar a saúde mental e a qualidade de vida. “As pessoas com as quais falei concordam que em determinado momento tiveram uma espécie de revelação”, afirma. E o mais interessante é que ao sair desse turbilhão “se reconectaram com o mundo real, com ações e sensações que estavam esquecidas”.
Puig Punyet, que há anos pesquisa as mudanças provocadas pelas novas tecnologias na estrutura social, relembra que o novo modelo de negócio impulsionado pelo Google e pelos smartphones nos obriga a uma hiperconexão que acaba cobrando seu preço. “Na maioria dos casos representa uma perda de tempo e concentração tremenda. Esse dogma da multitarefa que nos vendem –e acreditamos– é algo que não existe. E então se está na grande dependência que se gera pela ansiedade de ter que estar sempre disponível”.
O psicólogo García Huete explica que no momento em que houver uma dependência do celular ou do tablet “temos que tratá-la como se estivéssemos enfrentando uma substância viciante, porque produz a mesma sensação gratificante a curto prazo e inquietação, ansiedade e síndrome de abstinência quando nos falta”. Entre as pautas básicas para se evitar o vício com as telas estão “reforçar nossos mecanismos de controle das emoções, planejar horários limitados e, se o problema se deriva do trabalho, utilizar dois celulares: um exclusivo para o âmbito de trabalho e outro para socializar”.
Por sua experiência, Puig Punyet acredita que a desconexão parcial será uma tendência em alta e que chegará das mãos dos jovens: “As novas gerações estão se dando conta do excesso e estão renunciando a estar hiperconectadas. Por conta de ter escrito o livro me chegaram muitos mais casos”, diz. “Há adolescentes que vão comer na rua com os amigos e estão deixando o celular em casa”.
É quase inevitável que em algum momento pontual todos nós utilizemos o celular em frente a um terceiro. Mas se o problema passa a ficar sério e nada do que foi dito antes funcionar, é possível formalizar um contrato proposto na internet, chamado Stop Phubbing. Cada um pode adaptá-lo a quem desejar: amigos, família ou cônjuge.

sexta-feira, 10 de março de 2017

O cérebro revela o truque das notícias virais

Mulher lê algo no celular. ALBERT GARCIA


O cérebro revela o truque das notícias virais

Compartilhar nas redes ativa a região ligada à recompensa sobre a própria imagem, além dos vínculos sociais


Javier Salas
1 mar 2017



Mulher lê algo no celular. ALBERT GARCIA

Todos os dias, as pessoas compartilham mais de quatro bilhões de mensagens no Facebook, 500 milhões de tuítes e 200 bilhões de e-mails. Em todo esse formidável fluxo de informações, alguns assuntos são vencedores universais: os temas e notícias virais, aqueles compartilhados intensamente. Uma equipe de pesquisadores tentou se aprofundar no conhecimento sobre o caráter viral das notícias analisando o cérebro de diversos indivíduos. A conclusão é que a viralidade não depende tanto do conteúdo da notícia, e sim de nós mesmos: da imagem que queremos vender aos demais e de como ela ajudará a fortalecer nossos vínculos.


As notícias que mais ativaram essas regiões cerebrais eram também as mais virais do The New York Times

Para entender o funcionamento do cérebro ante as notícias virais, cientistas da Universidade da Pensilvânia realizaram dois experimentos com 80 pessoas, mostrando-lhes notícias do The New York Times, um dos jornais mais relevantes e de maior circulação nas redes sociais. Os participantes viam notícias de saúde, escolhidas entre as mais compartilhadas, segundo os próprios registros do jornal.Primeiro, eles liam o título e um resumo da notícia. Depois, deveriam responder se queriam lê-la inteiramente e compartilhá-la de forma pública ou privada entre seus amigos do Facebook.
Durante o experimento, os pesquisadores observaram que foram ativadas as regiões do cérebro associadas a dois processos mentais bem localizados. Por um lado, o pensamento sobre si mesmo, que poderia ser entendido aqui como a imagem que o ato de compartilhar a notícia poderia dar sobre o próprio sujeito. “A evidência indica que as questões autorrelevantes estão entre os temas de conversa mais frequentes, em especial nos meios sociais, e que revelar informações sobre si mesmo pode ser inerentemente gratificante”, explicam os autores do estudo, publicado na revista científica PNAS. “Através desse mecanismo neuronal, as expectativas de obter resultados positivos sobre si mesmo ao compartilhar [a notícia] aumentam o valor percebido da troca de informação, o que, por sua vez, incrementa a probabilidade de compartilhá-la.”


Ao publicar algo no timeline, ficamos expostos ao julgamento dos demais, apostando que isso ajudará a melhorar nossos laços e o que pensam de nós

Por outro lado, os pesquisadores observaram a ativação de uma região usada pelo cérebro para entender o que os outros estão pensando. Quem pretende compartilhar uma notícia deve considerar o que há na mente dos demais, seus conhecimentos, opiniões e interesses, para prever as possíveis reações de seu público. “Esse tipo de cognição social implica prognósticos sobre os estados mentais dos outros. Por exemplo, predizer o que eles podem pensar e sentir acerca da informação compartilhada e de quem a compartilha”, afirmam os autores. Assim, ao publicar algo em nosso muro, ficamos expostos ao julgamento dos demais fazendo uma aposta e uma profecia: eles vão gostar, e isso ajudará a melhorar nossos laços comuns e o que pensam de nós.
Além disso, as notícias que mais ativaram essas regiões cerebrais coincidiram com as informações que tiveram maior impacto nas redes sociais, compartilhadas milhares de vezes segundo os dados do jornal.
“As pessoas estão interessadas em ler e compartilhar conteúdos que conectam com suas próprias experiências, ou com o seu sentido de quem são ou querem ser”, disse em nota Emily Falk, responsável pelo trabalho e diretora do Laboratório de Neurociências da Universidade da Pensilvânia. “Compartilham coisas que possam melhorar suas relações, fazer com que pareçam inteligentes e empáticas ou mostrá-las positivamente.”
No caso das notícias virais, funcionariam ao mesmo tempo vários fenômenos já conhecidos. Por exemplo: uma das coisas que mais causam satisfação é compartilhar informações sobre nós mesmos, tanto em redes sociais como em interações convencionais. Também se sabia que as pessoas mais persuasivas, as que conseguem convencer melhor com sua mensagem, são as que têm mais desenvolvida essa capacidade de se colocar no lugar dos outros, de prever o que há na mente deles.
Os autores do estudo reconhecem que é muito abrangente o que pode ser pessoalmente relevante e útil para compartilhar entre pessoas distintas. Mas lembram que “as sociedades humanas se caracterizam por um conjunto de valores comuns e normais sociais básicas que promovem a conduta entre os indivíduos”. Como consequência, concluem, não é incomum que haja muitas notícias que possam ser percebidas por muitos como uma informação com muito valor, tanto para a imagem pessoal como para o sentido de pertencimento ao grupo.