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| A escritora americana Patricia Highsmith, mestre do gênero policial, em fotografia tirada em 1949, final da década em que escreveu seus principais contos |
Tom Ripley chega aos 70 talentoso como sempre
IVAN FINOTTI
13.12.2025
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| A escritora americana Patricia Highsmith, mestre do gênero policial, em fotografia tirada em 1949, final da década em que escreveu seus principais contos |
Relembremos o prefácio de Umberto Eco ao livro de Maurizio Ferraris

NOVA YORK — Hanya Yanagihara diz que não leu o texto de Daniel Mendelsohn, publicado na primeira semana de dezembro na “New York Review of Books”, sobre seu “Uma vida pequena”, finalmente lançado no Brasil, pela Record. Tampouco a resposta publicada por seu editor, Gerald Howard. Mendelsohn, um dos mais prestigiados ensaístas da crítica literária americana, classificou o livro de 720 páginas, vencedor do Kirkus Prize e indicado ao National Book Awards e ao Man Booker Prize, como uma narrativa manipuladora, que desvela violência, abuso sexual, pedofilia e suicídio num “striptease sádico”. E acusou a autora, num dos debates recentes mais intensos do mundo literário americano, de “desonestidade intelectual”. Howard saiu em defesa de Hanya, editora da revista de estilo do “New York Times”, estabelecendo paralelos estilísticos da obra com Nabokov e Dickens. Já popular e saudado, entre outros, pela “New Yorker” e pelo “The Observer”, como plataforma para o surgimento de uma nova e poderosa voz na ficção em língua inglesa, “Uma vida pequena” ganhou ainda mais atenção após a batalha nas páginas da “New York Review of Books”.
— Não leio críticas, pois elas jamais mudarão o modo como escrevo, e soube com desgosto que Howard tinha enviado uma carta-resposta à revista. É difícil comentar o que não li, mas achei estranho Mendelsohn ter iniciado este debate, por eu ter sido responsável pela divulgação de um de seus livros — diz a escritora de 41 anos, em sua sala no “New York Times”.
Para além desses bastidores, “Uma vida pequena” é original ao não oferecer concessões a leitores mais delicados. Também não cai na tentação de redenção de seu protagonista. É livro que se lê de um fôlego só, até se descobrir o destino de Jude e a real extensão de sua tragédia pessoal. O título — em inglês, “A little life” — nasceu da ideia de que, especialmente em Nova York, diz Hanya, criada no Havaí, “pensamos amiúde na vida dos indivíduos de um modo maniqueísta: há as que de fato contam em oposição às outras, anônimas, coadjuvantes”.
— Isso é uma falácia! — afirma a autora. — Nossas vidas todas são igualmente pequenas, sem exceção. E, no caso de Jude, trata-se de uma vida pequena em múltiplos sentidos, que o leitor vai descobrindo, de certa forma, juntamente com o personagem.
O livro é o segundo de Hanya. Antes, em “The people in the trees” (2013), ela se debruçou sobre as memórias fictícias de um ganhador do prêmio Nobel condenado por pedofilia, inspirado no físico americano Carleton Gajdusek (1923-2008). Este foi fruto de pesquisa dedicada, mais próximo da atividade jornalística da ex-editora da “Condé Nast Traveller”, função que a levou a explorar o litoral brasileiro e a se apaixonar pelo Nordeste (“Morei por um tempo em Trancoso, onde passei dias muito felizes”, conta). Já “Uma vida pequena” é resultado de uma “urgência de falar das novas famílias emergidas no corre-corre das capitais mundiais”.
O livro é centrado na vida de quatro amigos recém-saídos da universidade, com sexualidade ambivalente, em busca de sucesso profissional, amor e autoconhecimento em Nova York, e os acompanha até a aproximação da meia-idade, nos anos 10 do século XXI. Jude, J.B., Willem e Malcolm, no entanto, estão longe de ser uma versão masculina e contemporânea de “Sex & the city”. A autora quer tratar aqui da possibilidade real da criação de uma família formada exclusivamente por amigos na selva de pedra. E da evolução dos laços afetivos e românticos entre homens num aparentemente menos machista mundo contemporâneo ocidental. Jude e Willem vivem uma relação romântica, mas em nada convencional, com a exclusão, inclusive, do componente sexual. A inspiração da jornalista foi o grupo de que faz parte um de seus amigos mais próximos:
— Eles são meia dúzia de amigos, todos homens, alguns se conheceram na escola. E me impressionei ao perceber o quão importante para eles é o que o outro sente. Para eles, a amizade vale tanto investimento quanto um casamento ou a criação de filhos. A devoção está explicitada, e era ela que eu queria expor.
“Uma vida pequena” se torna aos poucos a história de Jude, deixando os outros três amigos no banco de trás de um carro desgovernado. Os atos mais violentos, explicitados de forma direta, buscam colocar o leitor na pele do protagonista. Foram eles, essencialmente, o sinal vermelho mais gritante para parte da crítica, suspeita de um exibicionismo gratuito. Agradável, de fala suave porém decidida, Hanya não se emociona com os que veem no sucesso profissional dos quatro amigos e no que Mendelsohn apontou como “a criação de um Jó” da Nova York atual por conta da impressionante sucessão de desgraças de Jude, um distanciamento ilógico não intencional da realidade:
— A estrutura do livro foi pensada para driblar o leitor. No início, você acha que é uma história de ficção típica de um subgênero que eu adoro, o pós-universidade. Mas na segunda parte você percebe que está no meio de algo próximo de um conto de fadas. O centro nervoso do livro, no entanto, não muda: é a caminhada de quatro homens jovens, que não foram treinados para demonstrar carinho e afeto entre si, em direção à vida adulta numa grande metrópole atual.

Filha de francês e sul-coreana, Elisa Shua Dusapin cria romance polifônico sobre deslocamentos, encontros e o trabalho literário
01JAN2021 | Edição #41 jan.2021
Jogo da imitação, não é apenas e tão só a história mirabolante e dramática do criptoanalista, matemático e filósofo britãnico Alan Turing, um dos precursores do computador moderno e decisivo na descodificação do código Enigma que os nazis utilizavam na II Grande Guerra, nos seus secretos planos de ataque, mas é também a história do lendário génio da matemática cuja vida teve um final abrupto devido às perseguições de que foi vítima, devido à sua orientação sexual.
"É incapaz de experiência aquele que se põe, ou se opõe, ou se impõe, ou se propõe, mas não se ex-põe".
Jorge Larrosa
"Jamais houve alma mais amante ou terna do que a minha, alma mais repleta de bondade, de compaixão, de tudo o que é ternura e amor". Fernando Pessoa, in Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
Algo único vai acontecer no próximo Natal, na cidade do Porto!
A partir de 3 de Dezembro, inaugura uma exposição insólita e única no mundo: 300 ovos provenientes de todas as partes do globo vão ocupar duas Salas do Palacete Viscondes Balsemão, no centro do Porto. A par da exposição (colecção particular de uma portuense de gema) terão lugar Workshops, Conferências, Seminários…uma exposição de pintura colectiva, relacionados com a temática de O Ovo do Sagrado Feminino. A árvore de Natal que se vai situar à entrada da exposição será decorada com ovos e a simbólica do ovo ganhará uma dimensão nunca vista!
Já no mês de Outubro, dia 15, pelas 17h,no Café Guarany da cidade invicta, Joel Cleto fará uma Palestra sobre o Ovo de Colombo, no dia 17 de Outubro, também pelas 17h e no Guarany, o livro O Ovo do Sagrado Feminino de Maria Antónia Jardim, será apresentado por Isabel Ponce de Leão e no dia 26 de Outubro, à mesma hora e no mesmo local, falará Danyel Guerra sobre os 130 anos de Fabergé! Tudo isto para que a cidade se prepare para a grande exposição dos ovos do Mundo, se prepare para a abundância da vida que se encontra Aqui e Agora, ao nosso dispôr! Tudo isso para que a cidade, o país, se prepare para uma revolução de consciência, hermenêutica, porque exigente de re-interpretação profunda, de re-avaliação profunda dos valores humanos e do Ser Português.
O nascimento, a gênese, a condição humana, o divino, o sagrado e o erótico vão fundir-se neste próximo Natal, convidando o ser humano a uma proximidade às suas origens, profundas, mescladas de luz e sombra, de gema e clara, de quebra de cascas de ovos ao longo da vida.
O regresso do Si Mesmo como um Outro, temática ricoeuriana e pessoana, vai estar em evidência com esta Exposição do Ovo do Sagrado Feminino, com este contar dos mitos e das histórias privadas, dos segredos íntimos, do templo que é o nosso corpo, da alma e do espírito que almejamos iluminado.
O Ovo Mensagem e todo o seu discurso plural vão convidá-lo, a si, a sonhar, a rever o tamanho dos seus sonhos e a passar testemunho do que vai ver e sentir com O Ovo do Sagrado Feminino!
A exposição vai decorrer entre 3 de Dezembro 2015 e 15 de Janeiro de 2016.
Esta exposição tem o apoio do Pelouro da cultura da Câmara Municipal do Porto.
"A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana… ter consciência dela e ela ser grande é ser génio". Fernando Pessoa
O Louco, arcano 0 do Tarot de Marselha, personifica a impulsividade, a inconsciência, a extravagância, ideias em processo de transformação, a procura incessante… Personifica o Aprendiz da Vida!
A saudade na Geografia Feminina é o tema da Exposição pictórica itinerante que vai arrancar no dia 14 de Abril, quinta-feira, pelas 18h, na Galeria Fernando Pessoa, no Palácio da Independência, em Lisboa. São 10 as artistas convidadas: A. Sinai; Carolina MM; Carolina Schacht; Constância Nèry; Helena Leão; Luísa Prior; Maria André; Maria Santos; Raquel Rocha; Silvana Violante.
Comemoremos os 100 anos de nascimento do escritor Vergílio Ferreira atentando na sua célebre frase:
“Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se.”
Paulo Cunha e Silva foi o nosso paladino cultural aqui na cidade do Porto e o “ Chevalier”, sem dúvida do Forum do Futuro! Não é por acaso que o tema que nos deixou como legado para 2016 seja : Ligação.
Esta minha leitura de Raúl Brandão pressupõe um contexto de investigação relacionado com a hermenêutica da narrativa ricoeuriana. Tudo parte de um triângulo que possui nos seus vértices: Hermenêutica / Ética / Narrativa. Três coordenadas indissociáveis e complementares entre si. Mas, deste triângulo pode surgir uma figura, um novo conceito a que poderemos chamar NARRÉTICA, isto é, sempre que o leitor estabelece uma semântica de profundidade (conceito ricoeuriano) ao nível da narrativa, efectuando assim, avaliações, escolhas, juízos de valor, passamos imediatamente a uma narrética, pois como nos relembra Paul Ricoeur, nenhuma hermenêutica é eticamente neutra.