quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Luciana Savaget / Marina colasanti

Luciana Savaget y Marina Colasanti


Luciana Savaget
MARINA COLASANTI


Marina Colasanti foi muito mais que uma companheira de viagem e escrita. Ela foi um presente que herdei da amizade com a minha mãe, uma dessas conexões raras que enriquecem a vida.

Sempre que nos encontrávamos, era uma festa. Marina era luz, inspiração e testemunha de muitos dos momentos importantes da minha trajetória.

Uma vez, em Cartagena, na Colômbia, ela insistiu que eu comprasse um par de brincos. “São esmeraldas! Compre, compre! Você vai ficar linda!” – dizia ela, com aquele entusiasmo contagiante. E sempre que nos víamos, perguntava pelas minhas “esmeraldas”, do tamanho de um grão de areia. Valor material? Nenhum. Mas o valor afetivo era imenso, porque era Marina quem os tornava preciosos.

Hoje, me despeço dela com o coração apertado. Marina não era apenas uma das escritoras mais brilhantes que conheci; ela era generosa, intensa e apaixonada pela vida.

Obrigada, Marina, por tantas memórias, tantas histórias e tanto amor. Você vai fazer falta, muita falta.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Lillian Ross deu lições de jornalismo a Truman Capote

Da direita para a esquerda, Lillian, Hemingway e seus filhos Gregory e Patrick, em Ketchum, Iowa, 1947 - Mary Hemingway/ Divulgação


Lillian Ross deu lições de jornalismo
a Truman Capote
ALVARO COSTA E SILVA
14 de janeiro de 2025

No processo de elaboração de "A Sangue Frio", obra-prima de Truman Capote, estão as lições de Lillian Ross, a jornalista da revista New Yorker de quem a editora Carambaia acaba de lançar "Sempre Repórter", coletânea de textos que deveria funcionar como modelo para todos os capotes iniciantes.
Capote leu a série de reportagens de Lillian sobre "A Glória de um Covarde", o clássico de John Huston —publicada em 1952 com cerca de 90 mil palavras e depois enfeixada no livro "Filme"—, e pirou.
Era isso que ele queria fazer. Em suas memórias, a autora conta que o jovem escritor a procurou e a questionou longamente sobre o método de fazer reportagens factuais estruturadas com recursos de ficção. Ouviu um conselho essencial: "Você nunca deve se arrogar o direito de dizer o que o personagem está pensando ou sentindo".
Com memória de elefante, ela não usava gravador, mantendo olhos e ouvidos abertos. Se necessário, fazia anotações rápidas num bloquinho. Muita conversa e atenção ao comportamento do entrevistado e aos detalhes do ambiente. "Evite a interpretação, a análise, passar os seus julgamentos dizendo ao leitor o que ele deveria pensar. Restrinja-se ao que pode ser observado e reportado. Deixe o leitor fazer a cabeça por si mesmo", escreveu em seu livro "Reporting".
Lilian Ross não foi a primeira a usar ferramentas de ficção em seu trabalho de jornalista (antes dela, Joel Silveira fez o mesmo no Brasil, tão bem quanto). E estava distante do que, nos anos 1960, se convencionou chamar de new journalism. Norman Mailer, por exemplo, a criticava por não se colocar de modo pessoal nos textos.
Seu estilo lembrava mais o de um documentarista ou um "cineasta literário". Exemplo perfeito é o retrato de Hemingway, peça de resistência da antologia "Sempre Repórter". Acabada a leitura, qualquer opinião sobre o escritor —era um bebum, um provocador, um exibicionista, um artista em crise—, fica por sua conta, caro leitor.
Em tempo: a reportagem de Lilian sobre o filme de John Huston levou mais de um ano e meio para ficar pronta e sair na New Yorker. Que editor hoje toparia um prazo desses?

Alvaro Costa e Silva
Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".






terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Anúncio de indicados ao Oscar é adiado novamente por incêndios

CINEMA

Anúncio de indicados ao Oscar é adiado novamente por incêndios

Brasil vive expectativa por nomeação de 'Ainda Estou Aqui'

Por CADERNO B
Publicado em 14/01/2025 às 10:28
Alterado em 14/01/2025 às 10:28

A Academia de Ciência e Artes Cinematográficas de Hollywood anunciou na noite da última segunda-feira (13) que decidiu adiar novamente as indicações do Oscar 2025, devido aos incêndios florestais que atingiram a região de Los Angeles, nos Estados Unidos.



Desta vez, a divulgação da lista de nomeados ao prêmio passará de 17 de janeiro para o próximo dia 23.

Com a nova data, o período de votação dos indicados será encerrado no dia 14 de fevereiro, enquanto que a cerimônia permanece programada para 2 de março.

"Estamos todos devastados pelo impacto dos incêndios e pelas profundas perdas sofridas por tantas pessoas na nossa comunidade. A Academia sempre foi uma força unificadora na indústria cinematográfica e estamos empenhados em permanecer unidos em relação às adversidades", declarou o CEO da Academia, Bill Kramer, e a presidente, Janet Yang, em uma nota.

A expectativa pela revelação dos indicados está grande entre os brasileiros, tendo em vista que o país tem sua maior chance de voltar a disputar na categoria de melhor filme internacional com o longa "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, cuja protagonista Fernanda Torres faturou o Globo de Ouro.Além do anúncio, inúmeros eventos de Hollywood também foram adiados ou canceleados, como o Critics Choice Awards, o jantar do prêmio do American Film Institute, o almoço dos indicados, agendado para 10 de fevereiro, bem como a cerimônia de entrega dos prêmios científicos e técnicos, no dia 18 do próximo mês. 


JORNAL DO BRASIL


domingo, 12 de janeiro de 2025

Incêndio em Los Angeles muda de direção e representa nova ameaça apesar de diminuição dos ventos

Los Angeles está submersa em fumaça Foto: Reuters/Shanno

MUNDO

Incêndio em Los Angeles muda de direção e representa nova ameaça apesar de diminuição dos ventos

...



Publicado em 12/01/2025 às 09:21

Alterado em 12/01/2025 às 09:22

Por Jorge Garcia, Rollo Ross e Maria Alejandra Cardona 

O maior dos incêndios que devastaram partes de Los Angeles nesta semana mudou de direção neste sábado, desencadeando mais ordens de retirada e representando um novo desafio para os bombeiros já exaustos.

Seis incêndios simultâneos que devastaram bairros do Condado de Los Angeles desde terça-feira mataram pelo menos 11 pessoas e danificaram ou destruíram 10.000 estruturas. O número de mortos deve aumentar quando os bombeiros puderem realizar buscas de casa em casa.

Os fortes ventos de Santa Ana que atiçaram os incêndios diminuíram na sexta-feira à noite. Mas o incêndio Palisades no limite oeste da cidade estava indo em uma nova direção, levando a outra ordem de retirada à medida que se aproximava do bairro de Brentwood e na base do Vale de San Fernando, informou o Los Angeles Times.

"O incêndio de Palisades teve um novo surto significativo na parte leste e continua para nordeste", disse o capitão do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Erik Scott, à estação local KTLA, de acordo com uma reportagem no site do LA Times.

O incêndio, o mais destrutivo da história de Los Angeles, arrasou bairros inteiros, deixando apenas as ruínas fumegantes do que eram as casas e bens das pessoas.

Antes do surto mais recente, os bombeiros relataram progresso na contenção do incêndio de Palisades e do incêndio de Eaton na área leste da metrópole, depois que ele queimou fora de controle por dias. Na sexta-feira à noite, o incêndio de Palisades estava 8% contido e o incêndio de Eaton 3%, disse à agência estadual Cal Fire.

Os dois grandes incêndios combinados consumiram 14.100 hectares, duas vezes e meia a área terrestre de Manhattan, em Nova York.

Cerca de 153.000 pessoas permaneceram sob ordens de retirada e outras 166.800 enfrentaram avisos para deixar suas casas com toque de recolher em vigor para todas as áreas de onde as pessoas devem sair, disse o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna.

Sete Estados vizinhos, o governo federal dos Estados Unidos e o Canadá apressaram a ajuda para a Califórnia, reforçando equipes aéreas que jogam água e retardantes de fogo nas colinas em chamas e equipes no solo atacando linhas de fogo com ferramentas manuais e mangueiras.

O Serviço Nacional de Meteorologia disse que as condições na área de Los Angeles melhorariam durante o fim de semana, com ventos sustentados diminuindo para cerca de 32 km/h.

"Não está tão forte, então isso deve ajudar os bombeiros", disse a meteorologista Allison Santorelli, acrescentando que as condições ainda são críticas com baixa umidade e vegetação seca.

A Cal Fire disse que havia uma chance de ventos fortes novamente na terça-feira.

"Continuaremos a ter uma alta probabilidade de condições climáticas críticas para incêndios durante a próxima semana", disse.

As autoridades declararam uma emergência de saúde pública devido à fumaça espessa e tóxica.

(Reportagem de Jorge Garcia, Rollo Ross, Maria Alejandra Cardona, Joe Brock, Chad Terhune, Matt McKnight, Fred Greaves, Mike Blake, Omar Younis, Sandra Stojanovic e Dawn Chmielewski, em Los Angeles; Reportagem adicional de Brendan O'Brien, Hannah Lang, Rich McKay e David Ljunggren)

JORNAL DO BRASIL




quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Ana Martins Marques / Tradução

 



Ana Martins Marques

Tradução


Este poema

em outra língua

seria outro poema


um relógio atrasado

que marca a hora certa

de algum outro lugar


uma criança que inventa

uma língua só para falar

com outra criança


uma casa de montanha

reconstruída sobre a praia

corroída pouco a pouco pela presença do mar


o importante é que

num determinado ponto

os poemas fiquem emparelhados


como em certos problemas de física

de velhos livros escolares


Ana Martins Marques

O Livro das Semelhanças

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Salinger / A principal diferença



J.D. Salinger


A principal diferença entre a felicidade e a alegria é que a felicidade é sólida e a alegria é líquida.

***

Alguns dos meus melhores amigos são crianças. De facto, todos os meus melhores amigos são crianças.

***

A tarefa de um artista é aspirar a certo grau de perfeição e nada mais.