sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Amor, narcisismo e psicanálise

 

Mãe com seu bebê tenta aproximá-lo para dar carinho
Mãe com seu bebê tenta aproximá-lo para dar carinho


Amor, narcisismo e psicanálise

Afinal, amar é dar o que não se tem, a alguém que não o quer?

24 OUTUBRO 2023, 

O amor é um tema complexo e presente em diversas áreas do conhecimento, desde a filosofia mais antiga até a psicanálise moderna. Há cerca de 400 anos antes de Cristo, Sócrates já defendia que o amor remete sempre à falta, à incompletude e à imperfeição, e, por isso, não pode ser belo. Para ele, o objeto amado é sempre um representante da carência do sujeito e revela o narcisismo que se manifesta na escolha do objeto. Muitos anos depois, Freud e Lacan também abordaram o tema do narcisismo do amor, indicando que, superficialmente, o sujeito direciona seu amor ao que ele gostaria de ser ou possuir, na ilusão de se completar. No entanto, o objeto amado é sempre uma construção fantasiada, representando a falta e a carência do sujeito, o que revela o narcisismo que se manifesta na escolha do objeto. Assim, com Lacan, surge, no meio de muitas teorizações, o seguinte aforismo: amar é dar o que não se tem a quem não o quer, mas, afinal, o que isso quer dizer?

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Foucault e a ordem do discurso / Diálogos da análise do discurso na sociedade

 

Plataforma e microfone preparados para orador. No texto A Ordem do Discurso, pronunciado como aula inaugural no Collège de France em 1970, Michel Foucault propõe uma reflexão sobre o poder dos discursos na sociedade
Plataforma e microfone preparados para orador. No texto A Ordem do Discurso, pronunciado como aula inaugural no Collège de France em 1970, Michel Foucault propõe uma reflexão sobre o poder dos discursos na sociedade

Foucault e a ordem do discurso

Diálogos da análise do discurso na sociedade

3 AGOSTO 2025, 

Vamos começar hoje a discutir alguns clássicos da Análise Discurso. Cursei essa matéria na UFMG no semestre de 2024/2. Era a matéria que eu mais esperei desde que entrei na universidade em 2022.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

A última sessão de Freud / É possível que haja harmonia entre fé e ciência?


Psicólogo judeu lê um livro sobre a clínica psicanalítica
Psicólogo judeu lê um livro sobre a clínica psicanalítica 


A última sessão de Freud

É possível que haja harmonia entre fé e ciência?

24 AGOSTO 2023, 


Recentemente assisti ao espetáculo A Última Sessão de Freud, peça teatral que percorre o circuito cultural por todo o país há cerca de 16 meses. Escrita originalmente por Mark St. Germain, conta a história fictícia do encontro entre o pai da psicanálise, Sigmund Freud, e o poeta americano C.S. Lewis em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial.

A peça se passa em Londres, onde Freud, após a anexação da Áustria à Alemanha Nazista, chegou para tratar um câncer na mandíbula. O pai da psicanálise recebe, então, a visita de Lewis, que se tornou famoso anos depois como autor de As Crônicas de Nárnia. A partir deste encontro, os dois personagens começam a discutir a vida, a morte, a religião e a psicanálise em uma troca de ideias tão intensa quanto cativante.

Na montagem brasileira, o médico, psiquiatra e psicanalista ganha vida através do ator Odilon Wagner, que em sua atuação captura a essência do pensamento e a personalidade de Freud de forma a convencer a plateia de que está diante do próprio. Muito mais do que apenas um drama de época, A Última Sessão de Freud proporciona uma experiência teatral envolvente e reflexiva, que instiga o espectador a refletir sobre suas próprias crenças e questões existenciais diante do confronto de ideias que determinam o tom e o andamento do espetáculo. 

No seu escritório, o terapeuta não religioso recebe o autor C. S. Lewis, recentemente convertido ao cristianismo, para uma conversa que coloca Deus em discussão. Neste confronto, a encenação enfatiza a natureza reflexiva do debate e o choque de ideias destes dois grandes pensadores, sem apresentar necessariamente grandes inovações filosóficas. E é justamente o raciocínio apresentado no palco que sequestra a atenção do público. Em uma época de enganos e irracionalismos, a peça se torna uma contraposição ao tecer elogios à razão crítica, haja vista que até mesmo a fé de Lewis é examinada e defendida por ele à luz da racionalidade e do pensamento crítico. Sem dúvida, o campo da razão privilegia ainda mais a descrença que Freud sempre demonstrou em relação às explicações fantasiosas ou sobrenaturais do comportamento humano. Ainda assim, Lewis se esforça para justificar de forma racional a presença espiritual de Deus sem recorrer aos dogmas da Igreja. Mais um ponto pro espetáculo.

Apesar dos esforços, a disputa de ideias não tem um vencedor declarado. A discordância permanece invicta do início ao fim. Mas o que pode ser entendido como um anticlímax (do ponto de vista dramático), na verdade é a deixa perfeita para que essa discussão continue por muito tempo após os aplausos. Assim, ao deixar o teatro, me pego pensando: é possível que haja harmonia entre psicanálise e religião? 

Para Freud, a religião era uma forma de expressão do inconsciente humano e das necessidades psicológicas individuais e coletivas. Ele via a religião como uma tentativa de lidar com as incertezas e ansiedades da vida, bem como com os aspectos inevitáveis da existência humana, como a morte e o sofrimento. 

O autor argumentava que a religião tinha origem nas profundezas do psiquismo humano, nas necessidades emocionais e nos desejos inconscientes. Ele via a crença em uma figura divina como uma projeção dos desejos e anseios infantis por um pai protetor e poderoso. Essa figura paterna se tornava uma autoridade suprema, representando a segurança e o conforto que as pessoas procuravam. Além disso, Freud via a religião como uma forma de lidar com o sentimento de impotência e vulnerabilidade diante das forças da natureza e das situações traumáticas da vida. A crença em um poder divino oferecia uma sensação de controle e proteção, permitindo que as pessoas enfrentassem o desconhecido e o inexplicável.

Posteriormente a Freud, outros teóricos e grandes pensadores da psicanálise se arriscaram a tentar relacionar de forma mais positiva fé e ciência, como é o caso do pediatra e psicanalista Donald Woods Winnicott, que, em seus estudos sobre desenvolvimento dos bebês e sua relação com a figura materna, buscou estabelecer uma concepção de saúde mental, começando pelo desenvolvimento emocional primitivo, ao mesmo tempo em que tratava a religião como um possível espaço de saúde e criatividade. 

Nesse sentido, Winnicott argumentava que o objeto transicional da criança é o ponto de partida de um processo contínuo ao longo da vida, manifestado na experimentação interna presente nas artes, religião, vida imaginária e trabalho científico-criativo. Ele sugere que os fenômenos culturais podem ser compreendidos como fenômenos transicionais, uma área intermediária entre o mundo interno psíquico e o mundo externo real. Nesse espaço potencial, que o autor chama de terceira área, ocorre a experiência cultural e o jogo criativo, nos quais a relação com a realidade é negociada por meio da criação artística ou da ritualidade religiosa.

Assim, compreendemos que a vida de cada indivíduo começa a se formar a partir dos contatos com outras histórias humanas, que são construídas por meio das interações com imagens e conceitos presentes nas perspectivas e dependências e é justamente nesse espaço de possibilidades da construção de relacionamentos que a religião encontra um ponto de diálogo com a psicanálise. Isso ocorre porque é por meio das suas relações que a criança encontra recursos para se inserir na cultura e, consequentemente, se humanizar adequadamente, desenvolvendo-se como um sujeito.

Dessa forma, arrisco dizer que a maior beleza da montagem brasileira da obra de Mark St. Germain está na forma com a qual escancara que o momento no qual nos deparamos com o outro, tão estranho e distinto de nós, é parte crucial do processo de constituição da nossa identidade.


MEER


domingo, 17 de agosto de 2025

Miles Hyman / Roma

 



Miles Hyman

ROMA




Ispirato dall'atmosfera sorniona della città, dai monumenti che raccontano di una grandezza che fu e dalle architetture uniche di Roma, l'illustratore americano Miles Hyman ha realizzato 100 disegni che tracciano l'atmosfera e la vita quotidiana della Città Eterna. Un viaggio attraverso i disegni firmati dall'artista, su incarico della maison Louis Vuitton, che vuole rendere omaggio alla capitale, per la collana Travel Book della casa francese, presentata in una mostra a Palazzo Poli, sede dell'Istituto Centrale per la Grafica, in programma dal 5 ottobre all'11 novembre.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Anatomia de uma Queda / Verdade, culpa e ambiguidade no cinema de Justine

 

Anatomia de uma Queda mergulha na ambiguidade entre suicídio e homicídio através de uma trama judicial intrigante, onde a verdade e a culpa se entrelaçam de forma perturbadora. Foto divulgação do filme
Anatomia de uma Queda mergulha na ambiguidade entre suicídio e homicídio através de uma trama judicial intrigante, onde a verdade e a culpa se entrelaçam de forma perturbadora. Foto divulgação do filme


Anatomia de uma Queda

Verdade, culpa e ambiguidade no cinema de Justine Triet

24 SETEMBRO 2024, 

É comum em dramas e suspenses investigativos que, diante de uma morte em circunstâncias obscuras, as suspeitas recaiam imediatamente sobre o cônjuge da vítima. Mas o que acontece quando as circunstâncias tornam igualmente plausíveis as hipóteses de suicídio e homicídio? É isso que a cineasta Justine Triet explora em seu filme vencedor da Palma de Ouro1Anatomia de uma Queda: um drama judicial ao qual ela acrescenta muitas complexidades brilhantes e, principalmente, uma ambiguidade que seria perturbadora se não fosse tão magistral.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Metallica / O segredo por trás de décadas no topo


James Hetfield, vocalista do Metallica. Um dos pilares do sucesso contínuo do Metallica é sua habilidade de equilibrar inovação com respeito às suas raízes. Embora tenham explorado diferentes estilos ao longo de sua carreira, os integrantes sempre mantiveram a essência que os tornou únicos: letras impactantes, riffs poderosos e performances ao vivo que cativam o público. Esse equilíbrio é fundamental para conquistar tanto fãs antigos quanto novos, mantendo a relevância em um cenário musical em constante transformação
James Hetfield, vocalista do Metallica. Um dos pilares do sucesso contínuo do Metallica é sua habilidade de equilibrar inovação com respeito às suas raízes. Embora tenham explorado diferentes estilos ao longo de sua carreira, os integrantes sempre mantiveram a essência que os tornou únicos: letras impactantes, riffs poderosos e performances ao vivo que cativam o público. Esse equilíbrio é fundamental para conquistar tanto fãs antigos quanto novos, mantendo a relevância em um cenário musical em constante transformação


Metallica: o segredo por trás de décadas no topo 

Uma jornada de inovação, consistência e paixão pela música que atravessa gerações

11 AGOSTO 2025, 

Poucas bandas na história da música alcançaram o status icônico que o Metallica possui. Fundada em 1981, em Los Angeles, por Lars Ulrich e James Hetfield, a banda emergiu como um dos maiores nomes do thrash metal, desafiando convenções e revolucionando o gênero. Mesmo após mais de quatro décadas, o Metallica continua no auge, lotando estádios ao redor do mundo e sendo referência para novas gerações de músicos e fãs. Mas qual é o segredo para tamanha longevidade e relevância?

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Impossível viver sem arte / Como a arte influencia nossas vidas e emoções através de experiências pessoais



A arte tem o poder de transformar nossas vidas e sensibilidades, influenciando nossa percepção do mundo e nossas emoções. descubra como a convivência com a obra de roberto de almeida moldou minha relação com a arte ao longo dos anos
A arte tem o poder de transformar nossas vidas e sensibilidades, influenciando nossa percepção do mundo e nossas emoções. descubra como a convivência com a obra de roberto de almeida moldou minha relação com a arte ao longo dos anos

Impossível viver sem arte

Como a arte influencia nossas vidas e emoções através de experiências pessoais 

29 AGOSTO 2024, 

Não passamos imunes ao contato com arte. A arte em si e a relação com ela nos dizem muito sobre nós mesmos, como indivíduos e como comunidade. Sempre extraímos elementos que acrescentarão algo as nossas vidas, mesmo que não tenhamos consciência disso.

sábado, 2 de agosto de 2025

Lagoa Santa e sua história em Minas Gerais, Brasil


A Lagoa Santa, em Minas Gerais, é um Lugar de Memória que transcende o tempo, refletindo a história e a identidade da comunidade. Desde sua formação há 6 mil anos, a lagoa influenciou vidas e culturas, sendo palco de ciência, fé e transformações sociais
A Lagoa Santa, em Minas Gerais, é um Lugar de Memória que transcende o tempo, refletindo a história e a identidade da comunidade. Desde sua formação há 6 mil anos, a lagoa influenciou vidas e culturas, sendo palco de ciência, fé e transformações sociais

Lagoa Santa e sua história em Minas Gerais, Brasil

Saiba mais sobre um lugar de memória que conecta cultura e identidade brasileiras

29 OUTUBRO 2024, 


Ao percorrermos paisagens urbanas e rurais, nos deparamos com alguns lugares de memória, espaços significativos para a comunidade nos quais a memória cristalizou-se ao longo da história. A memória é dinâmica, sofre os efeitos da lembrança e do esquecimento, além de estar suscetível a diversificadas manipulações. E os lugares de memória refletem essas características essenciais, guardando um caráter não só material e funcional, mas, sobretudo, simbólico.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Peter Andreas Brandt / O ilustrador oculto da ciência


Conheça a história de Peter Andreas Brandt, colaborador essencial e injustamente invisibilizado de Peter Lund, o Pai da Paleontologia Brasileira. Descubra como Brandt contribuiu para as descobertas científicas nas cavernas mineiras e sua luta pessoal para se sustentar
Conheça a história de Peter Andreas Brandt, colaborador essencial e injustamente invisibilizado de Peter Lund, o Pai da Paleontologia Brasileira. Descubra como Brandt contribuiu para as descobertas científicas nas cavernas mineiras e sua luta pessoal para se sustentar


Peter Andreas Brandt: o ilustrador oculto da ciência

Colaborador essencial do naturalista Peter Wilhelm Lund, desvende a vida e a obra do naturalista dinamarquês

29 SETEMBRO 2024, 

A História das Ciências e dos viajantes que desbravaram a natureza ao redor do mundo sempre foi uma narrativa dos protagonistas. São relatos dos feitos brilhantes e heroicos de indivíduos que se destacaram no cenário científico, cultural ou social de uma época. Mas vocês já se perguntaram sobre aqueles que compunham a rede de colaboradores que eles utilizavam? O que dizer dos guias, carregadores, caçadores, indígenas, escravizados, artistas, ilustradores, auxiliares, redatores, tradutores e tantos outros que tornaram o trabalho dos protagonistas possível? Esses colaboradores foram injustamente invisibilizados pela História.